efdeportes.com

Comparação na motivação para a prática esportiva entre 

duas equipes profissionais de futsal da categoria adulto

Comparación de la motivación para la práctica deportiva entre dos equipos profesionales de futsal de categoría adulto

 

*Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Especialista em Treinamento Desportivo pela UFPR

**Membro do ACSM. Professor do curso de graduação e pós-graduação em Educação Física

da UFPR. Coordenador da especialização em Fisiologia do Exercício da UFPR

Doutor em Fisiologia do Exercício pela Universidade de Pittsburgh, USA

***Membro da NSCA. Professor do curso de graduação em Educação Física da UFPR

Coordenador da especialização em Treinamento Desportivo da UFPR

Mestre e doutorando em Educação Física e Esporte pela UFPR

Cristovão Pedro Maia

Sérgio Gregório da Silva

Julimar Luiz Pereira

julimarpereira@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Dentre as temáticas de estudo da psicologia do esporte, a motivação talvez seja uma das mais importantes possibilidades de intervenção na rotina dos atletas, pois, a prática de alguma atividade física regular ou esporte precisa de algum incentivo, ou melhor, motivação. O objetivo deste estudo foi verificar se existem diferenças na motivação para a prática esportiva entre equipes profissionais de futsal da categoria adulto. Foram avaliados 28 atletas de futsal da categoria adulto, sendo 17 atletas da equipe do Paraná Clube e 11 atletas da equipe de Pinhais. Os dados foram coletados através do Inventário de Motivação para a prática desportiva de Gaya e Cardoso (1998) e foi utilizado o programa estatístico SPSS 13.0 para análise dos dados. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas entre os clubes em nenhuma das 8 categorias presentes no inventário. Possivelmente não houve diferenças relevantes entre os grupos pela pouca diferença de idade apresentada pelos participantes, assim, sugere-se que outros estudos sejam realizados com uma faixa etária mais ampla para verificar se há diferença na motivação dos participantes.

          Unitermos: Psicologia do esporte. Motivação. Futsal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    A parte psicológica é um fator fundamental na formação do atleta, além da parte física, técnica e tática. Sendo assim, pode-se afirmar que a psicologia é uma ferramenta fundamental no esporte. Dentre as temáticas de estudo da psicologia do esporte, a motivação talvez seja uma das mais importantes possibilidades de intervenção na rotina dos atletas, pois, a prática de alguma atividade física regular ou esporte precisa de algum incentivo, ou melhor, motivação (ROSOLEN, 2006; ORTIZ et al, s/a), pois, sem ela, um atleta não terá um desempenho satisfatório (HERNANDEZ et al, 2004).

    Para Buriti apud Rosolen (2006), a motivação para a prática esportiva é um assunto muito interessante de ser estudado e pesquisado, pois envolve, além da motivação em si, toda a preparação física e psicológica de atletas, implicando também nas relações humanas entre os atletas, treinadores e/ou educadores físicos.

    Desta forma, torna-se de grande importância para os profissionais da área da ciência do esporte e exercício entenderem os motivos que levam à manutenção da prática da atividade física ou esportiva e se estes motivos diferem de acordo com a categoria em que os atletas se encontram. Pois, de acordo com Cratty apud Sitima (2002), a motivação é um dos fenômenos sociais e culturais mais importantes dos dias atuais. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi verificar se existe diferenças na motivação para a prática esportiva entre equipes profissionais de futsal da categoria adulto.

Metodologia

    Estudo comparativo que procurou verificar se existem diferenças na motivação para a prática esportiva entre duas equipes profissionais de futsal da categoria adulto. A pesquisa foi realizada com 28 atletas profissionais de futsal da categoria adulto, sendo 17 atletas da equipe do Paraná Clube e 11 atletas da equipe de Pinhais.

    Os dados foram coletados através do Inventário de Motivação para a prática desportiva de Gaya e Cardoso (1998), elaborado a partir dos questionários de motivação de Gill et al (1983) (SAUER, 2007, p.30). Ele foi preenchido individualmente, após um treinamento, com a autorização dos técnicos e dirigentes das equipes que participaram do estudo. O Inventário é composto por 30 questões (anexo) divididas em 8 categorias: status (questões 03, 12, 14, 21, 25 e 28), equipe (questões 08, 18 e 22), forma física (questões 06, 15 e 24), energia liberada (questões 04, 05, 13, 16 e 19), outros/situacionais (questões 09, 27 e 30), habilidades (questões 01, 10 e 23), amigos (questões 02, 11, 20 e 26) e diversão (questões 07, 17 e 29). As questões foram avaliadas numa escala Likert de quatro pontos:

    Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS 13.0 com um nível de significância de p<0,05. Foi realizada uma correlação de Pearson entre as 8 sub-escalas do Inventário, além das médias e desvio padrão da idade, tempo de prática do esporte e as médias de cada categoria do instrumento para ambos os clubes investigados.

