Estudo de caso da Educação Física em escolas públicas estaduais de Vigia de Nazaré, PA, Brasil Estudio de caso de la Educación Física en escuelas públicas estatales de Vigia de Nazaré, PA, Brasil |
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*Graduado em Educação Física pela Universidade do Estado do Pará, UEPA |
Wagner César Pinheiro Costa |
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Resumo Este artigo tem com objetivo identificar aspectos relativos a valorização da Educação Física enquanto componente curricular. A pesquisa foi realizada no período de agosto de 2012 nas escolas estaduais de Vigia de Nazaré, no Estado do Pará/Brasil. O objetivo principal deste trabalho é verificar qual a importância dada para essa disciplina em relação a gestores, técnico, professores e estudantes e as implicações que decorrem em sua possível desvalorização. Durante a pesquisa de campo foram realizados questionamentos acerca da função da Educação Física escolar e práticas diárias e pedagógicas do professor desse componente curricular, sendo possível detectar que a participação na construção do projeto político pedagógico da escola pode contribuir positivamente na valorização da Educação Física enquanto área que pode promover processos educativos significativos, mas algumas práticas por parte do (a) professor (a) ainda contribuem para uma desvalorização da mesma. Unitermos: Educação Física Escolar. Valorização. Professorado.
Resumen Este artículo intenta identificar los aspectos de la evaluación como parte del currículo de Educación Física. La investigación se realizó en agosto de 2012 en las escuelas públicas de Vigia de Nazaré, Estado de Pará, Brasil El objetivo principal de este trabajo fue verificar la importancia que se da a este tema en relación con los directivos, técnicos, profesores y estudiantes y las consecuencias derivadas de su posible desvalorización. Durante el estudio de campo se realizaron preguntas sobre el papel de la Educación Física escolar y las prácticas cotidianas de la enseñanza y el maestro de este componente curricular, y se pudo detectar que la participación en la construcción del proyecto político pedagógico de la escuela puede contribuir positivamente a la mejora de la Educación Física como un área procesos educativos que promuevan aprendizajes significativos, pero algunas de las prácticas por parte del (a) maestro (a) siguen contribuyendo a una desvalorización de la misma. Palabras clave: Educación Física. Valoración. Profesorado.
Abstract This article is an attempt to identify aspects of the valuation as part of the Physical Education curriculum. The survey was conducted during August 2012 in the public schools of Vigia de Nazare, State of Para, Brazil. The main objective of this work is to verify that the importance given to this subject in relation to managers, technical, teachers and students and the implications arising in its possible devaluation. During the field survey were carried questions about the role of school physical education and daily practices of teaching and teacher of this curricular component, and can detect that participation in building the political pedagogical project of the school can contribute positively to the enhancement of physical education as an area educational processes that can promote significant, but some practices on the part of (a) teacher (a) still contribute to a devaluation of the same. Keywords: Physical Education. Recovery. Teachers.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Falar da importância do profissional em Educação Física nas escolas públicas do município de Vigia de Nazaré, constitui-se numa árdua tarefa, haja vista que existem duas perspectivas a serem consideradas, a primeira refere-se à importância e a segunda a desvalorização dos profissionais e da área.
O que se percebe há muito, é que o profissional de Educação Física é colocado a margem de outros componentes curriculares em específico dentro do contexto escolar. O professor de Educação Física, é visto como repetidor de procedimentos e de duvidosa fundamentação teórica, bem como seu potencial de contribuição para o desenvolvimento de seus alunos.
É possível observar nos trabalhos de vários pesquisadores como Darido (2003), Betti (1991, 1993), Soares e col.(1992) entre outros, que discorrem acerca da nova visão da Educação Física em nosso país, mas o que se percebe é que ainda não existem grandes contribuições significativas em relação à realidade da escola e dos professores de Educação Física.
Segundo Resende (1995):
Os pesquisadores e autores que têm proclamado intenções renovadoras, poucos contribuíram no sentido de superar o hiato entre as elaborações acadêmicas e as condições enfrentadas pelos profissionais de Educação Física, principalmente na escola (RESENDE, 1995, p.72).
O presente trabalho procura analisar de que maneira essa desvalorização ocorre e o porquê dela. Assim sendo, precisamos entender a estrutura atual do processo educacional em que estamos inseridos e os motivos que resultam nessa desvalorização.
