A percepção de diretores sobre a Educação Física escolar La percepción de los directores sobre la Educación Física escolar |
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*Doutor em Educação Física (UGF) Docente do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) Docente da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro Coordenador do LECPE – Laboratório de Estudos Culturais e Pedagógicos do Esporte **Doutorando em Educação Física (Unicamp) Docente do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade) Membro do LECPE – Laboratório de Estudos Culturais e Pedagógicos do Esporte ***Graduada em Educação Física (UGF) Membro do LECPE – Laboratório de Estudos Culturais e Pedagógicos do Esporte ****Graduado em Educação Física (UGF) Membro do LECPE – Laboratório de Estudos Culturais e Pedagógicos do Esporte |
Diego Luz Moura* Marcelo Moreira Antunes** Kamilla Ribeiro Nunes Costa*** Cleyton Batista de Sousa**** (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste artigo foi compreender a concepção de diretores sobre o componente curricular educação física no cotidiano escolar. A metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo em 28 escolas públicas estaduais e municipais do Rio de Janeiro. Os resultados foram realizados em duas categorias no intuito de agregar os principais itens norteadores da concepção encontrada a partir das falas dos diretores. A partir dos dados verificamos um avanço sobre a importância da educação física, mas não há uma definição sobre sua funcionalidade e a reformulação dos fatores internos e externos da área se torna necessário para os entrevistados. Ao final acreditamos que há uma necessidade de se fazer conhecer os objetivos da educação física na comunidade escolar para que possa ser reconhecida. Unitermos : Educação Física. Concepção. Discentes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 178, Marzo de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Educação Física no contexto escolar tem como característica o intenso conflito existente sobre seus objetivos e funcionalidades. Tais debates buscavam (re)definir os conteúdos e objetivos para a intervenção e o currículo desta disciplina na escola (MOURA, 2012).
De acordo com Godson (2008), os rumos tomados por um componente curricular derivam tanto de prescrições, como também do contexto em que se está inserido, e ainda, como a disciplina é julgada por esse contexto. Com isso, se faz necessário analisar como a educação física é concebida na comunidade escolar e suas possíveis consequências no cotidiano escolar.
Desta forma, nosso objetivo é compreender a concepção de diretores sobre o componente curricular educação física no cotidiano escolar. A escolha de analisar a concepção dos diretores torna-se fundamental na medida em que, além dos compromissos burocráticos exigidos da profissão, esses gestores agora possuem voz ativa e compartilham suas ideias durante o planejamento educacional da escola.
Metodologia
A metodologia utilizada foi de caráter qualitativo. Realizamos uma pesquisa de campo em 28 escolas públicas estaduais e municipais do Rio de Janeiro. O critério de inclusão foi aleatório.
A delimitação do número de participantes se deu pelo critério acidental por saturação (BECKER, 1994), atendendo ao princípio da Bola de Neve descrita por esse autor. Assim, como afirma ele, a partir do momento que as respostas se tornaram repetitivas foi estabelecido o ponto de saturação. Logo, 28 diretores se prontificaram a participar da pesquisa realizada através da aplicação de uma entrevista semiestruturada.
O roteiro da entrevista foi validado por dois professores doutores especialistas no tema. As entrevistas aconteceram no período de atendimento dos diretores, não comprometendo o andamento de suas obrigações escolares. Todos os diretores respondentes assinaram um termo de consentimento livre esclarecido.
Os dados foram analisados a partir do referencial da análise de conteúdo. Para Bardin (2009) é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/ recepção (variáveis inferidas) destas mensagens. De acordo com Bauer (2002) a análise do conteúdo permite reconstruir “mapas de conhecimento” à medida que eles estão corporificados no texto, pois as pessoas usam a linguagem para representar o mundo. Pretendemos com a análise de conteúdo identificar as formas como os diretores concebem a educação física na escola.
