Flexibilidade e deficiência intelectual La flexibilidad y la discapacidad intelectual |
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Professor de Educação Física Fundação Catarinense de Educação
Especial |
Gabriel Renaldo de Sousa (Brasil) |
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Resumo O objetivo deste trabalho e revisar a produção cientifica acerca do tema flexibilidade voltada a pessoa com deficiência intelectual. Como metodologia utilizou uma busca em portais como BVS, SCIELO, MEDLIDE e LILACS utilizando os unitermos: deficiência intelectual e flexibilidade. Para complementarmos o artigo também foram utilizados livros e revistas. Após estudo notou-se que a flexibilidade, vem sendo mais estudada atualmente, devido ao número de artigos mais recentes, e que os índices de flexibilidade da pessoa com deficiência intelectual se aproximam bastante da população em geral. Unitermos: Educação Física. Deficiência intelectual. Flexibilidade.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A flexibilidade vem ao longo dos tempos vem ganhando importância a nível acadêmico devido aos seus aspectos estarem ligados à saúde dos indivíduos.
Segundo Hobold (2003) a flexibilidade está relacionada diretamente com a função músculo-esquelética. A aptidão músculo-esquelética torna os indivíduos aptos a realizarem atividades cotidianas que permitem uma vivência independente durante toda a vida. Ela resulta do desenvolvimento ótimo da força, resistência muscular e flexibilidade (TRISCHLER, 2003). Além disso, Dantas (1999) lembra que a realização de determinados gestos e execução de movimentos com maior eficiência mecânica é mais bem executado quando se apresenta uma maior flexibilidade.
A deficiência intelectual é considerada condição deficitária, que segundo Carvalho e Maciel (2003) envolvem um conjunto de fatores entre eles as habilidades intelectuais, comportamento adaptativo (conceitual, prático e social), participação comunitária, interações e papéis sociais, condições etiológicas e de saúde, aspectos contextuais, ambientais, culturais e as oportunidades de vida do sujeito.
Estima-se que 5% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência Intelectual. Das crianças em idade escolar cerca de 3%, apresentam algum tipo de problema associado à deficiência (GORGATI e COSTA,2008).
Indivíduos com deficiência intelectual, geralmente deixam de praticar alguma atividade física por desconhecimento, ou por não estar incluso em um programa de atividade físico voltado a pessoa com deficiência, consequentemente uma queda a seu nível de atividade física.
Vendo isso o objetivo do nosso trabalho é verificar junto a literatura cientifica, publicações e artigos relacionados à deficiência intelectual e flexibilidade.
Para pesquisa foi usado como método uma revisão bibliografia nas bases de dados do Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), selecionando para consulta na última as bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e da Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE). Foram pesquisadas nestas bases de dados os seguintes descritores e sua respectiva tradução em inglês:
Deficiência Intelectual;
Flexibilidade;
Deficiência Mental;
Deficiência Mental e Flexibilidade.
Para complementarmos o trabalho, também foi utilizado livros e outras publicações a fim de complementar a pesquisa.
Flexibilidade
Os primeiros testes com relação à flexibilidade iniciaram de década de 50 na Europa e nos Estados Unidos, com a preocupação de itens relacionados à saúde e qualidade de vida, onde foi utilizado um teste de força e flexibilidade (teste de KRAUS-WEBER) para ser ter mínima comparação, entre adolescentes de locais diferentes. Nos anos seguintes, diversos outros países utilizaram o mesmo teste para comparação. O teste de KRAUS-WEBER, foi desenvolvido para identificar adultos propensos a ter problemas lombares. Os que os resultados mostraram que as crianças, principalmente as americanas, não atingiram os critérios mínimos, para força muscular e flexibilidades, critérios esses importantes para a saúde e qualidade de vida. A partir da publicação destes testes foi criado nos Estados Unidos “Conselho presidencial para Crianças e Adolescentes” com intuito de promover a Aptidão Física na população em geral (NAHAS e CORBIN, 1992).
Atualmente existem varias citações para que nos trazem a refletir sobre o que é flexibilidade. A flexibilidade é uma qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesões (DANTAS, 1999; GALLAHUE E OZMUN, 2001; TRISCHLER, 2003; ). Segundo Achour Junior (1999) a flexibilidade é fundamental para facilitar os movimentos nas diversas atividades profissionais e nas tarefas diárias. A falta de exercícios de alongamento e o estilo de vida pouco ativo, geralmente não propiciam movimentos amplos vindos assim diminuir a flexibilidade.
