Quem apanha nunca esquece : um estudo de caso sobre a violênciae a Educação Física em uma escola da zona norte de Aracaju Quien recibe golpes nunca olvida: un estudio de caso sobre la violencia y la Educación Física en una escuela de la zona norte de AracajuThe ones who get beaten will never forget it: a case study about violence and Physical Education in a school in the north of Aracaju |
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*Licenciada em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe **Mestre em Educação Física, UFSC Pesquisador Labomídia, UFSC, UFS Professor Departamento Educação Física, UFS Aracaju, SE |
Jackeline Santos de Carvalho* Cristiano Mezzaroba** cristiano_mezzaroba@yahoo.com.br (Brasil) |
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Resumo Este texto sintetiza uma monografia, caracterizada como um estudo de caso que propôs-se a compreender como os jovens percebem as diferentes manifestações de violência inseridas no convívio escolar e mais precisamente nas aulas de Educação Física. Para tal, tratou-se a violência em seu conceito generalizado, como problema social e envolvendo as mais variadas manifestações. Seguimos com dados estatísticos sobre a mesma, e logo passamos para o trato da violência na escola e nas aulas de Educação Física. Quanto aos procedimentos metodológicos, acompanhou-se de março a maio de 2011 uma escola pública localizada em um bairro da zona norte de Aracaju, SE, mais precisamente, as aulas de Educação Física (teóricas e práticas) de duas turmas. Elaborou-se, então, questionário e roteiro de entrevista semi-estruturada para aplicar aos alunos e professores, respectivamente. Após análise de todo material constatamos que os sujeitos da pesquisa reconhecem a violência não somente como algo que atinge apenas o ser em seu sentido físico, mas também em seu psicológico, por meio de agressões verbais. 75% dos sujeitos afirmam já ter presenciado violência na escola, porém apenas 30% asseguram a existência da mesma nas aulas de Educação Física. O impasse encontrado é que, no tocante a essas aulas, os alunos referem-se apenas às manifestações relacionadas ao sentido físico. Nem mesmo a exclusão, fato bastante percebido durante a observação, foi notada por eles como violência. Unitermos: Violência. Escola. Educação Física. Professor.
Abstract This text summarize a study monographic, characterized by a case study that intends to comprehend as the youngsters see the different demonstration of violence inside school and mainly in Physical Education’s classes. First, the violence was treated in its generalized concept, as a social problem that include the most various manifestations; then, it was described statistics dados and, finally, it was studied the violence in the school and in the physical education’s classes. As for the methodological procedures, it was accompanied, from March to May 2011, a public school located in a district on north of Aracaju, SE; more specifically, in the Physical Education’s classes (theoretical and practical) in two groups. So, it was elaborated a questioner and a semi-structured interview guide to be applied to students and teachers respectively. After to analyze all the material collected, it was perceived that the research’s subject understand the violence not only as something that attain the human been just in the physical aspect, but also in the psychological one through of the verbal aggression. 75% of the subjects said that have already seen some kind of violence in school; however, just 30% of them related the existence of the violence in Physical Education’s classes. The stalemate is that, as far the Physical Education’s classes, the students refer only the manifestation related by the physical aspect. In fact, nor the exclusion, something very noted during the observation, was related by themselves as a violence manifestation. Keywords: Violence. School. Physical Education. Teacher.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Trabalhar com a temática da violência se configura em algo delicado, pois restringir um tema amplo e polêmico como esse é bastante complexo. O fenômeno da violência é alvo de estudos que abrange vários aspectos a ele enraizados. Dentre esses aspectos podemos citar, na área sociológica, o processo civilizador que pode servir de ramo para pesquisas sobre as manifestações de violência no passado e em dias atuais. Será que atualmente a sociedade está mais violenta que no passado ou será que somos nós que estamos cada dia menos tolerantes a ela?
Na sociedade atual a violência está, a cada dia, ganhando mais espaço em estudos e nos meios de comunicação em geral. E está, também, sendo manifestada em vários ambientes de convivência social (para não dizer em todos). Na escola não está sendo diferente, cada vez mais ouvimos notícias sobre manifestações de violência na escola, e estas envolvem a violência ao patrimônio, violência física, verbal, moral, simbólica e podendo ocorrer nos aspectos aluno-patrimônio, aluno-aluno, aluno-professor, professor-aluno, como também envolvendo os demais funcionários da escola.
Meksenas (2002, p.22) considera que,
na atualidade, bem mais que no passado, os desafios, as crises e os conflitos que envolvem a educação escolar apontam para a urgência de repensar as práticas pedagógicas – as interações e mediações dos professores com seus pares, com os alunos, com a comunidade escolar, com os pedagogos e com os administradores do sistema público de ensino.
De acordo com o pensamento desse autor refletimos que se faz necessário o trato mais profundo sobre o tema violência como tema transversal nas disciplinas escolares, pois não se resolve problema algum simplesmente deixando-o acontecer sem freios. “Partindo do poder de Estado, da imprensa e de muitos profissionais da educação, há um discurso capaz de elaborar uma opinião pública que vê na instituição escolar a solução para todos os males da sociedade” (MEKSENAS, 2002, p.23).
Temos, com essa explanação, que a escola é vista como a “salvação do mal social”, porém as coisas não são tão simples, é preciso trabalhar a violência de maneira interdisciplinar e buscando exemplos da sociedade em geral, manifestações de fora da escola e comparando com as manifestações internas.
Abramovay (2006, p.71) diz que “a maior violência cometida na escola é que, muitas vezes, a escola não leva para os alunos o que importa que é a cidadania”. Ou seja, a escola é também lugar de formação de cidadãos e necessita, portanto, exemplificar e demonstrar situações que sirvam de alerta e ensinamentos.
A violência, porém, vai mais além da idéia comum de que se refere às armas de fogo, às agressões e/ou ameaças físicas, definindo-se em qualquer manifestação que possa prejudicar e/ou denegrir a outra pessoa ou coisa, e não somente em seu sentido corporal, ou mesmo como dizem alguns renomados autores da área das Ciências Humanas e Sociais, como Bourdieu1 e Foucault2, pode ser também uma “violência simbólica”.
Em seu sentido lato, podemos dizer que “Violência é a qualidade ou ação de violentar, constranger físico ou moralmente”. Violentar, por sua vez, significa “exercer violência sobre alguma pessoa ou coisa” (LUFT, 1996, p.635). Temos, de acordo com outro autor, que violência “é o constranger físico ou moralmente; fazer uso da força; coação” (FERREIRA, 1999). E como explicita Carvalho (2007, p. 14):
considera-se a violência uma intenção de ferir ou trazer prejuízo a alguém, sendo que podem provocar ferimentos físicos e/ou morais, existindo ainda uma dificuldade em defini-la, pois um mesmo comportamento considerado justo pelo agressor pode não o ser pela vítima.
A autora acima trouxe nesse trecho um questionamento rico para nossa idéia de violência. Ela diz que um ato violento para uma pessoa pode não o ser para outra, vai depender de quem a praticou e de quem a sofreu. Sendo assim, fica mais difícil ainda conceituá-la já que poderemos então estar praticando algo que pode causar um mal ao outro e não necessariamente teríamos essa intenção.
