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Avaliação da aptidão cardiorrespiratória em universitários

do curso de Educação Física através do teste de Ruffier

Evaluación de la aptitud física cardiorrespiratoria en universitarios del curso de Educación Física por medio del test de Ruffier

 

*Acadêmica Bacharelado - ULBRA, Canoas RS

**Professor ULBRA, Canoas RS

Educação Física – LAFIMED

(Brasil)

Ludimila Jung Andrade*

Clarissa de Borba Guimarães*

Luiz Crescente**

Osvaldo Donizete Siqueira**

mila.jung@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo verificar e descrever os níveis de aptidão cardiorrespiratória dos universitários do curso Educação Física, avaliados através do teste de Ruffier, fazendo uma análise comparativa entre os sexos.A amostra foi composta por 80 alunos, sendo que 35 do sexo feminino, com idades entre 17 e 39 anos, e média de idade de 27,23 (±5,68) e 45 do sexo masculino com idades entre 21 e 49 anos, e média de idade de 31,13 (±7,84). Para avaliação da Aptidão cardiorrespiratória utilizou-se o Teste de Ruffier. Os dados foram analisados através de estatísticas descritivas (média, desvio padrão, valores mínimos e máximos). Todas as análises foram realizadas através do Programa SPSS Versão 10.0. Podemos concluir que 65% dos estudantes avaliados tem aptidão cardiorrespiratória fraca ou muito fraca, porém a maioria(76,25%) são ativos. Os resultados evidenciaram que tanto a aptidão cardiorrespiratória, quanto para os níveis de atividade física os homens apresentaram valores superiores, sendo que 60% dos homens classificaram-se com aptidão boa ou muito boa e 84% eram ativos.

          Unitermos: Universitários. Teste de Ruffier. Aptidão cardiorrespiratória.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A Capacidade cardiorrespiratória é entendida, como a capacidade de realizar exercícios dinâmicos, envolvendo grandes grupos musculares em intensidade moderada a alta por períodos prolongados (1), sendo assim, um dos componentes mais importantes da aptidão física. A função cardiorrespiratória depende da presença de um aparelho respiratório e cardiovascular eficientes, de componentes sangüíneos adequados, além de componentes celulares específicos que auxiliem o corpo a utilizar oxigênio durante o exercício. (14) Quanto maior for consumo máximo de oxigênio, melhor o funcionamento do coração, pulmão e vasos, influenciando diretamente na qualidade de vida. (17)

    A literatura revela, que baixos níveis de condicionamento cardiorrespiratório e atividade física apresentam correlação com um risco crescente de morte prematura devido a qualquer causa, especialmente por doenças do coração. (1,15) Inúmeros estudos de observação com base populacional relacionaram um estilo de vida sedentário e um baixo nível de aptidão como o maior risco de morbidez e de mortalidade por doença cardiovascular, ou mais especificamente doença cardíaca coronariana. (1) A doença cardiovascular continua sendo a principal causa de morte na população adulta no mundo ocidental. (15)

    No entanto, quanto maior for a prática de atividade física, principalmente as de natureza aeróbia, maior será o condicionamento cardiorrespiratório do indivíduo, que pode ser representado pelo aumento do consumo máximo de oxigênio e por uma recuperação mais rápida dos parâmetros de pressão arterial e freqüência cardíaca após o esforço. (15)

    A aptidão aeróbia é um componente relacionado à saúde do ser humano e pode ser medida através de métodos diretos ou indiretos, com protocolos máximos (a partir de 90 % FC) ou submáximos (até 80% FC). Eles variam desde os mais caros e dispendiosos realizados em laboratório, até os de campo, que tem como objetivo estimar o consumo de oxigênio e classificar o nível de aptidão cardiorrespiratória.

    Em conseqüência disto, os métodos diagnósticos da aptidão física do indivíduo estão em constante evolução auxiliando o profissional de Educação Física, na prescrição das atividades aeróbias.

