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Educação ambiental na escola

La educación ambiental en la escuela

 

*Acadêmico de Ciências Sociais

**Professor Mestre em Políticas Sociais

Universidade Estadual de Montes Claros

(Brasil)

Jason Santos Cordeiro*

jasoncordeirouab@gmail.com

Thiago Meira**

thiagomeira2@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Realizamos uma pesquisa sobre as ações e projetos de educação ambiental realizados nas escolas. A importância dessa temática na escola situa-se na expectativa de desenvolver na comunidade escolar o senso de responsabilidade com o meio ambiente. Pesquisamos a educação ambiental definida como uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução de problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e da coletividade. Essa pesquisa teve como objetivos analisar as praticas relacionadas à educação ambiental no contexto escolar; realizar um diagnostico da realidade envolvendo a educação ambiental; analisar a concepção dos professores acerca da importância de uma educação ambiental nas escolas e levantar quais são os principais desafios para que a educação ambiental se efetive nas escolas. A metodologia que foi utilizada foi uma pesquisa qualitativa no ambiente da Escola Estadual Augusta Valle, na cidade de Montes Claros/MG. A população deste estudo foi formada por uma equipe de professores, especialistas e o diretor da escola. Utilizamos também a observação participante. Como conclusão obtemos que a contribuição apenas das ciências naturais é insuficiente para atender todas as demandas. Assim cada vez mais é preciso recorrer também às disciplinas do campo das ciências humanas e sociais. O desafio da educação ambiental não é simplesmente um problema de educação dentro dos muros da escola é um problema muito mais amplo sendo o mesmo político e econômico.

          Unitermos: Meio ambiente. Educação. Participação.

 

Abstract

          A research about the actions and environmental education projects undertaken in schools. The importance of this subject in school is located in expectation of the school community to develop a sense of responsibility to the environment. Researched environmental education defined as a dimension given to the content and practice of education, geared to solving concrete problems of the environment through interdisciplinary approaches and the active participation and responsibility of each individual and the collective. This research aimed to examine the practices related to environmental education in the school context; make a diagnosis of reality involving environmental education; analyze the conception of teachers about the importance of environmental education in schools and raise what are the main challenges for the become effective environmental education in schools. The methodology that was used was a qualitative research in the environment of Valle Augusta State School in the city of Montes Claros / MG. The study population was comprised of a team of teachers, specialists and school principal. We also used participant observation. As a conclusion we obtain that only the contribution of the natural sciences is insufficient to meet all demands. So increasingly we must also appeal to the disciplines of the field of humanities and social sciences. The challenge of environmental education is not simply a problem of education within the school walls is a much broader problem being the same political and economic.

          Keywords: Environment. Education. Participation.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Este trabalho tem seu objetivo pautado pela necessidade de se conhecer de modo integral como a questão da educação ambiental tem sido tratada nas escolas. A educação ambiental tem sido amplamente discutida por toda a sociedade por uma razão simples: necessidade de sobrevivência. As futuras gerações precisam ser educadas para a preservação e conservação do meio ambiente. A Constituição Federal brasileira define competências ao Poder Público, sendo que uma delas é promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, bem como impulsionar a conscientização pública para a preservação.

    Segundo Dias (1993, p.26) a Educação Ambiental em uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação orientada para a resolução de problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e da coletividade. O desrespeito com a natureza e o descaso com a educação ambiental dentro das escolas é o tema de estudo do projeto desenvolvido.

    De acordo com a Constituição, Art. 225,

    Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo as presentes e futuras gerações.

    A educação pressupõe não só a conscientização e o exame crítico da realidade, mas visa o desenvolvimento da cidadania. Nesse ponto, somente ela permite ao educando a construção de valores sociais e o desenvolvimento de habilidades e de consciência. Já a informação apenas forma opinião, e, na modernidade, quem ocupa os espaços na imprensa tem o poder de fomentar o conhecimento e, no caso do meio ambiente, conscientizar parte da população que a natureza é a essência de nossa existência e a sobrevivência de novas gerações.

