A história do basquetebol e do handebol. Similaridades históricas das modalidades La historia del baloncesto y el balonmano. Similitudes históricas entre ambas modalidades The history of basketball and handball. Historical similarities of modalities |
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Pesquisador, membro da equipe da USP, do Núcleo de Estudos, Ensino e Pesquisa do Programa de Assistência Primária de Saúde Escolar – PROASE (Brasil) |
Prof. Dr. José Eduardo Costa de Oliveira |
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Resumo O Basquetebol e o Handebol são duas modalidades esportivas coletivas com vários aspectos em comum, a exemplo da utilização das mãos para o desenrolar do jogo e o uso da bola, um equipamento esportivo que tem atraído à atenção da humanidade há centenas de anos, além de se caracterizarem pela coletividade, pela oposição e a cooperação, e por serem compostas por habilidades específicas, quer sejam contínuas ou intermitentes, onde companheiros de equipe, adversários, limites de tempo e espaço determinam uma imprevisibilidade, tornando-as dois dos esportes mais dinâmicos e variados do mundo (MORENO, 1998). Assim, partindo da perspectiva de discutir e analisar as duas modalidades, o presente texto propõe fazê-lo a partir de uma perspectiva histórica da criação dos dois desportos, bem como de suas similaridades. Por fim, na perspectiva de uma análise conclusiva, ao se discutir os processos históricos de criação do Basquetebol e do Handebol, ficam claras as muitas similaridades entre as modalidades, a exemplo do fato de ambas serem concebidas para desenrolarem-se com o uso de uma bola e das mãos; bem como foram, inicialmente, subordinadas a mesma entidade, a IAAF; tornaram-se modalidades olímpicas em Berlin 1936 e tiveram sua inserção nacional através do Estado de São Paulo, antes de disseminarem-se por todo o país, além de algumas características técnicas e táticas, onde ambas são compostas por habilidades específicas comuns (os fundamentos: passes, dribles, arremessos, progressões e etc.) que, em sua maioria são intermitentes. Unitermos: Basquetebol. Handebol. História.
Resumen El Baloncesto y el Balonmano son dos modalidades deportivas que tienen varios aspectos en común, tales como el uso de las manos para el desarrollo del juego y el uso de la pelota, un equipamiento deportivo que ha atraído la atención de la humanidad durante cientos de años, y se caracteriza por el sentido colectivo, la oposición y la cooperación, y que se compone de habilidades específicas, ya sea continuas o intermitentes, donde los compañeros de equipo, oponentes, los límites de los resultados de tiempo y espacio determinan una incertidumbre, volviéndose ambos en dos de los deportes más dinámicos y variados del mundo (MORENO, 1998). Así, desde el punto de vista de la discusión y el análisis de las dos modalidades, en este trabajo se propone hacerlo desde una perspectiva histórica de la creación de los dos deportes, así como sus similitudes. Por último, la perspectiva de un análisis concluyente, cuando se habla de los procesos históricos de creación de baloncesto y balonmano, existen claras similitudes entre los dos deportes, como el hecho de que ambos están diseñados para desarrollarse con el uso de un pelota y las manos, y estaban inicialmente incluidas en la misma entidad, la IAAF, se convirtieron en deportes olímpicos en Berlín 1936 y tuvieron su inserción nacional a través del Estado de Sao Paulo, antes de extenderse a todo el país, además de algunas técnicas y tácticas, con habilidades específicas comunes (los fundamentos: pases, regates, lanzamientos, y progresiones, etc.), que en su mayoría son intermitentes. Palabras clave: Baloncesto. Balonmano. Historia.
