O papel do enfermeiro dentro de uma equipe de atletas do esporte adaptado de alto rendimento (rugby) em cadeiras de roda El papel del enfermero dentro de un equipo de atletas del deporte adaptado de alto rendimiento (rugby) en silla de ruedas |
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*Graduada em Bacharelado em Enfermagem Faculdade Anhanguera de Santa Barbara D’Oeste **Mestre em Ciência do Esporte – UNICAMP Docente da Faculdade Anhanguera de Campinas - FAC (Brasil) |
Marta Aparecida Prando Ramos* Leandro de Melo Beneli** |
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Resumo Trata-se de um estudo que tem como objetivo identificar a contribuição do enfermeiro no contexto do esporte adaptado de alto rendimento dentro de uma equipe de atletas tetraplégicos na modalidade rugby em cadeira de rodas, apresentando um novo campo de atuação para o enfermeiro – a Enfermagem na atividade física e no esporte. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica a partir de leituras de livros e artigos científicos, além de uma pesquisa de campo com atletas Paralímpicos de rugby adaptado utilizando-se do questionário com perguntas fechadas. Conclui-se que as respostas mostraram-se favoráveis ao profissional enfermeiro, e fatores como segurança e confiança atingiram maior porcentagem na opinião dos atletas oferecendo assim um espaço confortável dentro da equipe esportiva estudada. Unitermos : Esporte adaptado. Tetraplégicos. Enfermeiro.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A lesão medular (LM) pode ser, e às vezes é, o final dos sonhos e projetos de muitos jovens. Todavia, alguns em especial passam a se dedicar a um projeto maior do que estar à mercê de sua atual condição física. Dedicando-se a algum tipo de atividade física para melhora de sua qualidade de vida, ousando até mesmo uma prática esportiva.
Outros vão, além disso, dedicando-se ao esporte competitivo de alto rendimento, isto é, para prática do esporte com finalidade de competição em torneios e jogos paralímpicos, para expressão de vida e comunicação com o mundo. Para Strazzacappa (2001), o indivíduo age no mundo através de seu corpo, mais especificamente através do movimento. É o movimento corporal que possibilita às pessoas se comunicarem, trabalharem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos.
Talvez por isso, alguns destes jovens indivíduos optam pelo rugby em cadeira de rodas (RCR), por ser um esporte dinâmico e altamente competitivo, caracterizado por uma estética de agressividade onde a boa condição física destes atletas torna-se extremamente necessária. O RCR é jogado por indivíduos que possuem grande comprometimento locomotor, na maioria portadores de tetraplegia, que segundo Winnick (2004) é a forma mais grave de lesões traumáticas na medula espinhal, causando a percepção da incapacidade física e grande impacto social o que Medola (2011) define como profunda modificação de vida. De acordo com Campana (2001) estes indivíduos tetraplégicos, não conseguem se inserir em outro tipo de esporte, certamente devido ao grande comprometimento de suas funções físico-motoras.
Porém, a opção de uma prática esportiva não diminui a necessidade que este jovem tem de cuidados específicos realizados por terceiros para que ele possa manter-se vivo.
Assim, o objetivo desta pesquisa realizada com jovens atletas portadores de LM, é a de identificar quais são os cuidados necessários para este determinado grupo,creditar ao enfermeiro a capacidade de realizar estes cuidados e principalmente avaliar o grau de aceitação do profissional enfermeiro dentro de uma equipe esportiva,no momento em que realiza procedimentos de enfermagem, contribuindo para melhorar as condições de vida diária destes indivíduos, com aquilo que sabe fazer de melhor, ou seja, cuidar.
Sendo que para esta avaliação foi adotado um questionário com perguntas sobre os cuidados de enfermagem prestados a estes atletas
A classificação do grau de funcionalidade e dependência de cuidados é classificado por Teixeira (2005) de acordo com o nível da lesão na coluna espinhal. E as conseqüências podem atingir as funções motoras, sensitivas e autônomas, atingindo e repercutindo no indivíduo como ser social, emocional e espiritual.(FIGUEIREDO CARVALHO et al., 2008; AZEVEDO; SANTOS, 2006; SILVA, 2006).
