Envelhecer: sem postura na terceira idade Envejecer: la postura en la tercera edad |
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Fisioterapeutas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Brasil) |
Celso Ramires Neto | José Simão Rodrigues Lana Soglia Teles | Larissa Cerqueira Neres |
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Resumo Mudanças físicas, motoras e cognitivas são advindas do processo de envelhecimento, e dentre essas transformações encontram-se as alterações posturais, ocasionadas por diversos fatores. O objetivo desse estudo foi identificar os principais processos patológicos na coluna vertebral na terceira idade. Trata-se de um estudo do tipo revisão bibliográfica, realizado através de busca no web site Google acadêmico. Dentre as alterações encontradas observou-se redução do conteúdo de água em tendões e ligamentos, alterações no disco intervertebral, redução da densidade mineral óssea e alterações posturais. Conclui-se que com o envelhecimento ocorrem alterações posturais, cujas características são inerentes a cada indivíduo. Essas alterações ocorrem não só devido a fatores osteomioarticulares, mas também por doenças, medicamentos, traumas, estado de espírito ou pelo ambiente e período do dia em que o idoso se encontra. Unitermos: Postura. Envelhecimento. Coluna vertebral.
Resumen Cambios físicos, motores y cognitivos devienen del proceso de envejecimiento, y entre estas alteraciones están los cambios posturales, causados por varios factores. El objetivo de este estudio fue identificar los principales procesos patológicos en la columna vertebral en la vejez. Se trata de un estudio de revisión de literatura, llevada a cabo a través del sitio web de búsqueda de Google Académico. Entre los cambios encontrados fueron observados: reducción del contenido de agua en los tendones y ligamentos, alteraciones en el disco intervertebral, la reducción de la densidad mineral ósea y los cambios posturales. Se concluye que con el envejecimiento ocurren cambios posturales, cuyas características son inherentes a cada individuo. Estos cambios se producen no sólo debido a factores músculo esqueléticos, sino también por las enfermedades, drogas, trauma, estado de ánimo o la atmósfera y el momento del día en que las personas mayores se encuentran. Palabras clave: Postura. Envejecimiento. Columna vertebral.
Abstract Physical, motor and cognitive changes are coming from the aging process, and among these changes are postural changes, caused by several factors. The aim of this study was to identify major pathological processes in the spine in old age. This is a literature review study, conducted through the website Google academic search. Among the changes found it was observed a reduction of water content in tendons and ligaments, changes in the intervertebral discs, reduction in bone mineral density and postural changes. We conclude that aging brings postural changes, whose characteristics are inherent to each individual. These changes occur not only due to musculoskeletal and articulation factors, but also by diseases, drugs, trauma, mood or atmosphere and time of day in which the elderly are. Keywords: Posture. Aging. Spine.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A boa postura é conceituada como a posição que o corpo assume no espaço em função do equilíbrio de vértebras, discos, articulações e músculos. Deve envolver interações complexas entre os ossos, as articulações, o tecido conjuntivo, os músculos esqueléticos e os sistemas nervosos central e periférico (SOUSA, 2003; FILHO, 2001).
Sabe-se que o controle da postura é um grande desafio para o corpo humano, sobretudo em idosos, pois o processo de envelhecimento traz várias alterações anatômicas e fisiológicas, como distúrbios na coluna vertebral, que apresenta as curvaturas: cervical (concavidade posterior), torácica (convexidade posterior), lombar (concavidade posterior) e sacra (convexidade posterior) (FILHO, 2001).
A senescência caracteriza-se como um processo de comprometimento e decadência das funções motoras e cognitivas, de modo que ocorrem modificações fisiológicas no sistema neuromusculoesquelético, as quais associadas a doenças crônico-degenerativas, podem levar a déficits de equilíbrio e alterações na marcha, influenciando na aquisição de desvios posturais o que predispõem à ocorrência de quedas, ocasionando graves conseqüências sobre o desempenho funcional, bem como na realização de atividades de vida diária (AVD’s) (CASSOL, DIAS E DALMAGRO, 2007).
