Comparação da percentagem de gordura e IMC entre estudantes do ensino médio Comparación Del porcentaje de grasa e IMC en estudiantes de nivel medio |
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*Aluno do curso de graduação em Educação Física da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC Quissamã, RJ **Professor do curso de graduação em Educação Física da Faculdade Metropolitana São Carlos – FAMESC Quissamã, RJ ***Professor do curso de graduação em Educação Física da Universo, Campos dos Goytacazes, RJ Mestre em Ciências da Motricidade Humana, UCB, RJ |
Ricardo Almeida Gonçalves Cruz* Paulo Marcos da Conceição Souza** Ronaldo Nascimento Maciel*** (Brasil) |
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Resumo A preocupação com os níveis de gordura corporal em adolescentes cresce proporcionalmente ao aumento da prevalência da obesidade e do sobrepeso em todo o mundo, não sendo diferente em nossa região. Diante desse quadro, o objetivo deste estudo foi de mensurar o IMC e o % de gordura e verificar uma possível correlação entre estes em jovens estudantes do ensino médio. A amostra foi composta por 159 alunos (63 do gênero masculino e 96 do feminino), com idade entre 15 e 18 anos, matriculados do 1º. Ao 3º. Ano do ensino médio em duas escolas, uma pública e uma particular, no município de Quissamã (RJ). Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos valores do IMC entre nenhum dos grupos. Em relação ao % de gordura, as principais diferenças encontradas foram entre os grupos part. 15 x publ. 15; publ. 15 x publ. 16; publ. 16 x publ. 17; publ. 17 x publ. 18 (p<0,05). Unitermos: Gordura corporal. Estudantes. Adolescentes.
Abstract Concern over levels of body fat in adolescents grows proportionally to the increasing prevalence of obesity and overweight in the world, not being different in our region. Given this situation, the objective of this study was to measure BMI and% fat and verify a possible correlation between these young students in high school. The sample consisted of 159 students (63 males and 96 females), aged between 15 and 18 years enrolled in the 1st. At 3. Year of high school into two schools, one public and one private, in the city of Quissama (RJ). There were no statistically significant differences in BMI values between any of the groups. Regarding % fat, major differences were found between the groups part. 15 x publ. 15, publ. 15 x publ. 16, publ. 16 x publ. 17, publ. 17 x publ. 18 (p <0.05). Keywords: Body fat. Students. Teens.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A preocupação com os níveis de gordura corporal em adolescentes cresce proporcionalmente ao aumento da prevalência da obesidade e do sobrepeso em todo o mundo, não sendo diferente em nossa região. Como os jovens passam boa parte de seu tempo na escola, os hábitos durante sua permanência na escola, como a prática de atividades físicas e os alimentos ingeridos neste período contribuem para a composição corporal desses indivíduos (RICARDO, GABRIEL e CORSO, 2012). Além disso, historicamente, há diferença nos hábitos em escolas particulares e publicas, devido ao poder socioeconômico e aos hábitos da cada grupo (ARRUDA E LOPES, 2007).
A implementação de uma sistemática de avaliação antropométrica na escola é de fundamental importância, pois possibilita o acompanhamento do crescimento e detecção de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças que tem inicio em idades cada vez mais precoces. Doenças crônicas não transmissíveis, como as cardiovasculares e a hipertensão arterial, associadas à elevação da gordura corporal, e outras como anorexia, bulimia e desnutrição, caracterizadas por níveis muito baixos de gordura, podem ser detectadas na escola e o quanto antes forem combatidas, maior possibilidade de sucesso terá o tratamento (MOREIRA, 2009; GLANER, 2005).
Tanner (1986) definiu antropometria como a técnica que expressa a forma do corpo de maneira quantitativa, sendo uma pratica cientifica relativa a observação, quantificação, e analise do crescimento e desenvolvimento humano. Pesquisas clinicas ou epidemiológicas, individuais ou coletivas, têm relatado as contribuições da antropometria para o desenvolvimento humano, principalmente por ser um método que apresenta alta fidedignidade e apresentar um baixo custo, podendo ser considerado ideal para avaliar populações numerosas (WALTRICK e DUARTE, 2000; GLANER, 2005).