Silva (2011) classifica estes transtornos físicos que afetam o sistema locomotor, cardiorrespiratório, gastrointestinal e geniturinário responsáveis pelo comprometimento do desempenho das atividades diárias, colocando o indivíduo em uma condição de incapacidade funcional onde é observado a necessidade de cuidados no tocante à mobilização, higiêne diária, ajuda para alimentação, necessidades de eliminação fisiológica, entre outras. Justificando assim, a importância de um profissional que tem como formação a sistematização de cuidados com o ser humano.
Entre as complicações físicas a espasticidade ou hiperatividade reflexa medular (movimentação involuntária dos músculos variando de flexão ou extensão) não pode ser considerada uma complicação exclusiva do indivíduo portador de LM, visto que todas as lesões do neurônio motor superior levam a esse quadro
Problemas com a eliminação vesical e intestinal, infecções oportunistas devido a sondagens vesical contínuas, úlceras de pressão ocasionadas pelo tempo prolongado em uma mesma posição (sentados na cadeira de rodas ou deitados na cama) ocasionam a hiperatividade reflexa como complicação secundária a estes problemas.
Scramin (2006) aponta a necessidade de se eliminar estes fatores, conhecendo o quadro e planejando intervenções adequadas. Seguindo esta linha de pensamento vale citar Cafer (2005), onde a autora demonstra através de uma tabela os principais diagnósticos de enfermagem levantados a partir das necessidades do indivíduo portador de LM, seguidos de seus respectivos cuidados.
Figura 1. Diagnósticos de enfermagem e intervenções. Fonte: CAFER (2005)
Frente ao levantamento colocado por Cafer (2005) podemos observar que o indivíduo com LM apresenta múltiplas incapacidades e, com isso, requer cuidados complexos pertinentes a tantas alterações.
A hipotensão postural ou ortostática é citada por Brito (2008) como outra complicação dentro do quadro de tetraplegia, sendo a mudança de decúbito do paciente sua principal causa, onde o paciente apresenta palidez cutânea, queda da pressão arterial, zumbidos no ouvido, escurecimento da visão e até perda de consciência acompanhada de taquicardia. Outra complicação citada pelo autor ao indivíduo portador de tetraplegia é a hipotonia muscular como condição freqüente, prejudicando assim sua mobilidade, o que poderá aumentar o risco de trombos em membros inferiores.
O trabalho do enfermeiro no exame antidoping
Uma das prioridades do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês) é aumentar o controle do doping (presença de substâncias químicas que melhoram o rendimento momentâneo do atleta) fora de competição, para isso realiza controle de dopagem. Tal procedimento é realizado durante os jogos (IPC, 2011). Esta problemática faz parte do dia a dia do atleta com trauma raquimedular, pois sendo um indivíduo que faz uso constante de algumas medicações para manutenção de um estado fisiológico satisfatório, precisa estar atento para as substâncias que caracterizam doping e as substâncias encontradas em sua medicação diária.
A lista de substâncias e métodos proibidos pelo IPC é bastante extensa e sofre alterações sempre que necessário, é de fundamental importância que a equipe médica, o enfermeiro, o educador físico e também o atleta estejam sempre atualizados para não correrem risco do uso acidental de tais substâncias e métodos.
Devido sua condição de mobilidade física prejudicada, o atleta do rugby adaptado necessita de cuidados específicos durante a coleta de material para realização do teste de doping. Entre estes cuidados está a técnica correta de coleta que poderá ser urina por sondagem vesical de alívio ou através da sonda de demora (foley), ou coleta de sangue. Este material coletado é sempre manipulado sob supervisão de uma testemunha, do médico do comitê Paralímpico e do atleta. No caso do atleta tetraplégico, o enfermeiro se mostra apto para acompanhar este atleta, auxiliando na coleta do material, representando os interesses do atleta na promoção de uma coleta segura, mantendo o controle do estresse por parte do atleta criando um clima de atenção e segurança.