Resultados e discussão

    Através da análise dos dados podemos verificar que a média da idade dos participantes foi de 22,14 anos, sendo 24,09 anos da equipe de Pinhais e 20,88 da equipe do Paraná Clube. A média do tempo de prática dos participantes foi de 14,03 anos, sendo 13,38 anos da equipe do Paraná Clube e 14,90 da equipe de Pinhais.

    Os resultados obtidos sugerem que os atletas de ambas as equipes atribuíram uma importância maior aos fatores relacionados com a categoria status com médias de 11,23 da equipe do Paraná Clube e 11,09 da equipe de Pinhais, tendo 18,82 na média total. No entanto, os atletas da equipe do Paraná Clube atribuíram menor importância aos fatores relacionados à categoria habilidades e a categoria equipe (médias 3,58). Já os atletas da equipe de Pinhais atribuíram menor importância aos fatores relacionados à categoria forma física e equipe (médias 3,90). Porém, no total, a menor média apresentada foi na categoria outros/situacionais.

    Pesquisadores da área da psicologia do esporte defendem que um atleta se engaja em determinada atividade motivado por um somatório de fatores intrínsecos e recompensas externas. No entanto, no presente estudo, verificou-se que os atletas buscam motivos extrínsecos como o status que, a prática do futsal pode proporcionar, pois, este vem crescendo nos últimos anos e, sua prática pode representar sucesso financeiro para muitos atletas.

    A partir dos dados obtidos através do questionário, foi feita uma análise para verificar se existem diferenças significativas entre os clubes nas categorias do inventário. O quadro 1 representa a análise realizada:

Quadro 1. Comparação entre os clubes com relação às categorias presentes no inventário

Categorias

Correlação

Habilidades

0,173

Amigos

0,128

Status

-0,025

Energia liberada

-0,013

Forma física

-0,310

Diversão

0,113

Equipe

0,111

Outros/ situacionais

0,223

    Assim sendo, podemos observar que com relação à comparação feita entre as equipes não houve diferenças significativas em nenhuma das categorias presentes no inventário (p>0,05).

    Possivelmente, pela pequena diferença de idade apresentada pelos participantes, o estudo não tenha apresentado diferenças relevantes entre os grupos investigados. Sendo assim, sugere-se que outros estudos sejam realizados com uma faixa etária mais ampla para verificar se há diferenças na motivação dos participantes.

    No quadro 2 podemos verificar a análise feita sobre a correlação existente entre as categorias do inventário. Observa-se que houve correlação significativa para p<0,01 entre as categorias habilidades e amigos (p=0,001 e r=0,596), habilidades e status (p=0,000 e r=0,619), habilidades e energia liberada (p=0,003 e r=0,536), habilidades e forma física (p=0,000 e r=0,678) e habilidades e outros/situacionais (p=0,000 e r=0,642). Assim sendo, para o atleta o desenvolvimento das habilidades depende da sua forma física e energia liberada por ele, assim como as habilidades desenvolvidas com o treinamento podem representar uma melhora no seu status perante os amigos ou até na sua carreira como jogador.

    Também houve correlação significativa para p<0,01 entre a categorias amigos e status (p=0,000 e r=0,651, amigos e diversão (p=0,001 e r=0,582), amigos e equipe (p=0,004 e r=0,530 e amigos e outros/situacionais (p=0,003 e r=0,541). E, para p<0,05, houve correlação significativa entre amigos e forma física (p=0,011 e r=0,475). Os atletas consideram que um ambiente de amizade e diversão influencia positivamente na sua forma física, melhorando seu status perante o grupo e favorecendo a união entre a equipe.

    Entre as categorias status e energia liberada houve correlação significativa para p<0,01 (p=0,001 e r=0,575) e entre as categorias status e equipe também houve correlação significativa (p=0,001 e r=0,574). Para p<0,05 também houve correlação significativa entre status e forma física (p=0,011 e r=0,476), status e diversão (p=0,011 e r=0,471) e status e outros/situacionais (p=0,012 e r=0,468). O atleta julga que através de seu esforço pode melhorar sua forma física e, através desta melhorar seu status. Também acredita que um ambiente divertido, com equipamentos e treinamento adequados, assim como a união da equipe, podem contribuir para a melhora do seu status.