Nesse sentido, este estudo tem como objetivo, identificar a possível desvalorização do profissional em educação física e os fatores relacionados a essa situação. E, especificamente, conscientizar o próprio profissional da área de sua importância, de seu papel como educador e de sua postura profissional dentro do ambiente escolar, e, por fim enfatizar a importância da disciplina Educação Física nas escolas.
A desvalorização do profissional em Educação Física acontece por várias situações motivadoras. A falta de conhecimento da importância da área como componente curricular obrigatório, de modo que alguns profissionais da educação que muitas vezes a coloca em segundo plano
Outro fator importante seria a própria contribuição negativa do professor de Educação Física com atos e características peculiares.
Segundo Barbosa (2007):
Normalmente, o que encontramos nas escolas são professores de Educação Física que se enquadram em uma ou mais características amorais, do ponto de vista exposto anteriormente: - Não participam do conselho de classe, achando que isso é pura burocracia. Só usam o espaço da sala de aula em dias de chuva, e mesmo assim só para ensinar regras dos vários desportos (BARBOSA, 2007, p.53).
Nesse sentido, percebe-se que existe a contribuição do próprio educador físico na sua desvalorização, pois este se abstrai do comprometimento profissional e ético acerca dos processos pedagógicos intrínsecos do contexto escolar quando não participam de reuniões com pais, planejamento anual, projeto político pedagógico da escola, etc.
Para Medina (1996), a Educação Física ainda sofre em relação a outras disciplinas, entretanto o que mais assusta não é o desprezo e a discriminação em si, mas sim a passividade com alguns profissionais aceitam o seu condicionamento. Ou seja, realmente existe essa acomodação e passividade em relação a alguns professores de Educação Física.
Existe também a relação da Educação Física e outras disciplinas, pois como já foi mencionada anteriormente a Educação Física é entendida como uma matéria extracurricular por alguns profissionais da educação, onde qualquer atividade lúdica ou de recreação é considerada Educação Física. No entanto, essas atividades muitas vezes são feitas por profissionais de outras áreas especialmente os pedagogos que na maioria dos casos assumem as aulas de Educação Física.
Todas as situações acima citadas são evidências da não importância dada à disciplina Educação Física.
Em Vigia de Nazaré, não se foge a regra, pois vivenciamos essa realidade. Sabendo disso procura-se entender de que maneira ocorre essa proletarização docente buscando compreender e discutir como ela se constitui como valor na escola e para o próprio profissional da área.
Teoria e prática da Educação Física
A formação profissional contribui diretamente na prática profissional do professor. Uma preparação profissional de qualidade garante um trabalho bem organizado e diferenciado de acordo com as instituições que o profissional possa a vir trabalhar, ou seja, um profissional capaz de analisar, compreender, descrever e sistematizar qualquer atividade da cultura corporal.
A prática que o professor adotar será fundamental para o desenvolvimento pleno do processo-ensino aprendizagem. E quem sabe assim justificar sua importância.
O paradigma de ensino da Educação Física Escolar se restringe ao futebol para os meninos e queimada para as meninas, esse processo torna-se reprodutor através das gerações. Percebe-se então, existe uma crença para esse modelo de Educação Física seletiva e ultrapassada.
Sabe-se que a Educação Física atual procura abranger o ser humano com uma visão holística. Sobre a educação holística Zabala (2002, p. 34) cita que a mesma possui enfoque globalizado, em que: “os conteúdos disciplinares e a maneira de ensiná-los são apenas um meio para se chegar à resolução dos problemas reais e complexos, que fazem parte da vida social do homem, e não um fim em si mesmo”. Por isso, é tão importante para este estudo e para a Educação Física.
O papel da Educação Física ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas expressivas, em seus fundamentos e técnicas, mas inclui também os seu valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas atividades corporais. E, finalmente, busca garantir o direito do aluno de saber por que ele está realizando este ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados àqueles procedimentos.
Práticas de ensino na Educação Física Escolar
A disciplina Educação Física possibilita a escolha do programa de ensino a ser ministrado durante o ano letivo. Geralmente, nas escolas públicas, o professor elabora seu programa de acordo com suas expectativas. Esta possibilidade abre espaço para elaborarmos um currículo que realmente vise uma transformação social, embora corra riscos caso não haja uma boa intenção ou preparo necessário por parte dos docentes.
