Verificação da disponibilidade de macro nutrientes em cardápio enriquecido com proteína texturizada de soja oferecidos para pacientes portadores de IRC em HD no município de Caratinga, MG Comprobación de la disponibilidad de macronutrientes en el menú enriquecido con proteína de soja texturizada ofrecida a los pacientes con insuficiencia renal crónica en hemodiálisis en el municipio de Caratinga, MG |
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FANUT/UNEC (Brasil) |
Eliane Cristina de Farias Déborah Sallen Brandão de Souza Andreza de Paula Santos |
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Resumo A Doença Renal Crônica (DRC) é uma patologia extremamente freqüente entre os adultos, embora seja sub diagnosticada e, assim, não tratada, e constitui hoje um importante problema médico e de saúde pública. As causas da Insuficiência Renal (IR) são muitas, algumas das quais acarretam uma diminuição rápida da função renal. A hemodiálise (HD) é uma terapia dialítica que se associam as complicações agudas e crônicas. A nutrição desempenha um papel fundamental nas doenças renais.. A soja com suas características químicas e nutricionais se qualificam como um alimento funcional: além da qualidade de sua proteína, estudos mostram que a soja pode ser utilizada de forma preventiva e terapêutica. Este trabalho tem como objetivo verificar a quantidade de proteínas em cardápio enriquecido com proteína texturizada de soja em uma unidade de hemodiálise do município de Caratinga. Participaram do estudo 89 pacientes, durante as quatro semanas do mês de março de 2009. A análise de macro e micro nutrientes foram realizadas, através do programa Avanutri. Em relação às preparações a base de proteína texturizada de soja nota-se que houve variações na quantidade de macro e micronutrientes durante as quatro semanas sendo mais expressivo a quantidade de proteína na preparação a base de PTS na terceira semana que contempla a preparação de angu a baiana com PTS e palpetone de soja. Unitermos: Insuficiência renal crônica. Proteína texturizada de soja. Hemodiálise. Alimentação. Macro e micro nutrientes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Segundo Romão Júnior (2007), a Doença Renal Crônica (DRC) é uma patologia extremamente freqüente entre os adultos, embora seja subdiagnosticada e, assim, não tratada, e constitui hoje um importante problema médico e de saúde pública. O diagnóstico se faz com a presença de lesão renal ou de um ritmo de filtração glomerular inferior a 60 mL/min/1,73 m² durante um período de três meses ou mais (ROMÃO JÚNIOR, 2007).
A hemodiálise (HD) é uma terapia dialítica que se associam as complicações agudas e crônicas, a altas taxas de hospitalização, mortalidade e anormalidades nutricionais. Por ser um evento catabólico, é comum paciente em terapia hemodialítica apresentar desnutrição. Mudanças de ordem nutricional em pacientes hemodialisados devem ser precocemente diagnosticadas e corrigidas, visto que sua presença pode piorar a evolução clínica, favorecendo o aparecimento de quadros infecciosos, dificultando a realimentação do paciente, aumentando o tempo de permanência hospitalar, morbidades e mortalidade e piorando a sua qualidade de vida (CARDOZOM; VIEIRA; CAMPANELLA, 2006).
Segundo Batista, Vieira e Azevedo (2004), vários estudos demonstram que a desnutrição energético-protéica é uma condição bastante freqüente em pacientes mantidos em diálise.
A baixa ingestão calórico-protéica é uma causa importante de desnutrição na DRC. Estudos mostram uma relação forte entre a quantidade dos alimentos ingeridos (particularmente proteínas) e o estágio de desnutrição em pacientes com DRC. Porém, é importante reconhecer que existem outras causas de desnutrição na DRC. A acidose metabólica e a inflamação, observadas nos pacientes com DRC e FG <60 mL/min/1,73 m², podem determinar o aumento do catabolismo e a supressão da síntese protéica (BASTOS, 2004).
