Inatividade física e fatores associados entre usuários da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié, BA La inactividad física y los factores asociados entre usuarios de la Estrategia de Salud de la Familia del municipio de Jequié, BA Physical inactivity and associated factors among users of Health Strategy of the Family of city Jequie, BA |
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*Graduadas em Educação Física pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB **Professor Orientador, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Feira de Santana, UESF. Núcleo de Estudos em Saúde da População, UESB (Brasil) |
Rafaela Gomes dos Santos* Lúcia Midori Damaceno Tonosaki* Michele Cardoso Silva* Geisa Albertino Ferreira* Ana Cláudia Cruz de Carvalho* Larissa Silva Ramos* Saulo Vasconcelos Rocha** |
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Resumo O presente estudo objetivou-se avaliar a prevalência e os fatores associados da inatividade física entre os usuários da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Jequié, BA. Estudo de corte transversal. A amostra foi constituída de 66 indivíduos, com faixa etária de 17 a 76 anos, usuários da ESF, selecionados por conveniência. Na coleta de dados foi utilizado um questionário contendo informações sociodemograficas, ocupacionais e avaliação do nível de atividade física, por meio do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) na versão curta. Na análise dos dados foram utilizados procedimentos da estatística descritiva. Entre os entrevistados, 71,2% são ativos e 28,8% são considerados insuficientemente ativos. Maiores proporções de inativos são do sexo feminino e entre os que possuem maior nível econômico. O elevado número de ativos fisicamente é um achado relevante que destoa da realidade dos estudos nacionais e internacionais. Recomenda-se a condução de um estudo mais abrangente que envolva uma amostra maior e que identifique as dimensões da atividade física, no sentido de oferecer melhor insumos para futuras ações de promoção de atividades físicas na ESF. Unitermos: Atividade física. Estratégia de Saúde da Família. Sedentarismo.
Abstract The present study aimed to evaluate the prevalence and associated factors of physical inactivity among the users of the Family Health Strategy (ESF) of the municipality of Jequie, BA. Study of cross section. The sample was consisted of 66 individuals, with age range of 17 to 76 years, users of the ESF, selected by convenience. In the collection of data was used a questionnaire containing sociodemographic information, occupational and assessment of the level of physical activity, through the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) short version. In the data analysis was used procedures of descriptive statistics. Among the respondents, 71.2% are active and 28.8% are considered insufficiently active. Larger proportions of inactive are female and between those who have higher economic level. The high number of physically active is an important finding that clashes with the reality of the national and international studies. It’s recommended to conduct a more comprehensive study involving a larger sample and that identifies the dimensions of physical activity, in order to offer better inputs for future actions for the promotion of physical activities in the ESF. Keywords: Physical Activity. The Family Health Strategy. Sedentary lifestyle.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Educação Física passou a ganhar espaço na saúde coletiva, a partir da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), e da criação do Núcleo de atenção à saúde da Família (NASF). Este avanço evidenciado nas discussões teóricas tem relação direta com a transição epidemiológica e com o aumento acentuado das doenças associadas à inatividade física, fatores que fazem da atividade física, bem como dos profissionais dessa área, ser cada vez mais requisitados na promoção da saúde dos grupos populacionais (ROCHA, 2011).
A atividade física, fator determinante no sucesso do processo de prevenção de doenças crônico-degenerativas e promoção da saúde é conceituada por Caspersen, Powell, Christenson (1985) como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que ocorra gasto energético.
No entanto, a prática de atividade física sofreu mudanças históricas, como o advento das tecnologias, a superpopulação dos centros urbanos e o aumento das desigualdades sociais. Esses e outros fatores associados, elencados pela OMS (Organização Mundial de Saúde, 2004) contribuíram de forma significativa para a inatividade física da população.
Desta forma, a inatividade física tornou-se um problema de saúde pública, por elevar o risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), especialmente as afecções cardiovasculares, a diabetes tipo 2, o câncer de mama e o de cólon, a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o sobrepeso e/ou obesidade, bem como as complicações cardiovasculares (ALVES, 2010).