Resultados
Neste tópico apresentaremos os resultados a partir de categorias. Construímos tais categorias com o intuito de agregar os principais itens norteadores da concepção encontrada a partir das falas dos diretores. As categorias foram: o perfil dos diretores, a função da educação física na escola.
O perfil dos diretores
Fizeram parte da pesquisa 28 diretores de escolas do Rio de Janeiro, situadas em bairros das zonas norte e sul. A maioria deles era do sexo feminino (85,7%) é os demais (14,3%) do sexo masculino.
Sobre a idade, podemos observar que 15 dos diretores entrevistados se encontram na faixa etária entre 40-55 anos, 5 possuem idade de 30-40 anos, e apenas 2 diretores apontaram idade acima dos 55 anos. O restante da amostra optou em não responder a idade. Analisando a distribuição da faixa etária da amostra podemos perceber que a carga de diretores está mais concentrada em professores com maior experiência escolar e em uma faixa etária próxima da aposentadoria. Segundo Souza (2006), a maioria dos dirigentes escolares tem idade acima de 40 anos, pois há o entendimento que para assumir a direção escolar é importante ter tido uma experiência anterior no magistério. Isto nos mostra a ideia de que a competência de gestão está relacionada com o tempo de trabalho e não com o conhecimento sobre gestão. Portanto isso pode justificar a busca do cargo de direção por professores no final de carreira, pois além de apresentar experiência necessária, procuram um horário mais flexível e uma melhor remuneração para seu encerramento profissional.
No que se refere à formação dos diretores há uma dispersão de respostas sobre o ano de formação que vai de 1965 até 2005. Porém, a maior incidência (8) é de diretores formados no período de 1986-1990. Seguido de (5) 1976-1980 e (5) 1991-1995. O que confirma o dado de que em sua maioria são professores experientes no magistério.
Conforme esperado sobre a formação dos diretores, 21 são pedagogos, 3 formados em história, 3 em letras e 1 em educação física. Esta distribuição se deve pelo fato dos diretores que atuam em escolas do Município, pois tradicionalmente a pedagogia é o campo de formação para atuação dos primeiros anos do ensino fundamental. .
A função da educação física na escola
Questionamos aos diretores sobre como entendem a função da educação física na escola. No que se refere à funcionalidade da educação física na escola, as respostas esbarram em diferentes tipos de entendimento. Alocamos as respostas em 5 categorias: Ensino de modalidades esportivas; Socializar os alunos; Qualidade de vida/promoção da saúde; Auxiliar as demais disciplinas; Cultura corporal.
A primeira função presente na concepção nos diretores foi sobre o ensino de modalidades esportivas.
“Ensinar conhecimentos de regras e ensino de esportes” (informante1),
“Trabalhar o esporte que está presente na vida dos alunos” (informante 13).
Um grupo de 3 entrevistados apontou como função da educação física o ensino das regras dos esportes e das práticas esportivas que os alunos vivenciam. De fato a associação com o esporte tem sido a relação mais próxima com a educação física escolar. A concepção dos diretores sobre o ensino do esporte acaba reproduzindo uma forma de entender a educação física focada apenas na técnica e nos esportes clássicos.
Outros 7 diretores grupo indicaram que a função da educação física deveria ser a de sociabilizar os alunos.
“Socializar, adaptar os alunos as situações e ao meio.” (informante 27).
“A educação física deve ser vista como uma disciplina integradora e motivadora.” (informante 12).
De fato, a sociabilidade deve ser a função da escola e não de uma disciplina especificamente, pois a escola deve se transformar em lugar em que os alunos gostem de estar (SNDYERS, 1988). Entretanto, se construiu uma compreensão sobre a educação física de que esta disciplina teria como principal função a possibilidade de ajustar as relações sociais. Compreendemos que o currículo vivido moldou na educação física uma concepção de disciplina mais livre por uma série de motivos como: atuar com conteúdos que são aqueles que são praticados nas horas de lazer, não possuir livros didáticos, não ter seus conteúdos cobrados nos sistemas oficiais de ingresso ao ensino superior ou no mercado de trabalho. Podemos, então, perceber que os diretores reproduzem esta concepção, e, o mais grave é que ao atuar na comunidade escolar, pode reproduzir este tipo de compreensão, influenciando a percepção dos demais membros da comunidade escolar.
