1.
Introdução
O presente artigo tem como objetivo de analisar as questões relacionadas ao
eixo corpo-movimento, na perspectiva da ginástica rítmica na qual é
caracterizada pelos gestos essencialmente femininos, delicados prevalecendo o
desenvolvimento da graça, a delicadeza de seus movimentos.
Propõe-se nos colocar em constante compreensão e reflexão ao eixo central da
Educação Física, o corpo em movimento numa perspectiva crítica.
Foram envolvida na construção do festival de dança e ginástica as
disciplinas de: História da Educação Física, Fundamentos Filosóficos da
Corporeidade, Fundamentos Antropológicos da Educação Física, Ginástica I e
II, e Recreação e Lazer.
Na qual teve como objetivo geral proporcionar aos acadêmicos, a
experimentação e a compressão do corpo em movimento.
2.
O eixo corpo – movimento
O corpo é nosso meio geral de ter um mundo. Ora
ele se limita aos gestos necessários à conservação da vida e,
correlativamente, põe em torno de nós um mundo biológico; ora, brincando com
seus primeiros gestos e passando de seu sentido próprio a um sentido figurado,
ele manifesta através deles um novo núcleo de significação. (Merleau-Ponty,
1996, p. 203)
Os movimentos corporais estão presentes na vida mesmo antes do nascimento, eles
são parte integrante do nosso ser, da mesma forma que precisamos do alimento,
da água, de carinho, amor e afeto, necessitamos dos movimentos para nossa
sobrevivência. (SILVA, 2006)
Soares (2000) nos esclarece que os corpos bem como a gestualidade podem ser
imaginados como expressão e lugares sociais ocupados, ou seja, o corpo e sua
gestualidade é a primeira forma visível de nossa apresentação ao mundo,
vemos e somos inicialmente vistos como um corpo em movimento.
A intervenção no corpo e movimento é compreender, analisar e produzir
conhecimentos sobre diferentes processos que se relacionam tanto pela
materialidade biológica quanto pelas diversas dimensões em que o corpo se
ocupa e se expressa. (OLIVEIRA, OLIVEIRA e VAZ, 2008 apud VILARINHO NETO e
SOUZA, 2010).
Segundo Fátima (2011), apud Vilarinho Neto e Souza (2010) através da
publicidade, ocorre a vulgarização e mercantiliza a corporeidade humana.A
sociedade contemporânea vê o corpo como objeto de consumo, que está alienado
da mesma forma que o fez.
Segundo Daolio (2007), apud Vilarinho Neto e Souza (2010) o corpo é o primeiro
e mais natural instrumento do homem, nele são expressos os sentidos os signos
do homem na sua totalidade. O corpo é dotado de significados sociais, que é
construído culturalmente, já que sociedade se expressa diferente através de
corpos diferentes.
3.
A Ginástica
A Ginástica se consolida no cenário mundial quando se volta aos preceitos
científicos para o conjunto das populações urbanas tendo como objeto central
de preocupação converte-se em um modelo de educação veiculado pelo
poder, uma educação capaz de preservar as forças físicas e ensinar o
indivíduo a adequação de seu uso. Esta compreensão da Ginástica permite
inscrevê-la como constitutiva da mentalidade científica, pragmática e
prática que se consolida ao longo do século XIX (SOARES, 2000). Assim,
Oliveira e Lourdes (2004) apud Vilarinho Neto e Souza (2010) definem que os
parâmetros da ginástica moderna se fundamentam em preceitos tecnicistas,
higienista e militarista.
Já na segunda metade do século XIX seu caráter higiênico alarga-se e
imprime-se, então, outra estética, a estética da retidão. Multiplicam-se
neste momento, pesquisas sobre o movimento, sobre sua utilização na vida
cotidiana e, particularmente, no mundo do trabalho (SOARES, 2000). Nestes
preceitos observa se uma auto educação corporal e a internalização de
economia de forças do interior de seus próprios corpos. Gestos medidos, gestos
pensados, gestos contidos. Não havia ali nenhuma explicação científica. O
corpo aprendia, no silêncio, a gestualidade necessária e a adequada
utilização das forças para a produção (SOARES, 2000).
