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O desenvolvimento motor na educação infantil de 4 a 5 anos

El desarrollo motor en la educación inicial de 4 a 5 años

 

*Aluno especial do programa de Mestrado – UNICAMP

**Licenciado/a em Educação Física – UNIFEV

***Mestra em Educação Médica - Escuela Nacional de Salud Pública

****Mestra em Pedagogia do Movimento Humano – USP

(Brasil)

Higor Thiago Feltrin Rozales Gomes*

Luis Gustavo Santos Machado**

Joana D’arc Soares Bafoni Prates***

Jéssica Fernanda Reis**

Denise Ferraz Lima Veronezi****

higor.thiago@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi abordar o desenvolvimento motor na criança de 4-5 anos de idade da educação infantil, verificando as características e as necessidades da criança na infância, e a contribuição do profissional de educação física nesta fase. Constatando a importância do movimento para o desenvolvimento da criança, e as fases e estágios do desenvolvimento motor. Esta pesquisa conclui que a criança se desenvolve através do movimento, sendo ele, fundamental para determinar que indivíduo essa criança se torne em sua idade adulta.

          Unitermos: Desenvolvimento motor. Crianças. Educação Infantil.

 

Abstract

          The objective of this study was to address the motor development in children 4-5 years old children's education by checking the characteristics and needs of children in infancy, and the contribution of physical education teachers in this face. Constantan the importance of movement for the child development, and the phases and stages of development motor. Este research concludes that the child develops through movement, and it is vital to determine that the individual child will become in their adulthood.

          Keywords: Motor development. Children. Early Childhood Education.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O presente artigo tem como metodologia revisão bibliográfica. De acordo com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, idade de quatro e cinco anos entende-se que é o período pré-escolar e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança. Segundo Scarpato (2007) pode-se considerar a Educação Infantil como fase do desenvolvimento das habilidades específicas do ser humano ou movimentos fundamentais, pois acontece entre os dois e sete anos.

    O desenvolvimento motor é um processo continuo e demorado, pois as mudanças mais acentuadas ocorrem nos primeiros anos de vida. Segundo Tani (1988) o período do nascimento aos seis anos de idade é considerado anos cruciais para o individuo, neste processo que ocorre durante toda a vida do ser humano as experiências das habilidades básicas que acontecem principalmente na infância são fundamentais. Na Educação Infantil, a Educação Física utiliza-se de jogos e brincadeiras como um poderoso instrumento para auxiliar o desenvolvimento das crianças, seja no plano motor, afetivo ou cognitivo. A relevância do trabalho focado no desenvolvimento motor consiste no conhecimento da aplicação de atividades que explorem o movimento considerando o aspecto das fases e estágios adequando-as as necessidades de aprendizagem das crianças pré-escolares.

    Este trabalho teve como objetivo mostrar a importância do movimento no desenvolvimento motor infantil de 4 a 5 anos, pois é através dele que a criança realiza as aquisições de outras habilidades importantes, dando ao mesmo tempo uma base para o desenvolvimento em outras áreas: cognitiva, social-afetivo e principalmente motora.

    O movimento aqui descrito pode ser observado em três categorias, movimentos estabilizadores, movimentos locomotores e manipulativos ou a combinação destes três. O trabalho da educação física na Educação Infantil deve priorizar estes movimentos, pois a maior expressão infantil se dá através do ato motor.

    Cabe ao professor de educação física selecionar e organizar seu trabalho de forma que a criança possa vivenciar as mais diversas atividades e jogos onde seu acervo motor seja desenvolvido num ambiente pautado na ludicidade.

A Infância

    A infância é a idade do possível, pois utilizando sua imaginação, a criança vai muito além do mundo real, podendo assim se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral.

    Sendo também portadora de uma imagem de inocência: esta imagem se encontra associada á natureza primitiva dos povos, um mito que representa a origem do homem e da cultura.

    A imagem de infância é reconstituída pelo adulto por meio de um duplo processo: de um lado, ela está associada a todo um contexto de valores e aspirações da sociedade, e, de outro, depende de percepções própria do adulto, que incorporam memórias de seu tempo de criança (KISHIMOTO, 2000, p.19).