De acordo coma Análise da Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, da Organização Mundial da Saúde (2004), desde a década de 60, as doenças cardiovasculares (DCV) lideram as causas de óbito no Brasil, sendo as DCNT responsáveis, pelo maior número dos óbitos e das despesas com assistência hospitalar no SUS, o que totalizou cerca de 69% dos gastos com atenção à saúde no ano de 2002.
Estes dados demonstram que a prevalência de inatividade física caracteriza-se como um fator de risco para morbi-mortalidade cardiovascular, de modo que o indivíduo que deixa de ser sedentário e começa a praticar atividade física, reduz em 40% o risco de morte por doenças cardiovasculares. No entanto estima-se que 50% dos indivíduos que começam um programa de exercício físico interrompem-no nos primeiros seis meses (ROBISON, ROGERS 1994, apud FECHIO, MALERBI, 2004).
A este respeito, constata-se que apesar dos inúmeros benefícios conhecidos acerca da atividade física, ainda existe uma grande parcela da população que é inativa ou que se exercita em níveis insuficientes para alcançar resultados satisfatórios à saúde. Podendo ser este fato gravado pelo escore dos programas de atividade física no âmbito da saúde pública no Brasil.
No que se refere aos programas de saúde coletiva, estes tiveram grandes avanços em nosso País historicamente. Com a reforma sanitária, foram redefinidas as prioridades da política do Estado na área de saúde pública, sendo definida na Constituição Brasileira de 1988, como um direito de todos e dever do Estado, garantida a partir de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da mesma (ROCHA, 2011).
Assim, na busca por tornar os serviços de saúde mais equânimes e resolutivos, surge o Programa de Saúde da Família (PSF) criado em 1994 pelo Ministério da Saúde, que tem por objetivo a reorganização da prática assistencial com novas bases e critérios em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura de doenças e para o âmbito hospitalar. No PSF, a atenção básica está centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social, o que vem possibilita às equipes multidisciplinares uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas (FRANCO e MEHRY, 1999).
No ano de 2008, por meio da portaria GM nº 154, de 24 de Janeiro, o Ministério da Saúde, cria os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), que objetiva ampliar as ações da Atenção Primária à Saúde (APS) apoiando à inserção da ESF, expandindo a abrangência, a resolutividade, a territorialização e regionalização (BRASIL, 2009).
No que concerne a atuação do profissional de Educação Física no NASF, este deve intervir junto às equipes multiprofissionais, promovendo as práticas de atividades físicas, que abordem as diversas manifestações da cultura corporal, com ênfase em exercícios físicos, por meio de atividades físicas coletivas e de caráter individual (ROCHA, 2011).
Nesse sentido, cada vez mais, fica evidente maior aproximação da Educação Física com a saúde pública, porém muito ainda precisa ser feito para que se alcancem os objetivos dos programas de saúde. Gomes et al. (2009) afirma que é relevante observar os níveis de inatividade física habitual dos grupos populacionais por meio da realização de estudos comparativos associando as dimensões de atividade física com outras variáveis (atividades domésticas, lazer, esporte, transporte e ocupação/trabalho) o que permitirá o conhecimento das diferentes características da população (usuários dos programas de saúde) de acordo com os escores de atividade física específica.
Pitanga e Lessa (2008) ressaltam as contribuições que estes estudos podem trazer para a saúde pública conscientizando a população sobre a importância da prática de atividade física e prevenção através da supervisão e acompanhamento de profissionais da área de saúde. Farias Júnior (2008), Cunha et al.(2008) e Gomes et al. (2009) em seus estudos, identificaram que a prevalência da inatividade física habitual associada aos indicadores socioeconômicos e no lazer é alta na população brasileira, principalmente do sexo feminino.
Nesse sentido, considerando a relevância da saúde coletiva, bem como o processo de consolidação (ainda em construção) da Educação Física junto ao SUS, este estudo se propôs avaliar a prevalência e os fatores associados da inatividade física entre os usuários da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié-Ba.
