Educação Física escolar: a participação das meninas nas aulas de futsal Educación Física escolar: la participación de las niñas en las clases de futsal |
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*Professora de Educação Física, pós-graduanda em Metodologia do Ensino da Educação Física e Esportes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB/2013. **Professora de Educação Física, pós-graduanda em Metodologia do Ensino da Educação Física e Esportes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB/2013 ***Professor de Educação Física
efetivo do Colégio Estadual João Pessoa, pós-graduado |
Maíra Antunes dos Santos Rodrigues* Poliana Gomes Lisboa** Antonio Francisco Reis Junior*** (Brasil) |
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Resumo Atualmente verificamos que as práticas desportivas de algumas modalidades esportivas começaram a fazer parte do contexto e da realidade feminina, inclusive nas aulas de educação física escolar, surgindo como problemática a exclusão das meninas, por apresentarem menor habilidade que os meninos para a realização dessas aulas. Assim, o objetivo deste relato é verificar a participação das meninas nas aulas de educação física escolar no Colégio da Polícia Militar Professor Magalhães Neto, quando o assunto é futsal. A metodologia foi desenvolvida nas turmas do 9º ano vespertino, onde durante a primeira aula deveria ser modificada a partir das discussões a serem realizadas nas salas de aulas, onde a cada aluno deveria perceber e modificar o seu método de organização e separação das equipes para a aula prática, devendo proporcionar durante a prática na quadra a participação de todos os colegas. Assim, as discussões aconteceram de forma proveitosa, porém percebemos que muitas vezes o discurso só funciona apenas dentro da sala de aula, porque quando chegou o momento da prática na quadra tudo o que foi discutido não foi é colocado realmente em ação, nos fazendo refletir que a mudança deve ser trabalha desde o princípio das aulas de educação física escolar. Unitermos: Educação Física Escolar. Gênero. Futsal.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Atualmente a educação exige que os educadores sejam multifuncionais, não apenas educadores, mas psicológicos, pedagogos, filósofos, sociólogos, psicopedagogos, recreacionistas e muito mais para que possamos desenvolver habilidades e a confiança necessária em nossos educandos, para que tenham sucesso no processo de aprendizagem e na vida.
Sabemos que a educação é um processo contínuo que pode passar por mudanças, transformações dependendo do meio onde será trabalhado, ou seja, a história e a realidade do indivíduo que compõe a comunidade. A educação física considerando o indivíduo e sua essência humana tem como principal objeto de estudo o movimento humano em qualquer perspectiva. Buscando experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e organizando o esquema corporal sem deixar de respeitar os seus próprios limites.
Contudo levantamos a hipótese referente à prática do futsal escolar, na busca de perceber qual a aderência das meninas nas aulas de educação física em jogar futsal e qual o comportamento das mesmas frente aos meninos.
A participação das meninas, principalmente quanto a uma demanda de negação a prática desportiva de algumas modalidades esportivas que são caracterizadas pela cultura social exclusivamente para o sexo masculino e outras para o sexo feminino.
Ventura e Hirota (2007) relatam que apesar do aumento no número de meninas que se interessam pelo futebol e começam a praticá-lo hoje, ainda percebem-se ações discriminatórias da sociedade sobre o tema e falta de destaque em relação ao futebol profissional.
Dessa forma, notamos que a discriminação do gênero feminino também é notada com relação à prática do futebol e que apesar de mais difundido que o futsal, as meninas ainda não conseguiram conquistar o seu reconhecimento pela sociedade. Além deste problema, podemos verificar que a prática do futsal nas aulas de educação física escolar é muito mais viável do que o futebol, tanto pela quantidade de participantes quanta pela falta de estrutura física adequada.
Devido a essa discriminação, muitas meninas se sentem inseguras para participaram das atividades e por isso acabam por se excluir por medo ou vergonha de serem criticadas por seus colegas, normalmente os meninos, que possuem mais habilidades para efetuar as atividades propostas. Dessa forma, o papel do professor nesse momento é tentar mostrar que as aulas de educação física escolar sobre o conteúdo futsal, propostas por ele é para que todos tenham a oportunidade de experimentar, que a escola é o ambiente onde todos têm o direito de vivenciar, sem discriminação ou preconceito qualquer modalidade esportiva.
Assim, com o intuito de modificar a visão de discriminação as meninas nas aulas de educação física quando o conteúdo é futsal, o grupo do tirocínio docente elaborou algumas atividades para desmistificar e tentar modificar a conduta dos alunos das turmas dos 9º ano do turno Vespertino do Colégio da Polícia Militar Professor Magalhães Neto. A partir disso, algumas discussões surgiram levando a compreensão e o entendimento dos alunos sobre a problemática existente através desse conteúdo.
Metodologia
Durante o tirocínio docente foram realizadas atividades na sala e na quadra podendo ser dividida da seguinte maneira:
FutsalTema da Unidade:
Total de aulas: 12 aulas de 45 minutos
Dia 01/11/2012: 4 aulas (horário: 14:50 às 17:55)
Dia 08/11/2012: 4 aulas (horário: 14:50 às 17:55)
Dia 09/11/2012: 4 aulas (horário: 14:05 às 17:05)
Turmas: 4 turmas do 9º ano (A. B, C e D), em cada turma será ministrada 3 aulas.
Materiais: Na escola tem bolas, espaço para a prática, este último se encontra em mal estado, colocando em risco os estudantes durante as vivências. Encontramos material áudio-visual quando necessário.
Disciplina das turmas: As turmas são participativas e contribuem muito para o debate, no entanto em alguns momentos, principalmente os das aulas em sala, conversam bastante.
A primeira aula realizada na sala de aula aconteceu com quatro momentos. Iniciou-se com o resgate prévio o conteúdo que foi visto no ano passado. No segundo momento foram escolhidos quatro alunos de cada turma para que fosse ao quadro e montasse o seu time de futsal e explanasse o porquê da escolha daqueles colegas, ou seja, sempre os mais habilidosos sendo os primeiros a serem escolhidos deixando as meninas sem participar da aula. No terceiro momento foi exibido um vídeo (Deixa que eu chuto) onde algumas atletas relatam sobe sua experiência e da satisfação que sentem por praticarem o futebol, e no quarto momento foi solicitado dos alunos um texto onde refletisse a problemática exposta na realidade da turma e no vídeo e que eles sugerissem uma solução para o problema. As turmas como já exposto anteriormente contribuem bastante durante as discussões, apresentando alguns momentos de dispersão devido às conversas paralelas em sala, porém nada que influenciasse a continuidade da aula.
A segunda aula realizada na quadra foi dividida em três momentos: Primeiramente foi efetuado um resgate da aula anterior e os textos solicitados foram recolhidos. Dando continuidade, eles irão participar de um jogo de futsal com algumas adaptações, ou seja, o jogo teria quatro gols e as equipes seriam divididas por eles mesmos sem interferência do professor e para finalizar a aula foram feitas algumas reflexões sobre as vivências apresentadas durante o jogo. As turmas compreenderam uma parte do problema que foi na hora da divisão dos times onde eles se misturam com as meninas, porém os mais habilidosos sempre estavam nos primeiros times a jogarem, ou seja, conseguiram incluir as meninas, mas sempre sendo os primeiros a jogarem. Muitos não perceberam a existência da nova área de gol, onde poderiam fazer gol com maior facilidade, buscavam apenas a área de gol original de um jogo, até o momento que algum dos integrantes fazia o gol na área extra e despertava os outros integrantes a fazerem o mesmo.
Por fim, a terceira aula que aconteceria na quadra devido aos problemas climáticos e por finalização da unidade escolar foi realizada em sala de aula e dividida em dois momentos, no primeiro momento os textos recolhidos na aula anterior foi redistribuídos a novas duplas para que fosse efetuada a leitura do texto do colega e apontar se o colega conseguiu compreender a problemática e se conseguiu sugerir uma solução para o mesmo. O segundo momento aconteceu a discussão sobre o que foi lido e se ele concordava ou discordava do colega e o por que. Assim, como as turmas são bastante heterogêneas e apresentaram discussões bastante interessantes onde percebemos que eles conseguiam perceber a existência da discriminação e da falta de oportunidade junta as meninas das turmas, porém não conseguiam sugerir uma ação quem fosse utilizada por todos.
Conclusão
Assim, depois de todas as discussões e as atividades que surgiram durante o tirocínio docente percebemos a necessidade de mudança que existe em relação ao preconceito e a discriminação com as meninas que gostam e querem praticar algumas modalidades esportivas, onde os meninos são mais habilidosos, pois devemos pensar na educação integral onde independente do gênero tenha a oportunidade de fazer todas as vivências necessárias párea o desenvolvimento completo. Como relata Costa e Silva (2002, pág. 39) “Para o desenvolvimento integral: afetivo, social, intelectual, motor e psicológico, sem o prejuízo em relação ao gênero, ou seja, uma escola para a formação do sexo feminino e do sexo masculino, que valorize as diferentes contribuições e habilidades independentemente do sexo”.
Ou seja, temos que pensar o aluno por completo, com suas limitações, seus medos, suas vontades, seus desejos, enfim, o indivíduo físico-psico-social e que sofre influência de tudo e de todos. Dessa forma, Freire (1989) diz que é essencial que tenhamos o objetivo de educar o indivíduo como um todo e de ambos o gênero proporcionando uma “Educação de corpo inteiro”, respeitando o indivíduo biologicamente, socialmente e psicologicamente contribuindo para formar cidadãos de corpo e mente para desenvolver intelectualmente um ser crítico e formadores de opiniões.
Referências
COSTA, M. R. F.; SILVA, R. G. da. A Educação Física e a co-educação: Igualdade ou diferença? Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas, v. 23, n. 2, p. 43-54, 2002.
FREIRE, J. B. Educação de Corpo Inteiro: Teoria e Prática da Educação Física. 4ª ed. Campinas: Scipione, 1989.
VENTURA, T. S.; HIROTA, V. B.. Futebol e salto alto: porque não? Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 6, n. 03, 2007.
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