O que se percebe muitas vezes nas aulas de Educação Física é que são aulas práticas reprodutoras de gestos técnicos ou meramente um “passatempo” para alunos e professores. Essa situação por sua vez, vem caracterizar a Educação Física como uma disciplina extracurricular.
A atuação do profissional em Educação Física é uma dura realidade. Ao sair da graduação o aluno não escolhe o emprego, geralmente um graduado acaba aceitando o primeiro emprego que aparecer, mesmo que não se sinta preparado para tal (RANGEL E DARIDO, 2010).
Assim, o profissional acaba se “moldando” no contexto escolar que está inserido. Pois existem professores que estão há muito tempo na profissão, que por algum motivo, que não é o alvo principal deste trabalho, perdem o entusiasmo em ministrar a as aulas de Educação Física.
Os profissionais da área devem ter uma proposta de trabalho ou um projeto educativo desenvolvido, que valorize o potencial formativo que a Educação Física tem para a educação global dos alunos.
Infelizmente a Educação Física possui uma visão negativa no sentido comportamental, ou seja, o professor de Educação Física é destacado dos outros pela vestimenta, pela falta em reuniões e assembléias, etc. Nesse sentido, o professor de Educação Física é visto como alguém diferente dos demais professores. Pequenos gestos e atitudes do profissional da área podem fomentar um juizo de valor em relação ao mesmo.
Em virtude disso, a Educação Física necessita ser tratada de forma diferente, contextualizada, com sentido/significado gerando conhecimento e saber. Cabe ao professor pedagogicar o conhecimento para que o mesmo obtenha características de conhecimento escolar, cuja especificidade reside na capacidade e do professor em planejar e fazer seu diferencial, ou seja, fugir desse estereótipo e pré-julgamento do professor de Educação Física.
Segundo o Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) existe algumas atitudes enquanto professor quer podem ajudar a dar valorização da Educação Física Escolar, dentre elas estão:
Participar da criação e alteração do projeto político pedagógico da escola;
Apresente o plano de educação Física ao diretor e coordenadores da escola;
Com professores de outras áreas buscar uma atuação multidisciplinar;
Insistir que a Educação Física esteja presente nas pautas de reuniões pedagógicas e com os pais;
Preparar as aulas a fim de seguir o currículo estabelecido;
Todos os alunos devem participar;
Buscar formas de avaliação que não dependam de parâmetros físicos.
Por se tratar de Educação Física escolar, o professor deve ter claro que esse espaço é diferente dos outros espaços de atuação profissional, evitando incorrer no erro de procurar desenvolver a condição física nas aulas e perder tempo treinando habilidades esportivas dentro do espaço escolar.
Ética na formação profissional e do professor de Educação Física
A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei n° 9394 de 20/12/1996), em seu título I, artigo 2°, afirma que “a educação, dever da família e do Estado inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Normalmente encontramos professores de Educação Física que se enquadram em uma ou mais características: Só usam o espaço da sala de aula em dias de chuva, para alguns a chuva é a desculpa para não haver aula de Educação Física naquele dia, se não tiver bola não tem condições de ministrar a aula naquele dia, falta com frequência, não participa de reuniões, palestras, planejamento pedagógico, formação continuada, etc.
Isso negativa a imagem do educador físico e contrapõe ao código de ética. Para desenvolver sua prática os professores de Educação Física precisam desenvolver-se como profissionais e como sujeitos críticos na realidade em que estão inseridos situando-se como profissionais e como cidadãos participantes do processo de formação da cidadania, de reconhecimento de seus direitos e deveres, e de valorização profissional. Por ser a ética inerente à vida humana, sua importância é bastante evidenciada na vida profissional, porque na ação humana "o fazer" e "o agir" estão interligados. O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a sua profissão. O agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
Competência e compromisso do profissional de Educação Física Escolar
A Educação Física, normalmente, é pontuada como uma ciência que envolve apenas o desenvolvimento de exercícios físicos e diversos esportes. Entretanto, ela não é apenas isto, mas sim como já fora citado várias vezes, uma educação voltada para o corpo inteiro, um desenvolvimento global que envolve a interligação entre teoria e prática.