    Segundo Kishimoto (2000) nas antigas concepções, a criança era vista como homem em miniatura, porém revelava uma visão negativa, pois era um ser inacabado, sem nada específico e original, sem valor positivo. Mas com passar dos anos, a partir do século XVIII, Rousseau, defende a especificidade infantil, sendo assim, a criança passou a ser vista como portadora de uma natureza própria que deve ser desenvolvida.

    De acordo com o RCNEI (1998):

    As crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem.

    Através do brinquedo a criança pode desenvolver sua parte cognitiva, propondo um mundo imaginário, fazendo com que a mesma incorpore, reproduzindo não apenas objetos, mas uma totalidade social, pois o brinquedo metamorfoseia e fotografa a realidade. Ele supõe uma relação intima com a criança, permitindo de várias formas, desde a manipulação até a realização de brincadeiras, estimulando a representação, e, a expressão de imagens que evocam aspectos da realidade.

    Segundo Kishimoto (2000):

    O principal objetivo, dar á criança um substituto dos objetivos reais, para que possa manipulá-los. A infância expressa no brinquedo o mundo real, com seus valores, modos de pensar e agir e o imaginário do criador do objeto, sendo assim o criador de brinquedos cria um objeto, não somente utilizando formas do mundo real, mas introduzindo imagens que variam de acordo com a sua cultura, pois cada cultura tem maneiras de ver, tratar e educar a criança.

    Hoje, a infância é enriquecida, contando com o auxílio de concepções psicológicas e pedagógicas, que reconhecem o papel e a importância dos brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento e na construção do conhecimento infantil.

    Quando brinca, a criança assimila o mundo á sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui (PIAGET, 1971, apud KISHIMOTO p. 59).

    A partir do brincar a criança expandi sua imaginação, levando-a a criar fantasias imaginativas, podendo começar a compensar as pressões que sofrem na realidade do cotidiano. O brincar, às vezes de maneira involuntária, auxilia a criança no aspecto cognitivo, afetivo-social, e, motor, ajudando-a a construir a confiança, e também a superar obstáculos da vida real, tornando-as capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas no dia-a-dia.

    É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o mundo dos adultos, onde ela estabelece seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros (GARBARINO e col., 1992 apud Kishimoto, p. 69).

    Sendo assim o brinquedo a brincadeira introduz a criança em um universo de sentidos não somente de ações, valorizando o imaginário em detrimento de um realismo estreito, tornando o mundo representado mais desejável pela criança, pois possibilita que a mesma saia do real para descobrir outro mundo, através da imaginação.

Fases da infância

    Segundo Gallahue (2005), o período da infância é de 2 aos 10 anos de idade, que é dividida em três fases, o período de aprendizagem (24 – 36 meses), a infância precoce (3 – 5 anos) e a infância intermediário-avançada (6 – 10 anos).

    A criança se desenvolve através do movimento, ao executar diferenciadas formas de se movimentar, ela melhora a coordenação e a precisão da ação, podendo trabalhar com a sua imaginação em brincadeiras e jogos simbólicos, pois as mudanças mais acentuadas ocorrem nos primeiros anos de vida.

    Do nascimento aos seis anos, são anos cruciais para o indivíduo. As experiências que a criança tem durante este período determinarão, em grande extensão que tipo de adulto a pessoa se tornará (HOTTINGER, 1980, apud TANI 1988, p.65).

    Na faixa etaria de 4 a 5 anos a criança já compreende melhor o mundo à sua volta, tornando-se gradualmente menos egocêntrica e com melhor compreendimento de que suas ações podem afetar as pessoas à sua volta.

    Nesta fase a Educação Física tem um importante papel, seu objetivo é promover o desenvolvimento integral por meio de seus conteúdos e seu caráter lúdico. Ao apropriar-se do universo infantil as potencialidades da criança serão desenvolvidas nas aulas a partir de sua própria cultura corporal.

    Segundo Harrow (1983) essa fase é o período sensível para que as formas motoras básicas sejam desenvolvidas corretamente na criança. Dessa maneira as atividades pré-escolares devem fundamentar-se nas formas motoras básicas desenvolvidas pela educação física, favorecendo assim o desenvolvimento das crianças.

    As crianças são altamente ativas em geral, constantemente explorando o mundo à sua volta. As crianças passam também a aprender que na sociedade existem coisas que eles podem ou não fazer.