Material ou casuística e métodos
Foi realizado um estudo epidemiológico do tipo corte transversal, entre usuários da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié-BA. O estudo de corte transversal consiste em analisar causa e efeito simultaneamente, permitindo a coleta de dados no mesmo momento, sendo aplicada uma única vez (PEREIRA, 2008).
O município de Jequié, é localizado a 365 km de Salvador, no sudoeste da Bahia, na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata, possui 151.921 habitantes (IBGE, 2010).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2007), em Jequié existem 15 Unidades de Saúde da Família. Para a escolha da unidade de saúde adotou-se os seguintes critérios: a equipe que atende um maior número de família e a que tinha maior tempo de implantação.
Desta forma, selecionou-se a Unidade de Saúde da Família do bairro denominado Itaígara. Após a autorização da Secretaria Municipal de Saúde, entrou-se em contato a coordenadora da Unidade selecionada para a apresentação do objetivo da pesquisa e inicio da coleta de dados.
A amostra foi constituída por sessenta e seis de usuários com faixa etária 17 a 76 anos, de ambos os sexos, selecionada por conveniência.
O período de coleta de dados foi de novembro a dezembro de 2010, no âmbito de uma Unidade de Saúde da Família. Os instrumentos utilizados foram o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) versão curta, e um questionário sócio demográfico com informações pessoais, socioeconômico, ocupacionais e de escolaridade.
O IPAQ é um questionário confiável e completo no que se refere a medidas de atividade física, é de fácil preenchimento sendo um ótimo instrumento para trabalhar em estudos epidemiológicos com objetivo de diagnosticar o nível de Atividade Física da população e prevenir doenças causadas pela inatividade física (PARDINI, 2001). Tem como referência a última semana contendo perguntas em relação à freqüência e duração da realização de atividades físicas moderadas, vigorosas e da caminhada (MATSUDO et al, 2002).
Para a análise dos dados foi utilizado o programa estatístico: SPSS-Statistical Package for Social Science – versão 9.0 for Windows. O estudo seguiu as recomendações da lei nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os entrevistados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual contém informações importantes acerca de sua participação.
Resultados
A média de idade dos indivíduos estudados foi de 40,11 anos. Entre os entrevistados, constatou-se que 54% são do sexo feminino, 51,5% vivem sem companheiro, 45,5% cursaram até o ensino fundamental, 65,2% são da cor preta ou parda. (Tabela I).
A maioria dos sujeitos reside em domicílio próprio (57,6%) e moram com outras pessoas (74,2%). (Tabela I).
Com relação às características ocupacionais uma parcela significativa não possui renda mensal (42,4%); 51,5% não trabalham e 65,2% possuem outras ocupações; 77,8% não têm direito a férias, 87,3% não tem direito a folga; 79,4% não recebem 13º salário. (Tabela I).
Com relação ao meio de transporte utilizado, 43,9% utilizam como meio de transporte andar a pé, carona ou bicicleta (Tabela I).
Tabela I. Características Sociodemográficas e ocupacionais dos usuários
da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié-Ba, 2010
Para analisar os dados referentes à inatividade física, consideramos a classificação em ativos ou inativos da OMS (1998), em que indivíduos que realizam ≥150 minutos de atividade física leve, moderada ou vigorosa por semana são considerados ativos e aqueles que realizam <150 minutos por semana são considerados inativos. Ao avaliar os resultados do nível de atividade física, observou-se que 71,2% são ativos e 28% inativos. Os homens são mais ativos (80%) quando comparados as mulheres (63,9%). No que concerne o estado civil, observa-se que os indivíduos que vivem sem companheiro são mais inativos (29,4%) quando comparado aos que vivem com companheiros (28,1%) (Tabela II).
Os entrevistados que apresentaram nível de escolaridade fundamental e médio estão classificados como os mais ativos (73,3% e 73,1%, respectivamente) revelando que os usuários com nível de escolaridade superior são mais inativos (60%). No que diz respeito à raça/cor observa-se que as pessoas que da cor preta/parda são mais inativas (32,6%). (Tabela II).
