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Influência das atividades recreativas na 

qualidade de vida de idosos do município de Concórdia

La influencia de las actividades recreativas en la calidad de vida de personas mayores del municipio de Concordia

 

*Acadêmico da 9ª Fase do Curso de Educação Física

da Universidade do Contestado - UnC - Concórdia

**Professor Orientador. Mestre em Atividade Física e Saúde Humana

(Brasil)

Felipe Caus dos Santos*

Gerson Angnes**

indio669_kausdsants@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem como objetivo identificar possíveis mudanças na qualidade de vida de indivíduos do sexo masculino acima de 60 anos de idade que praticam atividades recreativa no grupo de idosos do bairro Vista Alegre e comparar com indivíduos que não praticam, através de uma pré e de um pós-avaliação. Utilizando-se do questionário SF-36 que avalia aspectos da qualidade de vida. Os resultados totais do teste para pré e pós foram; Indivíduo A, pré 70 e pós 77,5, Indivíduo B, pré 90,9 e pós 77, Indivíduo C, pré 130,8 e pós 133,8, Indivíduo D, pré 87 e pós 90,1, Indivíduo E, pré 115,8 e pós 118,8, Indivíduo F, realizou apenas a primeira avaliação obtendo 89 pontos no geral, Individuo G, pré 144 e pós 152. Com tudo, podemos dizer com o material que temos é que o número de homens em trabalhos recreativos é pequeno e que aqueles que participam apresentam melhoras.

          Unitermos: Atividades recreativas. Qualidade de vida. Idosos.

 

Abstract

          This study aims to identify possible changes in the quality of life of individuals males above 60 years of age who practice recreational activities in the elderly group and the Vista Alegre neighborhood compare with individuals who do not practice, through a pre and a pos evaluation. Using the SF-36 assesses the quality of life aspects. The overall results of the test for pre and post were; individual, pre 70 and post 77.5, individual B, 90.9 pre and post 77, Guy C, pre and post 130.8 133.8, Guy D, pre pos 87 and 90.1, individual, and pre and post 115.8 118.8, guy F, performed only the first evaluation getting 89 points overall, individual G, pre 144 and post 152. With it, we can say with the material we have eh that the number of men in work and recreational eh small that those who participate do better.

          Keywords: Recreational activities. Quality of life. Elderly.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    “Aposentar-se é sinônimo – para a maioria – de entrada na Terceira Idade, representando uma verdadeira quebra na existência do aposentado” (LORDA; SANCHEZ, 1995 p. 23). Essa era a concepção mais aceita há alguns anos atrás quando o assunto era início ativo do processo natural de envelhecimento, onde o indivíduo busca sua aposentadoria trabalhista e dá início da chamada “terceira idade”.

    Quando entram nessa fase de suas vidas, reduzem o nível de atividades que antes realizavam diariamente para quase nada. Acabam se acomodando em casa, ficando totalmente sedentários, aumentando de forma mais rápida os efeitos do processo de envelhecimento.

    Processo que parece afetar mais os indivíduos do sexo masculino. Constatação essa que pode ser explicada por Lorda; Sanchez (1995 p. 46) “[...] a maioria das mulheres perdem seus esposos antes de chegar aos 70 anos e devem adaptar-se à viuvez”.

    Matsudo (2001, p. 35) salienta como principais responsáveis pelos processos de envelhecimento “[...] a diminuição nos níveis do hormônio de crescimento que acontece com o envelhecimento e a diminuição no nível de atividade física do indivíduo”.

    Essa diminuição do nível de atividade física é agente ativo na redução da saúde do ser humano e uma prevenção não se faria de maneira eficaz sem que houvesse a presença de atividade física. “Não se pode pensar hoje em dia em “prevenir” ou minimizar os efeitos do envelhecimento sem que, além das medidas gerais de saúde, não se inclua também a atividade física”. (MATSUDO, 2001 p. 10).

    Dessa forma programas de saúde pública atuais buscam a atividade física como um dos principais objetos de trabalho dos mesmos.

    Esses trabalhos não deixam de ser uma forma de stress. Segundo Nahas (1989 p. 60) O exercício é uma forma de stress. Contudo, o exercício regular, praticado de forma recreativa e que não leve a exaustão, representa uma forma de stress que “trabalha pro nós”, ao invés de “contra nós”.