O índice de massa corporal (IMC) é uma das alternativas mais utilizadas para mensurar o padrão de composição corporal de crianças e adolescentes (BERGMANN et al., 2011). Por sua vez, o % de gordura mensurado através das dobras cutâneas vem sendo um método amplamente utilizado e com grande aceitação, por não apresentar grandes diferenças quando comparado a metodologia da pesagem hidrostática, que é considerada gold standard e usada como critério para validar outras técnicas (GLANER, 2005). A soma das dobras cutâneas indica a gordura total, enquanto uma dobra específica estima a distribuição de tecido adiposo por área do corpo, visto que boa quantidade da gordura corporal total encontra-se no tecido subcutâneo (RICARDO, GABRIEL e CORSO, 2012).
A adolescência é uma fase da vida em que o crescimento e o desenvolvimento ocorrem aceleradamente e sofrem influência de vários fatores, como os ambientais e biológicos, por exemplo. Paradoxalmente, as crianças e adolescentes passam a ter maiores preocupações com padrões estéticos, porém não cuidam como deveriam da alimentação e praticam pouca atividade física, mazelas do mundo moderno. Este fato por vezes leva a insatisfação com o próprio corpo, mexendo com a autoestima do jovem (GRAUP et al., 2008; WALTRICK e DUARTE, 2000).
Diante desse quadro, o objetivo deste estudo foi de mensurar o IMC e o % de gordura e verificar uma possível correlação entre estes em jovens estudantes do ensino médio, além de mensurar possíveis diferenças entre os escolares de escola pública x escola particular.
Métodos
Amostra
Este estudo, de delineamento transversal, caracterizou-se como descritivo e comparativo. A amostra foi composta por 159 alunos (63 do gênero masculino e 96 do feminino), com idade entre 15 e 18 anos, matriculados do 1º. Ao 3º. Ano do ensino médio em duas escolas, uma pública e uma particular, no município de Quissamã (RJ). Na escola pública foram avaliados 27 meninos e 38 meninas, enquanto na particular foram 36 meninos e 58 meninas. As medidas foram realizadas no momento da aula de educação física, sem que os alunos realizassem nenhuma atividade antes da coleta, por dois acadêmicos do curso de graduação em educação física previamente treinados. Os diretores das respectivas escolas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que foi lido e explicado para os alunos antes da realização das avaliações.
Variáveis de estudo
A massa corporal foi obtida através de uma balança Filizola, com precisão de 100g e capacidade máxima de 150Kg, enquanto a estatura foi mensurada através de uma fita métrica presa a parede. O IMC foi obtido dividindo o peso do aluno pela sua estatura ao quadrado. Para o % de gordura foram utilizadas as dobras tricipital e subescapular baseado nos protocolos de Lohman (1986) e McArdle et al., (1993), citados por Fernandes Filho (2003), sendo usado um adipômetro da marca Cescorf. Cada dobra foi medida três vezes, sendo adotada a média dos valores para o estudo, seguindo protocolo sugerido por Ricardo, Gabriel e Corso (2012).
Critérios de referência
O critério de referência de Conde e Monteiro (2006), para definição de baixo peso, normalidade, excesso de peso e obesidade foi adotado para analisar os dados do IMC. Para o % de gordura a referência foi a tabela de normalidade proposta por Deurenberg, Pieters e Hautvast (1990), enquanto a proposta de Lohman (1987) foi usada para o somatório das dobras cutâneas.
Análise estatística
Para a homogeneidade dos dados utilizou-se o teste de Levene. De acordo com o resultado (variâncias desiguais e iguais) optou-se pelos testes Kruskal Wallis (Dunns: compare all pairs of columns) e One way analysis of variance (Tukey's Multiple Comparison Test). Os dados foram expressos em Mínimo, Primeiro Quartil, Mediana, Segundo Quartil, Máximo, média e desvio padrão pela tabela e pelas figuras Box Plot e Colunas. Considerou os níveis significativos p<0,05. Os dados oriundos dos procedimentos descritos acima foram analisados pelo programa 5.0 GraphPad Prism® versão 5.0 (Graphpad Software, Inc.).
Resultados
Tabela 1. Perfil antropométrico dos alunos e suas respectivas escolas
Os escores de IMC dos alunos das escolas pública e particular, com as suas respectivas faixas etárias, podem ser vistos na figura 1. De acordo com os resultados apresentados, utilizando a ferramenta descritiva mediana, primeiro e segundo quartil, máximo e mínimo, não houve diferenças significativas na comparação entre os grupos (p>0,05).
Figura 1
Já a figura 2 apresenta a comparação dos níveis de gordura corporal entre os grupos, nas quais pudemos observar diferença significativa nos seguintes grupos: part. 15 x publ. 15; publ. 15 x publ. 16; publ. 16 x publ. 17; publ. 17 x publ. 18 (p<0,05).