    Crianças desta faixa etária 4 e 5 anos, começam a desenvolver os aspectos básicos de responsabilidade e de independência, subsidiando-as para o próximo estágio da infância e os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Desenvolvimento motor infantil

    O desenvolvimento motor pode ser dividido em fases e habilidades específicas. Segundo Gallahue (2005), a maior parte dos movimentos envolve um elemento de estabilidade, quando analisado pelo equilíbrio, como todas as atividades locomotoras e manipulativas são, em parte, movimentos estabilizadores. Segundo o mesmo autor citado a cima, “os movimentos axiais e várias posturas de equilíbrio estático e dinâmico são componentes principais da estabilidade”.

    Segundo Gallahue (2005, p. 229) “os movimentos axiais e várias posturas de equilíbrio estático e dinâmico são componentes principais da estabilidade”.

    Os movimentos axiais são os movimentos do tronco ou dos membros quando em posição estática, como alongar-se, girar, virar-se e curvar-se. As posturas fazem com que haja manutenção do equilíbrio dinâmico ou estático, como rolar, sentar-se, parar, subir se equilibrando em galhos, balançar-se e equilibrar-se em apenas um pé. Segundo Gallahue (2005) “os movimentos locomotores fundamentais envolvem a projeção do corpo no espaço em plano horizontal, vertical ou diagonal”.

    A locomoção é um aspecto fundamental no aprendizado do movimentar-se, envolve a projeção do corpo no espaço externo, alterando sua localização, atividades como caminhar, correr, pular e saltar obstáculos são movimentos locomotores fundamentais (GALLAHUE, 2005, p. 252).

    Os movimentos da locomoção podem ser realizados sozinhos ou juntamente com a manipulação de algum objeto, por exemplo, ou com movimentos estabilizadores como caminhar e correr sobre uma determinada linha. Trabalhando assim mais de uma habilidade fundamental ao mesmo tempo. De acordo com Gallahue (2005) “movimentos manipulativos fundamentais envolvem a aplicação de força aos objetos e/ou a recepção de força deles”.

    A manipulação é dividida em dois tipos de movimentos, os movimentos propulsores que são atividades em que o objeto é movimentado para longe do corpo, como arremessar, chutar, rolar e bater. E os movimentos amortecedores, são atividades em que o corpo ou parte dele se direciona no caminho do objeto que esta em movimento, com a intenção de parar ou desviar o trajeto desse objeto, como por exemplo, apanhar, aparar e desviar (GALLAHUE, 2005 p. 256).

    Segundo Gallahue (2005), não se deve esperar uma estimada eficiência na execução de movimentos manipulativos, enquanto as habilidades locomotoras e estabilizadoras ainda estiverem desenvolvendo. Só após que esses padrões sejam bem estabelecidos, é que os movimentos manipulativos vão apresentar eficiência. Nesta perspectiva durante a infância (4 a 5 anos), as aulas de Educação Física devem inicialmente desenvolver o equilíbrio e habilidades locomotivas.

Fases do desenvolvimento motor

    Segundo Gallahue (2005), o desenvolvimento motor é dividido em quatro fases:

A Educação Infantil

    Segundo Kuhlmann (2004) as pré-escolas surgiram a partir de mudanças econômicas, políticas e sociais que ocorreram na sociedade: pela incorporação das mulheres á força de trabalho assalariado, mas por outras razões também, por razão que se identificam com um conjunto de idéias novas sobre a infância, sobre o papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um individuo produtivo e ajustado ás exigências desse meio social.

    A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica entende-se que é o período pré-escolar e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os 6 anos de idade. A Educação infantil hoje é considerada parte da educação Básica, mudanças que ocorreu após a Lei de Diretrizes e Bases de 9394/96.

    Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9394/96, nos artigos 21º e 29º, estabelece que a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Brasil 1996).

    Segundo (Freire, 2003):

    O que se espera é que as crianças possam da melhor forma possível, apresentar em cada período de vida uma boa qualidade de movimentos, de acordo com certos modelos teóricos apresentados.

    Segundo Craidy e Kaercher (2001), a partir da Constituição Federal de 1988, a criança brasileira passou a ser tratada como sujeito de direitos que está em pleno desenvolvimento e diante disto deve ser atendida e cuidada, com prioridade em relação às suas necessidades. Um dos direitos citados na Constituição, com respaldo no Estatuto da Criança e do Adolescente e da LDB é a educação.