    Frente a dinamicidade do estilo de vida dos indivíduos e importância de medir esse componente, encontrar e validar métodos para avaliar a capacidade cardiorrespiratória que sejam eficientes, fáceis de aplicar, baratos e não invasivos é uma preocupação. Entre os diversos testes utilizados encontramos o proposto por Ruffier, que consiste em avaliar a condição física do indivíduo pela variação da freqüência cardíaca (FC) antes e após esforço de flexão dos joelhos.Conforme descrito por Ruffier em 1950, o índice medido a partir da freqüência cardíaca, simplesmente permite controlar anormalidades da freqüência cardíaca e processo de recuperação deficiente. (6)

    Na verdade, a capacidade de variar a freqüência dos batimentos cardíacos tem o significado fisiológico de adaptar o sistema cardiovascular, momento a momento, às mais diversas situações cotidianas, desde o sono até uma atividade física. O exercício físico, em si, é um comportamento que provoca importantes modificações no funcionamento do sistema cardiovascular e em seus mecanismos de ajustes autonômicos. (2,12)

    Assim, a capacidade de variar a freqüência cardíaca em função de estímulos externos parece representar um importante papel fisiológico na vida diária,mesmo em situações simples de mudanças posturais, mas principalmente em situações de esforço físico mais intenso, como a atividade esportiva. (7)

    Assim sendo, o presente estudo tem por objetivo verificar e descrever os níveis de aptidão cardiorrespiratória dos universitários do curso Educação Física, avaliados através do teste de Ruffier, fazendo uma analise comparativa entre os sexos.

Metodologia

Caracterização da pesquisa

    Esta pesquisa caracteriza-se por ser do tipo transversal, quantitativo descritivo.

População e amostra

    A população do presente estudo foi de universitários de ambos os sexos, matriculados no curso de Educação Física na Universidade Luterana do Brasil, ULBRA, Campus de Canoas, RS. A amostra foi composta por 80 alunos, sendo que 35 do sexo feminino, com idades entre 17 e 39 anos, e média de idade de 27,23 (±5,68) e 45 do sexo masculino com idades entre 21 e 49 anos, e média de idade de 31,13 (±7,84). A configuração da amostra foi de acordo com o fluxo de alunos nos corredores da universidade. Os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e os procedimentos adotados para sua realização, bem como do caráter voluntário.

Coleta de dados

    Os dados foram coletados de acordo com o fluxo dos alunos nos corredores da universidade durante os horários e atividades do curso, nos meses de abril e maio de 2012. Os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e os procedimentos adotados para sua realização, bem como do caráter voluntário. Preencheram uma pequena anamnese com dados pessoais, como data de nascimento, idade e questões sobre a prática de atividades físicas, segundo as definições do ACSM, 2000, a freqüência semanal e o tempo de duração em minutos, por atividade.

Instrumentos de avaliação

Anamnese

    Para obtermos os dados sobre prática atividades físicas, sua freqüência semanal e duração em minutos, assim como a idade, os participantes preencheram um pequena anamnese antes da realização do teste.

Estatura

    Para medir a estatura dos alunos utilizou-se um estadiômetro portátil, da marca Sanny, fixado a uma parede sem roda pé, com 2,2 metros de extensão. Realizou-se a medida da estatura a partir da posição ortostática; pés descalços e com os calcanhares unidos, olhar fixo num ponto à frente (plano de Frankfurt). (10)

Massa corporal

    Para mensurar a massa corporal dos atletas utilizamos uma balança digital, Soehnle, com carga máxima de 150 kg e resolução de 0,1 kg de precisão. A pesagem foi realizada com os alunos em sua maioria de meias.Para realização das medidas de massa corporal e estatura usamos as normas conforme descrito em Fontoura (2008).

Aptidão Cardiorrespiratória

    Para avaliação da Aptidão cardiorrespiratória utilizou-se o Teste de Ruffier. (6) O teste consiste em realizar 30 flexões de joelhos em 45 segundos com monitoração da FC em três momentos: antes dos movimentos (F1), imediatamente ao encerrar (F2) e 1 minuto após (F3). A F1 é medida em repouso com o indivíduo sentado, relaxado e em silêncio. A F2 deve ser medida imediatamente ao encerrar as flexões, devendo o indivíduo sentar-se. A F3 deve ser medida após um minuto de descanso. Para monitorar a freqüência cardíaca utilizamos um freqüêncímetro da marca Polar. Para manter um ritmo constante das flexões, utilizamos um aplicativo para celular (Android 2.3) de metrônomo, Mobile Metronome, Versão 1.2.4, fixado em 40 bpm. Para realizar as flexões de joelhos os pés devem estar espaçados 20 cm e as nádegas devem tocar os calcanhares. (Figura 1). O tronco deve ser mantido na posição vertical e a posição dos braços pode variar de acordo com o equilíbrio do indivíduo. Os resultados encontrados (Índices) são determinados e classificados por fórmula e tabela conforme o mesmo autor. FÓRMULA = ((FC1 + FC2 + FC3) – 200) / 10

Tratamento estatístico

    Os dados foram analisados através da estatística descritiva (média, desvio padrão, valores mínimos e máximos). Todas as análises foram realizadas através do Programa SPSS VERSÃO 20.0.

Apresentação e discussão dos resultados

    Nas tabelas 1 e 2, são apresentados os valores médios,desvio padrão, maiores e menores, da idade, peso, estatura, para o sexo masculino e feminino respectivamente.

Tabela 1. Valores médios, desvio padrão , valores mínimos e máximos para o sexo masculino

 

Tabela 2. Valores médios, desvio padrão , valores mínimos e máximos para o sexo feminino

    Comparando-se os valores médios, mínimos e máximos e desvio padrão de idade, peso corporal e estatura, entre o sexo masculino e feminino (tabelas 1 e 2),observa-se que para o sexo masculino a média de idade é de 31,13 anos ± 7,84, tendo como idade mínima o valor de 21 anos e máximo de 49 anos, enquanto que para o sexo feminino a média é de 27,23 anos ± 5,68, o valor da idade mínima é de 17 anos e máxima é de 39 anos. Podemos observar que para o sexo masculino a média de peso corporal é de 78,60kg ± 10,96, tendo como peso mínimo o valor de 60,00 kg e máximo de 105,00 kg, enquanto que para o sexo feminino a média é de 62,96 kg ± 8,69, o valor do peso mínimo é de 83,00 kg e máximo é de 47,00 kg. Observando a estatura, verificamos que o sexo masculino apresenta uma média de 176 cm ± 7,36sendo que a estatura mínima é de 161 cm e a máxima de 194 cm, já no sexo feminino a média corresponde a 163,05 cm ± 5,97, tendo como valores mínimos e máximos 152 cm e 173 cm respectivamente. Todos os valores referentes as variáveis de idade, peso corporal e estatura do sexo masculino são superiores: média de idade é de 31,13 anos ± 7,84 a média de peso corporal é 78,60kg ± 10,96 e a média estatura é 176 cm ± 7,36.

    Na tabela 3, são apresentados os valores referentes a freqüência e percentual da prática de atividades físicas, para o sexo masculino e feminino.

    Dados derivados da anamnese respondida antes da aplicação do teste de aptidão cardiorrespiratória, mostrados na tabela 3, demonstram que 34% das participantes do sexo feminino não praticam atividades físicas nenhuma vez na semana, e 65% praticavam atividades física pelo menos 1 vez na semana. Já os participantes do sexo masculino, 84% praticavam atividades físicas pelo menos uma vez na semana e apenas 15,6 % não praticavam nenhuma atividade física durante a semana. Analisando a população como um todo, podemos observar que 76,25% da amostra, pratica atividades físicas pelo menos uma vez na semana e 23,75% não realiza nenhuma atividade física.

    No quadro 1, são apresentados os valores médios,desvio padrão, maiores e menores da freqüência semanal de prática de atividades físicas e sua duração em minutos, para o sexo masculino e feminino.

    No quadro 1, podemos observar que o sexo feminino apresentou menor média 3,52 (±1,75) para freqüência semanal de práticas de atividades físicas se comparadas a média do sexo masculino 3,68 (±1,37). Porém se observarmos os resultados da média de duração das atividades, podemos notar que o sexo feminino apresentou média superior 83,40 (±48,33) ao sexo masculino 79,07 (±35,92).

    Os benefícios da atividade física para a saúde são amplamente relatados na literatura. Um importante estudo destacou que a pratica regular de atividade física reduz 35% o risco de morte por doenças cardiovasculares e em 33% a mortalidade por todas as causas.(13) Segundo as estimativas da Organiza­ção Mundial de Saúde, a inatividade física é a quarta principal causa de morte em todo o mundo, especialmente em países de médio a alto rendimento.(24)

    O ingresso na universidade pode ser entendido como uma etapa importante para o indivíduo adulto, pois em decorrência das mudanças de rotina e até mesmo de novas influências alguns comportamentos poderão ser alterados.(20) Sendo assim, a prática de atividade física é um desses comportamentos que podem ser adquiridos com a entrada na universidade e se bem estimulada pode resultar em pessoas mais ativas fisicamente. Além disso, a literatura relata que a participação em atividades físicas declina consideravelmente com o aumento da idade, em especial da adolescência para o adulto .(3)

    Em estudantes universitários, grupo populacional que tem crescido nos últimos anos, tanto em ingressantes quanto em concluintes, ressalta-se uma maior suscetibilidade a adoção de comportamentos de risco à saúde, como o menor envolvi­mento em atividades físicas regulares.(17,10, 18, 20)

    Porém, a sociedade em geral,acredita que alunos do curso de Educação Física tenham hábitos mais saudáveis em seu cotidiano, sobretudo por terem disciplinas curriculares que tratam dos conceitos de Educação em saúde, promoção da saúde e da importância de um estilo de vida ati­vo fisicamente.(17)

    As comparações com outros estudos realizados são limitadas, tendo em vista o emprego de diferentes medidas da atividade física, que incluem freqüentemente o levantamento de informações relacionadas à prática esportiva ou atividades físicas no la­zer ou deslocamento, ou atividades físicas em todos os domínios. Para nosso estudo adotamos as definições do ACSM, 2000, para atividade física, que define atividade física como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos e que resulta em dispêndio de energia e, portanto, pode incluir a atividade física tanto ocupacional quanto nas horas de no lazer.

    A prevalência de sujeitos ativos fisicamente no presente estudo está de acordo com outros estudos desenvolvidos com acadêmicos de Educação Físi­ca(17,18,15,11).

    No entanto, outros estudos,(10,11) um deles com estudantes de Educação Física da Universidade Estadual da Bahia e outro envolvendo universitários de outros cursos da área da saúde encontraram 65,0% e 65,5%, respectivamente, de alunos inativos.

    O percentual de sedentarismo de 23,75 % encontrado neste estudo, se aproxima dos achados de outras pesquisas.(19,21,23)O percentual de sedentarismo em graduandos de um curso de Educação Física do Nordeste do país, foi de 23,1%, semelhante aos resultados em uma universidade estadual da Bahia,com 20,2% de alunos inativos e 21,9%de inativos encontrados em universitários da Alemanha.

    O presente estudo encontrou que as mulheres são menos ativas que os homens, sendo que 34% das participantes do sexo feminino não praticam atividades físicas nenhuma vez na semana e apenas 15,6 % dos homens não eram praticantes de nenhuma atividade física, o que vai ao encontro de outras pesquisas com universitá­rios.(19,10,21,16) Não observou-se nos estudos consultados, para fins de comparações, uma estimativa da duração das atividades realizadas pelos universitários.

    Os dados apresentados na tabela 4, referentes aos índices de aptidão cardiorrespiratória dos universitários, encontrados através do teste de Ruffier, demonstram que nenhum indivíduo classificou-se como excelente ou insuficiente, tanto para o sexo masculino, quanto para o sexo feminino. Apenas um indivíduo, sendo ele do sexo masculino, classificou-se como muito bom, representando 2,2% dos indivíduos. Para o sexo masculino as classificações que tiveram maior representatividade foram Bom e Fraco ambos com 37,8% dos indivíduos, 22,2 % dos homens classificaram- se como muito fracos, valor semelhante ao das mulheres com 22,9 % para esta classificação. A maioria das mulheres 48,6 % classificaram-se com aptidão cardiorrespiratória Fraca e 28,6 % com Boa aptidão.

    Se analisarmos a partir das classificações mais representativas podemos observar que 65% da amostra classificou-se como fraco ou muito fraco (60% dos homens, e 71,5 % das mulheres) enquanto para as classificações bom e muito bom, encontramos 25% dos participantes (40% dos homens, e apenas 28,6 % das mulheres).

    Acredita-se que o profissional de Educação Física, deva possuir um mínimo de aptidão física que lhe permita a demonstração de movimentos e interação com os alunos durante as práticas corporais. Não desprezando, no entanto, a possibilidade de existirem bons profissionais fora destas características. A partir disso, a investigação de fatores relacionados à aptidão física tanto de alunos de graduação em Educação Física, pode trazer alguns esclarecimentos quanto ao perfil deste profissional, oportunizando uma discussão principalmente durante a graduação.

    Segundo o ACSM, a aptidão cardiorrespiratória, ou aeróbica, refere-se à constelação de aprimoramentos que realçam o VO2máx e/ou a capacidade de realizar trabalho aeróbico.Tanto o condicionamento cardiorrespiratório quanto uma aptidão física aprimorada reduzem a fadiga nas atividades diárias, melhoram o desempenho nos desportos e estão associados a uma redução na mortalidades devida a todas as causas, cardiovascular e por câncer.

    A prevalência de baixa aptidão cardiorrespiratória encontrada em nosso estudo, foi também relatado em algumas pesquisas(5, 9, 17, 8) com alunos dos cursos de Educação Física no Brasil. Uma delas mostra que 40% dos estudantes de Educação física de uma Universidade do Estado de Goiás, tiveram o condicionamento cardiorrespiratório classificado como regular, sendo este percentual correspondente a homens e mulheres igualmente. Porém neste mesmo estudo 25% das mulheres foram classificadas como muito fracas, dado que se aproxima dos 22,9% obtidos em nosso estudo entre as mulheres.Alunos da Universidade Federal de Santa Maria-RS apresentaram uma tendência de desempenho mediano para fraco nos homens e de mediano para satisfatório nas mulheres, apresentando contraposição a esta pesquisa em relação ao desempenho das mulheres que obtiveram classificações inferiores aos dos homens. Também no estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina, a aptidão cardiorrespiratória foi a variável que os universitários apresentaram pior condição em ambos os sexos,43,7% e 83,6% para homens e mulheres, respectivamente. Podemos notar que em consonância com nosso estudo, as mulheres apresentam em sua maioria pior desempenho quando avaliada sua aptidão cardiorrespiratória. Esta mesma tendência foi observada com universitárias de Minas Gerais, as quais podemos classificar o desempenho em relação a capacidade cardiovascular como regular.

    Fisiologicamente esse comportamento em geral tem sido atribuída a diferenças na composição corporal e na concentração de hemoglobina, ou seja o homem comum gera mais energia aeróbica total simplesmente porque possui mais massa corporal e menos gordura do que a mulher comum. Também em virtude dos níveis mais altos de testosterona, os homens possuem uma concentração de hemoglobina 10 a 14% maior que as mulheres. Essa diferença na capacidade de sangue em carrear oxigênio permite aos homens circularem mais oxigênio durante o exercício, elevando suas capacidades aeróbicas acima daquelas das mulheres. Porém outros fatores também podem explicar essas diferenças, como os níveis normais de atividades ao longo da vida, e até mesmo o tamanho da massa muscular que se contrai. Contudo, aspectos referentes as implicações das diferenças sexuais no desempenho aeróbico continuam sendo investigadas.(12)

    Segundo um dos autores consultados, (10) a prevalência da baixa aptidão cardiorrespiratória observada neste estudo pode estar rela­cionada à falta de administração do tempo despendido para as atividades acadêmicas e de lazer, assim como a percepção de outros limitantes relacionados ao clima, falta de vontade e cansaço.

    Evidentemente, é necessário considerar algumas limitações do presente estudo, como diferenças nos instrumentos de avaliação. Devido ao pequeno número de estudos que tivemos acesso,onde o teste de Ruffier foi utilizado como instrumento de avaliação, não foram possíveis comparações diretas.Porém, acreditamos que o presente estudo sugere a viabilidade do teste de Ruffier, levando-se em conta a importância de métodos baratos de fácil aplicação e administração no atual contexto.

Conclusão

    Com base nos achados referentes a aptidão cardiorrespiratória da população estudada podemos concluir que a maioria dos estudantes (65%) classifica-se como fraca ou muito fraca. No entanto, 40% dos homens e apenas 28,6% das mulheres classificaram-se como bom e muito bom. Em relação a prática de atividades físicas, pode-se concluir que, 76,25% dos universitários deste estudo eram ativos e apenas 23,75%, eram sedentários sendo que, os homens demonstraram ser mais ativos que as mulheres, 84% eram ativos e 15,6% eram sedentários, 65% das mulheres praticavam atividade física e 34% eram sedentárias. Com base nos achados, podemos concluir que tanto a aptidão cardiorrespiratória, quanto para os níveis de atividade física os homens apresentaram valores superiores. Sugerimos, a viabilidade do teste de Ruffier, levando-se em conta a importância de métodos baratos de fácil aplicação e administração no atual contexto.

Referências

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