A prevalência de inatividade física foi mais elevado entre as pessoas que possuem moradia própria (31,6%) e entre as que moram sozinhas.
Quanto à situação econômica foi observado que os entrevistados que não trabalham e que tem seus gastos custeados são mais ativas (79,4%) do que as que trabalham/outros. (Tabela II).
Observa-se também que a população com menor renda possui uma menor prevalência de inatividade física, pois os usuários que atualmente tem a menor ou nenhuma renda são mais ativos (82,1%) do que aqueles que têm uma renda de até 2 salários mínimos (70,4%) ou acima de 2 salários (45,5%) (Tabela II).
Tabela II. Inatividade Física segundo características Sociodemográficas dos usuários
da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié-BA, 2010
Em relação às características ocupacionais constata-se que as pessoas aposentadas (62,5%), os que não têm férias (30,6%) nem folga (30,9%) os que recebem 13º salário (69,2%) são mais inativos fisicamente (Tabela III).
Tabela III. Inatividade Física segundo características ocupacionais dos usuários
da Estratégia de Saúde da Família do município de Jequié-Ba, 2010
Discussão
O sedentarismo tem sido considerado um dos principais problemas enfrentados na saúde pública. No século XX o comportamento sedentário aumentou progressivamente, em todo o mundo.
À medida que a inatividade física deixa de representar apenas um risco pessoal de enfermidades, passa a ser um custo econômico para o indivíduo, família e sociedade. Nos Estados Unidos, o sedentarismo tem merecido prioridade na saúde pública, pois tem contribuído com bilhões de dólares dos custos médicos (MATSUDO, 2002).
No entanto o presente estudo verificou que entre os usuários da ESF, no que concerne ao nível de atividade física, a prevalência de inatividade física foi baixa. A média de idade (40,11anos) dos participantes, pode ser um fator associado a esse achado. Achados da literatura avalizam essa hipótese de que o sedentarismo pode está associado ao aumento da idade (BARETTA, BARETTA e PERES, 2007; BARROS e NAHAS, 2001; DIAS-DA-COSTA et al, 2005; HALLI et al, 2003)
Gomes et al. (2009) em levantamento realizado no município de Guanambi-BA corroboram os resultados do presente estudo no que se refere à maior prevalência de inatividade física entre as mulheres. Farias et al. (2010) que também observaram entre os usuários de PSF, de um município baiano, a prevalência de inatividade física mais elevada nas mulheres entrevistadas.
No que concerne o estado civil, Barros e Nahas (2001) ao estudar o comportamento de risco entre trabalhadores da indústria no estado de Santa Catarina-Brasil, observaram que os indivíduos solteiros apresentaram menor prevalência de inatividade física. Esse dado contradiz aos do presente estudo, no qual se observou que os indivíduos que vivem solteiros são mais inativos (29,4%) quando comparado aos que vivem com companheiros (28,1%), provavelmente esses dados pode está relacionado ao número de mulheres da amostra (54,5%).
Os autores supracitados, ao analisar o nível educacional e econômico, evidenciaram que tanto homens quanto mulheres, com maior número de filhos e menor nível educacional e econômico foram associados ao menor nível de atividade física, contrapondo os resultados encontrados no município de Jequié-Ba.
Indivíduos com maiores escores de renda apresentaram maiores níveis de atividade física resultados divergentes do estudo de Pate et al. (1995) que observaram que os sedentários são encontrados em maior número entre aqueles com condições socioeconômicas menos favoráveis. O de Hallal et al (2003); Barros e Nahas (2001) também evidenciaram maior atividade física em indivíduos pertencentes a níveis socioeconômicos mais baixos.
Provavelmente, as condições demográficas e ambientais e as particularidades do município de Jequié-BA, podem ter influenciado nos resultados.