    Dentro desta etapa Educacional temos duas divisões: creches e pré-escolas que procuram adequar o atendimento das crianças de acordo com suas peculiaridades e necessidades e devem ser oferecidas em instituições de caráter educacional e não simplesmente assistencial (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p.24).

    De acordo com Gallahue (2005) as crianças na Educação Infantil rapidamente expandem seus horizontes, afirmando suas próprias personalidades, desenvolvendo habilidades e testando seus próprios limites e os da família e de outros ao redor.

    As experiências que as crianças vão obtendo ao longo dos anos são para elas uma forma de linguagem, através dos movimentos vão descobrindo os seus limites corporais, introduzindo suas personalidades, pouco a pouco desenvolvendo algumas habilidades básicas.

A Educação Física na Educação Infantil

    A Educação Física não é apenas educação do ou pelo movimento: é educação de corpo inteiro, é um corpo em relação com outros corpos e objetos, no espaço.

    O movimento não acontece sozinho, pois toda ação tem uma intenção, podendo ser expressiva ou funcional é determinada sempre pela sua dimensão cultural como, por exemplo: uma dança, um jogo quaisquer que seja o gesto, ou movimento é sustentado por um significado.

    O benefício da atividade física no desenvolvimento da criança é através do brinquedo e da brincadeira que é inquestionável, pois é um universo da criança em que os atos motores são indispensáveis, através do mundo simbólico o professor usa de atividades simbólicas para explorar não somente o motor, mas também o cognitivo, por outro lado a criança tem um relacionamento com o mundo real, concreto, com o qual ela se relaciona, assim as experiências motoras começam surgir a partir do momento em que se uniram os dois a uma atividade corporal.

    Não se passa do mundo concreto á representação mental senão por intermédio da ação corporal. A criança tem a capacidade de transformar o mundo simbólico em experiência corporal, assim àquilo que era imaginário ela pode experiência corporalmente. O movimento na educação infantil seria um instrumento utilizável para facilitar a aprendizagem de outros conteúdos. (FREIRE, 2003, p. 36).

    Na Educação Infantil a Educação Física é um espaço onde a criança aprende brincando com a linguagem corporal, ou seja, com seu próprio corpo, com o movimento, visando assim proporcionar a elas experiências que auxiliem no desenvolvimento motor, a fim de desenvolver não somente o ato motor, mas também um conhecimento do seu próprio corpo, pois o movimento é a essência da infância.

    Durante a infância a criança começa construir suas experiências motoras, nesse processo de desenvolvimento ocorre-se uma junção dos movimentos construídos pela criança, com os movimentos culturais e sociais que cada uma possui, levando em conta que está construção depende tanto dos recursos biológicos, psicológicos e condições do meio em que ela vive.

    De acordo com Paim (2003):

    A Educação Física adquire um papel importantíssimo á medida que ela possa estruturar o meio ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando num grande auxiliar e promotor do desenvolvimento humano, em especial ao desenvolvimento motor e garantir a aprendizagem de habilidades especifica.

    A construção de movimentos varia de individuo para individuo, a organização construída pelo sujeito, dependem tanto dos recursos biológicos e psicológicos de cada pessoa, quanto das condições do meio ambiente em que ela se encontra.

    Por isso o ser humano não precisa somente do que está presente nele, parte do que ele precisa para viver esta também no mundo lá fora, no meio ambiente, e ao seu redor.

    Segundo Freire (2003) para que a criança se adapte ao mundo, para agir sobre o mundo, transformando-o e resolvendo problemas, é preciso que ela construa seu próprio movimento corporal especifico isso só poderá ocorrer através de esquemas de ação, pois é através deles que o ser humano expressará em todas as ocasiões de sua vida seus movimentos, lembrando que a primeira fase da infância é crucial, pois é a partir dela que se desenvolvem as movimentações básicas de movimentação corporal.

    O desenvolvimento infantil dos aspectos nesta idade segundo Gallahue (2005) estão definidos na fase dos movimentos fundamentais. Refere-se aos atos de pegar, gatinhar, andar, correr, saltar, girar, rolar, são esses movimentos que constatamos na fase da educação infantil. As crianças de 3 a 4 anos as atividades são tarefas motoras de estabilização, locomoção e manipulação podendo ser coordenadas por movimentos. As crianças de 4 a 5 anos as atividades começam a aceitar melhor as regras e compreendê-las, elas já começam a apresentar a maior atenção e concentração, começam a se organizar em grupos esse é um elemento muito importante nessa fase a de aceitarem as outras crianças.