Além das substâncias químicas que caracterizam doping que podem ser encontradas na urina ou sangue, um fator fisiológico denominado disreflexia autônoma caracterizada pelo aumento do ritmo cardíaco para aumentar o rendimento do atleta (embora momentaneamente) durante a prática esportiva, é outro fator que deve ser controlado pelo enfermeiro, a qual coloca a vida do atleta em risco, pois o aumento da pressão cardíaca provoca fortes dores de cabeça, tremores e em caso mais grave acidente vascular encefálico. A disrreflexia autonômica pode ser desencadeada por estímulos dolorosos, mudanças bruscas de temperatura, roupas apertadas entre outros desconfortos.
A enfermagem no processo de cuidar
Para Florence Nightgale (primeira enfermeira a trabalhar com metodologia no trabalho da enfermagem) fatores como ambiente, natureza, ar, luz, energia, silêncio, higiene do ambiente, do corpo e da roupa, é o responsável pela cura do doente. Concordando com isso, Giovanini (2010) afirma que uma visão preventiva de cuidado possui importância significativa no bem estar do paciente.
Na tentativa de encontrar uma definição do que seria enfermagem e do papel do profissional que a pratica, duas definições alcançaram melhor colocação dentro da temática proposta. Esta temática se faz necessária para que se possa conhecer a enfermagem no momento da aplicação de seus conhecimentos e a partir daí observar o resultado de tal ação.
Direcionando o olhar para a prevenção, podemos citar Pires apud Giovanini (2010) que acredita no processo de trabalho dos profissionais de saúde com a finalidade de ação terapêutica de saúde, tendo como objeto o indivíduo ou grupos doentes, sadios ou expostos a risco, empregando medidas curativas, e preventivas como instrumental de trabalho, apresentando o produto final que é a própria prestação da assistência de saúde que é produzida no mesmo momento que é consumida.
A segunda definição vem de Souza (1988) quando a autora aponta a enfermagem como uma arte e uma ciência, que visa o paciente como um todo (corpo, mente e espírito); promove sua saúde espiritual, mental e física, pelo ensino e pelo exemplo; acentua a educação sanitária e a preservação da saúde; envolvendo o cuidado com o doente; com o ambiente e a comunidade, bem como ao indivíduo.
Portanto, ao interpretarmos ambas as autoras acreditamos que a enfermagem não vê e não cuida de fatores isolados, mas sim, de um processo como todo, com visão holística, promovendo o bem estar físico, emocional e espiritual.
Para Giovanini (2010) o ser humano necessita de constantes cuidados para que a partir daí se desenvolva e sobreviva às agressões impostas pela natureza.
Na colocação da enfermagem no contexto do esporte adaptado, pode-se citar Winnick (2006) quando classifica a participação do enfermeiro dentro de uma equipe do esporte adaptado como um profissional de apoio, podendo ocupar um papel de importância no bom desenvolvimento e na implementação do programa de educação física e esportes adaptados, ajudando na interpretação das informações necessárias para o planejamento da educação individualizada.
Para Prando (2009) o objetivo principal do envolvimento do profissional enfermeiro com o paciente é a busca pela saúde, traçando planos e metas na busca deste objetivo.
Conforto e segurança dentro da quadra
Outro fator de grande importância dentro das ações de enfermagem, é o cuidado na manipulação do atleta durante o período de jogo, ou seja, período dentro de quadra. A mudança da cadeira de rodas usada diariamente (cadeira de passeio) para a cadeira de rodas usada para a prática do rugby (cadeira de jogo), que devido ao posicionamento do atleta neste tipo de cadeira, pode ocasionar o descolamento do uripen, a desconexão da bolsa coletora ou a abertura da trava de segurança, ocasionando perda de urina, umidade no uniforme, odor e vazamento de urina na quadra, essa situação deve ser evitada sempre que possível, pois, trás desconforto ao atleta aumentando assim sua ansiedade, o que poderá diminuir sua concentração e rendimento no jogo. O enfermeiro deve estar atento para esta intercorrência, verificando e checando todos os pontos de conexão da sonda e ou bolsa coletora.
