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Incidência de hipertensos cadastrados a partir de 2010 

nas Unidades Básicas de Saúde do município de Criciúma

La incidencia de hipertensos registrados a partir de 2010 en las Unidades Básicas de Salud del municipio de Criciuma

Impact of registered hypertensive from 2010 Basic Health Unit in the municipality of Criciuma

 

Departamento de Educação Física

Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC

Unidade Acadêmica de Humanidades Ciências e Educação

Departamento de Educação Física

Criciúma, Santa Catarina

(Brasil)

Bárbara Regina Alvarez

João Peixoto Queiroz

Josete Mazon

Mônica Martins Binatti

Rodrigo Alvarez Cardoso

Eduardo Batista Von Borowski

bra@unesc.net

 

 

 

 

Resumo

          As doenças crônicas não transmissíveis apresentam uma prevalência em países desenvolvidos e em desenvolvimento, atingindo todas as classes sociais, faixas-etárias e raças. O principal objetivo desta pesquisa é verificar a incidência de hipertensos cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde do município de Criciúma - SC, além de identificar características quanto: ao gênero, à idade, ao peso, à estatura e acometimento de doenças cardiovasculares. O estudo também buscou quantificar o número de Unidades com grupos de exercício, participação nestes e a presença de Profissionais de Educação Física nas Estratégias de Saúde da Família. Na pesquisa foram identificados 1748 hipertensos cadastrados a partir de 2010, com predominância de mulheres (62,3%), indivíduos entre 50 e 60 anos (34,76% dos homens e 30,95% das mulheres), sobrepeso (45,17% em homens e 34,16 em mulheres), média de estatura de 1,60m e 1,69m nos homens (44,76%) e 1,50m e 1,59m nas mulheres (49,77%). Tanto nos homens quanto nas mulheres o peso predominante foi entre 70 kg e 80 kg (26,26% e 27,31% respectivamente). Em relação ao acometimento de doenças cardiovasculares, 70,41% e 74,84% dos homens e mulheres respectivamente nunca sofreram outro tipo de cardiopatia além da hipertensão.

          Unitermos: Hipertensão. Obesidade. Exercício físico. Doenças crônicas não transmissíveis. Unidades Básicas de Saúde.

 

Abstract
          Chronic diseases have prevalence in developed and developing countries, reaching all walks of life, ages and races. The main objective of this research was to investigate the incidence of hypertensive in Basic Health Units in the municipality of Criciúma-SC, and identify characteristics: gender, age, weight, height and cardiovascular diseases. The study quantified the number of health units with exercise groups, number of participants and the presence of professionals of physical education in Family Health Strategies. In the survey were identified hypertensive 1748 from 2010 - 1012, with a predominance of women (62,3%), individuals between 50 and 60 years (34,76% of men and women 30,95%), overweight (45,17% in men and in women 34,16), average stature of 1, 60 m and 1, 0.69 m in men (44,.76%) and 1 m and 1, 59 m in women (49,77%). In men and women predominant weight was between 70 kg and 80 kg (26.26% and 27.31% respectively). In relation to the onset of cardiovascular diseases, 70.41% and 74.84% of men and women respectively never suffered another type of heart disease and hypertension.

          Keywords: Hypertension. Obesity. Physical activity. Chronic disease. Basic Health Units.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) apresentam uma crescente prevalência, especialmente a obesidade e a hipertensão arterial. (BORGES, CRUZ e MOURA, 2008). Dados do Ministério da Saúde do Brasil indicam que o maior número de casos de mortalidade e 70% dos gastos assistenciais com saúde do país são decorrentes das DCNT. (BRASIL, 2004 apud COELHO et. al., 2010).

    A obesidade, segundo Mediano, et. al. (2009), corresponde ao acúmulo excessivo de gordura corporal e representa atualmente um importante problema de saúde pública, acarretando doenças debilitantes que afetam a qualidade de vida, além de maior probabilidade de mortes prematuras. A sua causa está associada à combinação de fatores genéticos, metabólicos, sociais, comportamentais e culturais. (TAVARES, NUNES, SANTOS, 2010). De acordo com Wadden, Butryn, Byrne (2004) as alternativas para se controlar o excesso de peso são: (re) educação alimentar, combate ao sedentarismo e abordagem comportamental.

