Nível de atividade física e
qualidade de vida Nivel de actividad física y calidad de vida de los empleados del CEFET, MG |
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*Graduando em Educação Física (Bacharelado) pela Universidade Federal de Lavras **Docente do curso de Educação Física da Universidade Federal de Lavras ***Laboratório de Estudos Anatômicos e Riscos Cardiovasculares – LEARC (Brasil) |
Marcos Tadeu Siervuli Ferreira* ** Isabela Spuri Silvestrini* *** Jeiele Rebeca da Silva Ribeiro* *** Cintia Campolina Duarte Rocha** Giancarla Aparecida Botelho Santos** *** |
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Resumo A qualidade de vida é definida como: “A percepção que uma pessoa tem da sua vida, no contexto do sistema de valores e da cultura em que vive; em relação às suas metas, expectativas, padrões e interesses”. Estudos epidemiológicos mostram que hoje em dia não há como falar em qualidade de vida (QV) sem relacionar o nível de atividade física (NAF), seja ela relacionada ao trabalho, recreação, esporte, exercício ou lazer. O objetivo deste estudo foi avaliar e identificar a relação do NAF e QV dos servidores do CEFET/MG. Foram avaliados 21 indivíduos, com média de idade de 31 ± 9 anos. O inventário foi realizado através da aplicação do questionário 36-item Short-Form Health Survey (QV SF 36) e do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão longa. Foi realizada uma análise descritiva, expressada em médias e desvio padrão. Para a distribuição da amostra foi adotado o teste de Anova Newman-Kels e para comparação teste “t” Student não pareado. Foram consideradas significativas as análises estatísticas cujo p<0,05. Como resultado, 33% dos indivíduos foram classificados como sedentários em relação ao NAF, 43% como irregularmente ativos A e B e 24% como ativos. Ao comparar os domínios do questionário de QV SF 36 entre os três grupos (sedentários, irregularmente ativos A e B e ativos), foram observadas diferenças estatisticamente significantes apenas nos domínios dor e vitalidade. O grupo de indivíduos ativos apresentou menor escore no domínio dor e o grupo de indivíduos sedentários, menor escore no domínio vitalidade. Tais dados sugerem a necessidade de incentivo a prática esportiva regular e supervisionada, uma vez que a pequena parcela de indivíduos ativos apresentou baixos domínios de QV. No entanto, maiores investigações são necessárias, para verificar se uma prática esportiva regular e supervisionada melhora a percepção de QV desses indivíduos. Unitermos: Qualidade de vida. Nível de atividade física. QV SF 36. IPAQ versão longa.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O conceito de qualidade de vida (QV) é em grande parte individualizado e sofre influência de diversos fatores ao longo da vida, sendo que, existe um consenso em torno da idéia de que são múltiplos os fatores que determinam a QV de pessoas ou comunidades. Normalmente esses fatores estão associados ao estado de saúde, longevidade, satisfação no trabalho, salário, lazer, relações familiares, disposição, prazer e até espiritualidade. E ainda em um sentido mais amplo, pode ser definida como uma medida da dignidade humana3.
Estudos no Brasil e no mundo discutem o conceito de QV e os instrumentos mais adequados para sua avaliação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define QV como sendo: “A percepção que uma pessoa tem da sua vida, no contexto do sistema de valores e da cultura em que vive; em relação às suas metas, expectativas, padrões e interesses.
Para melhor compreensão do conceito QV, deve-se diferenciá-lo do estado de saúde por meio de três dimensões principais: saúde mental, função física e função social. Para o estado de saúde, o fator mais importante é a função física. Para a QV torna-se importante também a saúde mental e o bem-estar psicológico e social. Dessa forma, instrumentos diferentes devem ser utilizados para a avaliação da QV e do estado de saúde1,2.
Um dos principais fatores que contribuem para melhorar a QV é a prática regular de atividade física, que realizada de forma adequada e orientada, diminui os efeitos de uma vida sedentária e pouco saudável. No entanto, estudos populacionais demonstram existir um número cada vez maior de indivíduos sedentários quando nos referimos ao nível de atividade física, seja ele no trabalho, em casa ou por lazer.
