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As metodologias de ensino da Educação Física e o principio 

da inclusão. Um olhar sobre as metodologias construtivista,

 crítico-emancipatória e crítico-superadora

Las metodologías de enseñanza de la Educación Física y el principio de inclusión. Una 

mirada sobre las metodologías constructivista, crítico-emancipatoria y crítico-superadora

 

*Professor de Educação Rede Estadual Bahia com Licenciatura Plena Educação Física

pela UESB. Pós Graduado em Atividade Física e Saúde. Pós graduando

do curso de Pós Graduação Lato Sensu em Metodologia em Educação Física

e Esportes 2012 da UESB (Jequié)

**Analista Universitária. Educação Física, UESB Universidade Estadual do Sudoeste

da Bahia. LAFE Laboratório de Fisiologia do Exercício, Jequié-BA com Licenciatura

Plena Educação Física pela UESB. Pós Graduada em Atividade Física e Saúde

Pós graduanda do curso de Pós Graduação Lato Sensu em Metodologia

em Educação Física e Esportes 2012 da UESB (Jequié)

***Professor de Educação Física do Município de Jaguaquara, BA. Técnico Administrativo

do IFBA, Jequié-BA com Licenciatura Plena Educação Física pela UESB. Pós Graduado

em Atividade Física e Saúde. Pós graduando do curso de Pós Graduação Lato Sensu

em Metodologia em Educação Física e Esportes 2012 da UESB (Jequié)

Antônio Francisco Reis Junior*

Karolina Ribeiro Paes Oliveira Benevides Miranda**

Luciano Benevides Miranda***

junioreisant@bol.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo tem o intuito de analisar as principais metodologias de ensino da Educação Física, consideradas críticas, e observar as propostas de inclusão que estas metodologias trazem. Em nosso trabalho iremos verificar de que forma a inclusão está inserida nestas metodologias de ensino denominadas críticas que surgiram na década de 80. Trata-se de um estudo de revisão de literatura do tipo descritivo. A pesquisa analisou as propostas dos autores em suas abordagens identificadas, se a inclusão estava inserida nas propostas de ensino, foi verificado que mesmo indiretamente ou autores das abordagens tem o desejo de diminuir a exclusão social, como também diminuir o processo de seleção de aptos e inaptos, que esteve presente no cotidiano das aulas de Educação Física, mais em nenhum momento os autores apontam a inclusão na perspectiva dos estudantes com deficiência.

          Unitermos: Metodologias. Educação Física. Inclusão.

 

Trabalho Final da Disciplina: Educação Física Inclusiva e Esporte Adaptado.
Ministrante: Professor Ms. Cristianne Freitas Lunna, do curso de Pós Graduação Lato Sensu em Metodologia em Educação Física e Esportes 2012 UESB.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Discussão

Inclusão

    A escola historicamente se caracterizou pela visão da Educação que orienta a escolarização como privilégio de um grupo, e a exclusão dos demais daqueles que não podiam ter acesso a uma escola, inclusive aqueles com alguma deficiência que possuíam escolas especializadas para o trabalho com essas pessoas.

    Com a Educação Física não foi diferente sendo uma disciplina que está ligada a escola, contribuiu bastante para o aumento da exclusão durante as suas aulas, entendendo, que a maioria das aulas de Educação física ao longo da historia eram praticas, ou seja, sendo somente idealizadas para indivíduos “normais” que podiam realizar determinados exercícios ginásticos ou determinada prática esportiva.

    Quando se trata de Educação Especial ou Educação Física Adaptada, surgem logo termos que se tem muito debatido e discutido nos últimos anos que são a integração e a inclusão. De acordo Bertoni (2011) a integração surgiu em 1970 como um movimento que visava acabar com a segregação, favorecendo a interação entre alunos com deficiência e alunos considerados “normais”. Esse movimento, que teve início nos países escandinavos, se solidificou nos Estados Unidos e se expandiu, posteriormente, por toda a Europa. O princípio da inclusão, teve início nos Estados Unidos, nos anos 70, mais especificamente em 1975, e demarcou a chamada escola inclusiva, com a Lei Pública 94.142 (Bertoni, 2011). É bom sabermos diferenciá-los para analisarmos as propostas de ensino da área de Educação Física.