Portanto a recomendação protéica em HD é de, no mínimo 1,2 g/kg/dia. A qualidade da proteína também é importante, sendo recomendado 50 a 80% de alto valor biológico, com o objetivo de assegurar a ingestão adequada de aminoácidos essenciais. As necessidades protéicas podem ser maiores, dependendo do nível de estresse e das necessidades metabólicas aumentadas (RIELLA; MARTINS, 2001).
A proteína de soja é considerada uma importante fonte de energia e de calor para o organismo. Em qualidade, as proteínas animais são melhores que as vegetais devido ao seu valor biológico, porém a soja está sendo utilizada como alimento humano, devido ao seu elevado teor protéico e também por possuírem compostos como as isoflavonas, genisteina daidzeina e gluiciteina. A soja vem cada vez mais suprir a necessidade protéica de cada indivíduo, é um alimento com uma fonte rica de fitoquímicos, sendo que muitos desses componentes têm importantes efeitos benéficos na saúde humana (PERREIRA et al, 2004).
Baseado nessas afirmações vê-se a necessidade de verificar a disponibilidade de macro nutrientes em cardápio enriquecido com proteína texturizada de soja oferecidos para pacientes portadores de IRC em HD.
Metodologia
Foi realizado um estudo do tipo qualitativo, na Clínica Especializada em Terapia Renal Substitutiva, no município de Caratinga. Possui 170 pacientes inseridos em programa regular de hemodiálise. O presente trabalho foi realizado no mês de Março/2009. No qual foi avaliado a quantidade de macro nutrientes nas refeições e nas preparações a base de proteína texturizada de soja.
A amostra constitui de todos os pacientes portadores de Insuficiência Renal Crônica (IRC) em tratamento de Hemodiálise (HD) que se alimentam na referida clínica e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Os cardápios foram confeccionados uma vez por mês pela pesquisadora, juntamente com a nutricionista da Unidade da Hemodiálise e orientadora, contendo preparações enriquecidas com soja. Os mesmos foram calculados os valores de micros nutrientes e macros nutrientes, por porção, servidas aos pacientes.
Os dados foram coletados durante as quatro semanas do mês de Março/2009, todas as segundas-feiras e terças-feiras, no horário de almoço dos pacientes. Após a coleta, utilizou-se o programa Avanutri para tabular os dados e então observamos as quantidades em gramas e microgramas de macro e micronutrientes de cada preparação oferecida aos pacientes.
Resultados de discussões
A amostra que é constituída por 89 pacientes, sendo homens e mulheres adultos, que almoçavam todos os dias na UAN do Centro de Terapia Renal Substitutiva (HD), que aceitaram participar da pesquisa. Os dados foram tabulados e o percentual de aceitação pode ser observado nos gráficos a seguir.
Gráfico 1. Distribuição das preparações a base de proteína texturizada de soja oferecida aos
pacientes durante as quatro semanas do mês de março de 2009 em relação proteínas, carboidratos e lipídios
Na terceira semana nota-se maior relevância em relação à primeira e à segunda semana, pois nesta semana no cardápio continha duas preparações com proteína vegetal (proteína texturizada de soja) quanto animal. Então a oferta protéica foi maior com o intuito de oferecer uma maior quantidade de proteína para os pacientes em tratamento dialítico neste dia.
Gráfico 2. Distribuição da oferta de vitaminas (A, D, E, B6 e B12), nas preparações a base de proteína
texturizada de soja fornecida aos pacientes durante as quatro semanas do mês de março/2009
Entre os valores apresentados no gráfico 2, apenas a vitamina A apresentou valores significativos e com maior relevância na terceira semana. Entretanto assim como as demais vitaminas estudadas não atingiram valores recomendados para esta população de pacientes portadores de IRC. A avaliação precisa das necessidades das vitaminas é difícil na rotina. Os testes bioquímicos para a avaliação das reservas corporais não estão usualmente disponíveis, são onerosos e imprecisos.