Dessa maneira observa-se que cada autor aponta como necessidade, cuidados específicos devido ao alto grau de dependência destes indivíduos portadores de LM ou tetraplegia.
Metodologia
Os dados obtidos para realização desta pesquisa foram colhidos através de levantamentos de dados buscados na literatura e através de pesquisa de campo onde participaram do estudo indivíduos tetraplégicos por lesão da medula espinhal, num total de 08 indivíduos do sexo masculino, atletas da categoria rugby adaptado da equipe tricampeã brasileira ADEACAMP (Associação de Esportes Adaptados de Campinas) e da equipe APC (Associação Paralímpica de Campinas) na primeira e segunda divisão da categoria rugby em cadeira de rodas sendo ambas as equipes da faculdade UNICAMP da cidade de Campinas-SP, durante os campeonatos brasileiro de 2010 e 2011, durante viagem e estadia junto com estes atletas, prestando cuidados integrais de enfermagem, por um período de vinte dias.
O questionário foi entregue pessoalmente aos atletas contendo questões fechadas sobre os cuidados diários realizados pelo enfermeiro. E teve como principal objetivo observar a colaboração e a importância de um profissional enfermeiro dentro desta equipe, assim como a importância dos cuidados prestados em relação ao rendimento deste atleta dentro de quadra. Para melhor análise dos resultados colocou-se as respostas obtidas em forma de gráficos. Assinaram também o termo de consentimento livre e esclarecido para participação nesta pesquisa estando em conformidade com os parâmetros da resolução de ética em pesquisa envolvendo seres humanos nº. 196/96.
Resultados
De acordo com as respostas obtidas através da aplicação do questionário pode-se ter uma visão positiva em relação aos cuidados prestados pelo enfermeiro. Os gráficos 2, 5 e 6 mostram os cuidados diários com higiene, auxilio e conforto, o procedimento realizado pelo enfermeiro mais votado por eles (talvez porque a não realização de tal procedimento, cause mal estar e disreflexia autonômica) foi o esvaziamento intestinal. Já os gráficos 3 e 4 apresenta de acordo com seu resultado a confiança que estes atletas depositam no profissional enfermeiro quando apresentam suas queixas e quando ocorrem situações de emergência no cuidado. Embora um dos atletas não consiga perceber esta diferença. A maioria dos atletas conseguem perceber a postura diferenciada do enfermeiro na solução de suas queixas e necessidades.
Os gráficos 7 e 8 onde a temática proposta foi em relação à presença do enfermeiro, não na realização de cuidados de higiene, conforto e auxilio, mas como ponto de apoio emocional e como membro da comissão técnica esportiva, o resultado de tal análise trouxe um espaço bastante favorável ao enfermeiro, pois o fator segurança e confiança aparecem em maior número e sua capacidade em relação à aptidão de estar inserido na equipe é unânime, ou seja, 100% dos atletas concordam que o enfermeiro é apto e útil dentro desta equipe do esporte adaptado.
O gráfico 9 apresenta o resultado de um procedimento em relação a uma situação bastante estressante ao atleta, o exame de doping, o qual caracteriza a possibilidade de continuar jogando ou não, mesmo nesta situação tão delicada, o enfermeiro obteve total confiança por parte dos atletas, oferecendo cuidados, apoio e representatividade. No caso de uma equipe de atletas do esporte adaptado, a observação por parte do enfermeiro é bastante útil e sua atuação pode ser também voltada nos cuidados em questão ao conhecimento das drogas que caracterizam doping pelo Comitê Paralímpico Brasileiro.
Sendo que os cuidados oferecidos pelo profissional enfermeiro relacionados abaixo, foram classificados na opinião dos atletas os 3 mais importantes:
Gráfico 1. Cuidados realizados pelo enfermeiro
Podemos assim observar que embora o cuidado de esvaziamento intestinal tenha sido considerado o cuidado de maior importância pelos atletas, existem vários cuidados diários necessários.