    Pode-se entender com tudo isso que não é por falta de estudos específicos que manter a qualidade de vida através da atividade física na terceira idade seja algo longe da nossa realidade.

    Basta observar em nosso cotidiano como atividades desse gênero se tornaram comuns e como a expectativa de vida tem aumentado e conseqüentemente a busca pela qualidade de vida dos indivíduos da terceira idade e que segundo a OMS o Brasil será o sexto país com maior população de idosos em 2025 (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2005).

Materiais e métodos

    A amostra foi constituída de forma voluntária por 7 homens com idade igual ou acima de 60 anos, que participam do grupo de idosos do bairro Vista Alegre atendidos pela prefeitura municipal de Concórdia, SC, que por livre e espontânea vontade desejaram participar do estudo. Para que o estudo possa ser realizado se fez necessária à assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido, esse sendo obrigatório de acordo com a norma 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (1996) quando se é trabalhado com seres humanos.

Etapas da coleta de dados

    Na primeira etapa foram convidados os voluntários da população dos grupos de idosos do município de Concórdia - SC,

    Na segunda etapa do estudo foi realizada uma reunião, onde explicamos a avaliação que seria realizada.

    Na terceira etapa, depois de serem esclarecidas as dúvidas dos componentes da amostra, os mesmos por questões éticas, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (ANEXO A), onde consta que sua identificação não será divulgada e que poderão deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo e também com aceitabilidade do professor Orientador (ANEXO B).

    As atividades foram desenvolvidas nos grupos de idosos do bairro Vista Alegre de Concórdia - SC. Sendo que os componentes da amostra passaram por uma avaliação através de um questionário sobre qualidade de vida SF-36 (ANEXO C). Primeiramente aplicamos o questionário com os indivíduos do sexo masculino que aceitaram participar do estudo. Após determinado período de tempo esses indivíduos foram reavaliados e então podemos observar o grau de mudança que cada um apresentou.

    Ao finalizar a coleta dos dados e da analise dos mesmos, os resultados do estudo serão apresentados em reunião aos componentes da amostra e ao poder público municipal de Concórdia, SC.

Procedimentos de medidas

    Para a coleta de dados será utilizada a Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida-SF-36. Que consiste de 36 questões abordando 8 diferentes domínios (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos emocionais, saúde mental). Os resultados obtidos são trabalhados através de equações para se chegar a uma classificação através da nota final.

Resultados e discussão

    Os indivíduos que realizaram o teste foram divididos de acordo com a freqüência nas aulas recreativas. As categorias são; Sempre, para aqueles que estão presentes em praticamente todas as aulas, As vezes, para aqueles que esporadicamente participam das atividades, Nunca, para aqueles que nunca realizam atividade.

    No individuo A podemos observar que em todos os 8 domínios obteve mudanças. Em sua grande maioria foram mudanças positivas. Os exemplos mais visíveis estão no domínio da Capacidade Funcional, que foi uma melhora de 10 pontos percentuais, também no domínio de Limitação, podemos perceber que houve uma melhora de 15 pontos percentuais, mas a mudança mais significativa é com certeza no domínio de Limitação por aspectos emocionais, que passou de 0 para 100%, ou seja, as limitações por aspectos emocionais afetavam seu cotidiano totalmente, e algum tempo depois, já não eram problema. Porem o mesmo também apresentou decréscimos em dois domínios. Foram eles; Vitalidade, decréscimo de 5% e Aspectos Sociais, com um decréscimo de 12,5%. Lembrando que para todos os domínios 100% representa o melhor score e 0% o pior. O individuo A tem 76 anos de idade e esta classificado em “Sempre” em se tratando de freqüência nas aulas.

    O individuo B tem 77 anos e esta classificado, quanto a sua freqüência nas aulas como, “Nunca”. Na primeira avaliação, obteve alguns resultados expressivos e em sua maioria acima dos 50% (Dor 75%, Estado Geral de Saúde 57%, Vitalidade 60% e Saúde Mental 56%), porem na segunda avaliação dois desses domínios obtiveram quedas bruscas, que foram; Dor, queda 65 pontos percentuais e Estado Geral de Saúde, queda de 32 pontos percentuais. Capacidade Funcional também apresentou uma pequena queda de 5 pontos percentuais. Mostrando que nesse curto espaço de tempo a condição de dores foi atenuada por algum fator visivelmente direto.