Finalmente adentrando na questão da nossa área de Educação Física e usando a temática da violência simbólica citamos algumas manifestações percebidas em nossas aulas. A escolha dos times em que sempre se deixa “aquele” determinado aluno como “falta de opção” para o último grupo; ou o incentivo do professor que muitas vezes acaba por manifestar mais atenção (intencionalmente ou não) aos que mais se destacam; e ainda o repúdio de alguns alunos pela aula de Educação Física justamente por não se destacarem como os demais. Todas essas situações podem ser tratadas como violências simbólicas presentes em nossas aulas e precisam de nosso olhar atento para que não sejam mais reforçadas ainda.
Logicamente, pode haver situações de violência nas aulas de Educação Física muito mais “visíveis”, de cunho corporal, quando, por exemplo, os alunos brigam por motivos de discordância de um gol, de uma jogada mais ríspida, de um descumprimento das regras acordadas a priori, entre tantos outros exemplos.
Mais que isso, podemos citar os inúmeros fatores de violência física e verbal (que são os mais notados) em nossas aulas. Insultos, piadinhas, xingamentos, tapas, chutes, empurrões, ou até murros e pontapés são vistos nessas aulas talvez com mais notoriedade por conta do contato corporal mais livre que nossas aulas proporcionam.
Na tentativa de buscar, nesse momento, um objeto mais “concreto” para o nosso estudo optamos por trabalhar com a violência em seu aspecto plural (violência física, verbal, simbólica, etc.), porém restringindo o local de suas manifestações aos muros de uma determinada escola a ser estudada, e principalmente em suas manifestações nas aulas de Educação Física.
Para trabalhar com o tema da violência na escola realizamos um estudo de caso em uma escola da zona norte de Aracaju/SE e para tal buscamos as opiniões de alunos e professores de Educação Física que convivem com esse fato em seu dia-a-dia na escola. Nosso objetivo geral foi analisar o fenômeno da violência em uma escola pública da capital sergipana, no que diz respeito às manifestações reconhecidas e consideradas, pelos alunos e professores, como fatores de ocorrência violenta nas aulas de Educação Física e no ambiente escolar como um todo.
Assim, nosso problema de pesquisa foi assim formulado: Como os jovens percebem as diferentes manifestações de violências inseridas em nosso convívio escolar e mais precisamente nas aulas de Educação Física?
Queremos aqui compreender a opinião, os sentidos e significados em relação à violência segundo os alunos e professores do ambiente estudado. Saber o que se configura em violência para tais sujeitos (principalmente os alunos) e como esta se manifesta no cotidiano escolar e nas aulas de Educação Física. Saber o que eles pensam sobre a violência, a sociedade atual e a educação escolar – lembrando que tudo isso se refere apenas a uma única escola estudada por nós.
Escolhemos trabalhar com esse tema na escola justamente pela grande parcela de compromisso que lhe é dada já que é neste local que os indivíduos aprendem a ler, escrever, são alfabetizados, são instigados a desenvolver seu pensamento lógico-matemático, a desenvolverem-se corporalmente e principalmente a formar-se cidadãos conhecedores de seus direitos e deveres, enfim, socializar-se e tomar contato com as “coisas do mundo”.
Procedimentos metodológicos da pesquisa
Nosso estudo seguiu de acordo com o campo dos estudos descritivo-exploratórios, em que, para Triviños (2009, p. 110) “o foco essencial destes estudos reside no desejo de conhecer a comunidade, seus traços característicos, suas gentes, seus problemas, suas escolas, seus professores, sua educação [...]”. Em outras palavras “a pesquisa deste tipo tem como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou estabelecimentos de relações entre variáveis” (GIL, 1999, p.44). Em nosso estudo esses detalhes foram os tipos de manifestações de violência e fatores que levam a este fenômeno na escola que foi escolhida para ser pesquisada.
Utilizamos para tal a abordagem qualitativa que se detém a trabalhar “com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1994, p.21-22). Não significa que não tivemos uma noção da quantidade de manifestações que ocorreram, porém não nos prendemos às questões de quantas ocorreram, investigamos sim o porquê dessas manifestações estarem/estivessem acontecendo na escola estudada (caso estejam ocorrendo ou já tenham ocorrido).
Junto à abordagem qualitativa empregamos o estudo de caso como nosso tipo de pesquisa, pois, como nos explica Triviños (2009, p.133) “o estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa aprofundadamente”. Nesse mesmo raciocínio Meksenas (2002, p.119) argumenta que:
O estudo de caso deve atingir a unidade estudada em profundidade, isto é, lançar mão de vários recursos na obtenção dos dados de pesquisa: no caso de uma instituição escolar, desde as anotações que constam nos cadernos dos alunos até os documentos oficiais que a escola recebe; ou desde as conversas com os alunos até as conversas com os funcionários responsáveis pela limpeza do estabelecimento escolar.
Para execução do trabalho, no que diz respeito à população pesquisada, visitamos a escola pesquisada todas as terças e sextas-feiras, das 13h50min às 15h30min, no período de março a maio de 2011, sendo que, mais precisamente, acompanhamos as aulas de Educação Física (teóricas e práticas) das turmas do 1º Ano “J” e do 9º Ano “A” sendo respectivamente as turmas do ensino médio e do ensino fundamental maior.
Temos então que os sujeitos da nossa pesquisa foram os 64 alunos das duas turmas investigadas e os dois professores de Educação Física dessas mesmas turmas.
Para garantir o anonimato dos alunos investigados pedimos que os alunos não assinassem a folha de questionário, porém para usarmos em nossa análise as falas dos mesmos, nomeamos as folhas de acordo com a série e a número de alunos da turma, exemplo: 9º/1, 9º/2... 9º/34, 1º/1, 1º/2... 1º/30. Quanto aos Professores referimo-nos a eles como P1 e P2, sendo respectivamente os professores do 9º Ano do Ensino Fundamental e 1º Ano do Ensino Médio.
No tocante aos instrumentos para coleta dos dados fizemos uso de observações in loco, em que, para Triviños (2009, p.153) “observar é destacar de um conjunto (objetos, pessoas, animais, etc.) algo especificamente, prestando, por exemplo, atenção em suas características (cor, tamanho, etc.)”.
Por ser a violência o objeto de estudo dessa monografia, observamos com bastante afinco os comportamentos que pudessem ser caracterizados como manifestações de violência que acontecem “despercebidos” entre a comunidade observada. Além da referida observação dos “comportamentos” dos alunos/as, focou-se também a questão das opiniões e depoimentos desses mesmos sujeitos no que se refere ao fenômeno estudado, isto é, a violência, a partir da observação simples, conforme Gil (1999).
Após o período de observação, em que registramos os acontecimentos no diário de campo, utilizamos o recurso do questionário. Aplicamos os questionários com todos os alunos das duas turmas já especificadas. Tal instrumento foi elaborado pelos próprios autores da pesquisa e foi composto por dez questões – três abertas e sete fechadas, sendo que destas, quatro necessitavam de justificativa. A análise das questões fechadas se deu de maneira quantitativa enquanto que a das questões abertas foi realizada de maneira qualitativa por meio de análise de conteúdo (BARDIN, 2006.