Abstract Basketball and Handball are two sports conferences with several aspects in common, such as the use of hands for the course of the game and use the ball, a sports equipment that has attracted the attention of mankind for hundreds of years, and are characterized by society, the opposition and cooperation, and to be composed of specific skills, whether continuous or intermittent, where teammates, opponents, limits of time and space results in an unpredictable, making them two of the most dynamic and varied sports world (MORENO, 1998). Thus, from the perspective of discussing and analyzing the two methods, this paper proposes to do this from a historical perspective of the creation of the two sports, as well as their similarities. Finally, the prospect of a conclusive analysis, when discussing the historical processes of creation of Basketball and Handball, are clear similarities between the many modalities, such as the fact that both are designed to unfold with the use of a ball and hands, and were initially subject to the same body, the IAAF, became Olympic sports in Berlin 1936 and had their entry through the national state of São Paulo, before spreading to the entire country, besides some technical and tactical, where both are composed of specific skills common (the fundamentals: passing, dribbling, shooting, and progressions etc.) that are mostly intermittent. Keywords: Basketball. Handball. History.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 179, Abril de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Basquetebol e o Handebol são duas modalidades esportivas coletivas com vários aspectos em comum, a exemplo da utilização das mãos para o desenrolar do jogo e o uso da bola, um equipamento esportivo que tem atraído à atenção da humanidade há centenas de anos, além de se caracterizarem pela coletividade, pela oposição e a cooperação, e por serem compostas por habilidades específicas, quer sejam contínuas ou intermitentes, onde companheiros de equipe, adversários, limites de tempo e espaço determinam uma imprevisibilidade, tornando-as dois dos esportes mais dinâmicos e variados do mundo (MORENO, 1998).
Assim, partindo da perspectiva de discutir e analisar as duas modalidades, o presente texto propõe fazê-lo a partir de uma perspectiva histórica da criação dos dois desportos, bem como de suas similaridades.
A História do Basquetebol
Para tanto, inicia-se por uma das muitas similaridades, fazendo referência à classificação de ambas, baseada na proposta por Moreno (1998) que as qualifica como esportes coletivos, de oposição e cooperação, envolvendo ações simultâneas entre dois grupos (ataque e defesa), que disputam um espaço/objetivo comum, proporcionando contato direto entre os competidores, tomando como objetivo principal: fazer pontos na equipe adversária e impedir que ela pontue.
No que tange a história oficial do Basquetebol, de acordo com a CBB (2010), foi no ano de 1891, durante o rigoroso inverno do Estado Norte-americano de Massachussets, no condado de Springfield, que as adversidades climáticas inviabilizavam as aulas e Educação Física, onde Luther H. Gullick, diretor do Springfield College, incumbiu o professor canadense James Naismith de pensar numa solução, criando algum jogo que pudesse ser praticado em ambiente fechado, que fosse atrativo aos jovens, e sem a violência, típica, do Futebol Americano.
Após algumas reuniões com seus assistentes e poucas evoluções, já exausto, o professor Naismith deparou-se com algo que serviu como inspiração principal, pois, após as tentativas de esboçar no papel algo que fosse novo, os rascunhos eram amassados na forma de bolinhas e atirados no cesto de lixo: algo simples, mas, que poderia ser adaptado a um jogo formal, coletivo e competitivo.
Disto, surgiu a ideia de que o jogo deveria ter um alvo fixo, um cesto, uma bola e algum grau de dificuldade. Colocou-se, então, duas cestas de pêssegos (fruta típica naquela região dos EUA), fixados por um poste de madeira a 3,00m de altura, imaginando que nenhum jogador fosse capaz de interceptar a bola, conferindo certo grau de dificuldade ao jogo, como Naismith desejava. Nasciam, portanto, as primeiras cestas de basquetebol da história.
O professor Naismith também escreveu as primeiras regras, contendo 13 itens e comunicou a seus alunos que haveria um novo jogo a ser praticado, se pondo a explicar as instruções e a conduzir as partidas.
No primeiro jogo da história havia 18 alunos, onde Naismith selecionou dois capitães (Eugene Libby e Duncan Patton) e pediu-lhes que escolhessem os lados da quadra e os companheiros de equipe. Nomeou dois dos jogadores mais altos e jogou a bola para o alto em 21 de dezembro de 1891.
Como esperado, o primeiro jogo foi marcado por muitas faltas que eram punidas colocando-se o autor na linha lateral, até que a próxima cesta fosse feita, sendo que cada vez que um arremesso era convertido, um auxiliar tinha que subir até a cesta com uma escada, pegar a bola e reiniciar o jogo. A solução encontrada, alguns jogos mais tarde, após uma das bolas romper o fundo de um dos cestos, foi também cortar o fundo do outro, permitindo a rápida continuação do jogo após uma cesta convertida.