Por essa história marcada por características excludentes a Ginástica no
ambiente escolar se torna algo distante da realidade dos alunos e ainda mais
distante da prática pedagógica dos professores de Educação Física. Ou seja,
justamente na escola, onde a prática da Ginástica deveria ser abordada numa
perspectiva crítica e de integração muitas vezes os professores de Educação
Física negam essa experiência aos seus alunos alegando falta de conhecimento
acerca do assunto, falta de equipamentos e de materiais, tais como, colchões,
barras, traves, arcos, bolas em dimensões oficiais e espaços necessários para
desenvolverem este conteúdo da Cultura Corporal (SHAVION e PICCOLO, 2007).
4.
Ginástica Rítmica
A GR é uma modalidade que combina de forma harmoniosa diversa qualidades.
Possui uma exigência técnica corporal apuradíssima que se apresenta aliada ao
manejo de seus aparelhos específicos: a corda, o arco, a bola, as maças e a
fita. (LAFFRANCHI e LOURENÇO, 2006).
Laffranchi (2001) a ginástica rítmica é uma modalidade essencialmente
feminina, na qual sua fundamentação se dá na expressividade artística,
conceituada pela beleza de seus movimentos e gestos,na explosão de talentos e
pela sua criatividade,em que a expressão corporal forma um conjunto de
movimentos harmoniosos e precisos.
Conforme Gaio (2006) a Ginástica Rítmica se fundamenta em três dimensões e
princípios que relacionam o corpo, o movimento e a manipulação de
equipamentos. Nessas particularidades e especificidade da GR desenvolve se a
ampliação e o domínio por parte dos indivíduos da apropriação do seu corpo
e do movimento. Dallo (2007) argumenta ainda que a ginástica rítmica é uma
ferramenta didática e pedagógica para os docentes trabalharem com os alunos
aspectos físicos e motores (ações motoras formas e funções corporais) além
de aspectos cognitivos e estéticos.
Na perspectiva crítica o mundo ginástico é uma possibilidade de ações com
significado cultural nesta proposta as novas possibilidades de movimento e
exercitações em confronto com as tradicionais permitem e possibilitam uma
prática corporal que tem sentido próprio, vivido, criado pelo aluno (COLETIVO
DE AUTORES, 1992).
5.
A ginástica como possibilidade de ampliação do eixo corpo – movimento
Quando se percebe e sente seu corpo através de elementos como a auto-imagem,
conhecimento do próprio corpo e consciência corporal, identificando, após a
realização de uma seqüência de aulas pautadas em práticas corporais
diferenciadas e sistematizadas consegue se ampliar a percepção por parte dos
indivíduos do seu próprio corpo, do seu movimento como a proposta da GR
estabelecida no Festival (MATTHIESEN, 1996).
As experiências e vivências significativas contribuem positivamente para a
ampliação e apropriação do seu corpo, do movimento e da gestualidade por
parte dos sujeitos. Assim, Para Benjamin (1980) citado por Barreto (2008) a
experiência é tudo aquilo que as pessoas sentem, percebem, vivem e se
transformam em memória para elas. Enquanto que vivências para o mesmo
autor: são as situações fragmentadas pelas quais as pessoas passam durante um
dia nas grandes cidades, por exemplo, trocar o almoço de família por um
restaurante de fast-food.
6.
Metodologia
Este trabalho consiste em uma pesquisa-ação, segundo Thiollent (1985, p. 14)
apud Mattos, Rosseto Junior e Blecher (2008, p. 34) é uma pesquisa social com
base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo e na qual os pesquisadores e
os participantes estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
7.
O Festival de Dança e Ginástica da Universo
O Festival de Dança e Ginástica da Universo busca a compreensão do eixo
central da Educação Física: o corpo em movimento numa perspectiva crítica.
É um trabalho interdisciplinar que acontece no curso de graduação em
Educação Física. Via movimento da práxis desenvolve-se o eixo temático “a
construção do corpo pela Educação Física” (SOUZA e VILARINHO NETO, 2010).
Os conteúdos da Ginástica e da Dança devem ser entendidos e sistematizados na
formação acadêmica dentro da articulação teoria e prática. Nesta
perspectiva propõe-se uma prática embasada na Teoria Crítica em que o ser
humano seja visto e entendido como um ser total que pensa que sente e que age. O
objetivo é proporcionar aos alunos a experimentação e a compreensão do corpo
bio-psico-sócio-cultural, cujo movimento é contextualizado e possui
sentido/significado na construção das coreografias (SOUZA e VILARINHO NETO,
2010).
O movimento corporal é tematizado e, desta forma, a expressão corporal passa a
ser objeto de estudo, pesquisa e extensão. A perspectiva é constituir-se num
espaço de vivência corporal, de cooperação e de superação dos próprios
limites acadêmicos formativos, desvelando o corpo, o movimento e os
determinantes e estruturantes que constituem a formação pessoal e profissional
no processo de educação do corpo para a docência em Educação Física. É um
processo de experimentação racional e lúdica do corpo, testando-o e
deliciando-nos com seus sabores e texturas (SOUZA e VILARINHO NETO, 2010).
Os alunos são responsáveis por buscar referenciais teóricos que embasem o
tema escolhido para o semestre bem como pensar em figurino, maquiagem e
movimentos que ilustrem o tema.
8.
Considerações finais
A Educação Física é a área do conhecimento que trata da cultura corporal de
movimento (COLETIVO DE AUTORES, 1992) e como tal deve-se compreender que o
movimento não é apenas um deslocamento do corpo ou das suas partes. Para o
entendimento amplo do movimento, é preciso conhecer o indivíduo do ponto de
vista biológico e também das suas relações sociais.
O festival como evento cultural da Educação Física permitiu a construção
das vivencias da disciplina de Ginástica Rítmica, e com isso apresentamos a
partir de uma concepção pedagógica, por meio das aulas, ensaios e
propriamente a apresentação predominando o processo de experiência entre a
teoria e prática. Embora se saiba que o festival simboliza a dinâmica da
Ginástica Rítmica e o amplo desenvolvimento da expressão corporal em
relação à sintonia de corpo no eixo e movimento.
O objetivo desta proposta foi proporcionar aos acadêmicos do curso de
Educação Física, a experimentação e a compreensão do corpo biológico,
onde assim o movimento é contextualizado possuindo sentido e significados na
construção das coreografias.
Foram também desenvolvidas ações pedagógicas e interdisciplinares que
proporcionaram aos acadêmicos de Educação Física o processo de formação.
Referências
bibliográficas
-
BARRETO,
D. Dança...: ensino, sentidos e possibilidades na escola. Campinas,
SP: Autores Associados, 2008.
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DE AUTORES. Metodologia do ensino de educação física. São Paulo:
Cortez, 1992.
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Alberto R. A Ginástica como Ferramenta Pedagógica. Edição
Revista Corrigida. Ed. USP. São Paulo. p. 25 - 50. 2007.
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DAOLIO,
J. Educação Física e o conceito de cultura. Campinas, SP: Autores
associados, 2. ed., 2007.
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FÁTIMA,
Conceição Viana de. Dança: linguagem do transcendente.
Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Universidade Católica
de Goiás, Goiânia, 2001.
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GAIO,
R. C. (Org.); BATISTA, José Carlos de Freitas (Org.). A Ginástica em
Questão: Corpo e Movimento. 1. ed. Ribeirão Preto - SP: TecMedd, 2006.
v. 1. 161 p.
-
LAFFRANCHI,
Barbara. Treinamento Desportivo aplicado à ginástica rítmica. Londrina:
Unopar, 2001.
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M.G; ROSSETTO JÚNIOR, A.J; BLECHER, S. Pesquisa científica. In: Metodologia
da pesquisa em educação física: construindo sua monografia, artigos e
projetos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2008.
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MERLEAU-PONTY,
M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
-
OLIVEIRA,
Nara R.C., DE LOURDES, Luiz F.C. Ginástica geral nas escolas: uma proposta
metodológica. In: Revista Pensar a Prática. V.7,n.2. Goiânia: UFG.
p. 221-228.
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SOARES,
Carmen Lúcia. Imagens da educação no corpo. A ginástica e a estética da
retidão. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 2000. http://www.efdeportes.com/efd26a/corpo.htm
-
URL:
http://www.correiodatarde.com.br/artigos/9153
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