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Intervenção breve ao tratamento do tabagismo:
contribuições do teste MINI

Una breve intervención en el tratamiento del tabaquismo: aportes del test MINI

 

*Aluna do curso de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia

Bolsista do Programa de Iniciação Científica (PIBIC)/Unir

**Professor e Chefe do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Rondônia

Doutorado em Psicologia. Orientador do Programa de Iniciação Científica

Yesica Núñez Pumariega*

Prof. Dr. Paulo Renato Calheiros**

rnunezcardenas@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este artigo faz parte do projeto Intervenção Breve ao Tratamento do Tabagismo: Contribuições do Teste MINI que têm como objetivo identificar as patologias dos pacientes submetidos ao tratamento para tabagismos do CAPS AD do Município de Porto Velho. Esta pesquisa do tipo quantitativa envolve uma equipe de estudantes da Fundação Universidade Federal de Rondônia, empenhadas a investigar as conseqüências do tabaco, podendo contribuir como forma de alerta e prevenção aos profissionais da saúde e para toda a sociedade sobre os danos que a nicótica provoca.

          Unitermos: Tabagismo. Teste MINI.

 

Abstract

          This article is part of the project Brief Intervention Treatment for Smoking: Contributions of Test MINI that aim to identify the pathologies of patients undergoing treatment for CAPS tabagismos AD the city of Porto Velho. This type of quantitative research involves a team of students from the Federal University of Rondonia, engaged to investigate the consequences of tobacco, may contribute as a warning and prevention to health professionals and the entire society about the damage that causes nicotine.

          Keywords: Smoking. Test MINI.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A nicotina atua para causar dependência como todas as outras substâncias psicoativas e provocam sintomas como ansiedade, depressão humor disfótico, entre vários outros sintomas. O tabagismo é considerado um problema de saúde pública.

    A organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o tabagismo deve ser considerado uma pandemia, ou seja, uma epidemia generalizada, e como tal precisa ser combatido. Segundo a OMS um terço da população mundial adulta (cerca de 1,3 bilhão de pessoas) é fumante e cinco milhões morrem por ano por causa do tabaco. Em media, as pessoas que fumam vivem menos 10 ou 15 anos.

    O uso diário por algumas semanas pode provocar, após a cessação abrupta ou diminuição do consumo, os seguintes sintomas: humor disfórico ou deprimido, insônia, ansiedade, dificuldade para concentração, inquietude, diminuição da freqüência cardíaca, aumento do apetite ou ganho ponderal. Esses sintomas causam sofrimento significativo, disfunção social, ocupacional entre outros problemas e desaparecem com a ingestão de uma nova dose.

    A nicotina é uma droga que estabelece aumento de tolerância metabólica e funcional e os outros sintomas característicos da Síndrome de Dependência às Substâncias Psicoativas.

    Há uma necessidade premente de se oferecer alternativas de tratamento que tenham uma relação de custo e beneficio satisfatória e que favoreça a utilização de técnicas adequadas.

    Para isto esta pesquisa do tipo quantitativa, foi realizada com o objetivo de verificar através do teste MINI a existência de algum tipo de patologia durante o processo de tratamento ao tabagismo, além de avaliar algumas comorbidades.

Intervenções para tratamento do tabagismo

    As intervenções breves são úteis para os fumantes com dependência moderada e leve à nicotina. Os programas mais prevalentes para cessação do habito de fumar utilizam principalmente técnicas comportamentais em conjunto com outras estratégias. Tipicamente os programas de tratamento focalizam os antecedentes e as conseqüências do habito de fumar e incluem técnicas cognitivas que promovem aquisição de habilidades durante e depois do tratamento. Sob a perspectiva comportamental o tabagismo e um comportamento aprendido que inicia por variáveis psicossociais (pressão do grupo, curiosidade, etc.) e mantido pela dependência da nicotina em combinação com estímulos ambientais que provocam a compulsão desde que o comportamento esteja firmemente estabelecido.