O componente sensorioperceptual é responsável pelo controle da postura e do equilíbrio, está governado por informações aferentes de três sistemas: o visual, o vestibular e o proprioceptivo; cada um deles é dirigido a um sistema distinto de coordenadas externas e nenhum deles percebe o centro da gravidade do corpo diretamente. Já o integrador central faz as escolhas das informações sejam elas, corretas ou incorretas, para que isso ocorra é necessária uma ação integradora do sistema nervoso central (GUCCIONE, 2002).
No idoso pode-se observar uma diminuição da integridade destes componentes, causando compensações ao alinhamento da coluna vertebral, que é influenciada pela diminuição do arco medial do pé, um aumento das curvaturas da coluna, bem como a diminuição no tamanho da coluna vertebral, decorrentes de perdas do líquido nos discos das articulações intervertebrais. Muitas destas alterações são ocasionadas pelos esforços submetidos ao decorrer da vida, maus hábitos alimentares e/ou sedentarismo.
O número de idosos vem crescendo no Brasil. Isso porque os brasileiros estão vivendo mais tempo. Em 2000 o país tinha mais de 14 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, o que representava 8,6% da população (IBGE, Censo Demográfico 2000). O que torna os estudos referentes a esta parcela da população cada vez mais necessários, tanto para a identificação de problemas e até mesmo para o desenvolvimento de métodos preventivos mais eficazes sendo que a fisioterapia é ponto fundamental nesta conjuntura.
Portanto, este artigo visa identificar os principais processos patológicos na coluna vertebral na terceira idade.
Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura, em que foi realizada busca de artigo científicos por meio do web site Google acadêmico.
Resultados e discussão
De acordo com Cassol, Dias e Dalmagro (2007) o organismo passa por mudanças físicas e fisiológicas com o passar do tempo. Isto resulta em perdas funcionais progressivas, geradas por fatores como: mutações genéticas, ambientais, surgimento de doenças e declínios nos sistemas do corpo. Dentre as estruturas de perda funcional encontram-se os tendões e ligamentos, que sofrem redução do conteúdo de água e, como decorrência, aumento da rigidez dessas estruturas, e os ossos, que sofrem uma considerável alteração, no que diz respeito à densidade mineral e a microarquitetura óssea durante o envelhecimento, havendo ainda alteração no disco intervertebral. Sousa (2003) apud Guccione (2002), relata que a taxa média de diminuição na altura é de cerca de 2cm por década, em homens e mulheres entre 60 e 80 anos, podendo atingir até 12 cm em casos mais extremos de perda óssea.
Sousa (2003) apud Hall (1993) “afirma que as lesões e o envelhecimento reduzem irreversivelmente a capacidade de absorção de água pelos discos, resultando numa diminuição na sua capacidade de absorção de choque.”
Essas alterações ocorrem mais precocemente na coluna vertebral, principalmente no corpo da vértebra, do que nos membros, afetando de forma mais acentuada o sistema osteomioarticular, responsável pelos sistemas ósseo, muscular e articular (SOUSA, 2003; CASSOL, DIAS E DALMAGRO, 2007).
“Um dos problemas freqüentemente enfrentados com a chegada da velhice é a alteração da postura corporal, os movimentos são lentos e por isso, o equilíbrio corporal é mais difícil, explicando tantas quedas e tombos” (UES E MORAES, 2003 apud KNOPLICH, 1991, p. 52).
Belchior e Rocha (2006) apud Oliver e Middleditch (1998) relatam que:
as alterações degenerativas associadas à idade, podem afetar predominantemente o disco vertebral de alguns pacientes, enquanto em outros podem afetar principalmente as articulações apofisárias. A maioria dos discos mostra alguns sinais de degeneração com a idade, sendo que combinado com a diminuição da altura do corpo vertebral, resulta numa diminuição da estatura do idoso. Ressalta também, que a degeneração do disco e subseqüentemente a reduzida capacidade de absorção de choques da coluna vertebral, contribui para a formação de osteófitos.
