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Avaliação do estado nutricional de jogadores de

futebol profissional em um clube do Rio de Janeiro

Evaluación del estado nutricional de los jugadores de fútbol profesional en un club de Río de Janeiro

 

*Nutricionista. Universidade Gama Filho, RJ

**Nutricionista e Docente. Universidade Gama Filho, RJ

***Educador Físico e Fisioterapeuta de um Clube de Futebol

Profissional na cidade do Rio de Janeiro, RJ

(Brasil)

Greice Keli Borges Leal*

Alessandra Bento Veggi**

Aline Teixeira Silva Fagundes**

Renato Tavares Fonseca***

Josie de Souza Oliveira**

josievocal@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Objetou-se avaliar o estado nutricional de jogadores de futebol profissional em um clube do Rio de Janeiro, RJ. A avaliação antropométrica incluiu medidas de peso, altura e dobras cutâneas, além do índice de massa corporal (IMC), massa magra (MM) e percentual de gordura corporal (%GC). As medidas foram realizadas no próprio clube por avaliador experiente. Para avaliar o perfil dietético foi aplicado um inquérito a fim de investigar a ingestão habitual. Realizou-se a avaliação com auxílio do software Avanutri - Profissional (2008). Análises estatísticas foram realizadas para verificar as possíveis diferenças com auxílio do software SigmaStat versão 2.0. Considerou-se como significância estatística a probabilidade inferior a 5% (p<0,05). A amostra desse estudo foi composta por 11 jogadores de futebol titulares do clube. A idade mediana dos jogadores foi de 22 anos (20 a 30 anos), com mediana de peso de 73,5kg (55,5kg – 85 kg). Observou-se que não houve diferença entre as medidas de peso, estatura, IMC, %GC e MM entre as posições dos jogadores (p>0,05). Ao observar o consumo de suplemento nutricional pelos jogadores de futebol, nota-se que a maioria (63,6%) relatou não consumir tais suplementos nutricionais. Dentre os que consomem (36,4%) os suplementos citados foram: creatina, maltodextrina e power gel. Verificou-se baixa ingestão energética total e de carboidrato e alta ingestão de proteínas e lipídeos. Atenção especial deve ser dada à distribuição dos macronutrientes na dieta destes atletas sugerindo então uma intervenção, visando à melhora no desempenho.

          Unitermos: Estado nutricional. Jogadores de futebol. Nutrição esportiva.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O futebol é um dos esportes mais comuns e o que mais se identifica com a população mundial. Este esporte exige a realização de exercícios intermitentes de intensidade variável. Estima-se que 88% de uma partida de futebol envolvam atividades aeróbicas e os demais 12% envolvam atividades anaeróbicas de alta intensidade (BIESEK et al., 2005).

    Com o passar dos anos, o futebol vem se tornando cada vez mais uma modalidade extremamente competitiva e de alto rendimento (MATTOS et al.,2008). Com isso, recaem sobre os jogadores, solicitações físicas, às vezes inesperadas, intensas e das mais variadas formas durante o jogo, exigindo condições de saúde e atlética perfeitas (SILVA et al., 1997). Este esporte é disputado com alternativas técnicas e em condições climáticas variadas, constituindo assim, uma modalidade de elevada complexidade de interpretação e estudo (FONSECA et al., 2007). Estes atletas encontram-se sob risco contínuo de deficiências latentes de micronutrientes pelo desgaste muscular, perdas intestinais, sudorese intensa, viagens freqüentes, mudanças de fuso horário e cardápios. No caso destes jogadores, os maiores “desequilíbrios” parecem ocorrer no consumo elevado de proteínas, gorduras e álcool e baixa ingestão de carboidratos (GUERRA et al.,2001)

    Sabe-se que a nutrição esportiva representa um dos elementos fundamentais no desempenho do atleta. Portanto, um planejamento dietético adequado proporcionará equilíbrio energético diário, como também ajuste na qualidade dietética dos jogadores (QUINTÃO et al., 2009), fornecendo substrato em quantidades adequadas para as vias metabólicas associadas à atividade física, favorecendo o armazenamento de energia na forma de glicogênio muscular e hepático, o retardo da fadiga e a promoção da hipertrofia muscular.