Programa Nacional de Controle do Tabagismo

    No Brasil, o Ministério da Saúde busca apoio na sociedade para o projeto de Decreto Legislativo nº 602/04 que ratifica a Convenção-Quadro, documento internacional que propõe estratégias para controle do tabaco e derivados. No dia 31 de maio 2005, o Dia Mundial sem Tabaco, data instituída em 1987 e celebrada nos 192 países que compõem a OMS, o Ministério da Saúde enviou ao Senado Federal uma petição pública com 24 mil assinaturas solicitando que os senadores aprovem o projeto de decreto legislativo que ratifica a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, já validada pela Câmara dos Deputados em maio de 2004.

    Em termos de Promoção da Saúde, o Ministério da Saúde vem desenvolvendo diversos projetos de controle do Tabagismo, envolvendo o Instituto Nacional de Câncer/Coordenação de Prevenção e Vigilância; Secretaria de Vigilância à Saúde/Coordenação de Doenças e Agravos Não Transmissíveis. Estas ações apóiam-se em atividades educativas para disseminar informações para a comunidade e promover ambientes livres de tabaco, além da mobilização de iniciativas legislativas e econômicas que contribuam para criar um macro ambiente social favorável à redução do consumo.

    Dentre essas ações podemos destacar o Programa de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer, tem como objetivo levar á população a procurar uma vida saudável. Para isso, o instituto INCA em com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, na divulgação dos perigos do fumo através dos meios de comunicação trabalham juntas em prol de uma educação contra o fumo, em sentido de evitar que jovens se iniciem no consumo e no tabagismo tem sido referência em apoio técnico a processos e projetos de lei.

    Em cumprimento à Lei 9294/96, Art. 2º, ainda foi instituído o programa "Ambientes Livres do Tabaco" que visa induzir, regular e certificar recintos coletivos, privados ou públicos que proíbam o uso de produtos fumígeros. Neste sentido, o Ministério da Saúde, por meio da SVS, irá repassar recursos (à) aos Estados para implementarem ações referentes ao controle do tabagismo. Este projeto envolve a Vigilância Sanitária, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Secretaria de Vigilância à Saúde e o INCA.

Metodologia

Local de estudo

    A pesquisa foi desenvolvida junto aos Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas sendo um o CAPS – AD (localizado na Avenida Lauro Sodré, número 1.964, bairro Liberdade).

Participantes

    Participaram da pesquisa os pacientes dependentes da nicotina, do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas sendo um o CAPS – AD (localizado na Avenida Lauro Sodré, número 1.964, bairro Liberdade).

Procedimentos e instrumento de pesquisa

    A amostra foi escolhida por conveniência entre uma população tabagistas que procuraram tratamento no CAPS-AD de Porto Velho – RO no período de novembro de 2011 a junho de 2012. Neste local os pacientes foram avaliados de acordo com o estudo das seguintes variáveis: dados demográficos, motivação para mudança de comportamento, nível de ansiedade e depressão e gravidade da dependência à nicotina. Para avaliação das informações demográficas utilizou-se um questionário padronizado do sistema CAPS-AD, para avaliação das comorbidades psiquiátricas utilizou-se o MINI (Mini International Neuropsychiatric Interview Brazilian version 5.0.0 DSM IV) Y. Lecrubier, E. Weiller, T. Hergueta, P. Amorim, L.I. Bonora, J.P. Lépine, Hôpital de la Salpêtrière, D. Sheehan, J. Janavs, R. Baker, K.H. Sheehan, E. Knapp, M. Sheehan, Tradução para o português (Brasil) P. Amorim (2000). Elaborado de acordo com os critérios do DSM-III/IV e da CID-10. Consiste em uma entrevista diagnóstica padronizada breve (15-30 minutos) que se destina a utilização na prática clínica e na pesquisa. Pode ser aplicado na clínica como um exame complementar, permitindo a coleta sistemática de informações necessárias para melhorar a precisão do diagnóstico de diversos transtornos mentais e auxilia, assim, na avaliação das comorbidades psiquiátricas.Os dados foram duplamente digitados no programa Epi-Info7. A análise foi realizada com a intenção de verificar a prevalência patológica nos pacientes iniciantes do tratamento do tabagismo.