Até recentemente havia uma tendência de se pesquisar somente a atividade física de lazer, já que o indivíduo tem maior controle dessas atividades, o que resultaria em informações mais confiáveis. No entanto, hoje em dia, percebe-se que a avaliação somente da atividade física de lazer leva a uma subestimação da atividade física total, especialmente a atividade física no trabalho e como meio de transporte12.
O senso comum julga que a relação entre atividade física e QV é positiva e linear. Embora isso não seja provavelmente verdadeiro, é possível que a associação entre elas dependa da população, da faixa etária e do nível de aptidão física da população estudada13, 12. Sendo assim, não há como falar em QV sem relacionar o nível de atividade física (NAF) do indivíduo, seja ela relacionada ao trabalho, recreação, esporte, exercício ou lazer.
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho consistiu em avaliar o nível de atividade física dos Servidores do CEFET/MG e verificar se há uma relação linear entre a prática de atividade física e a percepção de qualidade de vida desses indivíduos.
Metodologia
Foram avaliados 21 indivíduos de ambos os gêneros e com idade de 31 ± 9 anos. A QV relacionada à saúde foi analisada através do questionário 36-item Short-Form Health Survey (SF 36), que computa, de forma global, os aspectos mais importantes relacionados à QV dos indivíduos. São 36 itens que avaliam as seguintes dimensões: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental8. Para cada uma das oito dimensões obtém-se um escore, sendo que quanto maior o valor obtido, mais positivo é a qualidade de vida do indivíduo.
Para verificar os níveis habituais de atividade física entre os participantes, foi aplicado o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão longa. A avaliação leva em consideração a duração e frequência das atividades físicas realizadas em uma semana, considerando-se apenas sessões superiores a 10 minutos contínuos. Os resultados do questionário possibilitam a categorização dos indivíduos em cinco grupos: sedentários, irregularmente ativos A e B, ativos e muito ativos. Este é um instrumento validado e amplamente utilizado em diversas populações7.
Após a exposição dos objetivos e metodologia do estudo, todos os participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Cada voluntário respondeu individualmente seus questionários após uma breve explicação dos pesquisadores.
Foi realizada uma análise descritiva, expressada em médias e desvio padrão. Para a distribuição da amostra foi adotado o teste de Anova Newman-Kels e para comparação teste “t” Student não pareado. Foram consideradas significativas as análises estatísticas cujo p < 0,05. O cálculo dos escores do QV SF 36 foi feito através de cálculo de cada um dos domínios (capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental) e soma dos pontos obtidos em cada item relativo ao domínio correspondente, para cada indivíduo14.
Resultados
Em relação ao nível de atividade física como recreação, esportes, exercício e/ou lazer, 33% dos indivíduos foram classificados como sedentários, 43% como irregularmente ativos A e B e 24% como ativos. Nenhum servidor atingiu os indicadores mínimos para ser classificado como muito ativo (figura 1).
Figura 1. Representação em porcentagem do nível de atividade física dos voluntários da pesquisa
(n=21) de acordo com o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão longa
Para melhor compreensão da análise da QV dos servidores, os domínios foram tabulados de acordo com o nível de atividade física (NAF) dos respectivos grupos. Avaliando as análises dos resultados obtidos do questionário QV SF 36 em relação ao nível de atividade física, observou-se que as médias dos domínios analisados foram similares, excetuando apenas os domínios dor e vitalidade. O domínio dor no grupo de indivíduos ativos apresentou escore significativamente menor que os outros dois grupos, enquanto o domínio vitalidade foi significativamente menor no grupo de indivíduos sedentários (tabela 1).