Em seguida, para reforçar a compreensão da realidade pesquisada e do fenômeno em foco, fizemos entrevistas semi-estruturadas com os respectivos professores de Educação Física das duas turmas. Na entrevista perguntamos basicamente o que os entrevistados pensam sobre a violência na cidade de Aracaju e no bairro Bugio (onde a escola se localiza) – se os consideram locais violentos; questionamos sobre a constatação deles no tocante a violência na escola e, principalmente, nas aulas de Educação Física; como eles lidam com essas questões, em especial na escola. Perguntamos o que entendem por violência e se já se perceberam praticando alguma manifestação de violência, enquanto professores. A análise da entrevista também foi feita por meio da técnica análise de conteúdo.
Apresentação e análise dos dados
Foram aplicados 34 questionários envolvendo os alunos do 9º Ano do Ensino Fundamental Maior e 30 questionários envolvendo os alunos do 1º Ano do Ensino Médio. Sendo assim foram aplicados questionários com 64 alunos da escola.
Em relação à idade, tivemos alunos entre 12 e 18 anos, sendo que a grande maioria (41%) dos alunos entrevistados tinha 14 anos; e no que se refere ao sexo 64% do quantitativo foi composto por meninas.
No que tange aos professores, tivemos dois entrevistados do sexo masculino, com idades de 40 e 50 anos, com mais de dez anos de formação, sem especialização e funcionários da escola por um período superior a oito anos.
Os olhares, sentimentos e entendimentos dos alunos
Para contemplar os nossos objetivos específicos elaboramos dez questionamentos englobando os mesmos. Quando perguntado, na primeira questão, sobre o que os alunos entendem por violência encontramos as mais variadas formas de compreensão sobre a mesma. A maioria dos alunos entrevistados se refere à violência como sendo algo que cresce muito, que acontece em todos os lugares e que envolve violência física e verbal.
Outros se referiram à violência como sendo uma vergonha, coisa que ninguém gosta, mas que existe muito no mundo. E muitos falaram sobre a violência verbal se referindo a xingamentos, palavras e gestos que ofendem e machucam os outros. Poucos alunos citaram a violência ao patrimônio.
O bullying, no conceito de violência, foi pouco tratado. Mas foi algo bastante comentado quando questionamos sobre a causa da violência na escola (na quarta questão) e somente um comentou sobre a violência que ocorreu na escola situada em Realengo, no Rio de Janeiro.
Em números reduzidos tivemos a visão de ser a escola o local principal de ocorrência da violência. Um aluno citou sobre a violência contra a mulher e também apenas um comentou sobre o medo de sair na rua. Cerca de três citaram a ocorrência da violência dentro de casa usando o exemplo das brigas de marido e mulher, e filhos que batem nas mães; um deles usou o termo violência doméstica. Apenas quatro alunos não responderam a essa questão.
Passando agora para o segundo questionamento, em que perguntamos sobre tipos de violência, a maioria dos alunos respondeu conhecer a violência física (94%) contrastando com a violência simbólica em que apenas 12% dos alunos afirmaram conhecer. (Ver valores na Tabela 01).
Tabela 01. Tipos de Violência
Na terceira questão foram perguntados quais os tipos de violência que tais alunos presenciam no cotidiano do bairro onde moram. A maioria das respostas foi objetiva escrevendo apenas algumas das cinco manifestações que colocamos na questão acima (violência física, agressão verbal, bullying, violência simbólica e violência ao patrimônio); porém tiveram aqueles alunos que nos surpreenderam com as respostas falando que já viram assassinatos, roubos, brigas de vizinhos, xingamentos etc.
No que se refere à quarta questão, que se configura na mesma pergunta da terceira, só que com as manifestações sendo percebidas no ambiente escolar, tivemos muitas respostas semelhantes àquelas citadas acima. A maior diferença foi que dessa vez o bullying foi muito citado, o que, de certa forma, confirma, ao menos neste caso estudado, a existência de tal fenômeno no interior da escola. A violência física também foi mais aludida nesta questão. Fala-se muito sobre brigas de colegas. Foi muito comentada também a agressão verbal no que diz respeito aos apelidos atribuídos a alguns colegas.
Em nosso quinto questionamento trouxemos dados bastante objetivos sobre algumas características que pedimos aos alunos que marcassem as atribuições que eles possuíam. Criamos alternativas que envolviam manifestações físicas e verbais da violência que se traduziam em bullying e violência simbólica também. Uma até se referia sobre a violência cometida para com o professor, conforme podemos visualizar na Tabela 02.
Tabela 02. Características dos alunos perante a violência na escola
Você se considera uma pessoa violenta? Foi o que perguntamos em nosso sexto questionamento e encontramos 58% de respostas negativas. Porém 16 alunos (25%) não marcaram nenhuma das opções, mas na justificativa disseram se considerar mais ou menos violentos e apenas um marcou as duas opções. O interessante é que os alunos que se disseram mais ou menos violentos não percebem que quem é um pouco violento, é, de fato, uma pessoa violenta.
Tratando neste momento sobre a questão de número sete, em que perguntamos quem já presenciou algum desentendimento ou briga na escola, encontramos a grande maioria das respostas como sendo positivas. Dentre as justificativas mais marcantes tivemos relatos de brigas entre colegas por “motivos bobos”, discussões que começam por um apelido, por xingamentos, por brincadeiras maldosas. Foi citado, nessa questão, até brigas por causa de jogo de futebol. Brigas de meninas por questão de namorado. Em uma confusão mais grave uma aluna deixou a marca de uma mordida no rosto da outra e, pior que isso, houve até um fato de uma aluna ferir outra com um pedaço de vidro.
Um número muito grande de alunos (75%) afirmou já ter presenciado brigas na escola. Porém, dentre as justificativas da parcela de alunos que disseram não presenciar tais fatos (25%) encontramos relatos do tipo: procuro não me envolver em brigas na escola, ou não gosto de ver quando essas coisas acontecem. Tais relatos nos fazem pensar que os alunos possam ter entendido a palavra “presenciar” como sendo “participar”.
Na oitava questão perguntamos se os sujeitos presenciaram tais brigas e desentendimentos nas aulas de Educação Física. Verificamos que 69% dos alunos negam presenciar brigas na aula de Educação Física. O número praticamente se inverteu em comparação à questão anterior. Dentre os alunos que marcaram já ter visto desentendimentos nessas aulas (30%), a maioria revela que as brigas ocorrem no decorrer do jogo de futebol com os meninos.