    É necessário, entendermos estes termos para verificarmos se durante a nossa ação docente, estamos integrando ou incluindo os nossos estudantes. Sonia Bertoni (2011) aponta que da integração apresenta como pressuposto ideológico, que todos somos iguais e por isso podemos estar juntos. Na inclusão, o princípio básico é que todos somos diferentes e devemos conviver com as diferenças. Diante disto, iremos observar as propostas denominadas criticas da Educação Física e o principio da inclusão nestas propostas entendendo que: “A proposta da inclusão não se restringe a pessoas com deficiência. A perspectiva é que todas as pessoas tenham garantidos os direitos de acesso à permanência na educação escolar.” (Bertoni, 2011, p. 39)

As metodologias de ensino

    Ao longo do processo histórico a Educação Física, sofreu varias influências sejam elas da instituição médica, militar e também pedagógica que marcaram determinados períodos históricos. De acordo Ghiraldelli Junior (1994) a Educação Física vai possuir cinco períodos históricos a Educação Física Higienista, a Militarista, a Pedagogicista, a Competitivista e a Popular que iniciou na década de 80 e estamos presenciando nos dias atuais.

    Na década de 80 Caparroz (2007) aponta que a área de Educação Física passa por um processo de avanço e que alguns autores relatam que inicia-se uma crise de identidade na área, com o aumento na produção nas áreas da ciências humanas, com isto surgi proposta de ensino para a área que contribuir com o trabalho na área escolar. Neste período histórico que se evidencia as propostas Criticas da área sendo elas: Construtivista, Crítico-Emancipatória e Crítico-Superadora que serão analisadas em nosso estudo.

    Em busca de respostas que desde 1990 alguns autores procuram entender o processo de inclusão escolar brasileiro. Diante disto, os profissionais da área de Educação Física procuraram respostas para qual o melhor caminho para sua área, percebendo o fator inclusão como preponderante para este novo século que caminha – se e procurando entender o movimento humano.

Abordagem Construtivista

    De acordo com Darido (2003) a proposta denominada interacionista-construtivista é apresentada como uma opção metodológica, em oposição às linhas anteriores da Educação Física na escola, especificamente à proposta mecanicista, caracterizada pela busca do desempenho máximo. Esta proposta é baseada principalmente nos trabalhos de Jean Piaget, A Educação Física passa a ser um meio para o desenvolvimento cognitivo da criança como veremos na citação abaixo:

    A preocupação com a aprendizagem de conhecimentos, especialmente aqueles lógicos matemáticos, prepara um caminho para Educação Física como um meio para atingir o desenvolvimento cognitivo. Neste sentido, o movimento poderia ser um instrumento para facilitar a aprendizagem de conteúdos diretamente ligados ao aspecto cognitivo, como a aprendizagem da leitura, da escrita, e da matemática, etc. (Darido 2003, p. 7)

    Na abordagem construtivista deve-se, resgatar a cultura de jogos e brincadeiras dos alunos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, nesta proposta o jogo enquanto conteúdo/estratégia tem papel privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende.

    A proposta de avaliação caminha no sentido da avaliação não punitiva, sendo avaliado o processo e não o produto final. O professor tem função não diretiva valorizando o trabalho em grupo e as relações interpessoais.

Abordagem Crítico-Emancipatória

    Essa concepção tem suas sustentações nas reflexões feitas pelo professor Eleonor Kunz, em sua publicação Educação Física: Ensino e Mudança (1991). É uma proposta para a Educação Física escolar centrada no ensino dos esportes, visando fornecer aos professores, que atuam nessa área, elementos para que eles possam superar os modelos atuais de ensino dos esportes na escola. (Xavier, 2005)

    A abordagem crítico-emancipatória propõe ao professor ao ensinar o esporte que suas ações devem estar pautadas em ações comunicativas, com o desejo de emancipação do aluno, através da pratica e problematização da mesma, fazendo uma reflexão das suas ações. Assim o professor age promovendo uma autorreflexão em seus alunos.

    Para Kunz (1994) o conteúdo para o ensino dos esportes na Educação Física não pode ser apenas prático, mais também estudado, ele fundamenta o seu estudo nas categorias trabalho, interação e linguagem (teoria crítica) relacionando-as ao processo de ensino (conteúdo, método, objetivos) da Educação Física.

Abordagem Crítico-Superadora

    A proposta é idealizada pelo um coletivo de autores é baseada no marxismo tendo o livro Metodologia do ensino da Educação Física o seu destaque, esta concepção ela é construída a partir num projeto histórico de sociedade que tem como princípio a superação da sociedade capitalista.