    O recomendado para estes jogadores de futebol é seguir uma dieta que contenha uma quantidade adequada de calorias, que possibilite tanto a manutenção do peso corporal, quanto o fornecimento de energia necessária para o atendimento da demanda de treinos e jogos (BIESEK et al., 2005).

    A dieta prescrita de forma correta somada ao treinamento adequado otimizam os depósitos de energia para a competição, melhorando o desempenho, fazendo assim, diferença no resultado final (SCHANDLER et al., 2007).

    Sabe-se que o volume e a intensidade dos treinos irão influenciar no gasto energético do jogador. Além disso, fatores como: posição ocupada pelo jogador, distância percorrida durante o jogo e forma de jogo adotado, irão também influenciar no gasto energético (BIESEK et al., 2005).

    Dessa forma, o equilíbrio no balanço energético deve ser observado respeitando, não somente as necessidades individuais, como também a posição do jogador na partida para que, tanto as calorias totais quanto a distribuição adequada dos macronutrientes sejam respeitadas.

    Dos macronutrientes, o carboidrato é a fonte primária de energia e deve ser ingerido antes que a fadiga muscular ocorra, para garantir que esteja disponível quando as concentrações de glicogênio muscular estiverem baixas. Caso contrário, a baixa ingestão poderá diminuir o rendimento e a capacidade de recuperação (BIESEK et al., 2005; QUINTÃO et al., 2009).

    Outro macronutriente muito importante para esta modalidade é a proteína. Pelo fato de ser um exercício com momentos de alta intensidade, pode gerar lesões nas fibras musculares (MULLER et al., 2007) e a ingestão adequada deste nutriente poderá minimizar tais lesões e favorecerá a ressíntese adequada na fase de recuperação.

    Juntamente com carboidrato e proteína, a gordura tem também seu papel destacado nessa modalidade esportiva. Por ser um esporte de longa duração, a gordura torna-se o principal combustível energético no decorrer do exercício (MULLER et al., 2007).

    Importante fator que contribui para que jogadores de futebol selecionem uma alimentação de melhor qualidade, são as estratégias aplicadas a uma educação nutricional (SCHANDLER et al., 2007). Estratégias essas essenciais para favorecer a ingestão de energia e de macronutrientes de forma correta, considerando que, a ingestão inadequada pode causar alterações na composição corporal do atleta, contribuindo também para um baixo desempenho em treinos e competições (MULLER et al., 2007). Portanto, a dieta deste atleta deverá atender aos gastos energéticos, fornecendo um balanço adequado de proteínas, lipídios e carboidratos, atingindo também as recomendações de micronutrientes (GUERRA et al., 2001).

    A avaliação da composição corporal e a observação de características antropométricas peculiares dos jogadores são essenciais para o bom êxito de uma equipe durante a partida e durante toda a temporada (PRADO et al.,2006). Ressaltando que, segundo MONTOVANI et al. (2008), altos índices de gordura estão ligados a um condicionamento físico ruim e diminuição do rendimento dos atletas .

    Dentre os atributos considerados de extrema importância para a prática do futebol estão: velocidade, força, potência de membros inferiores, resistência, agilidade e boa composição corporal que, por sua vez, pode influenciar tais fatores mencionados (FERREIRA et al.,2009).

    Diante desse contexto, julga-se importante realizar estudos que avaliem a dieta e a composição corporal de jogadores de futebol, considerando que nessa mesma modalidade os níveis de exigência do atleta se diferem de acordo com a posição ocupada pelo jogador, tornando-se uma modalidade de complexa avaliação. Assim, objetivou-se avaliar o estado nutricional de jogadores de futebol profissional em um clube do Rio de Janeiro - RJ.