Tabela 1. Relação do nível de atividade física com os domínios do questionário de QV SF 36 (capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor,
estado geral da saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitação por aspectos funcionais e saúde mental) dos indivíduos participantes do estudo (n=21)
Discussão
Considerando a atividade física realizada no lazer, o estudo identificou que dos 21 voluntários que participaram da pesquisa, 1/3 foi classificado como sedentários, sendo que na sua maioria, ou seja, 43% foram classificados como irregularmente ativos e o restante como ativos (24%). O American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda um mínimo de 150 minutos de atividade física de intensidade moderada por semana, a fim de reduzir os fatores de riscos para as doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida15. No entanto, no grupo analisado, observou-se inconstância na prática de atividade física entre os indivíduos, assim como baixo nível de atividade, sugerindo um grupo com maior propensão a desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
É importante ressaltar a importância da atividade física na diminuição dos níveis de riscos à saúde, já que grande parte dos fatores de riscos podem ser influenciados por modificações no estilo de vida, de forma a reduzir os eventos cardiovasculares e aumentar a sobrevida. Além disso, estudos demonstraram que a atividade física de duração e intensidade moderadas são eficazes na redução da tensão muscular esquelética, atenuando o estresse emocional e outros fatores psicossociais relacionados às doenças cardiovasculares16.
O estudo teve como objetivo avaliar se há uma linearidade entre o nível de atividade física e os domínios avaliados pelo questionário QV SF 36 em indivíduos do CEFET/MG, uma vez que acredita-se haver uma relação linear e positiva entre a atividade física e a QV13,12. No entanto, observaram-se diferenças estatisticamente significantes apenas nos escores dos domínios dor e vitalidade. No grupo de indivíduos sedentários, o escore do domínio vitalidade foi significativamente menor que os grupos de indivíduos irregularmente ativos A e B e ativos, sugerindo menor entusiasmo e capacidade para o trabalho dos indivíduos sedentários. No grupo de indivíduos ativos o escore do domínio dor foi significativamente menor, sugerindo que este grupo sente mais dores que os demais grupos.
Estudo realizado por Zacarom et al. (2006) avaliando o aspecto dor em indivíduos idosos após a prática de atividade física, não encontraram relação linear entre o nível de atividade física e a queixa de dor, sugerindo que a implementação de um maior nível de atividade física não é o suficiente para reduzir o aspecto dor, independentemente da idade17. Além disso, sugere a influência de outros fatores, tais como a presença de alterações osteoarticulares. Carr et al. (2001) enfatiza que indivíduos com disfunções ou problemas de saúde não apresentam, necessariamente, baixos escores nos questionários de avaliação da qualidade de vida, o que evidencia a necessidade de análise de outras variáveis relacionadas à QV, tais como o estresse emocional, a carga de trabalho e as patologias apresentadas18.
O presente estudo não avaliou a presença de patologias crônico-degenerativas nessa população, nem a forma de realização de atividade física. Dessa forma, mais estudos avaliando esses aspectos são necessários para maiores esclarecimentos.
Quanto ao aspecto vitalidade, o menor escore encontrado no grupo de indivíduos sedentários, aponta menor capacidade física neste grupo do que nos indivíduos que realizam algum tipo de atividade física. Este achado corrobora com os resultados obtidos por Costa & Duarte (2002), onde os autores observaram que a prática do exercício físico melhora a resistência aeróbia geral e localizada, além de melhorar as habilidades motoras, tais como a coordenação, equilíbrio, ritmo entre outras19.
No estudo de Pimenta et al. (2008), ao avaliar a qualidade de vida de idosos, encontraram que a prática de atividade física de forma regular estava associada com uma melhor qualidade de vida nos domínios “capacidade funcional”, “estado geral de saúde”, “vitalidade”, “aspectos sociais” e “saúde mental”14. Mota et al. (2006), observou relação da percepção de qualidade de vida associada à saúde com a prática de atividade física20.
Embora no presente estudo não tenha sido avaliado qual o tipo de atividade física realizada pelos indivíduos classificados como ativos, sua frequência semanal e como era realizado, a não observância de diferenças nos domínios apresentados em função do nível de atividade física, excetuando os domínios dor e vitalidade, sugere a realização de exercício físico de forma irregular e não supervisionada. Além disso, a idade da amostra é diferente da idade das amostras dos trabalhos de Pimenta et al. (2008) e Mota et al. (2001). Talvez no grupo de indivíduos mais jovens a atividade física não interfira tanto na QV, ao contrário da população idosa.
Conclusão
Os resultados obtidos no presente estudo sugerem influência da atividade física na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos do CEFET/MG, ressaltando a necessidade de intervenção com programas de atividade física de forma regular e planejada. Intervenções neste sentido são necessárias para esclarecer melhor a influência da atividade física na QV desta população.
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