Gráfico 3. Distribuição da oferta de minerais (Sódio, Potássio, Fósforo e Cálcio), nas preparações a base
de proteína texturizada de soja fornecida aos pacientes durante as quatro semanas do mês de março/2009
O gráfico 3 demonstra os dados em gramas e microgramas dos minerais dos cardápios contendo Proteína texturizada de Soja servidos aos pacientes todas segundas-feiras e terças-feiras, durante quatro semanas do mês de Março.
Os valores de minerais observados para esta população apresentaram valores bem expressivos durantes todas às quatro semanas e os minerais de maior relevância foram o P tendo um valor mais expressivo na terceira semana e o Na também apresentou uma valor mais expressivo na terceira semana. Porém, não atingiram valores recomendados para a população em estudo. Assim como os demais minerais quando analisados de modo isolado a proteína texturizada de soja.
Estes minerais P e Na, apresentaram maior relevância pelo fato de conter duas preparações com proteína texturizada de soja no mesmo cardápio.
Gráfico 4. Distribuição dos macronutrientes oferecidos em uma refeição aos pacientes portadores
de insuficiência renal crônica em hemodiálise durante as quatro semanas do mês de março de 2009
De um cardápio para o outro durante as quatro semanas houve uma variação representativa nas quantidades de proteína, carboidrato e lipídios, pois algumas preparações requerem uma quantidade maior de cada macronutriente. Durante as quatro semanas o carboidrato apresentou valores significativos, mas na primeira e quarta semana apresentou valores de maior relevância.
Observa-se no gráfico 4 que a maior oferta de proteína considerando a preparação, como um todo foi na segunda semana foi de 67,76 g. Como já demonstrado a oferta protéica para paciente portador de IRC em HD deve ser no mínimo de 1,2 g/kg de peso/dia, segundo Riella e Martins, 2001.
Como isto é notável que a proteína texturizada de soja quando utilizada e preparada, ela pode contribuir para a melhora da oferta protéica da preparação sem, contudo elevar o custo da mesma.
Gráfico 5. Distribuição das vitaminas oferecidos em uma refeição aos pacientes portadores de
insuficiência renal crônica em hemodiálise durante as quatro semanas do mês de março de 2009
Na primeira e segunda semana a vitamina A apresentou valor de maior relevância, porém, nas últimas semanas, seu valor ficou reduzido, mas para seu consumo não há valores determinados, por ser considerada uma vitamina lipossolúvel. Durante todas as quatro semanas a vitamina B6 atingiu valores esperados segundo as recomendações sugeridas por Riella e Martins, 2001. A vitamina B12 apresentou um valor mais elevado na segunda semana, se enquadrando nas recomendações, e é sabido que as percas durante o processo de diálise, são mínimas, pelo fato de ela estar primariamente ligada à proteína no plasma (RIELLA; MARTINS, 2001).
Apenas na terceira semana a vitamina D atingiu um valor de maior relevância durante as quatro semanas. Já a vitamina E como é uma vitamina lipossolúvel, não se tem uma recomendação para o seu consumo.
Gráfico 6. Distribuição dos minerais oferecidos em uma refeição aos pacientes portadores de
insuficiência renal crônica em hemodiálise durante as quatro semanas do mês de março de 2009
Os minerais apresentaram valores, mas relevantes em relação às vitaminas durante as quatro semanas, sendo o de maior destaque foi potássio na primeira e quarta semana atingiu os valores recomendados. Porém com o sódio deve-se ter uma atenção maior, pois é sabido que boa parte dos pacientes são portadores de hipertensão arterial sistêmica, e sua recomendação é mais cautelosa e individual, além de ser responsável pelo aumento do peso interdialítico. O cálcio foi o que apresentou valores, reduzidos durante as quatro semanas. E de acordo com o recomendado apresentada pela, o mesmo não atingiu a quantidade recomendada de 1000-1500 mg diárias.