Os osteófitos são uma “formação óssea anormal, muito freqüente, que é produzida na proximidade das articulações vertebrais, podendo ter outras localizações. É o responsável pelo chamado “bico de papagaio”. Dependendo do tamanho destes osteófitos, pode ocorrer uma restrição do movimento da coluna vertebral, comum em indivíduos idosos (BELCHIOR E ROCHA, 2006).
Algumas alterações nas curvaturas da coluna vertebral como hipercifose torácica e hiperlordose lombar, quase sempre estão presentes em indivíduos idosos. Ues e Moraes (2003) apud Souza (1997) relatam que a hiperlordose lombar pode estar relacionada à obesidade, fraqueza dos músculos abdominais e a má postura mantida e ainda a anteversão pélvica. A hipercifose pode ser resultado de fatores ambientais, ocupacionais, nutricionais e raciais, segundo Ues e Moraes (2003, apud CAILLIET, 1985) e pode acarretar na redução nos movimentos do tronco para as respostas respiratórias e motoras, na protração escapular e pode provocar patologias no ombro. A cifose ocasiona uma projeção da cabeça no sentido de manter o olhar horizontalizado (SOUSA, 2003).
Outro problema postural que acomete os idosos é a escoliose, definida como um desvio lateral da coluna, e apresenta como causas desde modificações no posicionamento dos pés, no comprimento dos membros, no posicionamento pélvico, retrações musculares, mal funcionamento da ATM, entre outras (SOUSA, 2003).
As alterações posturais podem também causar dor, como lombalgia e cervicalgia, e redução do movimento da coluna vertebral, sobretudo os movimentos sutis de rotação envolvidos no rolamento segmentar e padrão recíproco normal dos membros na marcha normal.
Conclusão
Manter uma boa postura, preservando os estados fisiológicos da coluna vertebral, combinados à sua musculatura e articulações é o ideal. Com o envelhecimento ocorrem alterações posturais, cujas características são inerentes a cada indivíduo. Essas alterações ocorrem não só devido a fatores ósteomioarticulares, mas também por doenças, medicamentos, traumas, estado de espírito ou pelo ambiente e período do dia em que o idoso se encontra.
A aquisição de posturas inadequadas pode, portanto, ocasionar déficits quanto à qualidade de vida do idoso em ações que vão desde a maneira de ficar em pé até a execução de outros atos, como: levantar de uma cadeira e caminhar, participar de atividades físicas, tocar instrumentos musicais, dirigir um veículo, pintar ou até mesmo realizar suas AVD’s, predispondo a quedas, podendo refletir na função cognitiva, tornando o idoso incapacitado para realizar atividades satisfatórias para o seu bem estar físico e mental.
Referências
SOUSA, Marco Túlio de Sousa e. Fisiologia das alterações posturais no indivíduo idoso. FisioWeb WGate. 2003.
CASSOL, Edinéia; DIAS, Daniela Regina Spósito; DALMAGRO, Neide Maria. Análise de desvios posturais nos participantes grupo de idosos geração experiência na cidade de Bom Jesus – SC. FisioWeb WGate. 2007.
BELCHIOR, James Falconi ; ROCHA, Paulo Roberto Junior. Revisão Bibliográfica sobre as Alterações Posturais em Idosos com Influência da Fisioterapia. Fisionet.com.
UES, Maria Elisa; MORAES,Jefferson Potiguara de. Escola postural para a terceira idade. PRAXISTERAPIA - Vol. VIII – Nº 8 - Julho de 2003 - Revista de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta.
FILHO, Blair José Rosa. Reeducação postural. FisioWeb WGate. 2001.
MEDEIROS, Valéria Matos Leitão de; LIMA, Fabíola Mariana Rolim de; PACE, Alana Moura Di. Equilíbrio, controle postural e suas alterações no idoso. FisioWeb WGate. 2007.
ZINNI, Juliana V. S; PUSSI, Flávia Aparecida. O papel da Fisioterapia na prevenção da instabilidade e queda em idosos. FisioWeb WGate. 2004.
SANTANA, Mércia Laís Cruz. Fatores associados a quedas em idosos com fratura do colo do fêmur. FisioWeb WGate. 2007.
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