A presença do enfermeiro dentro da equipe em questão, foi avaliada no item 2 do questionário e segue abaixo o resultado segundo opção dos atletas
Gráfico 2. Presença do enfermeiro na equipe (rugby adaptado)
O resultado mostra que o profissional enfermeiro possui um papel de importância dentro da equipe. Sendo, o “cuidar”, seu maior destaque.
Já no caso de uma situação de urgência ou emergência os atletas classificam a postura do enfermeiro diferente da postura dos outros profissionais da equipe?
Gráfico 3. Postura do enfermeiro em caso de emergência
A questão de ser o enfermeiro é um profissional diferenciado dentro da equipe, pois direciona seu olhar para conforto e bem estar do atleta, também foi questionada e obteve resultado satisfatório para este profissional
Cuidados corretos com a higiêne, integridade da pele, esvaziamento vesical, esvaziamento intestinal podem refletir no desempenho do atleta dentro da quadra e isso pode ser avaliado de acordo com o resultado abaixo.
Gráfico 4. Reflexo dos cuidados no desempenho do atleta
Esses resultados mostram que o enfermeiro ocupa um papel fundamental de contribuição e apoio dentro de uma equipe do esporte adaptado formada por atletas portadores de tetraplegia sendo sua maior contribuição os cuidados com a higiene pessoal e o controle de sinais e sintomas característicos do portador desta deficiência.
Já na manutenção da qualidade de vida do atleta portador de lesão raquimedular foi classificado a mais difícil de realizar na opinião dos atletas
Gráfico 5. Opinião dos atletas sobre os cuidados diários
O esvaziamento intestinal obteve o maior número de respostas, seguido da mudança da posição postural, indicando situações delicadas onde o atleta necessita de apoio e profissionalismo para a realização de tais cuidados, sem comprometimento de sua estabilidade.
Em relação ao profissional enfermeiro dentro da equipe, o atleta pode expressar qual o sentimento transmitido?
Gráfico 6. Sentimento em relação à presença do enfermeiro na equipe (rugby adaptado)
O resultado obtido através desta questão mostra que o profissional enfermeiro possui dentro de suas habilidades profissionais, capacidade de transmitir segurança aos atletas, este fator é bastante significativo, pois diminui a ansiedade, refletindo no desempenho do atleta em quadra.
Essas questões colocaram o enfermeiro como profissional apto para acompanhar e auxiliar atletas de rugby adaptado, prestando cuidados e solucionando problemas
Gráfico 7. Enfermeiro solucionador de problemas junto aos atletas (rugby adaptado)
Este resultado mostra a confiança depositada no profissional enfermeiro por parte da equipe esportiva, tanto na condição de cuidador, como na condição de agente solucionador de problemas.
O gráfico a seguir demonstra que o enfermeiro reúne aptidões necessárias para o auxílio e cuidado com o atleta do esporte adaptado durante o exame antidoping.
Gráfico 8. O enfermeiro e o exame antidoping
O papel de orientação e fiscalização por parte do enfermeiro é bem aceita pelos atletas, inclusive a sua participação na realização do exame antidoping.
Discussão
Através do estudo desenvolvido por Cafer (2005) exposto na tabela 1 avaliando o alto grau de comprometimento e a necessidade dos cuidados de enfermagem que os indivíduos com LM exigem, a autora aponta conhecimentos, capaz de nortear as ações de enfermagem, com a finalidade de prestar uma assistência especializada ao paciente tetraplégico, promovendo a recuperação da sua saúde, auxiliando na reabilitação e prevenindo complicações, possibilitando assim, que o mesmo reassuma sua autonomia, com retorno ao seu ambiente social. Estas ações são preocupações importantes da enfermeira, enquanto elemento da equipe multiprofissional, e de acordo com as respostas obtidas observamos que cuidados como esvaziamento intestinal e sondagem vesical são de grande importância para estes atletas e o enfermeiro é o profissional habilitado para tais procedimentos.