O profissional de Educação Física deve conhecer as fases de desenvolvimento psicomotor e disponibilizar outras formas de brincadeiras, jogos lúdicos apropriados não somente a idade e a fase que cada criança se encontra, mas também fazer a inicialização do individuo ao esporte. Oportunizando ao futuro e possível atleta o interesse de envolver-se com práticas esportivas e não mais como antigamente era compreendida a educação física, de forma obrigatória, instrumental e competitiva, ou seja, a competência do professor de Educação Física é colocada à prova no cotidiano escolar.
O profissional de Educação Física tem a missão de promover a saúde física e mental planejando e adequando estratégias de ensino ao perfil de cada pessoa. Deverá ser um profissional com visão crítica da história e das questões sociais brasileiras e, sobre tudo, identificar o processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano e sua relação com as questões de ensino aprendizagem.
Conforme Retondar (1995, p. 119) “Cabe ao professor de Educação Física interferir com os alunos acerca da importância do espaço escolar enquanto meio de interação social. Neste sentido é possível promover a ideia do coletivo, a solidariedade e por fim o lazer, tantas vezes desvirtuado pela sociedade”.
A Educação Física tende a ser desvalorizada pela sociedade devido a professores que não cumprem com seus deveres pedagógicos, apesar de muitos professores agirem de forma correta aplicando aulas com objetivo de contribuir na formação dos alunos.
Para Campagna e Schwartz (2007), propõe-se entender que o profissional de Educação Física comprometido com a formação dos alunos deve estar sempre buscando atualização, para que tenha a competência necessária para realizar aulas com qualidade, visando a melhor formação do aluno e a assimilação de conhecimentos.
Não é raro ouvirmos relatos de professores que ao ministrarem as atividades chegam a se ausentarem do espaço de aula, deixando os alunos sem sua presença. Assim, o professor deixa de cumprir a função essencial de ser o agente estimulador da aprendizagem seja ela motora, cognitiva ou social. Estes profissionais descompromissados exercem influência negativa sobre os alunos, o que pode comprometer a construção de hábitos e atitudes autônomas que levem a adoção de uma vida ativa e saudável.
Mas, é possível identificar bons professores (OKIMURA-KERR e col., 2011) no campo da educação física, profissionais engajados e motivados a proporcionar um espaço favorável ao processo de ensino e de aprendizagem dos alunos, conforme é possível visualizar no trabalho de Conceição (2009).
Metodologia
A presente pesquisa foi feita através do levantamento de campo. A amostra da pesquisa foi composta por 3 gestores, 3 técnicos educacionais, 6 professores de Educação Física pertencentes ao quadro efetivo de três escolas estaduais de Vigia de Nazaré e 10 alunos regularmente matriculados nestas.
A pesquisa de campo desenvolveu-se nas dependências de três escolas da rede estadual de educação da cidade de Vigia de Nazaré, no período de agosto de 2012, nos turnos matutino, vespertino e noturno, de acordo com a disponibilidade dos entrevistados.
Na coleta de dados, optou-se como instrumento, por uma entrevista específica para gestores, técnicos educacionais, professores de Educação Física e alunos contendo questões abertas e fechadas. Assim, pretende-se perceber com clareza a opinião de quem é entrevistado e entre outras coisas verificar a real valorização da Educação Física e fatores que contribuem para essa realidade.
A análise dos dados foi feita pela técnica de análise de conteúdo, proposta por Bardin (2004), como a melhor opção para categorizar e analisar com maior fidedignidade os dados da entrevista.
Análise do dados
Na pesquisa de campo, se percebe percentual diferente em relação ao intervalo de 40 a 49 anos de idade correspondendo a 40% do total, e no intervalo de 26 a 33 de idade correspondeu-se um percentual de 60%. Percebe-se neste caso, que existem épocas de formações universitárias diferentes, ou seja, concepções diferentes acerca da Educação Física Escolar em relação aos professores (as) entrevistados.
Foram distribuídos questionários para os referidos professores de Educação Física aonde se verificou que 60 % dos professores entrevistados possuem tendência pedagógica voltada para o Construtivismo de Piaget e 40% possuem tendência tecnicista.
Foi possível identificar que todos os professores não participaram da construção do projeto político pedagógico da escola, que corresponde a um percentual de 100%, este percentual se justifica pelo período de construção do projeto, cujo alguns professores não pertenciam ao quadro efetivo de funcionários da escola, enquanto outros não foram convidados a participar do mesmo
Durante a realização da pesquisa de campo também foram entrevistados 3 diretores e 3 técnicos educacionais em relação à disciplina e o professor de Educação Física. Primeiramente foram questionados, sobre a disciplina educação física, a respeito de seu significado e todos responderam que trabalha o aluno várias dimensões além do corpo.