Refletimos aqui sobre as três importantes dimensões dos conteúdos, em que Darido (2001) refere-se na citação abaixo, focamos sobre a importância da dimensão atitudinal no que se reporta ao comportamento dos alunos e reflexão dos mesmos. A autora diz:
O papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), mas inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais (dimensão atitudinal). E, finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber por que ele está realizando este ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos (dimensão conceitual). (DARIDO, 2001, p.21)
No nono quesito envolvemos um tema bastante atual, o midiático, e perguntamos se as brigas de torcidas organizadas, os aspectos violentos vistos em filmes, seriados e telejornais se configuram em elementos que alteram ou influenciam o comportamento deles no cotidiano. A maior parte afirmou que não se sentem influenciados por tais acontecimentos trazidos pela mídia, e justificam, quase unanimemente, que só se influenciam aqueles que têm a mente fraca. Dentre os que afirmaram sentir-se influenciados tivemos um depoimento de uma aluna que afirmou namorar um participante de torcida organizada e disse que já teve oportunidade de bater em muitas meninas e que gostava disso, mas não fazia mais.
No último quesito pedimos que assinalassem situações que já ocorreram nas aulas de Educação Física. Observamos que 44% dos alunos afirmam ser tratados de maneira mais agressiva pelos seus colegas quando erram a execução de um passe em um jogo. Nesse mesmo acontecimento apenas 6% afirmam ser tratados da mesma maneira pelo professor, conforme visualizamos na Tabela 03.
Tabela 03. Situações ocorridas com o aluno nas aulas de Educação Física
Os olhares, sentimentos e entendimentos dos professores
Diferentemente da aplicação de questionários, como foi feito com os alunos, com os professores (por serem apenas dois) fizemos uma entrevista semi-estruturada que continha seis questões. As entrevistas foram em momentos distintos para que não ocorressem influências de idéias, nem mesmo o choque delas.
Iniciamos nossa conversa falando sobre a cidade de Aracaju e o bairro Bugio, se eles consideravam tais locais violentos. A semelhança da resposta talvez não seja simplesmente uma coincidência. Os dois professores nasceram em outros estados (Paraná e Bahia) e moram na cidade há pelo menos duas décadas.
Primeiramente sobre o bairro Bugio, eles falaram que não o consideram violento, eles acabaram comentando sobre a localização da escola, dentro do bairro, consideram-na posicionada num local bastante movimentado e de um modo geral falam que a violência ocorre mais ao redor do conjunto, por conta das invasões que são muitas nos arredores do mesmo.
No que diz respeito à violência em Aracaju, eles consideram-na uma cidade violenta, refletem que, décadas atrás, não se presenciava tanta violência em shows e bares, por exemplo. Afirmam que, se formos analisar bem, a cidade, por ser pequena (considerando ser uma capital e principal cidade do estado), apresenta um alto índice de violência.
No segundo questionamento perguntamos se já constataram alguma manifestação violenta dentro da escola e nas aulas de Educação Física. Sobre a escola eles falaram que já ocorreu, há mais de oito anos, a morte de um garoto nas dependências do colégio, mas eles afirmaram que foi um problema que veio de fora para dentro, ou seja, não foi algo que começou no colégio. Outro fato que, apenas um deles relatou, foi uma briga entre duas alunas em que uma tentou furar a outra com uma faca.
No que tange às aulas de Educação Física, um dos professores (P1) começou a responder afirmando não ter constatado violência em suas aulas. Ele afirma trabalhar na escola há quase uma década e não constatou violências. Após afirmar isso segue respondendo que há, às vezes, brigas de meninas. Ou seja, verificamos que há uma contradição na fala dele, e mais que isso, constatamos que ocorre sim manifestações da violência, em suas aulas. O outro professor (P2) afirma que, desde que passou a ensinar à noite quase não há violência neste turno, ele se refere à violência física e afirma que a agressão verbal acontece sempre, mas com um índice bem menor que pela manhã e pela tarde. Conta ainda que, quando ministrava aulas pela manhã, freqüentemente ocorriam brigas que ele tinha que interferir.
Aproveitando a resposta da questão anterior, adentramos no próximo quesito, e indagamos se eles acham que as aulas da disciplina que eles ministram possibilitam manifestações violentas. Um dos entrevistados nos afirma que não, que as aulas de Educação Física não possibilitam manifestações violentas por ser mais um momento recreativo em que ele faz as atividades que os alunos gostam e apenas administra tais atividades. O outro, porém foi bem enfático ao dizer que as aulas, principalmente as práticas, possibilitam tais manifestações sim, sobretudo pela questão do vencer e perder que é algo que nem todos aceitam.
Após essa parte inicial é que resolvemos questionar o que eles entendem por violência e percebemos que eles tiveram certa dificuldade em dar um conceito próprio para tal manifestação, citaram muitos exemplos, falaram que a violência não deve ser vista apenas como algo que atinge o físico, citaram inclusive a violência ao patrimônio, bastante ocorrente nesta escola, segundo um dos professores.
Uma reflexão interessante, por parte de apenas um dos professores, foi ter chamado de violência a discriminação que ocorre dos meninos para com as meninas, nas atividades ocorrentes nas aulas de Educação Física. O outro, após muitos impasses em definir, disse ser violência, toda forma de agressão ao próximo.
Na quinta questão perguntamos se, em situações estressantes, eles já se consideraram violentos perante os alunos. Os dois professores afirmaram já terem agido de forma violenta com seus alunos, uma violência de forma verbal, no sentido de resolver situações, de impor respeito quando os alunos passam dos limites. Um dos professores justificou que hoje em dia percebe que consegue resolver situações com mais diálogo e confessa que no início da sua vida profissional tinha menos paciência, principalmente com os alunos de menor idade.
Na questão de número seis inquirimos como eles lidam com a violência na escola e, em especial, nas aulas de Educação Física. E perguntamos como eles acham que nós, professores de Educação Física, podemos agir nesses casos. Um dos professores frisou a importância de manter a calma, porém se impondo na situação, para que os alunos percebam que ele tem o controle da situação. Em segundo momento pode-se pedir auxílio ao corpo diretivo da escola, ele diz inclusive que é essa a orientação que eles recebem na escola. O outro professor frisou a importância de tentar acalmar o aluno que se exaltou. E fala sobre o dever do professor de olhar para o aluno também com o olhar de carinho que às vezes ele não recebe em casa.
Dos dados à análise: apresentando e discutindo os eixos temáticos
1. Investigando conceitos
Esse primeiro eixo temático refere-se aos conceitos dados pelos alunos e professores acerca da violência. Criamos tal eixo devido ao contraste de idéias e a pluralidade sobre o conceito da manifestação em estudo e principalmente para dialogarmos com a literatura existente sobre tais considerações.
Constatamos que a maioria dos alunos afirma que a violência não é algo que atinge apenas a pessoa em seu sentido físico, e que envolve várias outras manifestações. Averiguamos também que foram bastante usados termos que dizem respeito a todo mal que atinge o outro, dito assim mesmo, em seu sentido generalizado.