Metodologia

Delineamento do estudo e casuística

    Trata-se de estudo observacional realizado em um Clube de Futebol localizado no município do Rio de Janeiro, RJ, sendo a coleta autorizada. A população deste estudo foi constituída por 11 jogadores de futebol profissional do sexo masculino, com idade entre 20 a 30 anos. Todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido segundo as recomendações da Resolução 196/96, autorizando a utilização dos dados de forma sigilosa. A coleta de dados foi feita por meio de formulários com questões relativas ao interesse da pesquisa.

Avaliação antropométrica e de composição corporal

    Os participantes do estudo foram submetidos à avaliação antropométrica que incluiu as medidas de peso, altura e dobras cutâneas. A partir das medidas de peso e estatura foi calculado o Índice de Massa Corporal (IMC). Das dobras cutâneas, obteve-se a densidade corporal (Dc) e, a partir de desse valor, dados relativos e absolutos de gordura corporal. A massa magra foi obtida através da diferença entre o peso corporal total e o peso da gordura corporal. As medições foram realizadas no próprio clube por avaliador experiente.

Avaliação dietética

    Para avaliar o hábito alimentar bem como a qualidade e quantidade dos alimentos ingeridos foi aplicado um inquérito dietético a fim de investigar a ingestão habitual. A avaliação dietética dos indivíduos atendidos foi realizada com auxílio do software Avanutri - Profissional (2008). O VCT (valor calórico total) foi expresso em valores absolutos, quilocalorias (kcal), e relativos (kcal/ kg de peso corporal). Os valores dos macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídeos) foram expressos em gramas (g), gramas por kg de massa corporal (g/kg) e percentual (%), em relação ao VCT. Sendo comparados segundo a referência citada no Quadro 1.

Quadro 1. Recomendação de ingestão de macronutrientes para jogadores de futebol

Análises estatísticas

    As análises estatísticas foram realizadas por meio de teste para avaliar as possíveis diferenças, teste t Student ou Mann-Whitney. A construção do banco de dados foi feita no Excel e os testes realizados com o auxílio do software SigmaStat versão 2.0. Para todos os testes estatísticos, foi considerado como nível de significância estatística a probabilidade inferior a 5% (p<0,05).

Resultados

    A amostra desse estudo foi composta por 11 jogadores de futebol profissional, titulares de um clube de futebol na cidade do Rio de Janeiro. A idade mediana dos jogadores foi de 22 anos (20 a 30 anos). A maioria dos jogadores (63,7%; n= 7) possui ensino médio completo, 27,3% (n=3) ensino fundamental completo e apenas 1 (9,1%), possui o ensino superior incompleto. Todos os jogadores praticam musculação, sendo que a maioria (n= 7) pratica de 4 a 3 vezes na semana. Os 11 jogadores não ingerem bebida alcoólica, nem fazem uso de cigarro. A Tabela 1 apresenta as características antropométricas e de composição corporal dos atletas segundo suas posições.

Tabela 1. Dados antropométricos e de composição corporal de atletas titulares de um clube brasileiro de futebol, RJ

    Ao observar a Tabela 1, percebe-se que a mediana de peso dos jogadores foi 73,5kg (55,5kg – 85 kg). Ao analisar as variáveis antropométricas (peso, estatura e IMC) e de composição corporal (MM e %GC) dos atletas de diferentes posições, verificou-se que não houve diferença estaticamente significante (p>0,05). Apesar disso, nota-se que o goleiro foi um dos jogadores mais altos e também com maior percentual de gordura corporal (%GC) em relação aos demais atletas. Em contrapartida, o menor %GC foi encontrado em um meio campo. A Figura 1 apresenta a freqüência de consumo de suplemento nutricional.