A partir destes episódios, a primeira partida oficial foi realizada no ginásio Armory Hill, em 11/03/1892, onde os alunos venceram os professores por 5 x 1, na presença de cerca de duzentas pessoas.
Outra particularidade foi à primeira bola, confeccionada a partir de uma câmara de ar de uma bola de futebol (soccer), que até hoje inspira a cor da bola de basquete. Posteriormente, a primeira bola oficial foi feita pela A. C. Spalding & Brothers, ainda em 1892, com diâmetro pouco maior do que o da primeira.
As primeiras cestas, já sem fundo, foram desenhadas por Lew Allen, de Connecticut, em 1892, e consistiam em cilindros de madeira com bordas de metal. No ano seguinte, a Narraganset Machine & Co. teve a ideia de fazer um anel metálico com uma rede pendurada, aproximando-se do formato atual dos aros e das redinhas. Em 1895 as tabelas foram oficialmente introduzidas, evitando que os arremessos passassem direto pelas cestas.
Naismith não imaginou que o esporte transcenderia as cercas do Springfiel College e que alcançaria o mundo. Em 1936 veio o momento de glória do basquete, ao ser incluído nos Jogos Olímpicos de Berlim, e quando ele lançou a bola ao alto para o primeiro jogo nas Olimpíadas. Atualmente, o esporte é praticado por mais de 300.000 milhões de pessoas no mundo inteiro, nos mais de 170 países filiados à FIBA (CBB, 2010).
A FIBA - Federação Internacional de Basquetebol é a entidade mundial que rege o Basquetebol olímpico, e foi criada no Congresso Anual em Haya (1926), através da Federação Internacional de Atletismo da França (IAAF), que na época integrava a gestão do Basquete e do Handebol.
Posteriormente, em 1929, foi criada a Liga de Basquetebol de Genebra/Suíça, que depois fora convertida na Liga Suíça de Basquetebol, utilizando-se das instalações da ACM/Genebra.
Faltava, no entanto, o reconhecimento da IAAF para que fosse legitimada a criação de uma entidade que pudesse responsabilizar-se, exclusivamente, pelo Basquetebol, onde os patronos dessa independência pretendiam algo superior à inclusão do desporto nas Olimpíadas, e que pudesse resultar na independência da FIBA e o reconhecimento pelo Comitê Olímpico Internacional.
Em 1932 os franceses resolvem criar sua própria Federação de Basquetebol, desvinculando-a da Federação de Atletismo francesa e, em 1933 veio à consolidação da independência da entidade. Fruto destes aspectos, em 1º de setembro de 1933 foi assinado um protocolo que conferiu, oficialmente, a autonomia à FIBA, por Tadeusz Kuchar e Karl Von Halt, William Jones (o primeiro presidente), o Conde da San Marzano e pela IAAF.
Começava assim, a caminhada mundial da FIBA, onde desde sua fundação já teve três sedes: Roma, a primeira em 1940; Berna/Suíça; sendo que em 1956 alocou-se, definitivamente, em Munique/Alemanha. Como curiosidade, já fora gerida por um brasileiro - Antônio dos Reis Carneiro - de 1960 a 1968 (FIBA, 2012).
A relação do basquetebol com o Brasil foi marcada pelo fato da nação ter sido uma das primeiras a conhecê-lo, por mérito de - Augusto Shaw - um norte-americano de Clayville/NY, formado na Universidade de Yale, que tomou contato com basquete em 1892.
Em 1894, Shaw recebeu um convite para lecionar no Mackenzie College, em São Paulo, que na época era voltado ao ensino de americanos - Mórmons - que migravam para o Brasil pregando a religião. Junto com ele, o professor trouxe seus livros de história da arte, uma bola de basquetebol e o livro de regras. O novo desporto foi apresentado às mulheres, o que atrapalhou a difusão entre os homens, em razão do forte machismo da época e do futebol trazido em 1894 por Charles Miller.
No entanto, com a intenção em divulgar a cultura norte-americana no Brasil, Shaw foi convencendo seus alunos de que o Basquetebol poderia ser praticado por ambos os gêneros, montando a primeira equipe do Mackenzie College, ainda em 1896.