    A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada como uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevados e sustentados níveis de pressão arterial (PA). Para Rosario et al. (2009) a hipertensão arterial é considerada uma síndrome, por geralmente estar associada a distúrbios metabólicos como obesidade, aumento da resistência à insulina, diabetes mellitus e dislipidemias, causando alterações em órgãos-alvo como o coração, rins, vasos sanguíneos e encéfalo.

    A evolução clínica da HAS é lenta e possui multiplicidade de fatores, que se não tratados corretamente, implicam em graves complicações, temporárias e permanentes. (TOLEDO, RODRIGUES, CHIESA, 2007).

    Analisando o levantamento de informações sobre este agravo, Siqueira et. al. (2009) citam a necessidade da criação de práticas saudáveis capazes de proporcionar benefícios à população, a partir da educação em saúde nas estruturas de atenção básica à saúde. O exercício físico surge como alternativa para o controle e tratamento da hipertensão arterial, pois sua prática regular diminui os níveis de PA (LATERZA et. al., 2008, RONDON, BRUM, 2003, MONTEIRO, FILHO, 2004, SCHER, NOBRE, LIMA, 2008), justificando a importância do profissional de educação física nas unidades de saúde.

    O exercício físico é um fator auxiliar na diminuição de peso corporal. Mediano, et. al., (2009) mostram que a prática regular de exercícios físicos afeta diretamente a manutenção da massa magra a contribui para a obtenção de déficit energético. Os autores confirmam que a prática de exercícios físicos aliada ao controle e reeducação alimentar é extremamente afetiva na diminuição do peso corporal.

    Portanto, o presente estudo tem como objetivo: verificar a incidência de hipertensos cadastrados a partir de 2010 nas Unidades Básicas de Saúde do município de Criciúma. Através de um levantamento das características dos cadastrados, foi identificado a quantidade de UBS que oferecem programas de exercícios físicos, o número de indivíduos que participam dos programas de exercícios físicos oferecidos nas UBS e a quantidade de Profissionais de Educação Física que atuam nas Unidades Básicas de Saúde.

Metodologia

    Os procedimentos começaram com a identificação das UBS da cidade de Criciúma. Logo após foi realizada uma análise dos prontuários e fichas cadastrais do Hiperdia para a verificação do número de hipertensos cadastrados na UBS. A partir da quantificação dos hipertensos, os cadastrados a partir de 2010 tiveram os prontuários e fichas selecionados para o levantamento de características quanto: ao gênero, à idade, ao peso, à estatura e ao acometimento de doenças cardiovasculares.

    Simultaneamente, foi realizada uma entrevista com os gestores, para identificar as Unidades que possuem grupos de exercícios físicos, a participação dos hipertensos e o número de Profissionais de Educação Física que atuam nas UBS do município. A pesquisa foi encaminhada ao Comitê de Ética da Universidade e aprovada com o parecer nº. 347/2011. Todas as informações recolhidas foram armazenadas em computador, através do software Microsoft Excel 2007 para Windows 7. A coleta dos dados foi inserida e tabulada em uma planilha do software Microsoft Excel 2007.

Análise e discussão dos dados

    Ao término da coleta de dados, constatou-se a incidência de 10260 hipertensos cadastrados nas UBS do município de Criciúma. Mais recentemente, a partir do ano de 2010, 1748 cadastrados.

    O quadro 1 corresponde ao levantamento das características dos hipertensos. Estão explicitados: gênero, idade, estatura e acometimento de doença cardiovascular (ADC).

Quadro 1. Características dos hipertensos cadastrados a partir de 2010 nas UBS do município de Criciúma

ADC: Acometimento de doenças cardiovasculares; IAM: Infarto agudo do miocárdio; AVC: Acidente vascular cerebral; OC: Outras coronariopatias; 

NÃO: Não possui nenhum acometimento de doença cardiovascular; NC: Não consta informação de acometimento de doença cardiovascular na ficha cadastral.

    Após o levantamento das características, observou-se a maior incidência de mulheres hipertensas nas UBS (62,3% dos hipertensos são do sexo feminino e 37,7% do sexo masculino). Os resultados obtidos corroboram com um estudo de Lima et. al. (2011) que analisou o perfil de pacientes cadastrados em três UBS do município gaúcho de Pelotas, o qual apresentou uma ocorrência de 69,6% de mulheres e 30,4% de homens.