Em todas as preparações foram usados temperos naturais, (o alho, cheiro verde, folhas de louro, cebolas e sal), feitos na própria UAN, pela cozinheira e auxiliada pela nutricionista responsável da unidade. O sal foi usado em quantidades insignificantes, mas como é sabido os outros alimentos utilizados com naturalmente um terminado teor de sódio natural.
Conclusão
Entretanto ao analisarmos os valores nutricionais para macro e micronutrientes das preparações somente contendo PTS como: Carne moída com proteína texturizada de soja (1), Palpetone de proteína texturizada de soja (2), Angu à Baiana de proteína texturizada de soja com Palpetone com proteína texturizada de soja (3) e Almôndega de proteína texturizada de soja (4), nota-se que a oferta de proteínas, carboidratos e lipídios é acentuada na preparação 3 devido ser uma alimentação que continha duas preparações com proteína tanto animal quanto a proteína vegetal. Os valores de vitaminas se aproximaram das recomendações diárias para esta população, mas apenas a vitamina A e B6 na primeira e segunda semana, atingiram os valores recomendados. Para os valores de minerais apenas o fósforo e o potássio atingiram os valores recomendados. Sendo o potássio na primeira e quarta semana e o fósforo apenas na segunda semana.
Então podemos concluir que ao analisarmos de forma isolada as preparações a base de proteína texturizada de soja, notará que a oferta de proteína, carboidrato, lipídios, vitaminas e minerais não atingiremos valores recomendados para esta população. Mas ao analisarmos o cardápio como um todo terá valores bastante satisfatórios para esta população de pacientes portadores de IRC.
Referências bibliográficas
BATISTA, Tanara; VIEIRA, Itamar de Oliveira; AZEVEDO, Luciane Coutinho. Avaliação Nutricional de Pacientes Mantidos em Programa de Hemodiálise Crônica. Jornal Brasileiro de Nefrologia, Blumenau, v. 26, n 03, p. 113-120, 2004.
BASTOS, Marcos G. Avaliação do Estado Nutricional. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 26, n. 3, p. 42-43, 2004.
CARDOZO, Mônica Testoni; VIEIRA, Itamar de Oliveira; CAMPANELLA, Luciane Coutinho de Azevedo. Alterações Nutricionais em Pacientes Renais Crônicos em Programa de Hemodiálise. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, Balneário Camboriú, nº. 4 p. 284-289, 2006.
CARVALHO, Aluizio Barbosa; CUPPARI, Lílian. Dieta e Quelantes como Ferramentas para o Manuseio do Hiperparatireoidismo Secundário. Jornal Brasileiro de Nefrologia, São Paulo, v. 30, p. 27-31, 2008.
MARQUES, Andreza B.; PEREIRA, Daiane C.; RIBEIRO, Rita C.H.M. Motivos e Freqüência de Internação dos Pacientes com IRC em Tratamento Hemodialítico. Arq. Ciência Saúde, São José do Rio Preto, n. 12, p. 67-72, 2005.
PERREIRA, Gislene Alves; CÂNDIDO, Josirene Gonçalves; SOARES, Bárbara Kellen; RIBEIRO, Gisele Castro. Os Benefícios da Soja como Alimento e Prevenção de Doenças. 2004.
RIELLA, Miguel Carlos; MARTINS, Cristina. Nutrição e Hemodiálise. Rio de Janeiro. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan S.A., 2001, p. 43, 44, 115, 116, 118, 119, 121, 122, 123,124, 125, 126, 128.
VALENZUELA, Rolando Guilhermo Vermehren; GIFFONI, Ângela Gizeli; CUPPARI, Lílian; CANZIANI, Maria Eugênia Fernandes. Estado Nutricional de Pacientes Com Insuficiência Renal Crônica em Hemodiálise no Amazonas. Revista da Associação Médica Brasileira, Manaus, n. 49, p. 72 – 78, 2002.
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