    Houve correlação significativa para p<0,01 entre as categorias energia e outros/situacionais (p=0,000 e r=0,679), entre energia e forma física houve correlação significativa para p<0,05 (p=0,010 e r=0,460).

    A categoria forma física apresentou correlação significativa para p<0,05 com a categoria outros/situacionais (p=0,043 e r=0,385). Também teve correlação significativa para p<0,01 entre forma física e diversão (p=0,002 e r=0,568) e energia e diversão (p=0,000 e r=0,646). Para o atleta, um ambiente onde tenha diversão tem influência positiva na liberação de energia e, conseqüentemente, na sua forma física. Porém, sua forma física tem relação direta, também, com os equipamentos e o treinamento da equipe.

    Para p<0,05 houve correlação significativa entre as categorias diversão e outros/situacionais (p=0,000 e r-0,662), e, para p<0,01 entre diversão e equipe (p=0,027 e r=0,419). A categoria outros/situacionais teve correlação significativa para p<0,05 com a categoria equipe (p=0,030 e r=0,410). A categoria outros/situacionais inclui os pais, amigos próximos, treinadores, equipamentos e instalações. Pode-se dizer então que, para o atleta, no ambiente familiar ou desportivo a presença da diversão é importante para facilitar as relações interpessoais vivenciadas, assim como a união do grupo.

Quadro 2. Correlação entre as categorias presentes no inventário

 

Categorias

 

Habilidades

Amigos

Status

Energia

Forma

Diversão

Equipe

Outros

Habilidades

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

1

 

 

 

 

 

28

,596**

 

 

,001

 

 

28

,619**

 

 

,000

 

 

28

,536**

 

 

,003

 

 

28

,678**

 

 

,000

 

 

28

,356

 

 

,063

 

 

28

,350

 

 

,068

 

 

28

,642**

 

 

,000

 

 

28

Amigos

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,596**

 

 

,001

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,651**

 

 

,000

 

 

28

,352

 

 

,066

 

 

28

,475*

 

 

,011

 

 

28

,582**

 

 

,001

 

 

28

,530**

 

 

,004

 

 

28

,541**

 

 

,003

 

 

28

Status

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,619**

 

 

,000

 

 

28

,651**

 

 

,000

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,575**

 

 

,001

 

 

28

,476*

 

 

,011

 

 

28

,471*

 

 

,011

 

 

28

,574**

 

 

,001

 

 

28

,468*

 

 

,012

 

 

28

Energia

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,536**

 

 

,003

 

 

28

,352

 

 

,066

 

 

28

,575**

 

 

,001

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,460*

 

 

,014

 

 

28

,646**

 

 

,000

 

 

28

,333

 

 

,083

 

 

28

,679**

 

 

,000

 

 

28

Forma

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,678**

 

 

,000

 

 

28

,475*

 

 

,011

 

 

28

,476*

 

 

,011

 

 

28

,460*

 

 

,014

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,568**

 

 

,002

 

 

28

,258

 

 

,185

 

 

28

,385*

 

 

,043

 

 

28

Diversão

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,356

 

 

,063

 

 

28

,582**

 

 

,001

 

 

28

,471*

 

 

,011

 

 

28

,646**

 

 

,000

 

 

28

,568**

 

 

,002

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,419*

 

 

,027

 

 

28

,662**

 

 

,000

 

 

28

Equipe

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,350

 

 

,068

 

 

28

,530**

 

 

,004

 

 

28

,574**

 

 

,001

 

 

28

,333

 

 

,083

 

 

28

,258

 

 

,185

 

 

28

,419*

 

 

,027

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

,410*

 

 

,030

 

 

28

Outros

Pearson Correlation

 

Nível sig. (2-tailed)

 

N

,642**

 

 

,000

 

 

28

,541**

 

 

,003

 

 

28

,468*

 

 

,012

 

 

28

,679**

 

 

,000

 

 

28

,385*

 

 

,043

 

 

28

,662**

 

 

,000

 

 

28

,410*

 

 

,030

 

 

28

1

 

 

 

 

 

28

*Correlação significativa para valores menores que 0,05.