Ao analisarmos a tabela construída por Cafer (2005) podemos observar não só o trabalho do enfermeiro na execução de cuidados de higiene e eliminações fisiológicas, como também cuidados preventivos com a pele para prevenção de feridas e cuidados para controle da disreflexia, observando também cuidados de proteção no controle da ansiedade e da dor, trazendo assim resultados específicos e seguros.
Quando Giovanini (2010) afirma que o cuidado de enfermagem é a própria prestação da assistência de saúde produzida ao mesmo tempo em que é consumida, a autora certamente dirigiu o olhar para o cuidado executado de maneira .correta, trazendo bem estar e no caso em questão, trazendo bom rendimento aos atletas.
Métodos que podem ser inseridos dentro de uma equipe do esporte adaptado, com olhar crítico e cuidado integral, onde o bem estar e o rendimento do atleta devem caminhar lado a lado.
Cuidados são fundamentais para qualquer pessoa e assim devem ser sempre trabalhado para que sua execução seja a melhor possível.
O trabalho de maneira de sistematizada obedecendo à metodologia traz segundo Scramin (2006) a eliminação de sintomas de desconforto, procedimentos como banho, descanso e alimentação, necessitam de horários adequados e ambiente favorável sendo papel do enfermeiro proporcionar tais cuidados que trazem benefícios ao atleta.
Quando Winnick (2005) cita o enfermeiro como profissional de apoio dentro de uma equipe esportiva o autor não só apóia a atuação deste profissional, como também o inclui dentro da equipe multidisciplinar, fator que aumentará a qualidade no desempenho dos atletas.
Avaliando os resultados a aceitação das intervenções realizadas pelo enfermeiro e a visão de cuidados preventivos deste profissional faz com que seu conhecimento seja útil dentro desta equipe. Os cuidados oferecidos de maneira correta, trás conforto e segurança e melhor desempenho do atleta. Na questão do exame antidoping (de caráter obrigatório aos atletas), a atuação do enfermeiro pode ser observada na questão do conhecimento de drogas que são proibidas ou permitidas, seus efeitos colaterais e tempo de ação.
O papel de orientação e fiscalização por parte do enfermeiro é bem aceita pelos atletas, inclusive a sua participação na realização deste exame, transmitindo segurança e confiança devido a sua formação e o senso comum que delega ao enfermeiro o papel de cuidar e proteger.
De acordo com as respostas obtidas pode-se ter uma visão positiva em relação aos cuidados prestados pelo enfermeiro considerando-o um membro da equipe multidisciplinar do esporte adaptado (rugby) em cadeira de rodas.
Conclusão
A análise dos dados apresentados na tabela 1 mostra os diagnósticos associados com os respectivos cuidados de enfermagem, necessários para manutenção da qualidade de vida diária de um indivíduo com LM. Já a analise dos gráficos mostra a intervenção da enfermagem para esses cuidados e a resposta destes indivíduos a algumas destas intervenções.
Conclui-se então que as respostas mostraram-se favoráveis ao profissional enfermeiro, onde fatores como segurança e confiança atingiram maior porcentagem na opinião dos atletas oferecendo assim um espaço confortável dentro da equipe esportiva estudada. Sendo que em sua formação voltada para o cuidado consegue manter este padrão de conforto dentro de um parâmetro de tranqüilidade física e emocional, gerenciando e controlando problemas de base e problemas secundários em relação à saúde e bem estar do atleta.
Partindo assim do pressuposto que o individuo portador de LM possui um alto grau de comprometimento de sua autonomia e grande dependência para realização dos cuidados de manutenção da vida, o enfermeiro obteve aprovação por parte da equipe estudada para a execução destes cuidados. Visando sempre melhor condição nos cuidado para que haja melhor rendimento e desempenho, o profissional enfermeiro torna-se figura essencial para um bom resultado destes atletas com um programa de cuidados contínuos e seguro, trabalhando junto à equipe multidisciplinar dentro do esporte adaptado.
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