Outra funcionalidade da educação física relatada por 6 diretores foi acerca da qualidade de vida e a promoção da saúde. Os diretores relacionam a educação física com a qualidade de vida e a promoção de saúde através de duas formas de entendimento. A primeira faz uma relação mais direta, onde seria nas atividades realizadas nas aulas de educação física que se garantiria a qualidade de vida e promoção de saúde.
“Dar iniciativa aos esportes, manter uma atividade física regularmente.” (informante 7).
“É garantir ao aluno uma qualidade de vida.” (informante 2).
A segunda aponta uma relação mais indireta, conferindo à educação física a função de compartilhar conhecimentos promovendo conscientização sobre a qualidade de vida/saúde.
“Proporcionar o lazer e conhecimentos sobre o corpo e saúde dos alunos.” (Informante 9).
“É muito importante que o professor dessa disciplina conscientize os alunos a praticarem sempre um esporte não apenas por fazer e sim por saúde.” (informante 21).
A saúde e a educação física possuem uma relação antiga, inicialmente pela influência do movimento higienista que proporcionou o entendimento de uma educação física voltada para saúde da população (GHIRALDELLI JUNIOR, 1989). Durante a década de 1980 o debate da saúde e do desempenho físico foi deixado de lado, pois neste período o movimento crítico da educação física buscava um afastamento da área com o debate da saúde (MOURA, 2012). O debate da saúde na escola retorna na década de 1990, a partir de um impulso da própria área através da abordagem da saúde renovada (DARIDO, 2003), e por novas demandas educacionais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) publicado em 1997 (Brasil, 1997). Podemos perceber que o discurso dos diretores está de acordo com as demandas de debate do tema na escola e na educação física. Ainda não é consenso se a educação física deveria se preocupar mais em promover ou conscientizar, mas não é mais possível deixar de lado o debate de saúde na escola e na educação física.
Outros 2 diretores apontou como função da educação física auxiliar as demais disciplinas.
“Um elo de ligação para otimizar o conteúdo desenvolvido pelas outras disciplinas.” (informante 10).
“Pelos meus anos praticando educação física e atuando como diretor, vejo a educação física como um ‘espião’, pois ele sempre consegue sentir melhor o aluno em todas suas necessidades, tanto corporais quanto sentimentais, traduzindo a uma visão familiar ela seria avó.” (informante 11).
Os diretores apontam de uma forma positiva a utilização da educação física como auxílio para as demais disciplinas. Embora exista um esforço sistemático na produção acadêmica para se desvincular esta ideia, devemos perceber que o currículo vivido constrói normatividades muitas vezes contrafuncionais. Almeida et al (2005) aponta que a educação física pode através de suas aulas levar ao aluno experiências que contribuem para outras disciplinas, entretanto não deve ser o seu objetivo precípuo. De fato, esta concepção nos diretores revela que há pouco esclarecimento sobre a especificidade da educação física.
Outros 5 diretores forneceu uma resposta mais elaborada muito semelhante ao que está nos PCNs quando o documento discute a Cultura corporal:
“Acredito que propiciar aos alunos acesso a um conhecimento organizado a respeito da cultura humana, oferecendo o máximo movimento durante as aulas.” (informante 14)
“Dar não só formação física, mas também toda formação de cidadania, criando noção sobre hábitos positivos e para serem desenvolvidos na sociedade, se entrosando com o mundo.”(informante 22)
“Contribuir de forma positiva e agradável na formação do ser humano.” (indivíduo 25)
A concepção dos diretores retoma a ideia da relação educação e cidadania que os PCNs deram visibilidade. Os PCNs surgiram no decorrer da década de 1990 utilizando como base o modelo de educação espanhol. Tais documentos trazem avanços significativos no campo da educação física, como os debates sobre as dimensões de conteúdos, a inclusão e os temas transversais (DARIDO et al, 2001; FERRAZ, 2001). Em contrapartida, sua utilização no cotidiano da educação física tomou rumos diferentes da proposta inicial que buscava “subsidiar a elaboração ou a versão curricular dos estados e municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes” (DARIDO et al, 2001, p. 18). O que se viu no currículo vivido da área foi à utilização desses parâmetros como “lei” devido à escassez de material didático para auxílio dos profissionais da área. Apesar dos avanços trazidos, Darido et al (2001) alerta que não se pode supervalorizar esses documentos a ponto de tratá-los como um currículo mínimo já que por ter um caráter abrangente seria um equívoco utilizá-lo para solucionar necessidades específicas de cada região.