Além disso, as limitações inerentes aos estudos transversais, o qual impossibilita assegurar relações implícitas de causa-efeito entre as variáveis estudadas, com uma confiabilidade admissível, bem como o número da amostra. Assim, deve-se também considerar o suporte social dos indivíduos, as características da cidade de colonização italiana, a forma de deslocamento das pessoas, pois a maioria dos usuários 43,9% utilizam como meio de transporte andar a pé, carona ou bicicleta, dentre outros fatores.
Assim avalia-se a necessidade de se conhecer melhor o nível da atividade física nos diferentes contextos da vida dos indivíduos do município de Jequié-Ba, bem como dos usuários da ESF, de uma forma mais ampliada, com a realização de estudos longitudinais e amostra mais representativa. Pois os resultados de pesquisas como essas tem uma implicação importante na definição de políticas públicas de saúde do município, permitindo reflexões sobre a metodologia das iniciativas para a promoção da atividade física na ESF, do mesmo.
Gomes et al. (2009) destacam que Grande desafio nos programas de saúde é favorecer o acesso as mensagens de incentivo e adoção as populações de risco, com baixa renda e baixa escolaridade, com desigualdades tão marcantes e com prioridades nas condições básicas de vida ainda não acessíveis
Em um estudo acerca das concepções de praticantes de caminhadas a respeito do sedentarismo realizado por Fraga e colaboradores (2009) na cidade de Porto Alegre, parque de Humaitá (Parque Mascarenhas de Moraes) foi identificado que quando perguntado aos entrevistados de que modo chegaram às informações que possuem sobre atividade física e saúde, o professor de Educação Física foi o menos citado como responsável pelo fornecimento de informações sobre atividade física e saúde.
Deste modo, observamos que a educação física, apesar de ser a forma mais eficaz no combate ao sedentarismo, ainda é subutilizada para tal finalidade desde a vida escolar, bem como na vida adulta. Em uma revisão sistemática sobre as intervenções em atividade física na América Latina, realizada do Hoehner et al. (2008) identificaram fortes evidencias que apóiam a educação física de qualidade nas escola, como estratégia para aumentar o nível de atividade física entre crianças e adolescentes, nos países em desenvolvimento, pois a atividade física na idade escolar é uma possível preditora da atividade física na vida adulta.
Na busca em combater os fatores que podem influenciar o aumento da inatividade física, bem como a redução das causas de mortes no Brasil por DCNT. Em abril de 2011 o governo do Brasil lançou junto ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNT, o Programa Academia da Saúde, com proposta de quatro mil unidades nos municípios brasileiros até 2014. Salientando a importância da necessária colaboração de todos os setores sociais para o enfrentamento das DCNT, enfocando o papel das famílias como primordial (BRASIL, 2011).
Considerando a importância das discussões em torno da inatividade física entre os usuários atendidos pela Estratégia de Saúde da Família, fica ainda evidente a importância do Profissional de Educação Física atuando na promoção da saúde destas pessoas. Como recomenda Coqueiro (2007) sobre a necessidade da execução de estratégias multidisciplinares no PSF, bem como a reestruturação da ESF no município de Jequié-BA, ressaltando a importância da inserção do professor de Educação Física atuando junto à equipe.
Conclusão
Os indivíduos entrevistados são em sua maioria mulheres com baixo poder aquisitivo e baixo grau de escolaridade, maior parte do público alvo é de etnia negra ou parda. Os resultados demonstram que existe uma pequena prevalência de inatividade física entre os usuários da ESF no município de Jequié-Ba. Contudo faz-se necessário a implementação de programas da equipe de Saúde da Família no sentido de favorecer ainda mais a adoção de um estilo de vida ativo fisicamente para população.
Torna-se necessário a iniciativa de políticas públicas nesse município que incentivem a prática de atividade física, dentro da Estratégia de Saúde da Família, bem como, fora dela. Cenário esse, interessante para a atuação do profissional de Educação Física na prevenção de doenças ocasionadas pela inatividade e a promoção da saúde, melhorando assim a qualidade de vida dos usuários da ESF.
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