A aceitação nacional veio através do Professor Oscar Thompson, da Escola Nacional de São Paulo e Henry J. Sims, onde em 1912, no ginásio da Rua da Quitanda nº 47, São Paulo, aconteceram às primeiras partidas entre a ACM e o Mackenzie (CBB, 2010).
Apesar de São Paulo ter sido o berço do Basquetebol, o Rio de Janeiro teve sua importância, quando em 1913, durante a visita da seleção chilena de futebol, seus integrantes, membros da ACM de Santiago convenceram os dirigentes do América a introduzir o Basquetebol no clube, como mais um dos esportes competitivos.
O primeiro jogo no Rio de Janeiro foi contra os chilenos, oferecendo uma equipe da ACM, com o uniforme do América, que triunfou pelo placar de 5 x 4.
As primeiras regras foram traduzidas em 1915. Nesse ano, a ACM realizou o primeiro torneio da América do Sul, com a participação de seis equipes, onde a Liga Metropolitana de Sports Athléticos, responsável pelos esportes terrestres no Rio de Janeiro, adotou o basquete em 1916. O primeiro campeonato oficial foi realizado em 1919, com a vitória do Flamengo.
Em 1922, foi convocada a primeira seleção brasileira, em comemoração ao Centenário do Brasil nos Jogos Latino-Americanos, onde o Brasil sagrou-se campeão sob a direção de Fred Brown.
Em 1930, com a participação do Brasil, foi realizado em Montevidéu, o primeiro Campeonato Sul-Americano de Basquete. Em 1933 surgiu a FBB - Federação Brasileira de Basketball, fundada a 25 de dezembro, no Rio de Janeiro, e em 1941 passou ao nome atual - CBB - Confederação Brasileira de Basquetebol, que tem por função coordenar o desporto em todo o território nacional, estando subordinada a Liga Sul-americana e à FIBA (CBB, 2010).
Em níveis regionais, cada Estado da federação tem sua própria entidade, a exemplo da FPB – Federação Paulista de Basquetebol, que responde pelo basquetebol do Estado de São Paulo.
Na contemporaneidade, o Basquetebol mundial também é praticado através de algumas variações, entre elas, aquela que se constitui da liga profissional Norte-americana, a NBA (National Basketball Association) e sua versão feminina, a WNBA, que engloba os EUA e o Canadá.
A liga começou em 1946, ainda como BAA - Basketball Association of América, aonde em 1954 chegou a ter, apenas, oito equipes e duas divisões, quando alguns super-craques começaram a aparecer, contribuindo para que a NBA se tornasse uma das ligas mais poderosas, organizadas e uma referência mundial no Basquetebol, apesar de apresentar-se com algumas diferenças, no que diz respeito a algumas regras, em comparação ao Basquetebol da FIBA. Cita-se: o peso e tamanho da bola; tamanho da quadra; alguns critérios de arbitragem; tempo de jogo; os três segundos de defesa; os limites de faltas pessoais e coletivas, os pedidos de tempo; entre outras.
Outra variação é o chamado Streetball, ou o “basquete de rua”, que teve sua gênese no interior da prisão de Alcatraz, localizada na Baía de São Francisco/EUA, que servia como prisão de segurança máxima.
Foi nesse cenário que o Basquete - esporte favorito dos presos - teve suas regras alteradas e originou o Streetball, pois, quando os detentos se reuniam para os jogos, a aglomeração de dez internos de alta periculosidade sempre geravam motins.
A solução encontrada pela administração do presídio foi reduzir o número de jogadores e adaptar as regras, vislumbrando diminuir os riscos e problemas com a violência. Dessa forma, o número de jogadores foi reduzido de 5x5 para 1x1, o que acabou por criar uma competição onde um jogador enfrentava outro, numa competição direta entre ataque e defesa.
Posteriormente, quando terminavam as sentenças, os prisioneiros levavam essa cultura do streetball para as ruas dos EUA, difundindo essa possibilidade de Basquete que até hoje é praticada e que ganhou amplitude comercial e midiática com os eventos patrocinados pela AND1, em nível internacional, e pela CUFA (Central Única das Favelas) no Brasil.