O Professor de Educação Física na Educação Infantil

    O professor de Educação Física é um grande mediador e transmissor de conhecimentos, através destas aulas a criança brinca e ao mesmo tempo conhece seus próprios movimentos. O docente deve respeitar o interesse do aluno e trabalhar a partir de atividades espontâneas, ouvindo suas dúvidas e formulando desafios à capacidade de adaptação da criança.

    Durante o processo de construção do conhecimento, deve haver uma relação de respeito mútuo, de afeto e confiança para favorecer o desenvolvimento da autonomia da criança, cabe ao professor elaborar atividades coerentes, que faça com que a criança se sinta confiante, criando estratégias para que a mesma possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade, descobrindo,imaginando, construindo seu próprio conhecimento.

    É importante que o professor elabore atividades de caráter educativo e ao mesmo tempo lúdico, pois na fase de 4 a 5 anos, a criança brinca e tem o maior prazer de brincar, cabe a ele desenvolver brincadeiras, jogos educativos com o intuito de ampliar o conhecimento da criança não somente corporal mais também como um todo.

    O conhecimento motor tem como fonte de desenvolvimento o objeto, pois é a partir dele que a criança recebe informações facilitando assim a assimilação através da manipulação e observação, lembrando que é fundamental que o mediador esteja por perto para orientar e transmitir informações quando necessário e auxiliá-lo quando for preciso.

    Há alguns anos atrás, havia-se uma discussão complexa em torno do papel da educação física, pois a criança deveria ter aulas somente com um professor, ou seja, era mais adequado a criança ter aulas com o mesmo professor (pedagogo), assim o grau de conhecimento cognitivo, afetivo e motor seria maior.

    Mas com o passar dos tempos o profissional de Educação Física mostrou o seu potencial, provando que só quem realmente entende de movimento e atividade adequada para cada idade é que seria o mais apto a ministrar uma aula. Segundo Freire (2003), “o mais importante e fundamental é que a criança não seja privada da educação física a que tem direito”.

    A criança tem como direito se movimentar, experimentar e viver novos movimentos, pois é assim que a começa a obter um maior conhecimento, das suas possibilidades corporais, sociais, e intelectuais, durante a infância que o movimento é a essência da criança, ou seja, ela aprende pelo movimento, se expressa e comunica, cabe ao professor de Educação Física estruturar as aulas tendo como eixo o movimento.

    De acordo com Moura, Trindade e Santos (2007):

    O profissional desta área pode encontrar diversas formas de promover estímulos que levam ao desenvolvimento de uma forma descontraída. As aulas podem ser ministradas através de brincadeiras e jogos, tendo o foco a ludicidade, fazendo com que estas não sejam “mecanizadas”, pois sendo trabalhada de forma repetitiva tornam-se monótonas, causando o abandono e desinteresse por partes dos alunos, que nada mais seriam se não objetos, máquinas.

    O profissional de educação física precisa ter a linguagem e relação entre criança/adulto e criança/criança e que não pode prescindir da orientação. No entanto este trabalho só pode ser realizado com profissionais que estejam conscientes, ativos, que sejam dinâmicos, realizadores e transformadores.

A Educação Física na Educação Infantil na perspectiva desenvolvimentista

    O movimento é fundamental durante a vida do ser humano, pois é através dele que o mesmo aprende sobre o meio social em que vive. As primeiras experiências motoras da criança durante a infância são de grande importância para o desenvolvimento cognitivo, pois o movimento é a essência da infância.

    Segundo Neira e Mattos (2005) todo movimento tem um significado, não existe um movimento pelo movimento, pois toda ação tem uma intenção, independentemente expressiva ou funcional será sempre determinada pela sua expressão cultural, temos como exemplo: um jogo, uma expressão, uma dança, conclusão cada gesto é sempre sustentado por um significado.

    Para se adquirir um histórico motor e futuramente conseguir realizar movimentos mais complexos, resultando em uma seqüência de desenvolvimento motor, é importante que a criança obtenha experiências motoras. A Educação Física entra com um papel importante no desenvolvimento da criança, pois oferece experiências motoras adequadas.