Em relação à faltas, percebeu-se que houve resultado igual, ou seja, 50% dos professores costumam faltar sem justificativa e os outros 50 % não faltam sem justificar. Isso é percebido no gráfico abaixo. Em relação ao percentual de faltosos este corresponde aos professores mais novos na profissão, ou seja, com menor tempo de serviço.
Quanto ao questionamento acerca da participação do projeto político pedagógico da escola, todos os gestores e técnicos afirmaram que nenhum professor de Educação Física participou desse processo totalizando 100 % de não participação.
Esse resultado sugere um não comprometimento de professores (as) de Educação Física e não relevância da disciplina enquanto componente curricular nesse processo de construção do projeto político pedagógico por parte de gestores.
Continuando com os questionamentos, os dados apontam que 90 % dos professores, segundo os gestores, participam de reuniões pedagógicas enquanto que 10% não participam. E quando questionados sobre a prática de treinamento desportivo em detrimento da Educação Física Escolar, os entrevistados responderam que 50 % enfatizam o treinamento desportivo, enquanto que os outros 50% não trabalham com essa vertente.
Ao analisar os dados provenientes da questão acerca do planejamento anual da disciplina educação Física, foi verificado que 50% dos professores apresentaram o planejamento anual e os outros 50 % não apresentaram seu planejamento anual.
Foram entrevistados também 10 alunos. A primeira pergunta do questionário se refere ao nível de importância da disciplina Ed. Física em relação a outras disciplinas. A realidade dessa disciplina é crítica, pois 80% dos entrevistados relatam matemática e português como disciplinas mais importantes, enquanto que apenas 20% dão a mesma importância de outras disciplinas.
Em relação à função da Educação Física Escolar, 90% dos alunos responderam que a principal função da Educação Física Escolar é selecionar os alunos mais habilidosos para a prática esportiva.
Considerações finais
A Educação Física enquanto componente curricular possui grande importância, importância essa que muitas das vezes não é creditada a mesma.
Para se perceber como a Educação Física é vista, foi feito um estudo sobre o tema, onde foram realizadas pesquisas bibliográficas e de campo.
Foi percebido que dentro da visão de gestores, técnicos educacionais e professores de Educação Física pertencentes às escolas estaduais de Vigia, a Educação Física possui sim grande importância e papel formador de cidadãos e não de atletas. Isto vem de enfatizar com a participação de professores em reuniões com pais, reuniões pedagógicas e eventos escolares que contribuem para essa visão.
No entanto a de se preocupar é que a grande maioria dos professores de Educação Física não participou da construção do projeto político pedagógico de sua(s) escola(s). Isso corrobora com as informações de gestores e técnicos educacionais com as dos próprios professores de Educação Física.
Em relação aos estudantes, a Educação Física possui caráter seletivo voltado para a prática esportiva, nesse sentido a Educação Física possui uma importância menor que outras disciplinas para estes alunos.
Na pesquisa os alunos demonstram que a função da Educação Física é selecionar os mais habilidosos para a prática esportiva. Mas por que essa dicotomia de Educação Física?
O que se percebe que ainda existe uma pequena parcela de professores que troca a Educação Física Escolar pelo treinamento desportivo deixando a desejar na própria Educação Física, pois o treinamento desportivo torna a Educação Física excludente.
Essa prática, mesmo que em minoria ainda dá caráter generalizado da Educação Física como formadora de atletas e isso contribui negativamente acerca da valorização da disciplina enquanto componente curricular por parte dos alunos.
Em suma, a Educação Física já possui uma visão diferenciada dentro da escola, por parte de direção e coordenação pedagógica, mas que a participação efetiva do professor(a) de educação Física na construção do projeto político pedagógico é de grande importância para valorizar ainda mais a Educação Física.
Espera-se que novas pesquisas sejam elaboradas a respeito da temática em questão, e que possam qualificar ainda mais o trabalho do professor de Educação Física Escolar. Através desta pesquisa buscou-se contribuir com a comunidade acadêmico-científica e alertar para a importância e valorização da disciplina e do profissional em Educação Física Escolar.
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