De fato, a ideia de uma intervenção na chamada cultura corporal é um consenso, mesmo que ainda não se saiba exatamente a forma de atuar nesta perspectiva (MOURA, 2012). A compreensão dos diretores sobre a funcionalidade da educação física na cultura corporal retrata uma atualização com as demandas educacionais.
Observamos que no cotidiano escolar, coexistem diferentes formas de caracterizar a educação física escolar. Se por um lado há o discurso mais atual que aloca a disciplina no campo da cultura corporal e da qualidade de vida/promoção da saúde, constata-se também uma percepção contrária sobre a área (Ensino de modalidades esportivas, Sociabilizar os alunos, Auxiliar as demais disciplinas). Essa visão dos diretores reafirma a tensão existente no currículo vivido da educação física, visto que, tais percepções se assemelham ao discurso dos professores (SOUSA, 2012). Entretanto, diferente dos professores, não encontramos aqui uma percepção que ressalte a especificidade da disciplina.
Essa tensão existente no cotidiano escolar também pode ser observada no discurso dos alunos. Moura et al (2013) relata que no gosto dos educandos, as contra-funcionalidades proporcionadas pela educação física (Sair de sala, jogar, conversar, etc.) ficam atrás do esporte.
Em síntese, podemos afirmar que ainda não há um consenso entre os diferentes atores da comunidade escolar a respeito da especificidade da educação física e seu valor pedagógico, ressaltando a necessidade de conscientização dos mesmos para alcançar a devida legitimidade social.
O que deveria mudar na educação física?
Questionamos aos diretores sobre o que deveria mudar na educação física. E tivemos os seguintes resultados:
Um grupo de 6 diretores respondeu que não é necessário mudar nada na educação física, pois está atendendo de maneira satisfatória. Notemos que a satisfação que estes diretores possuem em relação à educação física está estreitamente ligada à concepção que possuí sobre a função da educação física.
Outro grupo de 8 diretores acredita que há necessidade de melhora profissional para a área de educação física:
“A periodicidade das aulas, mudança na formação dos professores (rever a grade curricular)” (informante 2)
“O comprometimento e a mudança de postura de alguns professores mais ‘antigos’.” (informante 12).
Na concepção de outro grupo de 8 diretores, há uma necessidade de mudança na metodologia utilizada nas aulas:
“A motivação nas aulas. Deve se criar um novo modelo de aula que crie aquele vínculo com o aluno.” (informante 4).
“O repertorio de atividades. Não se restringir as atividades ‘’clássicas’’ e também preferidas pelos alunos, ou seja, futebol, basquete e vôlei, mas explorar outras modalidades de exercícios que privilegiem competências individuais, por exemplo.” (informante 6).
Essa discussão sobre metodologia é recorrente no campo da educação física, tendo início no fim da década de 1980, quando ganha força com debates sobre cultura corporal, que frisam como objetivos a diversidade cultural dos conteúdos como princípio das aulas de educação física, o que demanda a adequação dos métodos de ensino para atender esses novos objetivos (MOURA, 2012).
Dois diretores apontaram a necessidade do aumento da carga horária semanal da educação física curricular. Atualmente no Rio de Janeiro, a educação física está organizada nas grades das escolas com 2 tempos semanais.