Para Marchand (2002) a flexibilidade é tão importante para atletas como para pessoas sedentárias. Uma vez que a amplitude articular de determinada articulação esteja comprometida, alguma limitação se manifestará e poderá comprometer o desempenho esportivo, laboral ou de atividades diárias. Os exercícios de alongamento tendem a restabelecer níveis satisfatórios de mobilidade articular e reduzir tensões musculares, resultando numa melhor mecânica articular (PRIMO; 2004).
Os hábitos posturais estão intimamente ligados à limitação da amplitude articular, da extensibilidade dos músculos e da plasticidade dos ligamentos e tendões. A correção postural e o aumento da amplitude articular, além de ter efeito relaxante, colaboram na tomada de atitudes corporais mais confortáveis tanto na prática de exercícios quanto nos movimentos diários naturais além de promover o alívio de tensões musculares (PRIMO; 2004).
Segundo a Associação Americana de Medicina Desportiva, exercícios de alongamento provocam o relaxamento muscular, o que faz aliviar dores causadas pelo estresse muscular do treinamento, além de aumentar a sensação de bem-estar melhorando o humor dos indivíduos (ALMEIDA & JABOUR; 2007).
Hobold (2003) enfatiza que as pessoas que possuem boa flexibilidade se deslocam com mais facilidade. Da mesma forma, estas pessoas realizam as mais diversas atividades de uma forma mais prazerosa, por sentirem menos dor e serem menos propensas a lesões musculares ou articulares.
Deficiência Intelectual
Na antiguidade a eugenia e a perfeição do indivíduo eram extremamente valorizadas. Nesta época o deficiente era visto com superstição e malignidade. É o período histórico de desenvolvimento de atitudes frente às pessoas com deficiência: chamado de separação da pessoa com deficiência da sociedade (MARQUES, CASTRO e SILVA, 2001).
Na Idade Média o caráter demoníaco ou divino foi atribuído à deficiência. Havia uma relação entre mágico e religioso e nessa época foi aceita uma relação entre demonologia e anormalidade Por causa da religiosidade marcante dessa época os indivíduos com deficiência passam a ser acolhidos por instituições de caridade (SILVA e DESSEN, 2001; MARQUES, CASTRO e SILVA 2001).A partir dessa visão as pessoas com deficiência passam a ser recolhidas em hospitais, asilos e hospícios. É o período histórico de desenvolvimento de atitudes frente às pessoas com deficiência chamado de proteção da pessoa com deficiência. A concepção de proteção refere-se ao período de desenvolvimento das religiões monoteístas. (MARQUES, CASTRO e SILVA, 2001).
Segundo a American Association on Intellectual and Developmental Disabilies (AAIDD, 2010), a deficiência intelectual é caracterizada por limitação significativa tanto no funcionamento intelectual como também comportamento adaptativo expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas que são visíveis antes da idade de 18 anos. Tem sua gênese em fatores orgânicos e/ou sociais. Esses fatores dão origem a limitações funcionais que refletem uma incapacidade ou restrição tanto no âmbito pessoal quanto nas tarefas esperadas do individuo em um ambiente social.
Atualmente segundo o censo 2010, o Brasil possui 23,9% declarados com alguma deficiência sendo que 1,7% são deficientes intelectuais.
O conceito de deficiência intelectual é analisado a partir de cinco dimensões: habilidades intelectuais; comportamento adaptativo; participação e interações sociais; saúde e contextos.
Flexibilidade e Deficiência intelectual
A flexibilidade em torno da literatura, nos traz números contraditórios, alguns estudos como o de Barros Neto et al. (2000) a flexibilidade nos indivíduos com deficiência Intelectual de ambos os sexos apresentou-se acima dos valores máximos dos padrões de referência para pessoas sem intelectual.
Agora indo para uma posição mais mediana estudos como o de Silva (2010) e Gonçalves et al. (2007), demonstram que indivíduos com deficiência intelectual, possuem seus índices de flexibilidade muito parecidos com os da população em geral, e que o treinamento voltada a flexibilidade com este tipo de população pode ser desenvolvido de forma regular como a população em geral, trazendo grandes benefícios para a saúde e qualidade de vida do individuo.