Figura 1. Distribuição dos jogadores segundo o consumo de suplemento nutricional

    Ao observar o consumo de suplemento nutricional pelos jogadores de futebol, nota-se que a maioria (63,6%) relatou não consumir tais suplementos nutricionais (Figura 1). Dentre os que consomem (36,4%) os suplementos citados foram: creatina, maltodextrina e power gel.

    A Tabela 2 apresenta o gasto energético total (GET), o valor energético total (VET) consumido pelos jogadores, bem como a distribuição dos macronutrientes (carboidrato, proteína, lipídio) segundo o VET e a distribuição dos mesmos em grama por quilo de peso corporal, sendo os suplementos utilizados computados.

Tabela 2. Apresentação do gasto energético total (GET), valor energético total (VET) consumido e distribuição dos macronutrientes em percentual e gramas por quilo de peso corporal

    Ao observar o GET dos jogadores, percebe-se que o gasto de todos os atletas é menor do que a ingestão, cujo consumo mediano de energia (VET) foi de 2970,4 kcal (1336,8 kcal – 4756,25 kcal).

    Percebe-se ao observar a Tabela 2, que a maioria dos atletas (n=10; 90,9%) ingere carboidrato abaixo do recomendado, apenas 1 jogador ingere a quantidade adequada. Já para PTN, a maioria dos atletas (54,5%, n=6) apresenta alta ingestão e apenas 1 jogador (9,1%) consome PTN abaixo do valor recomendado. Quanto à ingestão de lipídeos, nota-se que a maior parte dos atletas (54,5%,n=6) consome acima do limite estabelecido, sendo recomendada a ingestão entre 25- 30% do VET.

    Ao avaliar a dieta dos jogadores segundo as diferentes posições, nota-se que não houve diferença estatisticamente significante em relação ao VET e ao consumo de CHO, PTN e LIP, tanto quanto a distribuição dos macronutrientes em relação ao VET, quanto à ingestão de carboidrato, proteína e lipídeo por quilo de peso corporal (p>0,005).

    Todos os atletas fazem ingestão de água antes, durante e após os treinos.

Discussão

    O perfil antropométrico de atletas profissionais de futebol pode ser caracterizado por sua heterogeneidade. O que torna difícil a interpretação do perfil antropométrico de um time, já que apresenta jogadores de diferentes origens e raças (PRADO et al.,2006).

    No presente estudo foi verificado que não houve diferença significativa na composição corporal dos atletas das diferentes posições (p>0,05), provavelmente, por não se tratar de uma equipe de jogadores de elite. Entretanto, percebe-se que o goleiro é um dos mais altos, o que é uma grande vantagem, pois executa um maior número de saltos verticais e, assim, possui maiores chances de sucesso, além desses atletas usarem a estatura para ganhar a posse de bola com a cabeça (BIESEK et al., 2005). Em relação ao %GC percebe-se que o goleiro apresentou maior valor de gordura corporal em relação aos demais atletas, apesar de não ter sido encontrada diferença estatística significante. Esse resultado deve-se, provavelmente, ao treinamento diferenciado que outras posições exigem com maior demanda energética durante os jogos. Lembrando também que os goleiros percorrem menores distâncias nas partidas (em média 4 km) (PRADO et al.,2006). Em contrapartida, verificou-se que o menor %GC apresentado foi encontrado em um meio campo (8,6%GC), característica normalmente encontrada da própria posição por exigir que os atletas corram mais.

    Segundo Prado et al. (2006) a composição corporal de atletas profissionais, independente da modalidade esportiva, é de fundamental importância para uma boa performance, tendo em vista que o excesso de gordura corporal pode reduzir drasticamente o desempenho de tais competidores.

    Em relação à utilização de suplementos, percebe-se que a maioria (63,6%) dos jogadores não faz uso de suplemento nutricional, fato este, por se tratar de equipe com pouco apoio financeiro conforme observado durante a pesquisa, embora tal dado não tenha sido quantificado. Já os atletas que fazem uso (36,4%), consomem a creatina, que tem sido apontada como suplemento nutricional de grande eficiência na melhoria do desempenho em exercícios de alta intensidade e retardo da fadiga. No entanto, vale ressaltar que ainda não existem muitos estudos da suplementação de creatina no futebol, portanto é necessário cautela ao indicar esta suplementação. O Power gel também é consumido. E a utilização de energético em forma de gel vem sendo freqüente, cumprindo o papel na reposição de CHO. Seu uso deve estar associado à ingestão regular de água, para que ocorra a garantia da manutenção do desempenho de um organismo hidratado (HERNANDEZ & NAHAS, 2009). Verificou-se também a ingestão de Maltodextrina, com o objetivo de melhorar o desempenho físico. Podendo ser consumida antes, durante e após o exercício. Consumida antes da atividade esportiva, tem como objetivo retardar os distúrbios homeostáticos que podem acompanhar o exercício. O consumo durante o exercício, pode levar a uma melhora do desempenho por fornecer fonte rápida de energia e após, otimiza as concentrações de glicose circulante no sangue, pelo fornecimento de carboidratos (SAPATA, et al., 2006) favorecendo a reposição do glicogênio muscular.

    Os suplementos nutricionais são bastante conhecidos entre os atletas, principalmente os compostos de proteínas especiais, aminoácidos e subprodutos do metabolismo da proteína. Estes atletas crêem que os suplementos lhe darão maior vantagem nas competições, quando também podem ser prejudiciais para a saúde e para o desempenho se usado sem orientação e de forma inadequada. Pois muitas destas substâncias são comercializadas sem embasamento científico (MARANGON et al., 2002).

    Em relação ao valor energético total da dieta (VET), percebe-se que todos os jogadores ingerem aquém do seu gasto energético total (GET). Entretanto, 46,5% (n=5) dos jogadores ingerem quantidade suficiente para a modalidade esportiva que, segundo Biesek et al. (2005), o consumo energético médio diário ideal para esta categoria esportiva deve estar entre 3.150kcal a 4.300 kcal/dia

    Ao analisar a distribuição de macronutrientes em relação ao VET, percebe-se que houve baixa ingestão de carboidrato comparado aos demais macronutrientes tendo em vista que sua contribuição em termos de percentual de calorias ingeridas encontra-se aquém do desejável (60 – 79%% do VET), da mesma forma, observa-se baixa ingestão de tal nutriente em termos de gramas por quilo de peso corporal (<8g/ kg peso corporal/dia). O carboidrato é de extrema importância para um bom desempenho físico e para a recuperação após o exercício. Uma dieta rica em carboidrato aumenta as concentrações de glicogênio muscular, necessário no futebol. A adequada ingestão de carboidrato é essencial para o sucesso de toda a equipe, já que tal nutriente consegue assegurar a oferta de energia quando os níveis de glicogênio estiverem abaixo, retardando assim a fadiga muscular (GUERRA et al.,2001).

    Em contrapartida, nota-se que a ingestão de proteína da maioria dos indivíduos estudados está aumentada, tanto em relação à distribuição em percentual segundo o VET quanto em gramas de proteína por quilo de peso corporal, ultrapassando os valores recomendados (1,4 a 1,7 g/kg peso corporal/dia). Em relação à ingestão protéica de atletas, o indicado é que a ingestão seja obtida por uma dieta normal e variada, sendo a suplementação uma forma prática e segura de proporcionar ingestão de boa qualidade e a biodisponibilidade de aminoácidos para as demandas aumentadas do atleta em treinamento e competição (HERNANDEZ & NAHAS, 2009).

    A proteína dietética muitas vezes é ingerida por meio de suplementos à base de aminoácidos que, se ingerido em quantidades inadequadas, podem trazer danos à saúde, prejudicando também o desempenho do atleta. Vale à pena ressaltar que o excesso de proteína no organismo pode sobrecarregar órgãos importantes, que estão relacionados ao metabolismo protéico (fígado e rins) (MARANGON et al., 2002).