**Correlação significativa para valores menores que 0,01.

Conclusão

    Através dos resultados obtidos no presente estudo conclui-se que não houve diferença significativa na motivação entre as equipes profissionais de futsal da categoria adulto em nenhuma das 8 categorias do inventário (p>0,05). Os atletas de ambas as equipes atribuíram a maior média a categoria status (média 11,23 da equipe do Paraná Clube e 11,09 da equipe de Pinhais). Assim, pode-se dizer que os atletas estão buscando status através da prática do futsal, pois, este vem crescendo nos últimos anos e, este pode significar sucesso financeiro para muitos.

    Também foi verificado que as categorias que mais apresentaram correlações significativas foram status e outros/situacionais. Dessa forma, sugere-se que para o atleta todas as outras categorias (habilidades, forma física, diversão, energia liberada) têm relação direta com o sucesso profissional, bem como com os pais, amigos próximos, treinadores, equipamentos e instalações que estão incluídos na categoria outros/situacionais.

    Acredita-se que pela pouca diferença de idade, o estudo não tenha apresentado diferenças relevantes entre os clubes. Assim, sugere-se que outros estudos sejam realizados sobre a motivação para a prática esportiva no futsal abrangendo uma faixa etária maior para verificar a possibilidade de haver diferenças significativas na motivação dos atletas. Além disso, tem crescido o número de adeptos dessa modalidade em todo o mundo. Assim, tanto as características físicas quanto às características psicológicas dos praticantes dessa modalidade merecem ser estudadas mais criteriosamente.

Referências

  • FATURI, P. R. Z. A criança no contexto esportivo: motivos que levaram as crianças a participar do projeto Esporte Escolar da prefeitura municipal de São José – SC. Revista Cinergis, Santa Cruz do Sul, v.2, n. 2, p. 191-206, jul/dez 2001.

  • HERNANDEZ, J. A. E.; VOSER, R. C.; LYKAWKA, M. A. Motivação no esporte de elite: comparação de categorias do futsal e futebol. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Ano 10 - N° 77 - Outubro de 2004. http://www.efdeportes.com/efd77/motiv.htm

  • MARANTE, W. O.; REFFAZ, O. L. Clima motivacional e educação física escolar: relações e implicações pedagógicas. Revista Motriz, Rio Claro, v.12, n.3, p.201-216, set/dez 2006.

  • MORENO, R. M.; COUTO, J. M. C.; SOUZA, A. F.; PRADO, M. M.; MACHADO, A. A. A influência da torcida na performance de jogadores brasileiros de Futsal: um viés da Psicologia do Esporte. Revista Motriz, Rio Claro, v.13, n.4, p.259-265, out/dez 2007.

  • MOSQUERA, J.; STOBAUS, C. Psicologia do Desporto. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1984. 204p.

  • ORTIZ, L. F. R.; VOSER, R. C.; HERNANDEZ, J. A. E. Comparação na motivação para o esporte entre atletas federados masculino e feminino de futsal. Futsal Brasil.

  • PAIM, M. C. C.; PEREIRA, E. F. Fatores motivacionais dos adolescentes para a prática de capoeira na escola. Revista Motriz, Rio Claro, v.10, n.3, p.159-166, set/dez 2004.

  • PEREIRA, N. B. Análise dos fatores motivacionais na performance dos atletas de futsal da categoria infantil na cidade de Caratinga. 44 p. Monografia. EF/UNEC, Caratinga, 2008.

  • ROSOLEN, M. Futsal Feminino: A motivação para o esporte em atletas universitárias de futsal feminino. RS, 2006. Futsal Brasil.

  • SAUER, J. C. Motivação no futebol: comparação entre atletas das categorias juvenil e júnior. 41 f. Monografia. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007

  • SCHEFER, L. H. Análise motivacional na iniciação no futsal. 48 f. Monografia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1998.

  • SINGER, R. N. Psicologia dos esportes: mitos e verdades. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977. 116p.

  • SITIMA, B. V. C. A ascensão social como fator motivacional na busca pela prática do futebol. 31 f. Monografia Licenciatura. Universidade Federal do Paraná; Curitiba, 2002.

  • STEFANELLO, J. M. F. Treinamento de competências psicológicas: em busca da excelência esportiva. Barueri, SP: Minha editora: Manole, 2007. 185p.

  • THOMAS, A. Esporte: Introdução à Psicologia. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1983. 233p.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 178 | Buenos Aires, Marzo de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados