Relação entre índice de massa corporal e a percepção da auto-imagem em portadores da Síndrome de Down Relación entre el índice de masa corporal y la percepción de la auto-imagen en portadores de Síndrome de Down |
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*Graduada em Educação Física, pela UNICENTRO, Irati, PR **Acadêmico do curso de Educação Física, UNICENTRO, Irati, PR ***Graduada em Pedagogia, pela UNICENTRO, Irati, PR (Brasil) |
Angelita Lopes da Conceição* Luis Felipe Requião** Ana Paula Rodrigues do Prado*** |
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Resumo O ser humano portador da Síndrome de Down necessita de uma atenção especial, pois tem alterações no organismo, tanto físicas como mentais e traz marcado no seu corpo resultado de fatores biológicos. Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivos analisar as relações entre o índice de massa corporal e a percepção da auto-imagem em portadores da Síndrome de Down da cidade de Irati, PR. Foram avaliados 11individuos com media de idade de 28 anos de ambos os sexos portadores da Síndrome de Down da escola especial. Foi avaliado a massa corporal, estatura e percepção da auto-imagem. A partir dos dados massa corporal e estatura obtida foram calculadas o IMC e comparado com a percepção da auto- imagem que foi obtida através da escala de silhuetas e conversas com os avaliados. Os resultados mostraram que todos têm consciência exata de seu corpo descrevem os de acordo com a realidade. A escala de silhuetas não mostrou distorção de imagem. Todos os avaliados tem a percepção da imagem corporal. Eles têm consciência de que estão acima do peso e que querem emagrecer. Ficou evidente que a aparência física não lhes trás constrangimento nenhum, todos se acham fisicamente bonitos e sentem prazer em viver. Unitermos: Síndrome de Down. IMC. Auto-imagem.
Abstract The human carrier of Down syndrome requires special attention because it has changes in the body, both physical and mental, and brings his body marked the result of biological factors. Accordingly, this study aims to analyze the relationship between body mass index and perceived self-image in patients with Down syndrome in the city of Irati; PR. 11 individuals were evaluated with a mean age of 28 years of both sexes suffering from Down's Syndrome special school. We assessed body mass, height and perceived self-image. From the data obtained weight and height were calculated the body mass index and compared with the perception of self-image that was obtained through the scale of profiles and interviews with the subjects. The results showed that all are aware of your body accurately describe them according to reality. The silhouettes scale showed no image distortion. All individuals have the perception of body image. They are aware that they are overweight and want to lose weight. It was evident that physical appearance does not back them any embarrassment, all find themselves physically beautiful and pleasure in living. Keywords: Down syndrome. Body mass index. Self-image.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Desde muito tempo, considera-se que a pessoa rotulada como deficiente intelectual tem um futuro incerto. Mas conforme se adquirem maiores conhecimentos sobre a natureza dessas deficiências, as práticas educacionais aprimoram-se. Trabalhar com a diversidade é o natural, uma vez que as diferenças existem e não devem ser negadas dentro da dinâmica social e educativa. A educação inclusiva propõe- se em auxiliar a criança a se adaptar no sistema educacional e beneficiá-la em seu desenvolvimento (MITTLER, 2003).
O portador da Síndrome de Down, uma anormalidade cromossômica, acidente genético ocorrido no cromossomo 21 que resulta em varias alterações no organismo tanto física como mental.
O desenvolvimento na síndrome de Down acontece de forma mais lenta quando comparada com outras crianças. A falta de tônus muscular e a grande mobilidade articular na criança com síndrome de Down faz com que ela demore mais tempo para atingir as fases do desenvolvimento motor.
O sistema nervoso da criança com síndrome de Down apresenta anormalidades estruturais e funcionais, que resultam em disfunções neurológicas variando quanto à manifestação e intensidade. Com isso a característica mais marcante é o distúrbio de aprendizagem e desenvolvimento (SILVA 2002).
É perfeitamente possível que uma pessoa com Síndrome de Down chegue a cursar faculdade, fazer cursos profissionalizantes enfim tornar-se um profissional tudo dependerá do grau da sua deficiência e também dos estímulos e oportunidades que serão lhes oferecidos.
O portador desta síndrome é um individuo calmo, afetivo, bem humorado e com prejuízos intelectuais, porém podem apresentar grandes variações no que se refere ao comportamento. A personalidade varia de indivíduo para indivíduo e estes podem apresentar distúrbios do comportamento, desordens de conduta e ainda seu comportamento podem variar quanto ao potencial genético e características culturais. (DÉA & DUARTE 2009).
Os portadores da síndrome de Down pertencem a uma população ímpar com características fenotípicas diferenciadas nos quais se observam prevalências de excesso de peso e obesidade superiores às verificadas em populações adultas saudáveis (Silva, Santos & Martins, 2006).
O índice de massa corporal (IMC) é uma medida internacional usada para calcular se uma pessoa está no peso ideal. Foi desenvolvido pelo polímata Lambert Quételet no fim do século XIX. Trata-se de um método fácil e rápido para a avaliação do nível de gordura de cada pessoa, ou seja, é uma referencia internacional de obesidade adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O IMC é determinado pela divisão da massa do indivíduo pelo quadrado de sua altura, onde a massa está em quilogramas e a altura está em metros.
A pessoa com Síndrome de Down traz marcado no seu corpo resultado de fatores biológicos. A imagem corporal relaciona-se às relações intra e interpessoais, às emoções e sentimentos do indivíduo consigo, com os outros e seu ambiente, com uso de vestimentas e objetos de adorno, além de suas relações com seu próprio corpo na parte externa e interna do mesmo. (Schilder, 1994)
Uma imagem corporal positiva revela: autoconfiança, energia, vitalidade e auto-avaliação positiva sentimentos de beleza e atração confiança e respeito pelo próprio corpo liberdade de expressão corporal não dependente do peso.
Ter acesso ao conhecimento do seu corpo do seu desenvolvimento físico permite ao portador da Síndrome de Down uma vida saudável. Trabalhar a auto-estima e os padrões corporais, conhecer se corpo e entender a importância de um estado físico saudável trará diversos benefícios, alem de evitar diversas doenças. A atividade física é de fundamental importância na qualidade de vida de qualquer ser humano e no portador da Síndrome não é diferente
O estimulo e a qualidade dos profissionais envolvidos com portadores da síndrome será essencial para o seu desenvolvimento. Neste sentido presente trabalho teve como objetivo analisar as relações entre o índice de massa corporal e a percepção da auto-imagem em portadores da Síndrome de Down de Irati, PR.
Métodos de investigação
Abordagens metodológicas
Este é um estudo descritivo exploratório de corte transversal. Busca conhecer com profundidade um determinado tema, construir questões importantes, reunir mais conhecimentos e incorporar características inéditas por meio de observações, registros, análises, classificações e interpretações. Propõe investigar características de um fenômeno, situação, um grupo ou individuo específico. Proporciona uma visão geral acerca de determinado fato, mas não manipula os sujeitos ou objetos do estudo, apenas observa. (GIL, 1994; ALVES, 1999; RAUPP & BEUREN, 2003).
Sujeitos da pesquisa
Foram avaliados 11 indivíduos com síndrome de Down sendo quatro do sexo feminino e sete do sexo masculino com media de idade de 28 anos, sendo todos frequêntadores da escola especial de Irati PR.
A vontade de participar da pesquisa foi considerada critério de inclusão. Os pais ou responsáveis assinaram um termo de compromisso livre e esclarecido contendo objetivos e procedimentos do.
Procedimentos de coleta de dados
Para a mensuração do peso foi utilizado uma balança digital com plataforma de vidro da marca Supermedy. Para mensuração da altura foi utilizado um estadiômetro da marca Sunny. O IMC da amostra foi calculado pelo quociente peso corporal/estatura2, sendo o peso corporal expresso em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m) foi utilizada uma calculadora da marca HP para a realização do calculo. Para a analise da auto-imagem foi utilizado a Escala de silhueta corporal proposta por Stunkard et al.
Além disso, foram realizadas conversas no ambiente escolar. Procurando identificar a percepção da auto imagem dos alunos.
Análise
Foi analisada massa corporal, estatura e comparado entre gêneros. Calculado IMC e comparado entre gêneros. Foi analisado a percepção da auto imagem, bem como a relação entre IMC e a percepção da auto imagem.
Resultados e discussão
Este estudo teve o objetivo de analisar as relações entre o índice de massa corporal e a percepção da auto imagem em portadores da Síndrome de Down da escola especial de Irati PR. Foram avaliados 11 indivíduos com síndrome de Down sendo quatro do sexo feminino e sete do sexo masculino com media de idade de 28 anos.
Quanto à estatura, a pesquisa mostra, conforme gráfico I e II que todos tem estatura baixa. O crescimento é caracterizado por uma precocidade de início do estirão e uma velocidade reduzida no crescimento linear que resulta em baixa estatura quando comparado a população geral.
A falta de tônus muscular e a grande mobilidade articular na criança com síndrome de Down faz com que ela tenha uma baixa estatura.
A baixa estatura, associada ao comportamento alimentar inadequado, predispõe o indivíduo ao sobrepeso e obesidade.
Quando comparado a Estatura entre sexo feminino e masculino o gráfico III mostra que os meninos são em media 10cm mais altos.
De acordo com PUESCHEL, 1998, é característica dos SD serem de baixa estatura, pois os membros são curtos, especialmente o fêmur e a um enfraquecimento geral dos ligamentos articulares.
Com relação à massa corporal a pesquisa mostra no gráfico IV que 45% estão em seu peso ideal e 55% acima do peso.
Alguns fatores contribuem para o excesso de peso. O primeiro deles é que muitas crianças com SD não são amamentadas por apresentarem sucção insuficiente devido ao tônus muscular diminuído ou por causa da baixa produção de leite materno, em decorrência do estresse emocional ocasionado pelo impacto da notícia. A ausência de aleitamento materno interfere no amadurecimento do controle neuroendócrino da fome e saciedade, predispondo os indivíduos que não receberam leite materno exclusivamente até os seis meses a maiores chances de se tornarem obesos.
O excesso de peso constitui fator de agravamento para outras enfermidades que acometem esse grupo populacional, como as cardiopatias e a hipotonia muscular, alem de ser fator de risco para distúrbios metabólicos. Desta forma, a avaliação do estado nutricional e a adequada atitude familiar em relação à alimentação são peças chaves para a qualidade de vida do portador da SD.
Quando separado em gêneros mostra no gráfico V que o sexo feminino 50% esta com o peso ideal e 50% acima do seu peso. Com relação ao sexo masculino, como mostra o gráfico VI ,que 43% estao com peso idea e 57% estao acima do peso.
Segundo FALKENBACH (2002). a hipotonia muscular provoca um trabalho muscular menos eficiente, com menor gasto energético.
Quando calculado o IMC a pesquisa revela no gráfico VII que de acordo com a tabela proposta por COLE et al. (2000) de ponto de corte para identificar o sobrepeso e obesidade em jovens, adolescentes e adultos portadores da Síndrome de Down, 5 sujeitos foram classificados como eutróficos, e 3 com sobrepeso, 2 com obesidade e 1 com obesidade mórbida, não havendo indivíduos classificados como baixo peso.
Estes valores consideram como eutrófico um IMC com valores abaixo dos propostos como limite para sobrepeso; como sobrepeso um valor de IMC igual ou acima dos valores do limite para sobrepeso e abaixo do limite para obesidade e como obeso um IMC igual ou acima dos valores de referência propostos como limite para obesidade COLE et al. (2000).
Os portadores da síndrome de Down pertencem a uma população ímpar com características fenotípicas diferenciadas nos quais se observam na tabela I a prevalências de excesso de peso e obesidade superiores às verificadas em populações adultas saudáveis (SILVA, SANTOS &MARTINS, 2006).
Quando avaliado a percepção corporal todos tem consciência exata de seu corpo descrevem os de acordo com a realidade. A escala de silhuetas não mostrou distorção de imagem. Todos os avaliados tem a percepção da imagem corporal.
Segundo FONSECA (1995) As pessoas com uma imagem corporal negativa descrevem sentir insatisfação quanto ao seu aspecto físico pensam que a sua aparência é alvo de crítica e avaliação por parte de outros dão uma importância excessiva ao aspecto físico ao auto avaliar-se tem uma preocupação angustiante com o próprio corpo sentem vergonha e/ ou acanhamento com os avaliados isso não acontece, eles tem consciência de que estão acima do peso e que querem emagrecer mais e a aparência física não lhes trás constrangimento nenhum, todos se acham bonitos e sentem prazer em viver.
O importante é que cada ser humano ao nascer tenha a possibilidade de troca com outros seres, pois é por intermédio da experiência e dessas trocas que se dá à consciência corporal. O trabalho com a consciência corporal, através da educação motora estimula muito crianças com síndrome de Down, pois contribui para uma melhor qualidade de vida e movimentação (FRUG, 2001).
A educação motora é o ponto principal de um desenvolvimento físico satisfatório, permitindo que a pessoa possa se expressar através de sentimentos e pensamentos, como um corpo completo. Todas as pessoas, incluindo síndrome de Down com necessidades especiais também têm direito a educação motora, por isso elas devem ser estimuladas de forma adequada, partindo-se de um princípio básico a consciência corporal.
Segundo Fonseca (1995), a dança pode vir a contribuir para o desenvolvimento da percepção corporal dos portadores de síndrome de Down, o que permite um desenvolvimento adequado em relação com o meio, aprofundando as características de dissociação entre o esquema e a imagem corporal desses indivíduos.
Considerações finais
A percepção da imagem corporal e essencial entender a figuração de nosso corpo e nossa mente nos trará diversos benefícios. A satisfação com a imagem corporal faz com que o ser humano tenha uma auto estima positiva e consequentemente uma vida feliz.
A atividade física é de fundamental importância na qualidade de vida de qualquer ser humano e nas crianças com a Síndrome não é diferente
Os professores de educação física não podem se limitar ao desenvolvimento de habilidades, já que devem ser conhecedores de que o corpo é uma totalidade O que vai diferenciar a presença do professor de Educação são a interação, o envolvimento e a promoção da evolução da criança por intermédio das manifestações corporais do movimento, do jogo e das atividades lúdicas.
O professor deve direcionar situações que possam auxiliar a criança no aprendizado e na descoberta de capacidades corporais, bem como das reflexões e produções que realiza e protagoniza quando brinca no grupo.
Trabalhar a percepção da imagem corporal com portadores da Síndrome de Down fará com que compreendam seu corpo e aprendam os benefícios de um corpo e uma imagem corporal positiva.
Referencias bibliográficas
COLE, T.J.; BELLIZZI, M.C.; FLEGAL, K.M.; DIETZ, W.H. Establishing a standard defi nit ion for child overweight and obesity worldwide. International survey. British Medical Journal, London, v.320, n.6, p.1-7, 2000.
DÉA, V. H. S. D.; DUARTE, E. Síndrome de Down: Informações, caminhos e histórias de amor. Editora Photer, São Paulo, 2009.
FALKENBACH, Atos Prinz. A Educação Física na Escola: uma experiência como professor. Lajeado: UNIVATES, 2002.
FONSECA, V. Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
FRUG, C. S. Educação Motora em Portadores de Deficiência: formação da consciência corporal. São Paulo: Plexus, 2001.
GIL, A. C.: Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas, 1994.
PUESCHEL, S. Síndrome de Down: Guia para pais e educadores. Editora Papirus 3ª Ed. Campina, 1998
RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Metodologia da pesquisa aplicável as ciências sociais 2003.
SILVA, R. N. A. A educação especial da criança com síndrome de Down. Monografia apresentada à Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro, 2002.
SILVA, D. L.; SANTOS, J. A. R.; MARTINS, C. F. Avaliação da composição corporal em adultos com síndrome de Down. Arquivos de Medicina, Porto, v.20, n.4, p.103-10, 2006.
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