    O Indivíduo C obteve pequenas alterações positivas no domínio de Estado Geral de Saúde e Vitalidade, sendo 10 e 5% respectivamente. Nos demais tudo permaneceu da mesma maneira que na primeira avaliação. O Indivíduo C tem 63 anos e pratica esporadicamente, o que o enquadra quanto a sua frequência em “As vezes”.

    O Indivíduo D relatou sentir menos dores nas atividades cotidianas e pelo que mostram os resultados do questionário, obteve uma melhora de 12 pontos percentuais no domínio Saúde Mental. Porém alguns domínios como Limitação, Estado Geral de Saúde e Limitação por Aspectos Emocionais. Atividades recreativas, além de proporcionarem uma melhora no bem-estar físico, podem contribuir para que o idoso se socialize, ou seja, que por meio das diversas brincadeiras possa se relacionar com outras pessoas, conversas mais, desinibir-se, rir à vontade recuperando a auto-estima, tendo assim uma velhice menos deprimente (FERREIRA, 2007). Com isso observa-se a importância desses trabalhos para um Indivíduo como o observado agora. O Indivíduo D tem 72 anos e está classificado quanto a sua frequência em “As vezes”.

    Esse talvez tenha sido o indivíduo mais instável de todos os avaliados. Como podemos observar na Pontuação Total do Teste ele obteve um ganho de 3 pontos. porém nos domínios, Capacidade Funcional e Limitação por Aspectos Emocionais, obteve quedas, de 5 e 33,33 pontos percentuais respectivamente, em contrapartida no domínio Estado Geral de Saúde apresentou uma melhora de 5 pontos percentuais, que aparentemente tem um peso maior no somatório total dos pontos do teste. Desta forma devemos considerar que não foram obtidas mudanças significativas para o Indivíduo E, que tem 66 anos e foi classificado quanto a sua frequência em “As vezes”.

    O Indivíduo F tem 67 anos e foi classificado quanto a sua frequência nas aulas como “Nunca”. Podemos observar claramente como as valências estão bem baixas. É o caso dos domínios Limitação, Dor, Estado Geral de Saúde que estão abaixo dos 50% e igual a 50% encontram-se Capacidade Funcional, Vitalidade e Aspectos Sociais. Como o Indivíduo F esteve presente somente na primeira avaliação fica difícil dizer se ele teria um decréscimo ou acréscimo nas valências abordadas pelo questionário, porém com o que já foi observado podemos dizer que provavelmente na segunda avaliação seus resultados obtiveriam um certo grau de queda nos domínios disponíveis. Essas possíveis diminuições teriam ligação direta com a redução seletiva da massa muscular, que por sua vez são causadas pela diminuição nos níveis do hormônio de crescimento que acontece com o envelhecimento e a diminuição no nível de atividade física do indivíduo (MATSUDO, 2001).

    De todos os avaliados, esse foi o que apresentou os melhores resultados, tanto na primeira avaliação quanto na segunda. Podemos observar o alto valor na Pontuação Total do Teste. Que já era alta na primeira avaliação (144) e maior ainda na segunda (152). O que também apresentou melhora foi o domínio do Estado Geral de Saúde de 5 pontos percentuais. Permaneceram no melhor resultado que se pode obter os domínios de Capacidade Funcional, Limitação, Vitalidade, Limitação por Aspectos Emocionais e Saúde Mental. Dessa forma podemos concluir que o mesmo é totalmente apto para realizar as atividades recreativas. Apesar de no domínio de Dor os valores serem de 90% nas duas avaliações devemos estar cientes que as atividades recreativas geralmente trabalham numa faixa de intensidade baixa e que busca não levar o indivíduo a fadiga. O objetivo principal é mesmo a melhora da saúde, portanto a intensidade pode ser inferior a 50% do VO2máx, que é aproximadamente igual a 60% da FC máxima, com 30 minutos ou mais de atividade física acumulados no decorrer da maioria dos dias da semana (NIEMAN, 1999). No domínio de Aspectos Sociais o Indivíduo G regrediu em 12,5 pontos percentuais, o que muito provavelmente tenha sido causado por fatores externos. O indivíduo G tem 60 anos e quanto a sua frequência nas aulas foi classificado como “Sempre” com frequência acima de 70% nas aulas de atividades recreativas.