    Quanto à ingestão de lipídeos, verificou-se que a maior parte dos atletas (54,5%, n=6) ingere quantidade acima da recomendada (>30% do VET). De uma forma geral, os atletas têm uma tendência a ingerir em maior quantidade este nutriente. Vale ressaltar que os lipídeos constituem fonte importante de energia durante o exercício de tal modalidade. Assim, uma redução severa não é indicada, já que esse nutriente participa da produção de energia e do transporte de vitaminas lipossolúveis (BIESEK, et al., 2005).

    Tais achados encontram-se em conformidade com o citado por Guerra et al. (2001) ao mencionar que, no caso de jogadores, maiores desequilíbrios ocorrem no consumo elevado de proteínas e gorduras e baixa ingestão de carboidratos.

    Em relação à ingestão de água, todos os atletas afirmaram ingerir água antes, durante e após os treinos. Atletas que iniciam as competições desidratados estão em desvantagem em relação aos atletas bem hidratados. A recomendação é de 250 a 500 mL 2 horas antes do exercício e em dias mais calorosos, recomenda-se que estes atletas ingiram um adicional de 250 a 500 mL 30min a 60min antes da atividade. Durante os treinos recomenda-se iniciar a ingestão já nos primeiros 15min e continuar ingerindo a cada 15min a 20min (150 a 250 mL). E quando a atividade tiver duração maior que uma hora (ou se for intensa, do tipo intermitente, mesmo que menor 1 hora), deve-se repor CHO (30-60g/hora ou 3 ml/ kg de PC ou 150 a 300 ml/15 a 20 min de solução eletrolítica a 4-8%). A reidratação com bebida esportiva após o exercício tem como objetivo a ressíntese de glicogênio, reposição hídrica e de sódio (HERNANDEZ & NAHAS, 2009).

Conclusão

    De acordo com os dados apresentados, apesar de não ter sido verificada diferença estatística significante em relação à composição corporal dos jogadores, observou-se que o goleiro apresentou maior percentual de gordura corporal, em contrapartida, o menor percentual de gordura foi encontrado no meio de campo.

    Quanto à ingestão de suplementos alimentares, verificou-se que a maioria dos jogadores não utilizava suplemento.

    Os jogadores de futebol do clube estudado ingeriam energia aquém do seu gasto energético, porém, alguns tinham ingestão dentro da faixa recomendada para a modalidade.

    Como esperado nesta modalidade, houve um desequilíbrio na distribuição dos macronutrientes na dieta destes atletas. Em relação ao carboidrato, observou-se ingestão insuficiente tanto em termos de percentual em relação ao valor energético total da dieta quanto em gramas por quilo de peso corporal. Em contrapartida, a maioria dos jogadores ingeria proteína e lipídio acima do recomendado.

    Atenção especial deve ser dada à distribuição dos macronutrientes na dieta destes atletas levando em consideração que o baixo consumo de carboidrato pode prejudicar o rendimento, antecipar a fadiga muscular, além de aumentar a probabilidade de utilização da proteína como fonte de energia em detrimento da hipertrofia muscular. Por outro lado, o excesso de proteína, além de facilitar sua mobilização como fonte energética pode levar à sobrecarga renal e hepática. Da mesma forma, observar os lipídeos devem ser observados, tendo em vista que este nutriente é importante fornecedor de energia para tal modalidade. Entretanto, consumo excessivo, além de prejuízos à saúde, pode modificar a composição corporal aumentando o percentual de gordura, o que prejudicaria o desempenho dos jogadores. A julgar pelos resultados encontrados, sugere-se uma intervenção nutricional visando à melhora no desempenho e na saúde dos jogadores.

Referências bibliográficas

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