Há várias formas de violência – a falta de respeito, agressão física, agressão verbal/moral, abuso de poder, etc. – todas essas variações e seus múltiplos conceitos apareceram nas falas dos alunos/as. Podemos ratificar tal afirmação a partir dos conceitos expostos na seqüência:
Violência [...] é tudo o que atinge de forma ruim e nos deixa mal. (Aluno 9º/1)
São vários tipos de agressões, seja ela física ou verbal, coisa que ninguém gosta, mas que existe muito no mundo. (Aluno 9º/3)
Segundo Charlot (2002, p. 432) “a principal dificuldade de ter a violência como objeto de estudo é, sem dúvida, saber como falar com rigor desta noção de ‘violência’ que compreende coisas muito diferentes”. Mesmo concordando com o pensamento desse autor e percebendo que há essa totalidade no conceito de violência, constatamos que os alunos pensam nesses conceitos, não considerando apenas a questão da violência física.
Observem, abaixo, mais uma fala dos sujeitos da pesquisa:
É um ato onde deixa pessoas feridas [...] e a também um tipo de violência que deixa pessoas tristes e muito decepcionadas. (Aluno 9º/5)
Na nossa leitura interpretamos que essa violência que o aluno acima se refere como um tipo de violência que deixa pessoas tristes e decepcionadas pode ser o bullying e/ou a violência simbólica. Ele pode até não saber como “denominar” tal violência, mas o fato de perceber sua existência já é um ponto positivo.
Essa amplitude do conceito de violência é compartilhada também por Abramovay (2008), que fala de uma maneira interessante sobre conceituação para tal manifestação. Ela separa três dimensões para conceituar a violência, e assim não exclui nenhum fator, respeitando o que cada um pensa sobre o que possa ser um ato de violência.
A autora argumenta que:
o ponto de partida é considerar que se trata de um fenômeno complexo e múltiplo e, portanto, sua conceituação deve ser a mais ampla possível. Desta forma, considera-se aqui o conceito de violência em uma perspectiva que abarca múltiplas dimensões. Uma delas se refere aos casos que envolvem danos físicos que indivíduos podem cometer contra si próprios ou contra os outros. Outra dimensão é o conjunto de restrições, que se dá no plano das instituições e que impede que os indivíduos usufruam plenamente de seus direitos fundamentais, abrangendo, portanto, as modalidades da violência simbólica e institucional. A terceira dimensão corresponde às incivilidades e micro-violências, que costumam ser as modalidades de violência mais recorrentes e comuns no cotidiano. (ABRAMOVAY, 2008, p.7-8)
Os sujeitos investigados falaram bastante sobre violência verbal, seguida da violência física (que para nossa surpresa não foi a mais citada) e alguns falaram também sobre bullying, violência ao patrimônio, racismo e até sobre a violência manifestada contra a mulher e o idoso. Vejamos os seguintes depoimentos de alguns sujeitos desta pesquisa:
Eu entendo que é algum tipo de agressão tanto por palavras quanto por agressão física. (Aluno 9º/4)
Violência é uma coisa que acontece constantemente em todos os lugares. Há violência contra crianças, adolescentes, idosos e principalmente contra mulheres. Há o bullying que é constantemente nas escolas, que é preconceito contra alunos [...]. (Alunos 1º/17)
Quando o aluno acima nos falou do bullying como sendo um preconceito contra o aluno, lembramos mais uma vez da tragédia que ocorreu recentemente em Realengo, no Rio de Janeiro. Mais que isso, recordamos de um texto feito por Caversan (2011) criticando àqueles que justificaram o ato provocado por Wellington (o assassino) por ter sido ele vítima de bullying. Ele fala que é difícil conhecer alguém que nunca tenha sido vítima de bullying, nem que seja em algum momento passageiro em sua vida. Vejamos sua reflexão abaixo:
Mas quem não enfrentou, quem não tem aí um “bullyingzinho” para contar?
Eu! Por conta de um sarampo, perdi metade da audição aos cinco anos de idade. Isso somado ao fato (piada pronta...) de ter tido as orelhas enormes desde sempre motivou uma infinidade de petelecos, puxões, tapas e gritos ao pé do ouvido ao longo de toda a primeira infância: Dumbo, Topo-Gigio, Surdinho. Na "segunda infância", aprendi a me virar (sentar na primeira fila, fazer leitura labial e deixar o cabelo crescer para tapar as orelhas) e a escapar do bullying. A única compensação era que a coisa não rolava só comigo. Na escola tinha o ruivo, o gordo Balão, o japonês Japorongo, o negro Tição, o Aleijado – vítima de pólio, o Cegueta que usava óculos fundo de garrafa e por aí vai. Sobrevivemos todos e não me consta que nenhum deles esteja atirando em criancinhas por aí. (CAVERSAN, 2011)
Apesar da maneira taxativa que ele coloca a resolução do problema do bullying como se todo aluno conseguisse, por si só, resolver o problema assim como ele conseguiu, não deixamos de notar que sua reflexão é bastante ousada e, mesmo assim, pertinente.
Seguindo com os conceitos que abordávamos, temos duas falas sobre a violência patrimonial sendo abordada por um aluno e um professor de maneira semelhante, mas sua repercussão, em termos de números, ainda é bastante singular. Vejamos:
Bom pelo que eu sei existem vários tipos de violência, tem violência verbal e física e a violência de patrimônio que é uma pessoa que agride um patrimônio público ou particular. (Aluno 9º/11)
Também tem a violência que eu critico aqui no colégio que é a violência da sujeira no colégio que os próprios alunos pintam o colégio, entendeu? Também é uma violência ao patrimônio público. (P1)
Temos ainda, mais três conceitos, que julgamos pertinentes expor aqui. Um pela questão da visão do preconceito como sendo uma violência; e os demais por abordar a violência ocorrida em casa.
Eu entendo que a violência é um ato que prejudica várias pessoas de várias idades, várias raças e cores. (Aluno 9º/15)
A violência está perigosa em todos os bairros. Acho que a violência às vezes as crianças vêem os seus pais discutindo, brigando aí as crianças vivem no local sujo aí cresce dessa maneira, adolescentes vendo seus pais fumando aí querem fumar também e etc. (Aluno 9º/28)
Também a violência acontece porque os pais não educam seus filhos direito. (Aluno 1º/10)
Pensando nas duas últimas falas acima vimos que os alunos referem-se à violência doméstica e à negligência da educação dos filhos, por parte dos pais.
Um dos grandes problemas sociais encontrados na modernidade é que os pais estão cada vez menos tempo com seus filhos. Foi-se o tempo em que o pai era o chefe da casa, que arcava com as despesas financeiras e as mães eram as mulheres do lar, que cuidavam da casa e da criação dos filhos. O que colocamos em foco é que os filhos tinham uma figura sempre mais presente com eles, para agir mais intensamente na educação diária, assim como no acompanhamento das tarefas escolares. Hoje em dia os pais ocupam cada vez mais os horários dos seus filhos com escola, reforço escolar, cursos, e cada vez existe menos os momentos de conversação em casa entre pais e filhos.
Sobre essa linha de raciocínio um dos professores entrevistados colocou a seguinte reflexão:
Porque os pais hoje pensam diferente, os pais antes colocavam os filhos para estudar, hoje os pais colocam os filhos para serem educados. (P1)
É a nossa realidade vista pelo olhar de um professor que sente na pele a dificuldade de lidar com crianças mal educadas por pais que jogam tal responsabilidade para a escola.