    Os dados também concordam com estudos publicados no site do DATASUS, em que o percentual de mulheres sempre varia entre 60% e 65%. Andrade et. al. (2002) mostram em seu trabalho que entre as pessoas que buscam tratamento de HAS, 60% são mulheres. Oliveira, Lange (2011) analisaram o perfil epidemiológico de hipertensos cadastrados no sistema Hiperdia em uma UBS no município de Herval – RS. No estudo, constataram que 65,8% dos cadastrados eram do sexo feminino e 34,2%, do sexo masculino.

    Andrade et. al. (2002) sugerem que as mulheres tendem a ter uma maior preocupação com a saúde em comparação com os homens. Para Moreira et. al. (2009), mulheres têm uma maior percepção sobre o estado de saúde e um maior autocuidado e elas têm uma menor resistência à procura de serviços médicos.

    Analisando a idade dos participantes, notou-se a predominância da faixa-etária compreendida entre os 50 e 59 anos (34,6% dos homens e 30,95% das mulheres). Nos homens, o número de hipertensos com idade entre 60 e 69 anos foi maior que entre os 40 e 49 anos (21,09 % e 20,33% respectivamente). Já nas mulheres, ocorreu o inverso, a quantidade de hipertensas com idade entre 40 e 49 anos (23,32%) é maior nas que estão na faixa-etária compreendida entre 60 e 69 anos (21,03%). O número de hipertensos menores de 20 anos foi semelhante entre os sexos, assim como a faixa- etária de 20 a 30 anos, 30 a 40 anos e maiores de 70 anos.

    Os resultados obtidos são semelhantes aos de Borges, Cruz, Moura (2008) que analisaram a associação de hipertensão e excesso de peso em 1260 indivíduos na cidade de Belém. Independente do peso, 33,7% dos homens estavam na faixa-etária de 50 e 60 anos, e as mulheres apresentaram 60% de prevalência entre os 40 e 60 anos. Outro estudo que concorda com os dados, é de Andrade et. al. (2002) que estudou a aderência ao tratamento da HAS em 401 indivíduos no estado da Bahia. Sem distinção de sexos, 51,6% das pessoas apresentaram idade entre 40 e 60 anos.

    A estatura dos homens demonstrou maior incidência entre 1,60m e 1,69m (44,76%) e de 1,70m a 1,79m (38,09%). Nos outros intervalos sugeridos o índice foi baixo. Praticamente a metade do número de mulheres encontrou-se no intervalo de 1,50m a 1,59m (49,77%). Também se verificou um número alto entre 1,60m e 1,69m (31,13%).

    De acordo com o IBGE (2008/2009), a altura média do homem brasileiro com idade entre 45 e 54 anos é 1,70 m, diminuindo para 1,68m dos 55 aos 64 anos e para 1,67 m entre os 65 e 74 anos. Já entre as mulheres, a estatura média é 1,58m, 1,56m e 1,55 m nas faixas-etárias de 45 a 54 anos, 55 a 64 anos e 65 a 74 anos, respectivamente. Portanto, os indivíduos participantes do estudo encontram-se dentro da média nacional.

    Em relação aos ADCs, praticamente 70% dos homens e mulheres não sofreram algum tipo de ADC além da HAS. Nos indivíduos que já sofreram, verificou-se uma prevalência de casos de infarto agudo do miocárdio (IAM). Se forem analisados apenas os ADC, em torno de 60% teve IAM de forma isolada ou acompanhada por outra cardiopatia. Nos homens, a quantidade de indivíduos que relataram AVC é maior do que OC, enquanto nas mulheres ocorreu o contrário. Aproximadamente 5% das fichas cadastrais estavam incompletas ou ilegíveis nas questões de ADC.

    Considerando a falta de preenchimento de dados, Zillmer et. al. (2010) realizou um estudo onde verificou a completude de fichas cadastrais do Hiperdia em uma UBS de Pelotas – RS e concluiu que há uma falta de dados nas fichas. Os autores acreditam que o cadastro do Hiperdia é uma forma de diagnóstico de situações de saúde e possibilitam a criação de estratégias de acordo com as especificidades de cada grupo populacional. Relacionada à incidência de obesidade entre os hipertensos cadastrados, os dados encontrados, apresentaram uma predominância de excesso de peso. A tabela 2 mostra em detalhes.