Figura 2
Na figura 3 observamos a soma das dobras cutâneas do tríceps e subescapular, com as respectivas médias para cada um dos grupos avaliados.
Tabla 3
Discussão
A crescente preocupação com o aumento dos níveis de gordura corpórea em adolescentes faz com que seja cada vez mais necessário o controle da composição corporal desses indivíduos. Dentre as diversas técnicas de mensuração existentes, a utilização do IMC e do % de gordura através das dobras cutâneas vem sendo largamente utilizados, devido a facilidade de aplicação, baixo custo e a resultados consistentes, principalmente quando usadas em conjunto (RICARDO, GABRIEL e CORSO, 2012; BUONANI et al., 2011).
No estudo em questão não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nos valores do IMC entre nenhum dos grupos. Glaner (2005) questionou o uso do IMC para mensurar a gordura corporal, embora destaque sua praticidade. Em seu estudo realizado com moças e rapazes estudantes de escola pública (2005), os resultados também não foram conclusivos para diferenciar a composição corporal através do IMC.
Ratificando o parágrafo acima, todos os valores de IMC encontrados são considerados normais, ou seja, não indica sobrepeso, nem valores abaixo dos ideais, quando utilizados os critérios de referência propostos tanto por Conde e Monteiro (2006), quanto pela AAHPERD (1988).
Em relação ao % de gordura, as principais diferenças encontradas foram entre os grupos part. 15 x publ. 15; publ. 15 x publ. 16; publ. 16 x publ. 17; publ. 17 x publ. 18 (p<0,05). Não foram observados valores que possam ser considerados muito elevados na média do % de gordura em nenhum dos grupos, assim como ocorreu nos estudos de Arruda e Lopes (2007) e de Waltrick e Duarte (2000), embora existam casos que indicam tendência para a obesidade, principalmente no 1º. Estudo citado. Pelo contrário, grupos como o publ. 15 e publ. 17 apresentaram valores baixos, 7,55 e 9,94% respectivamente, enquanto o valor mais alto encontrado (24,22%, grupo part. 15) se enquadra na classificação moderadamente alta quando usamos como referência a tabela de normalidade para percentual de gordura proposta por Deurenberg. Pieters e Hautvast, (1990), específica para crianças e adolescentes.
Ao compararmos com os critérios de Lohman (1987), citado por Waltrick e Duarte (2000), os valores médios encontrados no presente estudo também se encontram dentro da normalidade, pois segundo o autor, percentuais de gordura de 10 a 20 para meninos e de 15 a 25 para meninas estão dentro da média, só caracterizando sobrepeso índices acima de 25% para os meninos e de 31% para as meninas.
Já o somatório das dobras cutâneas apresentou tendência de moderadamente alto para alto nos grupos part. 15, part. 16, part 17, part. 18, publ. 16 e publ. 18, enquanto os demais grupos obtiveram valores considerados ótimos, de acordo com a proposta de Lohman (1987).
Vale ressaltar que a utilização das normas ou critérios de referência vem sendo amplamente utilizada para identificar padrões de composição corporal através de diferentes variáveis. Entretanto, devemos sempre analisar com cuidado os resultados encontrados devido a variabilidade entre as populações (MOREIRA, 2009).
Conclusão
Estudos que buscam investigar a composição corporal de crianças e adolescentes são de extrema relevância, principalmente se levarmos em consideração a crescente incidência de desordens metabólicas, como as relacionadas ao sobrepeso/obesidade. Elevados níveis de gordura corporal na infância indicam uma tendência a obesidade e aos problemas de saúde a ela associadas na vida adulta. Como estudos laboratoriais com grandes populações se tornam caros, a estimativa de % de gordura através de referenciais antropométricos demonstram grande valia.
Os resultados do presente estudo nos permitem concluir que os níveis de % de gordura da população avaliada estão dentro de valores considerados aceitáveis. Houve uma tendência dos rapazes apresentarem valores mais baixos do que as moças em todas as idades. Interessante também notar que a média do % de gordura foi maior em todas as idades na escola particular quando comparada a pública. Não foram encontradas diferenças significantes em relação aos valores do IMC.
Sugere-se que outros estudos sejam realizados com objetivos semelhantes a este, para que possamos ter referenciais normativos mais próximos da realidade brasileira, visto que grande parte dos estudos encontrados na literatura trata de populações de outros países, sendo esta uma grande dificuldade para estabelecer padrões mais fidedignos para os nossos jovens.
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