Verificamos, por fim, diante da fala de uma aluna, a angústia da mesma em relação ao que gera violência (física) e encerramos esse primeiro eixo com essa fala/reflexão que se assemelha a uma citação posta por nós na revisão de literatura. A aluna diz que:
A violência verbal devia para porque a violência às vezes começa por causa dela. (Aluno 1º/19)
Corbisier (1991, p. 214) afirma o mesmo pensamento da seguinte forma:
Aristóteles condena o uso das palavras de baixo calão porque, da agressão verbal, passa-se facilmente à agressão física. (CORBISIER, 1991, p.214)
Temos com isso que, se nos refrearmos, em primeira instância, na nossa própria locução, na nossa maneira de falar, de tratar as pessoas a nossa volta, com o mínimo que seja de educação e respeito, talvez possamos já diminuir alguns pequenos desses tantos exemplos de violência que trouxemos até aqui, em nosso trabalho.
2. De olho na violência: a escola virou ringue?
Uma reflexão registrada pelos alunos é em relação ao local onde ocorre a violência. Parece que a violência na escola “está na moda” (pela divulgação da violência nesse ambiente, de um modo geral, que temos recebido comumente através da mídia).
Ultimamente temos visto inúmeras notícias nesse sentido, como o caso da violência em uma escola em Realengo, no Rio de Janeiro (2011); também vimos o caso do assassinato do professor em uma faculdade em Minas Gerais; e ainda o fato do marido da professora que foi tirar satisfação com um aluno, em Pernambuco; e tantos outros casos que chegam a nossas casas pelos meios de comunicação.
É triste perceber que os alunos já consideram as suas escolas locais tão violentos a ponto de chamarem-na até mesmo de: “o local onde mais ocorre violência”. Notemos as reflexões sobre violência na escola pelas falas abaixo:
O que causa a violência é conviver na escola amigos zombando da sua cara isso contribuem para o futuro por isso que aconteceu a tragédia no Rio. (Aluno 9º/16)
Existe vários tipos de violência, nas escolas existe todo tipo de agressão como verbal a mais usada. (Aluno 1º/30)
Charlot (2002) se refere à violência na escola expondo sua preocupação com a falta de limites de tais ocorrências nas dependências escolares e com a angústia social que esse fato pode gerar. Ele considera que:
[...] surgiram formas de violência muito graves outrora como homicídios, estupros, agressões com armas. É certo que são fatos que continuam muito raros, mas dão a impressão de que não há mais limite algum, que, daqui por diante, tudo pode acontecer na escola – o que contribui para produzir o que se poderia chamar de uma angústia social face à violência na escola. (CHARLOT, 2002, p.433)
Essa angústia falada na citação acima pode ser percebida nos dizeres de um dos alunos:
Violência é uma coisa ruim que cada dia que passa vai crescendo no nosso dia-a-dia. E o lugar que mais se vê isso é nas escolas, é muito triste isso porque no lugar onde era pra ter mais união, amizade é lugar que na maioria das vezes há mais mortes e brigas. (Aluno 1º/1)
No colégio que fizemos esse estudo de caso, a maioria dos alunos disse já ter presenciado manifestações de violência no ambiente escolar e citaram variados motivos para os mesmos: agressão verbal que gera a agressão física, brigas por causa de namoro, brincadeiras de mau gosto, apelidos ou até mesmo pela disputa de uma cadeira.
Continuando com os relatos dos alunos sobre os motivos para tais acontecimentos, temos:
A briga aconteceu por causa de uma agressão verbal. (Aluno 9º/24)
Tudo começou por causa de um giz que rumaram em mim, quando eu fui em cima dele dei vários socos na cara dele. (Aluno 9º/30)
Porque quando uma pessoa passa e a outra começa a apelidar e a outra não gosta aí começa uma briga. (Aluno 9º/33)
Eles brigaram por causa de uma cadeira. (Aluno 1º/16)
Percebemos que as brigas acontecem por tantos motivos irrisórios. Se colegas chegam à agressão física por causa de uma cadeira, como conseguirão lidar com situações conflituosas que passarão no decorrer de suas vidas?
O problema da violência nas escolas tomou novas proporções não só no Brasil, como também no mundo, tornando-se um fenômeno globalizado e passando a ser objeto de atenção da mídia, de pesquisadores e de atores políticos, devido aos contornos e às proporções que vem assumindo. O tema “violência nas escolas” tem suscitado diversos estudos e pesquisas que, por meio de olhares e focos distintos, permitem constatar as dificuldades do sistema educacional em enfrentar as múltiplas dimensões desse fenômeno. (ABRAMOVAY, 2008, p.8)
A autora acima nos faz pensar sobre a amplitude do problema da violência no ambiente escolar e também sobre as dificuldades do sistema educacional em lidar com a situação.
Na escola que investigamos tal fenômeno, alunos citaram casos de estudantes que, em grupos, agridem seus colegas, como podemos constatar nos depoimentos abaixo:
Um garoto juntou cinco meninos e bateu em outro. (Aluno 1º/13)
Bastante covardia (3 pessoas contra 1) tapas, puxões de cabelo, empurrões e etc. (Aluno 1º/27)
Sabemos das dificuldades existentes, porém é nossa obrigação, como professores, agir. Usamos a fala de um dos professores entrevistados para refletirmos sobre as atitudes dos professores perante tais situações:
O professor, ele tem que saber impor. Como ele tem que saber impor, ele também tem que aprender a ceder. Então, como agir quando existe uma violência? [...] Você tem que ter a maior calma e fazer com que, a pessoa que está envolvida se acalme também. Ele está muito tenso, e você tem que fazer com que ele se acalme da melhor forma possível, porque quando se gera violência é porque o cara ta exaltado demais. A pessoa está exaltada então, ele não olha pra ninguém, então no momento que você vai querer convencer... Vai querer conversar com essa pessoa você tem que saber lidar, o professor não pode ficar desesperado. [...] O professor tem, mais do que não só o dever, mas o direito de preservar justamente a integridade física do outro, porque os dois estão brigando, os dois estão agindo de uma maneira violenta. Entendeu? Então a calma aí é que é fundamental. [...] E o professor tem que estar pronto para agir da melhor forma possível, e ele também não pode se exaltar. [...] Então, eu mesmo passei por situação antes em que o professor só chega pro menino e diz: Ah! Se você não sai da sala, eu saio. Aí sai e deixa aquela pessoa na sala com todo mundo, e cadê os outros alunos? [...] Hoje, o ensino, a parte educacional, é mais voltada para o prazer do professor estar em sala de aula, até mais do que a parte financeira, é o prazer de você estar ensinando, porque se não tivesse o prazer a gente não ia querer estar ensinando. (P1)
Finalizamos esse eixo com mais uma rica reflexão de Abramovay (2008) sobre a violência no ambiente escolar. Ela argumenta que:
[...] nos estabelecimentos de ensino, a violência não é vivenciada apenas como atos de agressividade, e sim como o modo habitual e cotidiano de relacionamento, de tratamento do outro. (ABRAMOVAY, 2008, p.9)
Ou seja, a violência é também conseqüência e fruto de como tratamos o outro (e como somos tratados pelo outro). E na escola cabe ao professor intermediar esse tratamento, e sempre que necessário intervindo junto aos pais dos alunos, pois tal presença, se não é tida como algo normal, deve ser cobrada pela escola, que, em hipótese alguma, deve tentar solucionar o problema sozinha.