Quadro 2. Classificação de IMC, segundo OMS (1998) dos hipertensos cadastrados a partir de 2010 a 2012 nas UBS de Criciúma

    O índice de indivíduos acima do peso é alto. Cerca de 80% dos homens e mulheres estão com excesso de peso corporal. A maioria está inserida na faixa considerada sobrepeso, sendo que uma boa parcela já está caracterizada como obesa. Em ambos os sexos, o percentual de indivíduos com baixo peso é reduzido, assim como os que estão classificados como peso normal. Um estudo desenvolvido por Lima et. al. (2011) encontrou sem distinção de sexos, a incidência de 41% de indivíduos com sobrepeso, 30% de obesos e 27% de indivíduos em peso normal. Já os índices de obesidade foram semelhantes e os de peso adequado apresentaram discrepância.

    Jardim et. al. (2007) analisou 632 indivíduos de ambos os sexos na cidade de Goiânia e verificou que aproximadamente 49% são portadores de HAS e estão com o IMC acima de 25 kg/m², apresentando resultados diferentes do estudo. No estudo desenvolvido por Dias et. al. (2009), que analisou o perfil dos pacientes cadastrados no Hiperdia de uma UBS do município de Belém – PA (n=33) verificou-se o maior percentual de indivíduos caracterizados com obesidade (49%), 33% dos estudados estavam na faixa de sobrepeso e apenas 15% apresentavam o peso normal, por fim, 3% estavam com abaixo peso.

    O quadro 3 corresponde à quantidade de UBS que oferece grupos de exercícios, além da presença de Profissionais de Educação Física nas ESF.

Quadro 3. Profissionais de Educação Física e grupos de exercícios nas UBS

    Após a quantificação do número de UBS que possuem grupos de exercícios, observou-se que 82,14% das ESF do município de Criciúma oferecem grupos de exercícios aos usuários. Apenas 17,86% não oferecem programa de exercícios. Dentre os grupos, apenas uma UBS possui um Profissional de Educação Física próprio, integrante da residência multiprofissional em atenção básica/saúde coletiva.

    O sedentarismo está muito presente nas UBS estudadas. A participação é baixa em grande parte das ESF. Verificou-se no estudo que apenas a ESF que possui Profissional de Educação Física na equipe multidisciplinar tem um controle dos participantes dos grupos de exercício. Nas outras Unidades não há contato direto entre o grupo e a ESF. Os profissionais do NASF desenvolvem as atividades e em alguns casos os próprios funcionários da ESF desconhecem. Não há controle e acompanhamento dos hipertensos que participam dos grupos por parte das UBS, tanto é que os gestores não sabem quantos hipertensos realizam exercícios no grupo de exercícios.

    Sobre a participação em grupos de exercícios das UBS, constatou-se que 571 pessoas praticam exercícios orientados por Profissionais de Educação Física. Não foi possível fazer uma relação com a quantidade de hipertensos, pois as UBS não possuem o controle e acompanhamento dos praticantes de atividade física supervisionada pelo Profissional da UBS.

Considerações finais

    Os hipertensos cadastrados a partir de 2010 nas UBS do município de Criciúma apresentam situação de saúde preocupante. Além do alto número de diagnósticos, o sedentarismo é explícito, podendo desencadear outras complicações. As UBS da cidade não parecem preparadas para oferecer informações educativas em saúde sobre o exercício físico, assim como seus benefícios para a prevenção e tratamento de DCNT.

    Devido à falta de organização de grande parte das UBS, o número de hipertensos cadastrados pode ser maior do que o apresentado e por isso sugere-se: a padronização e organização das fichas cadastrais do sistema Hiperdia, intervenções voltadas para a prevenção das DCNT, principalmente através do exercício físico nas próprias UBS e organização de palestras com Profissionais de Educação Física com o intuito de explanar os benefícios agudos e crônicos do exercício para diferentes patologias.

    A identificação da incidência de hipertensos e suas características podem contribuir de maneira eficiente para a organização e expansão de políticas públicas de combate à hipertensão, obesidade e demais doenças cardiovasculares. É visto a importância do Profissional de Educação Física nas equipes de atendimento das UBS, pois, através dos benefícios comprovados do exercício físico, o Profissional pode contribuir para o tratamento e principalmente a prevenção das DCNT.

Referências bibliográficas

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 177 | Buenos Aires, Febrero de 2013
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