    Através do movimento a criança vai aprendendo a pensar e planejar a sua movimentação, e ao mesmo tempo vivendo cada movimento, não só utilizando o lado motor, mas também a cabeça para planejar os seus movimentos de acordo com suas necessidades e limites.

    A execução de sequência de movimentos dados a um indivíduo pode ser a mesma, o que difere é as velocidades de progressão que varia de um individuo para outro individuo. De acordo com Keogh (1977) pode se dizer que a ordem em que as atividades denominadas dependem mais do fator maturacional, enquanto que o grau e a velocidade em que ocorre o domínio estão mais na dependência das experiências e diferenças individuais.

    A capacidade de se movimentar é essencial para o ser humano interagir com o meio em que vivi, tanto físico como social. Diariamente, realizamos atividades motoras que assim precisa-se de um determinado movimento para se obtiver uma determinada ação. E cada criança possui o seu próprio grau de desenvolvimento, a maneira de se expressar, criar, e desenvolver seu próprio movimento depende de cada indivíduo. De acordo com Halverson e Roberton (1979, apud Tani et al 1988), a Educação Física adquire um papel importantíssimo á medida em que ela pode estruturar o ambiente adequado a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliar e promotora do desenvolvimento.

    Na verdade a Educação Física pretende atender ás reais necessidades e expectativas da criança, visando obter uma melhor compreensão sobre o que realmente a criança necessita, compreendendo assim as suas características de crescimento e desenvolvimento.

    Pois um dos principais objetivos da Educação Física é atender as necessidades do próprio processo de mudança no comportamento motor ao longo do desenvolvimento, que provém de cada criança, possibilitando assim que a mesma, obtenha um maior resultado em adquirir, e reter um amplo repertório de habilidades básicas durante o seu desenvolvimento motor.

    Lembrando que depende muito do professor para que este processo aconteça, pois é ele que estabelece conteúdos e tem como dever elaborar atividades nem muito além, e nem aquém das capacidades reais da criança, respeitando assim o limite de cada uma durante a execução de movimentos motores.

Considerações finais

    O movimento é a essência da infância, neste trabalho verificou-se a importância do trabalho da Educação Física na Educação Infantil. O intuito foi demonstrar que o movimento é uma base para que a criança aprenda a lidar com a complexidade do cotidiano, sendo assim é um instrumento fundamental durante a Educação Física. Este desenvolvimento é um processo árduo e continuo, dependendo muito do professor na elaboração das atividades, pois é dever do educador analisar a idade, os limites da criança e as possibilidades de aprendizagem para então elaborar adequadamente as atividades de maneira lúdica contribuindo para o desenvolvimento afetivo, social e principalmente motor.

    Segundo Gallahue (2005) e Tani et all (2005), ambos concordam que os primeiros anos de vida, do nascimento aos seis anos, são anos cruciais para o indivíduo. Conforme a criança vai crescendo, ela vai desenvolvendo e aperfeiçoando as habilidades motoras. O professor deve aproximar seus objetivos, conteúdos e metodologias à cultura da criança, da experiência adquirida e do meio em que se encontra. O educador tem como explicito dever, respeitar seus limites, pois se a metodologia não for coerente ao nível da fase de desenvolvimento de cada indivíduo, favorecendo o desenvolvimento das várias habilidades fundamentais (locomoção, manipulação, e estabilização), a criança então se torna inapta a se desenvolver durante sua vida adulta prejudicando e ao mesmo tempo interrompendo seu processo continuo de se desenvolver.

    De acordo com o exposto conclui-se que a escola deve obter iniciativas, desenvolvendo atividades que as estimulem, para que a criança explore seus movimentos corporais no âmbito escolar através da Educação Física, possibilitando-a a ter experiências novas e explorando ao mesmo tempo experiências já adquiridas de acordo com sua cultura.

    Pois às vezes a rotina em casa não possibilita que a criança desenvolva suas habilidades através de brincadeiras, cabendo a escola voltar seu olhar para esses fatores e assim com ajuda do professor trabalharem na criação de formas variadas para que a criança manifeste-se corporalmente, aprimorando pouco a pouco suas habilidades básicas.

Referências

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