Encerramos, então, negando a pergunta do título criado por nós. Não! A escola não virou ringue, ela está se tornando reflexo da violência externa que há muito tempo temos acompanhado cotidianamente e que depende de nós, também, enquanto integrantes da sociedade, a reversão de tal situação.
3. De olho na Educação Física: excluir violenta?
Deixamos as violências ocorridas nas aulas de Educação Física para serem tratadas no último eixo e assim acabamos por contemplar a problemática desta pesquisa. Sendo assim, dentre a minoria dos entrevistados, que são os alunos que afirmaram já ter presenciado cenas de violência (física) nas aulas de Educação Física, a maior parte assegura que tais manifestos acontecem por desentendimentos no jogo de futsal. Vejamos alguns dos depoimentos dos alunos:
Sempre por causa de besteira, às vezes até por causa de um jogo de futebol. (Aluno 1°/30)
Outro motivo banal, um chute, a bola acertou a cabeça de alguém e a briga ta feita. (Aluno 1º/7)
Porque o gol que eu fiz disseram que não valeu aí tive desentendimento com eles. (Aluno 1º/21)
Porque uma menina sem querer jogou uma bola de futebol no rosto duma outra menina aí a outra foi em cima da outra gerando uma agressão física. (Aluno 9º/17)
Tivemos, pelo menos mais uns cinco depoimentos como esses, que praticamente repetem o mesmo discurso.
Tratando aqui sobre a prática do futebol nas aulas de Educação Física, não podemos deixar de considerar as considerações de Albino et al (2008), sobre o uso exclusivo dos esportes nas aulas de Educação Física:
[...] o que permanece é a dificuldade em traduzir a crítica em prática pedagógica – o que talvez nem mesmo seja legítimo – e o quadro de frustração, insegurança e constrangimento, ficando as aulas comumente reduzidas a um ensino do esporte freqüentemente caricato, já que as condições se mostram inapropriadas ou a simplesmente nada, um vazio pedagógico preenchido, no entanto, pela nulidade disforme das “aulas livres”. (ALBINO et al, 2008, p.139-140)
Embora os alunos só tenham citado a violência em seu sentido físico, percebemos em nossas observações que há outro tipo de violência agredindo muito mais esses alunos e que geralmente passa despercebido: a exclusão.
Uma das turmas, dificilmente tinha aula teórica, quando tinha, era dado o conteúdo para a prova que se tratava de primeiros socorros. Na sala de aula a turma era bastante barulhenta, porém sem a presença de conflito. O professor passava certo tempo copiando o assunto no quadro e os alunos, no caderno. Em seguida ele explicava o conteúdo, sempre inserindo a participação dos alunos em sua fala. Nas aulas práticas, que foram a maioria, o professor passou em torno de três semanas dando aula de Tênis. Nessas aulas, muitos alunos participavam e era perceptível a alegria dos mesmos pela novidade que lhes era apresentada. Porém, alguns alunos permaneciam parados, encostados a conversar.
Tomamos a liberdade de conversar com alguns deles e tivemos primeiramente a resposta que eles não queriam participar da atividade, outro aluno, porém completou a resposta desabafando assim: “Mas também não tem raquete para todos...”.
Aproveitando a fala de um dos professores percebemos que essa atitude existe para além daquele dia de observação. O professor se refere à aula de Educação Física, assim como alguns alunos também, como brincadeira, lazer, o momento de prazer que na sala de aula não existe. Vejamos:
A gente tem que fazer uma atividade que eles gostam e já que eles gostam, você só vai administrar, você faz atividade e administra, então fica mais fácil, então não gera essa confusão, não gera briga justamente porque todos participam, aí o professor tem que ser criativo né? Na aula. Pra poder movimentar todo mundo. (P1)
A iniciativa de levar um esporte pouco trabalhado na escola foi algo bem recebido pelos alunos, porém a administração da atividade (como ele mesmo chama a sua função) foi mal elaborada. Pois não foi conseguido movimentar todo mundo, e isso gera exclusão – ou seja – um tipo de violência (simbólica).
Alguns depoimentos apontam para a questão da exclusão nas aulas:
Não, eu nem jogo bola, vôlei e tênis. Fico sentado (Aluno 9º/25)
Assim por causa de alguma brincadeira que vários querem brincar, mas as vezes um não deixa o outro brincar, e assim começa uma briga (Aluno 9º/33)
[...] se você vai fazer uma atividade com muita gente vai haver intriga porque começa a se chocar demais porque o espaço é muito pouco, aí eles começam a se juntar demais e isso é ruim. Eles se sentem excluídos justamente por isso, eles sabem que não vão participar, porque não vai dá, pelo tempo ser curto e pela quantidade dos presentes, então eles vão ser excluídos e a gente as vezes nem pode fazer nada [...] (P1)
Voltamos aqui ao título desse último eixo: Excluir violenta? E respondemos: Sim, violenta! Ver seus colegas participando de um jogo, de uma brincadeira, e você não poder participar pela falta de um material (ou o mau rodízio do mesmo); pela falta de espaço (ou má distribuição das equipes); ou ainda, pior que todos esses motivos, por você ser aquele aluno que tem mais dificuldade em executar tais manuseios é muito doloroso a qualquer indivíduo, mais ainda se ele estiver na fase de construção dos seus valores e da sua identidade.
Metaforizando um dito popular, ouvimos que só sabe o que é ser excluído quem passa por isso, peguemos, então, o exemplo de como a nossa disciplina é tratada na escola diante das demais disciplinas e nos coloquemos no local daquele aluno para entender que o que os outros pensam, falam e fazem conosco deixam marcas profundas em nosso ser e em nossas atitudes.
Betti (2009) referiu-se à Educação Física como sendo uma disciplina que engloba “tudo”. Vejamos essa fala, para que possamos entender nossa reflexão:
Ora, de modo algum é novidade dizer que a Educação Física responde e sempre respondeu às necessidades e interesses de cada tempo/espaço histórico. Às vezes esquecemos o óbvio, e é bom então retomá-lo. Em tempos de guerra, a Educação Física serviu à preparação militar; em tempos de nacionalismo exacerbado, serviu à formação de valores cívicos; quando o esporte assumiu posto central na cultura corporal de movimento, esportivizou-se; em tempos de doenças, proclamou-se seu valor higiênico, e assim por diante. (BETTI, 2009, p.18)
O que queremos expor com tudo isso, e sem fugir ao ponto principal desse eixo – exclusão – é que, se a própria caracterização histórica da nossa disciplina, da nossa prática de trabalho, passou por tantas variações para chegar ao que temos hoje, deve-se ao que cada um de nós (professores de Educação Física) fizemos dela e com ela. Ou seja, se estamos à margem da escola, ou se somos desvalorizados perante as outras disciplinas, esses fatos condizem com o que nós mesmos fazemos da nossa área.