    Para tanto, proponho abordar neste trabalho, inicialmente a discussão teórica sobre a educação ambiental no ambiente escolar. Além disso, abordaremos como tem sido abordada essa questão na educação e nas escolas brasileiras. Por fim, apresentaremos o estudo realizado na cidade de Montes Claros na Escola Estadual Augusta Valle no Bairro Interlagos

1.     A educação ambiental e processo de ensino aprendizagem

    A Educação Ambiental é um processo participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania.

    A educação ambiental pode ser entendida com toda ação educativa que contribui para a formação de cidadãos conscientes da preservação do meio ambiente e apto a tomar decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Dessa forma, sua aplicação não se restringe ao universo escolar, mas deve permear esse para facilitar o entendimento dessas questões e suas aplicações no dia a dia.

    Uma das alternativas para a inclusão da temática ambiental no meio escolar é "a aprendizagem em forma de projetos". Segundo Capra (2003), essa é uma proposta alinhada com o novo entendimento do processo de aprendizagem que sugere a necessidade de estratégias de ensino mais adequadas e torna evidente a importância de um currículo integrado que valorize o conhecimento contextual, no qual as várias disciplinas sejam vistas como recursos a serviço de um objeto central. Esse objeto central também pode ser entendido como um tema transversal que permeia as outras disciplinas já constituídas e consegue trazer para a realidade escolar o estudo de problemas do dia a dia. Além disso, as atividades de educação ambiental precisam extrapolar o âmbito escolar e promover o aprendizado e, até, a transformação de todos nós.

    Segundo Nalini (2003), proteger a natureza precisa ser tarefa permanente de qualquer ser pensante e aprender a conhecê-la e respeitá-la pode levar uma vida inteira. Não há limite cronológico, em termos de educação ambiental, para que todos estejam em processo de aprendizado constante. Entretanto, como a maioria dos temas transversais, educação ambiental é muito abrangente e a maioria dos projetos que se propõem a trabalhar o assunto procura concentrar-se em focos mais específicos dentro deste grande assunto.

    A partir da escolha do tema apresentado, evidencia-se a relevância do trabalho por se tratar de um dos temas mais importantes da atualidade, devido a sua importância na continuidade da vida neste planeta. Se não mudarmos nosso jeito de viver em pouco tempo, poderemos estar comprometendo o futuro do planeta Terra.

    Este ano aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, a “Rio mais 20”. Realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A “Rio mais 20” é assim conhecida por que marca os 20 anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e desenvolvimento (Rio 92) e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. A ONU (Organização das Nações Unidas) é responsável pela conferência e o objetivo é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

    A Conferência terá, pois temas principais como: A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza; A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.

    A educação, com ênfase no meio ambiente é que pode ajudar os seres humanos a se conscientizarem da importância da conservação ambiental. O desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças socioeconômicas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades e assim ajudam na melhoria da condição de vida dessas comunidades.

1.1.     O capitalismo e o meio ambiente

    Estamos inseridos em uma lógica de modelo econômico neoliberal que surgiu como uma forma de reestruturação do capitalismo. O capitalista não age com vistas ao bem comum, mas em proveito próprio, e assim o homem usou de forma predatória os mananciais e destruiu as florestas para gerar recursos financeiros para o sistema. A educação ambiental para conscientizar as crianças e jovens sinaliza a possibilidade de uma sociedade mais justa e responsável na preservação natural.

    A educação ambiental para o desenvolvimento sustentável passou a ser uma das premissas de muitos projetos de aplicabilidades financeira. Dentro desses projetos podemos citar projetos de utilização de produtos naturais como castanha, açaí, látex e o pequi (fruto natural de nossa região), pois temos em nossa região associações que industrializam e colaboram na sobrevivência dos povos do cerrado.

    O grande desafio hoje é fortalecer a educação ambiental para viabilizar uma pratica educativa que consiga concomitantemente desenvolver projetos que não degradem a natureza e ajudem a resolver os problemas sociais. O mais importante é ensinar que o desenvolvimento sustentável deve ser entendido como uma forma de garantir a sobrevivência do ser humano utilizando as reservas naturais sem a destruição destes mananciais garantindo que no futuro existira tudo que existe hoje na flora e fauna.