Podemos observar que em relação ao que se deve mudar, surgem diferentes propostas para a área de educação física. Notamos que 6 relataram que a educação física não deveria mudar em nada, outros 8 apontaram que a mudança deve ser realizada na formação do profissional de educação física sendo mais atuante na escola, e outros 6 a modificação na metodologia de ensino dos alunos, processo de avaliação, atividades que aborde temas atuais na sociedade, e o aumento da carga horária da disciplina.
Como você avalia a participação e o interesse dos alunos nas aulas de educação física?
Questionamos os diretores sobre a participação e interesse dos alunos nas aulas de Educação Física. No que se refere ao interesse, apontaram que os alunos são em sua maioria interessados, mas fizeram algumas ressalvas sobre o interesse. Analisando as falas dos diretores pudemos perceber duas variáveis que são observadas pelos diretores e que influenciam o interesse: o sexo e a faixa etária.
“Até o nono ano o interesse é muito grande, a partir do ensino médio cai um pouco.” (informante 2)
“Depende muito da idade. O primário ama educação física, tudo é novidade e legal para eles. Já quando chegam ao ginásio o quadro muda e logo começam as desculpas para não fazer as aulas, ou fazerem o que querem como em um recreio.” (informante 7)
“Esse é um ponto a ser comentado, os alunos se comprometem mais , as meninas menos, os meninos gostam de todos os esportes e as meninas gostam apenas de uma atividade e mesmo quando esta atividade é oferecida a elas cerca de 80% não praticam, pois não gostam de suar ou perder o penteado.” (informante 11)
“As participações variam com a idade , nas primeiras séries a participação é total, de acordo que vão mudando de série o interesse vai diminuindo , principalmente das meninas quando entram na pré adolescência.” (informante 14)
Segundo os diretores, a participação e interesse dos alunos nas aulas de Educação Física diminuem conforme aumenta a idade dos alunos. Apontam que o desinteresse acontece por vários motivos, principalmente pela falta de estímulo dos professores e falta de cobrança sobre os alunos.
Considerações finais
Podemos observar que coexistem concepções que por um lado reforçam dilemas da educação física escolar, e por outro apresentam uma concepção mais atualizada acerca do debate pedagógico da educação física. Nota-se a ausência da especificidade da área no discurso da maioria dos diretores, que citam o tempo de lazer, socialização e o auxílio às demais disciplinas como os objetivos da educação física. Entretanto, começam a aparecer ideias mais elaboradas no discurso dos diretores quando remetem à educação física a área de desenvolvimento integral do aluno que desenvolve valores, relacionados aos elementos da cultura corporal.
Para os diretores, a educação física necessita passar por uma reformulação profunda, relacionadas tanto a fatores internos da área como a formação dos professores, metodologia utilizada e comprometimento profissional, como também a fatores externos como investimento em material, melhores estruturas e aumento da carga horária semanal de aulas. Cabe ressaltar, que há um consenso entre os pesquisadores da área que existe a necessidade de mudança, assim como esse debate também é recorrente entre as demais disciplinas.
Observamos que para os diretores, o nível de participação dos alunos vai caindo conforme a idade dos alunos aumenta. Apesar de componente curricular obrigatório, o absenteísmo de alguns alunos nas aulas de educação física está diretamente relacionado ao gosto pelas atividades desenvolvidas, o que não acontece com outras disciplinas do currículo. O que reforça a ideia de que os diretores estão atentos a este componente no currículo da escola. Entretanto, não há a percepção de um movimento para mudança dessa situação.
Apesar de notarmos um avanço sobre a importância da educação física, ainda não há uma definição sobre sua funcionalidade. Esta má compreensão pode ser responsável pela construção de uma contrafuncionalidade da área. Acreditamos com isso, que apesar de ser um componente curricular obrigatório, há a necessidade de se fazer conhecer os objetivos da educação física na comunidade escolar para que possa ser reconhecida.
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