    A pedagogia crítico-superadora tem características específicas. Ela é diagnostica porque pretende ler os dados da realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor. É judicativa porque julga os elementos da sociedade a partir de uma ética que representa os interesses de uma determinada classe social é também considerada teleológica, pois busca uma direção, dependendo da perspectiva de classe de quem reflete. (Darido, 2003)

    Para o coletivo de autores a Educação Física deve ser entendida dentro de seu contexto sócio-político-econômico e cultural, o professor nessa concepção é baseado no seu projeto político-pedagógico que vai orientar suas ações em sala de aula, escolhendo os conteúdos com o qual vai trabalhar.

    Os conteúdos para as aulas de Educação Física, em seu planejamento o professor deve analisar a relevância social dos conteúdos, sua contemporaneidade, sua simultaneidade na transmissão dos conteúdos e sua adequação às características sócio cognitivas dos alunos. Nesta proposta é enfatizado o trabalho com os conteúdos da cultura corporal de movimento sendo: o jogo, a ginástica, o esporte e a capoeira conteúdos para serem trabalhados em todo o processo educacional.

    Segundo o Coletivo de Autores a avaliação deve analisar o projeto histórico do educando, que tipo de sociedade queremos e quais os tipos de indivíduos que desejamos formar uma avaliação que ultrapasse os modelos anteriores, que haja a superação dos valores qualitativos em relação aos quantitativos.

Analise das abordagens

    Existe uma inquietação que muitos profissionais de Educação Física, têm em trabalhar com populações especiais, a preocupação que muitos professores, possuem em trabalhar nas suas aulas. Estamos vivendo a decadência, pois não estamos acompanhando o progresso que tem invadido em todas as áreas do conhecimento.

    A tendência dos autores é muito similar. A crítica parte, por exemplo, das práticas castradoras e alienantes onde o professor é o centro de tudo e apontam como solução, prá­ticas mais livres em que o centro é o aluno e o professor um orientador ou facilitador da aprendizagem. (Abadio, 2010)

    As metodologias de ensino analisadas apontam caminhos para o trabalho da Educação Física na escola, buscando a superação de modelos de ensino que existiam na historia desta área, que objetivavam corpos perfeitos, adestramento físico, seleção de aptos e inaptos da prática esportiva. Apesar de que nenhuma delas trata direcionada mente relativo ao principio da inclusão, mais todas surgem como propostas de ensino que podem ser aplicadas, no contexto escolar objetivando este trabalho com os educandos especiais.

    Dessa forma, é evidente que ao longo da história, buscou uma superação na área de Educação Física, procurando uma forma desta disciplina ser ensinado na escola. Alguns autores buscaram superar questões referentes ao rendimento esportivo, inserido o princípio da inclusão foi o caso de Kunz (1994), porém precisamos aprofundar a nossa literatura, não só na área de Educação Física, como também na Educação, para que venhamos atender a todos, pois sabemos que o processo de inclusão, vai além de apenas uma proposta, mais uma implementação que ocorra uma transformação em toda a escola e por isso que requer tempo e vontade para conseguimos as mudanças.

Referências

  • ABADIO Apolônio do Carmo (2010) “Atividades Físicas Inclusiva" do livro "Atividade Física, Deficiência e Inclusão Escolar" - Vol. 3. Eliana Lucia Ferreira Organizadora, Niterói: Intertexto.

  • BERTONI, Sonia (2010) Integração e inclusão: similitudes e diferenças. Texto curso em Atividades Físicas para pessoas Especiais; Universidade Federal de Juiz de Fora; Ministério da Educação, 2010.

  • CAPARRÓZ, Francisco Eduardo (2007) Entre a educação física na escola e a educação física da escola. 3ª Ed. Autores Associados, São Paulo, SP.

  • COLETIVO DE AUTORES (1992) Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez.

  • DARIDO, Suraya Cristina. (2003) Educação Física na Escola Questões e Reflexões. Guanabara.

  • GHIRALDELLI JR, Paulo (1994). Educação Física Progressista: A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos e a Educação Física Brasileira. 5a ed. São Paulo: Ed. Loyola.

  • KUNZ, Eleonor (1994). Transformação Didática - Pedagogia do Esporte. Ed. Unijuí.

  • XAVIER, Lauro Filho; RODELLA, Jeane et al. (2005) Educação Física (Saiba Mais) Rio de Janeiro.

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