Considerações finais
A violência é uma manifestação existente na sociedade e inerente à ela, ao longo da constituição histórica humana. Seria utópico e ingênuo da nossa parte pensar na existência de uma sociedade sem violência, afinal sabe-se que violência se configura em todas as manifestações que causam mal ao outro.
A violência no sentido geral é um fenômeno que engloba o preconceito racial, o preconceito com relação à orientação sexual, à luta de classes, ao abuso de poder dos policiais e governantes (e também nas esferas micro da sociedade), a falta de respeito e tantos outros exemplos que vimos até aqui. Por isso que tomamos a liberdade de falar da violência em seu sentido múltiplo, chamando-a no plural mesmo: falando da existência de “violências”. Nela, está incluída, também, a violência na escola.
A violência na escola tem aumentado bastante nos últimos tempos. Com tudo o que foi exposto por nós até aqui e com todas as informações extraídas em nossa coleta de dados chegamos à conclusão que os jovens consideram a violência como sendo algo além da manifestação física do fenômeno violento, e seus olhares, em relação a isso, voltam-se mais ainda para o sentido da agressão verbal como maior incidência de violência na escola.
O dito acima reforça/confirma, o quanto a “linguagem” em seus aspectos sutis e subliminares configura-se como algo que pode ser bastante violento – impactando em agressões psicológicas (gordinho, negro, gay, feio, magro, etc.). A dificuldade de aceitar as diferenças em relação ao “outro”, em função de uma cultura contemporânea que homogeneíza/padroniza tudo e todos.
Em segundo momento é que a violência física entra, e muitas vezes como conseqüência da verbal. A violência patrimonial (no sentido material) é conhecida pelos alunos, porém muitos não consideram as pichações como uma violência, o que faz com que elas continuem ocorrendo e angariando cada vez mais integrantes.
Sobre o bullying, essa sim foi muito comentada por todos (81% disseram conhecer ou já ter ouvido falar). Acreditamos que o triste fato do atentado na escola em Realengo (Rio de Janeiro/2011) tenha influenciado e contribuído para o olhar dos alunos sobre tal manifestação.
No que se refere às causas de tais manifestações na escola, por um lado, é lamentável notar os fatos, considerados por nós como irrisórios, que dão início as mesmas. Entretanto não podemos julgá-los de forma tão simplificada, pois não podemos restringir tais causas como sendo geradas somente no contexto escolar, mas pensar que isso tudo é parte de um complexo sistema, que envolve família, política, religião, grupos sociais – amigos, mídia, escola, etc.
Nas aulas de Educação Física (em que pensamos, ao iniciar esta pesquisa, encontrar várias manifestações, pois consideramos que o contato corporal e as disputas nessas aulas, quando o conteúdo esportivo se torna hegemônico, intensificam-se, “facilitando” ou extravasando manifestações violentas) não foi levada em consideração a variedade de manifestações da violência, e sim, apenas a violência física foi notada. Entretanto, nós vimos nas observações, uma forma de violência que afeta principalmente o psicológico dos alunos: a exclusão.
A exclusão como forma de violência simbólica pode afetar a qualquer um por motivos diversos, exclusão essa que em suas conseqüências, talvez, esteja levando boa parte da população, nesse nosso “estilo de vida moderno”, a uma “epidemia social” chamada depressão.
A violência, muitas vezes, é usada como escudo para as suas próprias fraquezas e a solução para essa ocorrência é um trabalho sensível, árduo e intenso que deve ser feito, no mínimo, por três partes concomitantemente – o indivíduo, sua escola (professores e corpo diretivo) e a família. É bem difícil chegar à resolução desse problema se essas três partes não estiverem empenhadas e com um mesmo objetivo.
O indivíduo deve perceber que existem outros modos, que não a violência, para solucionar os mais variados problemas que se passam conosco enquanto seres humanos, munidos de sentimentos e reações que fazem de nós diferentes (na nossa singularidade e subjetividade) e iguais (enquanto seres humanos) ao mesmo tempo.
Por fim, sobre nosso problema de pesquisa, consideramos que os jovens aqui investigados, apesar de serem vítimas e/ou causadores de tantas violências, têm a mente aberta para percepção da violência como algo que não se prende ao sentido físico – como temíamos que acontecesse. Uma vez eles percebendo a violência verbal, e o desrespeito que com ela é gerado, será mais fácil o policiamento de suas falas ao se referirem ao outro.
Acima de tudo temos que entender o quanto é fundamental aprendermos a respeitar os gostos, vontades, interesses a atitudes dos outros. Não somos obrigados a compartilhar dos mesmos interesses, porém aceitar as diferenças é o primordial para uma convivência civilizada e mais humana.
Notas
Pierre Bourdieu (1930-2002), sociólogo estudioso do campo da interação social nos mais variados campos: religião, economia, arte, política, comunicação, educação. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/historia/fundamentos/pierre-bourdieu-428147.shtml. Acesso: 17 de novembro 2010.
Michel Foucault (1926-1984), importante filósofo e professor, desenvolveu seus estudos na área da arqueologia do saber filosófico, da experiência literária e da análise do discurso. Concentrou seus estudos, também, sobre a relação entre poder e governamentalidade, e as práticas de subjetivação. Disponível em: http://www.propp.ufms.br/psgrd/grupo-mf/biografi.html. Acesso: 17 de novembro 2010.
Referências
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_____. Cotidiano das Escolas: Entre Violências. Brasília: Edições UNESCO, 2006.
ALBINO, B. et al. Acerca da violência por meio do futebol no ensino de Educação Física: Retratos de uma prática e seus dilemas. Pensar a Prática online, p.139-147, maio/ago. 2008.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006.
BETTI, M. Copa do Mundo e Jogos Olímpicos: inversionalidade e transversalidades na cultura esportiva e na Educação Física escolar. Motrivivência, Ano XXI, Nº 32/33, P. 16-27 Jun-Dez./2009.
CARVALHO, J.J.A. Violência nas Aulas de Educação Física: Verdade ou Mentira? 2007, 41p. Monografia (Educação Física) – UFS, São Cristóvão/SE.
CAVERSAN, L. Bullying, quem não sofreu? Folha.com disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcaversan/909450-bullying-quem-nao-sofreu.shtml. Acesso em 05 de junho de 2011.
CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Porto Alegre, ano 4, n. 8, jul/dez 2002, p.432-443.
CORBISIER, R. Raízes da Violência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
DARIDO, S.C. Os conteúdos da Educação Física Escolar: Influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v.2, n.1 (suplemento), p.5-25, 2001.
GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
LUFT, C.P. Minidicionário LUFT. 11. ed. São Paulo: Editora Ática, 1996.
MEKSENAS, P. Pesquisa social e ação pedagógica: conceitos, métodos e práticas. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
MINAYO, M.C. de S. (org.). Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 23º ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 2009.
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