Resultados

    Os resultados das amostras mostraram que a população que entrevistamos apresentou um grau de dependência á nicotina elevado e muito elevado, no estágio motivacional se encontraram na ação já que estavam dando início ao tratamento e dentro das patologias predominaram: transtorno distímico, dependência/abuso de álcool e transtorno de ansiedade. Segundo os estudos sobre esses três assuntos o Transtorno distímico ou depressão crônica é um tipo de depressão que se caracteriza principalmente pela falta de prazer ou divertimento na vida e pelo constante sentimento de negatividade. A relação entre tabagismo e depressão tem importância expressiva no contexto do tratamento da dependência da nicotina. Por um lado, há a possibilidade de que a depressão predisponha a recaídas e ao conseqüente fracasso de uma tentativa de parar de fumar; por outro lado, parar de fumar pode facilitar o desenvolvimento de episódios depressivos com sintomas graves. Diversos autores descrevem a probabilidade aumentada de ocorrência de episódios depressivos no período de abstinência da nicotina, sendo maior a possibilidade para pacientes com histórico de episódios depressivos no passado (Bock et al., 1996; Covey et al., 1997). Estudo (Covey et al., 1990) realizado com pacientes em um programa de tratamento para dependência da nicotina evidenciou que 75% dos pacientes com histórico de episódios depressivos no passado desenvolveram sintomas depressivos na primeira semana de tratamento, enquanto apenas 30% dos pacientes sem histórico apresentaram a mesma queixa. A incidência (Killen et al., 2003) de episódios depressivos foi descrita entre 4% e 7% após dez semanas de tratamento com abstinência da nicotina e pode ser relacionada a algumas variáveis sociodemográficas, como ocorrência maior entre as mulheres, probabilidade três vezes aumentada em indivíduos com nível universitário e a probabilidade duas vezes aumentada para indivíduos com início do consumo de cigarros na adolescência (Tsoh et al., 2000). Estudo (Kandel e Davies, 1986) realizado com adolescentes entre 15 e 16 anos mostrou que os sintomas depressivos eram fatores capazes de predizer o consumo de nicotina na idade adulta.

    Com relação ao Abuso/Dependência de Álcool, estudos apontam que a dependência a nicotina também esta relacionada ao aumento do consumo de álcool e outras substâncias (Kao et al., 2000). Pesquisas apontam que fumantes são mais propensos a consumir bebidas alcoólicas e os indivíduos consumidores do álcool mais propensos a fumar (Covey et al., 1994), trata-se de relação bidirecional e dose–dependente, ou seja, pessoas que fumam também tendem a beber mais e pessoas que bebem, tendem a fumar mais (Itsvan e Matarazzo, 1984)

    Estima-se que a prevalência do consumo de tabaco entre os usuários de drogas ilícitas vinculados a programas de tratamento seja de 75% (Kalman, 1998). Malbergier e Andrade (1999), em estudo realizado no GREA (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Departamento e Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), observaram que 52% dos usuários de cocaína, que procuravam tratamento, eram também dependentes de nicotina. No entanto, a cessação do uso do cigarro dificilmente é abordada em programas de tratamento (Battjes, 1988), talvez devido à percepção dos profissionais de saúde de que a necessidade imediata é prover auxílio para a dependência da droga ilícita em questão (Goldsmith e Knapp, 1993). Outra idéia aventada seria relacionada à maior probabilidade de recaída, caso o tabagismo fosse tratado de modo concomitante.

    A presença de sintomas de ansiedade entre tabagistas foi descrita de modo mais sistematizado por meio de um estudo pioneiro (Waal-Manning e Hamel), em 1978. A prevalência de tabagismo entre indivíduos com transtornos de ansiedade foi de 47% (acima da população geral) (Hughes et al., 1986). A associação freqüente foi confirmada por estudo epidemiológico realizado entre adultos jovens (Breslau et al., 1991). Transtorno como pânico e agorafobia têm prevalência aumentada em relação aos outros transtornos de ansiedade (Himle 1988).

Conclusões

    Diante dos resultados obtidos na pesquisa podemos dizer que o tabagismo é mais que um problema de saúde pública, é uma doença que precisa e tem tratamento, visto que provoca danos não só para os que usam o cigarro mais também aos que não o utilizam e ficam a mercê dos componentes que este exala e causam danos irreparáveis. Portanto é preciso sim alertar a população da gravidade que é o ato de fumar e os problemas que causam a nicotina.

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