    É clara a diferença nos testes daqueles que praticam e não praticam as atividades. Até mesmo aqueles que participam apenas algumas vezes da atividade mostram ganhos importantes segundo o protocolo do questionário SF-36 de qualidades de vida. As valências daqueles que se submetem aos exercícios em sua grande maioria então perto de 100%, ou acima de 50%, o que significa que estão próximos da melhor nota possível para os domínios respectivos (VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF-36, 2009).

Considerações finais

    Bagnara (2011, p. 1) afirma que; “A sensação de bem estar, a recuperação da sua autoestima são os fatores mais marcantes com a implantação de programas recreativos para idosos”. Dessa forma entende-se que os ganhos com trabalhos recreativos com idosos não é trata-se de caso isolado. Outros autores também falam das atividades recreativas de forma muito positiva, como é o caso de Lorda; Sanchez (1995 p. 48); “[...] um programa regular de exercícios recreativos melhora a força muscular e diminui reduções físicas relacionadas com a velhice”.

    Como podemos observar no presente estudo as atividades recreativas trazem sim ganhos para inúmeros aspectos, mas quando se trata dos aspectos emocionais e motivacionais com certeza as chances de melhora são muito maiores. As atividades recreativas influenciam e muito nos aspectos psicossociais, principalmente porque permitem que haja cooperação entre todos os integrantes do grupo (FERREIRA, 2007).

    Também lembrando que as atividades devem ser prazerosas e de valor, para que o idoso recoloque suas responsabilidades de trabalho que a não muito tempo foram extraídas dele com a aposentadoria (LORDA; SANCHEZ, 1995). Quanto a isso é visível o baixo número de homens que se propõem a engajarem-se em trabalhos desse tipo. Talvez seja por isso que a maioria das mulheres percam seus esposos antes de chegar aos 70 anos e devem então, entrar em um período de adaptação à viuvez (LORDA; SANCHEZ, 1995). Mas qual seria o problema encontrado pelos indivíduos do sexo masculino para começarem a praticar exercício, mesmo sabendo que as atividade física praticada sob forma de recreação, podem ser mais bem aceitas pelo idoso (FERREIRA, 2007).

    As melhoras são evidentes, talvez o a maior dificuldade seja cultural, pelo fato de os homens terem de mostrar-se fortes o tempo todo, como acontecia a algumas gerações atrás, onde uma geração dessa permanece viva e porque não dizer, ativa dentro da nossa sociedade (FERREIRA, 2007).

    Dessa forma devemos concluir que os indivíduos do sexo masculino acima dos 60 anos devem sim realizar atividade física, e nesse caso, atividades físicas recreativas. “Percebe-se que as motivações são muitas e variadas, mas que podem ser agrupadas sob quatro aspectos: prevenção, manutenção, reabilitação e recreação” (BAGNARA; BUCH FILHO, 2011 p. 1). Também se deve levar em consideração o fato da necessidade de um maior número de pesquisas específicas na área da recreação para a terceira idade, e principalmente para homens.

Referências

  • BAGNARA, Ivan Carlos; BUCH FILHO, João Guilherme – Metodologia da Atividade Física na Terceira Idade - EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/efd155/atividade-fisica-na-terceira-idade.htm

  • BAGNARA, Ivan Carlos; MELLO, Rosane Garstka de - A importância de atividades físicas recreativas adaptadas para grupos de terceira idade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 155, Abril de 2011. http://www.efdeportes.com/efd155/atividades-fisicas-adaptadas-para-terceira-idade.htm

  • FERREIRA, Vanja. Atividade física na 3ª idade: o segredo da longevidade. Rio de Janeiro: 2ª Edição: Sprint, 2007.

  • LORDA, C. Raúl; SANCHEZ, Carmen Delia. Recreação na Terceira Idade. Rio de Janeiro, Editora Sprint, 1995.

  • MATSUDO, Sandra M.M. Avaliação do Idoso - Física & Funcional. Londrina: MIDIOGRAF, 2000 125p.

  • NAHAS, M. V. Fundamentos da aptidão física relacionada à saúde. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 1989. 74 p.

  • NIEMAN, D. C. Exercício e Saúde. Primeira edição brasileira, 1999.

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (2005). Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução de Suzana Gontijo. Brasília, Organização Pan-Americana da Saúde.

  • VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF-36, Janeiro de 2009.

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