A História do Handebol
Em relação ao Handebol, e de acordo com CBHb (2010), historicamente, as primeiras referências sobre o desporto são de um jogo praticado na antiga Grécia conhecido como Urânia, mencionado por Homero (poeta Grego, autor dos poemas Ilíada e Odisséia).
Essas referências foram precedidas por outros povos, a exemplo dos romanos, que também citaram o “Hasparton”. Na França, Rabelais também citou outra espécie de handebol, o “Exprès jouaient à balle, à la paume”, que se traduzido significa: jogar a bola com as palmas das mãos.
Em meados de 1848, o professor dinamarquês Holger Nielsen criou, no Instituto de Ortrup, um jogo denominado “Haaddbold”. Na mesma época os tchecos conheciam outro jogo semelhante denominado “Hazena”. Fala-se, também, de um jogo similar na Irlanda, e no “Sallon”, do uruguaio Gualberto Valetta. Todos, como precursores do handebol.
Todavia, o Handebol como se joga hoje foi introduzido na última década do século XIX na Alemanha, como Raftball, posteriormente chamado de Torboll por Max Heiser, que idealizou criar um jogo ao ar livre para as operárias da Fábrica Siemens.
Nesse cenário, tendo como palco o período da primeira Guerra Mundial, de 1915 a 1918, quando o Prof. Alemão Karl Schelenz reformulou o Torball, alterando seu nome para Handball; tendo suas regras publicadas pela Federação Alemã de Ginástica para o jogo com 11 jogadores, e no campo de grama, levando-o para a Áustria, Suíça e Alemanha.
Fruto desses aspectos, em 1920, o Diretor da Escola de Educação Física da Alemanha tomou o jogo como desporto oficial, onde cinco anos mais tarde, Alemanha e Áustria fizeram o 1º jogo internacional, com vitória dos austríacos por 6 x 3.
Em 1927, o Comitê de Handebol da IAAF adotou as regras alemãs como oficiais, motivando que fosse pedida a sua inclusão no programa olímpico. Como crescia o número de países praticantes, o caminho foi à independência da IAAF, o que aconteceu em 4 de agosto de 1928, no Congresso de Amsterdã, quando onze países escolheram o americano Avery Brundage como membro da Presidência da FIH (Federação Internacional de Handebol).
O COI, então, decidiu em 1934 que o handebol seria incluído nas olimpíadas de Berlim/1936, através da participação de 6, dos 26 países filiados, com a Alemanha vencendo a Áustria na final por 10 x 6, no Olympia Stadium de Berlim (CBHb, 2010).
Dois anos mais tarde, também na Alemanha, foi disputado o primeiro campeonato mundial, tanto no campo, como no salão. Terminada a primeira Guerra, os dirigentes reuniram-se em Copenhague e fundaram a atual FIH - Federação Internacional de Handebol, com sede na Suécia, onde 1950 mudou-se para Basiléia/Suíça.
Também por razões climáticas, aliadas a falta de espaço, o Handebol de campo perdeu a preferência e a modalidade de salão se impôs, a ponto de ser suspensa a realização de campeonatos mundiais de campo em 1966.
No Brasil, o Handebol foi trazido em 1912, ainda no campo, pelo alemão Hirschmann, secretário da Federação Internacional de Futebol, ficando até a década de 60 restrito a São Paulo, tendo a Federação Paulista sido fundada em 1940.
Na década de 60, quando o Professor Augusto Listello (francês), no curso internacional de Santos, mostrou o Handebol a professores de outros Estados, o desporto foi introduzido em vários colégios em todo o país. Em 1971, o MEC, em face ao seu crescimento nas escolas inclui o Handebol de sete entre as modalidades dos Jogos Estudantis e Jogos Universitários Brasileiros (JEB’s e JUB’s), disseminado a modalidade em todo o território nacional.
Em 1973, a antiga CBD - Confederação Brasileira de Desportos organizou, em Niterói, o 1º Campeonato Brasileiro Juvenil para ambos os Gêneros. No ano seguinte, em Fortaleza, iniciou-se a competição para adultos. Em 1980 foi disputada a 1ª Taça Brasil de Clubes na cidade de São Paulo, então sede da entidade.