Ou seja a partir destes conseguimos obter índices que o deficiente intelectual possui uma flexibilidade, consistentes com padrões da população em geral, porem para Winnick e Short (2001), em sua bateria de teste (Teste de Brockport para jovens com necessidades especiais), o mesmo fala que as pessoas com deficiência intelectual, possuem níveis abaixo da população devido ao fator de entendimento. Mas o mesmo também apresenta um novo teste em que ele valida a ajuda de uma pessoa, para que a pessoa com deficiência intelectual possa fazer os testes e chegar aos níveis aceitáveis.
Conclusão
Com base na literatura e na produção cientifica, podemos perceber que a pessoa com deficiência intelectual possui níveis de flexibilidade, parecido ou superiores a população em geral. Também conforme alguns autores a dificuldade em como entender o teste, pode ser amenizada com auxilio, fazendo assim com que a pessoa que não tenha entendimento possa realizar os testes de flexibilidade. Fica a importância conforme percebemos na literatura, de que a flexibilidade também possa ser incluída nos programas de atividade física voltado para pessoas com deficiência intelectual.
Referencias
ACHOUR JUNIOR, A. Bases para exercícios de alongamento relacionado com a saúde e no desenvolvimento atlético. Londrina: Phorte, 1999.
ALMEIDA, T. T.; JABUR, N. M.; Mitos e verdades sobre flexibilidade: reflexões sobre o treinamento de flexibilidade na saúde dos seres humanos. Motricidade 3(1): 337-344, 2007.
BARROS, J. DE F.; PIRES NETO, C. S.; BARROS NETO, T. L. Estudo comparativo das variáveis neuro-motoras em portadores de deficiência mental. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, n. 18, 2000. http://www.efdeportes.com/efd18b/jon.htm
CARVALHO E. N. S; MACIEL, D. M. A. Nova Concepção de deficiência mental segundo a American Association on Mental Retardation – AAMR : sistema 2002. Temas em Psicologia da SBP – 2003, Vol. 11, no 2, 147 – 156
DANTAS, Estélio H. M. Flexibilidade, Alongamento e Flexionamento. 4. ed. Rio de Janeiro: Shape, 1999. p.57-207.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. São Paulo: Phorte, 2001.
GONÇALVES, F. D. et al. A promoção da saúde na educação infantil. Interface - Comunic. Saúde, Educ., v.12, n.24, p.181-192, 2008.
GORGATTI, M.G.; COSTA, R.F. . Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed. rev. e ampl. Barueri: Manole, 2008
HOBOLD, E. Indicadores de Aptidão Física Relacionada À Saúde de Crianças e Adolescentes no Município de Marechal Cândido Rondon – Paraná, Brasil. Dissertação Apresentada ao Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina Como Requisito Parcial à Obtenção do Título de Mestre em Educação Física na Área de Concentração de Atividade Física Relacionada á Saúde. Fevereiro, 2003.
MARCHAND E.A.A. Condicionamento de flexibilidade. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 8(53), 2002. http://www.efdeportes.com/efd53/flex.htm
MARQUES, M. M.; CASTRO, J. A. M.; SILVA, M. A. Actividade Física Adaptada: Uma Visão Crítica. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, n 1, 73-79.
NAHAS, M.V.; CORBIN, C.B. Aptidão Física e Saúde nos programas de Educação Física: desenvolvimentos recentes e tendências internacionais. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, V.6, n.2, p. 47-58, 1992.
PRIMO D. Relação entre o treinamento de força e treinamento de flexibilidade. 2004. Cooperativa do Fitness.
SILVA, A.T. Teste de flexibilidade em pessoas com necessidades especiais em Alvorada, RS, Brasil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, 15, Nº 150, 2010. http://www.efdeportes.com/efd150/flexibilidade-em-pessoas-com-necessidades-especiais.htm
SILVA, N. L. P.; DESSEN, M. A. Deficiência Mental e Família: Implicações para o Desenvolvimento da Criança. Psic.: Teor. e Pesq. v. 17.n. 2 p.133-41. Brasília mai/ago. 2001
TRISCHLER, K. Medidas e Avaliação em Educação Física e Esportes de Barrow e McGee. Barueri, SP: Manole, 2003.
WINNICK, J. P.; SHORT, F. X. Testes de aptidão física para jovens com necessidades especiais: manual Brockport de testes. São Paulo: Manole, 2001.
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