Outra variação do Handebol é a forma disputada chamada de Sand ball. Uma forma de Handebol em que duas equipes trocam passes numa quadra de areia, tentando marcar gols no adversário.
Uma das diferenças é que o jogo é realizado em dois tempos de dez minutos, e cada equipe possui quatro jogadores, incluindo o goleiro. O campo é um retângulo, tendo em cada uma das extremidades do comprimento, uma área de 6 metros reservada aos goleiros.
Hoje em dia, apenas o Handebol de quadra é jogado oficialmente, onde o de campo e o de areia são praticados de forma amadora, principalmente na Alemanha e na America do Sul.
Considerações finais
Por fim, na perspectiva de uma análise conclusiva, ao se discutir os processos históricos de criação do Basquetebol e do Handebol, ficam claras as muitas similaridades entre as modalidades, a exemplo do fato de ambas serem concebidas para desenrolarem-se com o uso de uma bola e das mãos; bem como foram, inicialmente, subordinadas a mesma entidade, a IAAF; tornaram-se modalidades olímpicas em Berlin 1936 e tiveram sua inserção nacional através do Estado de São Paulo, antes de disseminarem-se por todo o país.
Outras semelhanças persistem no fato de que no Brasil, foram inicialmente aceitas entre o público feminino. As diversidades climáticas (frio) contribuíram para a idealização do Basquetebol e para que Handebol de campo fosse adaptado para o salão.
Em relação a algumas características técnicas e táticas, ambos são compostos por habilidades específicas comuns (os fundamentos: passes, dribles, arremessos, progressões e etc.) que, em sua maioria são intermitentes.
Apesar da grande aceitação das modalidades, particularmente no ambiente escolar, mesmo diante das ausências de resultados expressivos em alto nível nas duas modalidades, resultando em baixo investimento da mídia esportiva, que somente foram parcialmente enfrentadas com a atuação de alguns empreendimentos das duas confederações, a exemplo da contratação de técnicos estrangeiros e a nacionalização de jogadores, mas, que se não tiverem continuidade cairão na paliatividade e não surtirão efeitos em longo prazo.
Pois, entre os últimos aspectos da historicidade das modalidades, o Handebol feminino confirmou a melhor campanha da história nas Olimpíadas britânicas de 2012, encerrando a participação em sexto lugar. Em 2011, no Mundial realizado em território brasileiro, a equipe conquistou a quinta colocação, após vários resultados negativos internacionalmente. Entre os homens a mesma situação ainda não se repetiu, colocando em cheque a real reabilitação da modalidade.
No basquete a situação se inverteu, pois foi no masculino, e após 16 nos de resultados pífios que houve uma reabilitação, fruto de uma excelente geração de jogadores, aliada a contratação de uma comissão técnica estrangeira, que levou a equipe, novamente, a ocupar o quinto lugar olímpico. O feminino, em contrapartida, decepcionou e na opinião do texto é resultado de uma safra de jogadoras que não foram suficientes para competir em nível internacional.
Portanto, ficam evidentes todas essas similaridades, estando nelas imbricadas a necessidade do fomento de uma cultura nacional de prática desportiva de ambas, onde então a responsabilidade recai sobre os profissionais de Educação Física e do Esporte, pois, estes devem ser capazes de entender estas e outras realidades e propor mudanças, entendendo o esporte como fenômeno sociocultural, fomentando a prática do Handebol e do Basquetebol nas diferentes esferas sociais, estimulando-os a partir da base, quer seja pela esteira do esporte de rendimento, do educacional e/ou do de participação.
Bibliografia
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL. Histórico do Basquetebol. Disponível em http://www.cbb.com.br. 2010. Acesso em 24/06/2012.
CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE HANDEBOL. Histórico do Handebol. Disponível em http://www.cbhb.com.br>. 2010. Acesso em 24/06/2012.
FEDERACAO INETRNACIONAL DE BASQUETEBOL. Histórico da instituição. Disponível em http://www.fiba.com/. 2012. Acesso em 29/10/2012.
MORENO, J. H. Baloncesto. Iniciación y entrenamiento. Barcelona, Paidotribo, 1998.
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