1.2.     Reflexões teóricas

    Para um maior entendimento deste processo torna-se necessário buscar a consciência e inteligência na hora de gastar os recursos naturais considerando a preservação do meio ambiente, objetivando assim a recomposição do patrimônio natural sempre que possível. Essa visão de exploração vem favorecendo a conscientização de muitos estados nacionais.

    Sobre sustentabilidade Gadotti afirma,

    O conceito de sustentabilidade e vasto e pode ser desdobrado em dois níveis complementares: o primeiro relativo à natureza e o segundo relativo à sociedade. A sustentabilidade ecológica ambiental e demográfica refere-se à base física do processo de desenvolvimento e a capacidade de a natureza suportar a ação humana com vistas a sua reprodução e aos limites das taxas de crescimento populacional. A sustentabilidade cultural, social e política refere-se à manutenção da densidade e das identidades, estando diretamente relacionada não só com a qualidade de vida das pessoas e da justiça distributiva, mas também com o processo de construção da cidadania e da participação social no processo do desenvolvimento. (GADOTTI, 2008 p 13).

    Segundo o Relatório Brundtland escrito durante a Comissão Mundial sobre o meio ambiente e desenvolvimento, podemos definir desenvolvimento sustentável como:

    O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Significa possibilitar que as pessoas agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural fazendo ao mesmo tempo um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. (1987, pagina 35)

    A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do ecossistema, envolve uma necessidade de trabalhar a educação ambiental. A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento e a capacitação de profissionais envolvendo a comunidade escolar numa perspectiva interdisciplinar. (JACOB, 2003).

    A partir da Conferência Intergovernamental sobre a educação ambiental realizada em Tibilis (EUA) em 1977, iniciou-se um processo global para trabalhar uma nova consciência sobre o valor da natureza e também dos métodos da interdisciplinaridade. Esse campo educativo tem sido fertilizado transversalmente e isso tem possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação.

    A complexidade ambiental leva-nos a refletir para compreender o aparecimento de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a participação, apoiado numa lógica que privilegia o diálogo e interdependência de diferentes áreas do saber. Mas, também questiona valores e premissas que norteiam as práticas sociais prevalecentes, implicando mudança na forma de pensar e transformar o conhecimento em práticas educativas.

    É preciso investir mais na educação ambiental para promover o crescimento da consciência ambiental expandindo a possibilidade da população participar mais como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle da degradação ambiental.

    Quando iniciei os meus estudos, para efetivar esta pesquisa, eu procurava por um autor que falasse sobre educação ou desenvolvimento sustentável, que pudesse servir de base para os meus trabalhos. E foi grande a minha surpresa quando constatei que Karl Marx na sua época já citava em seus textos alguns tópicos relacionados sobre o tema. Como já dizia Marx (2008) o objeto geral de trabalho do homem é a terra. O homem deve se comportar na natureza como um elemento da natureza. Assim como os demais animais, o homem interfere na natureza, mas diferentemente dos animais, ele pode antecipar suas ações sobre o meio ambiente de forma consciente.

    Nenhum autor poderia ser melhor do que Karl Marx para que um sociólogo utilize em seu trabalho. O argumento de Marx (2008) é que a espécie humana é diferente de todas as outras espécies animais, não devido a sua consciência, mas porque ela por si produz os seus meios de subsistência. Esse atributo unicamente humano também proporciona o meio através do qual os indivíduos possam realizar o seu verdadeiro potencial com os seres humanos. Em suma, a arena da atividade produtiva, o mundo do trabalho, incorpora o sagrado da natureza humana.

    A crise ambiental contemporânea tem obrigado as ciências sociais a uma atualização. Nas ciências econômicas é possível encontrar três grandes correntes: A economia ambiental, a economia ecológica e a economia marxista estão subordinada a relação sociedade/natureza às contradições produtivas no interior da sociedade humana. A análise marxista do capitalismo é meio para compreender as causas e tendências do comportamento do ser humano em seu ambiente.

    Já a economia ambiental é a economia que sustenta a necessidade de que as externalidades negativas fossem contempladas pelo Estado, impondo a seus responsáveis uma taxa. Dessa maneira o Estado corrigiria as falhas do mercado, porém o próprio Estado seguiria sendo o mecanismo atribuidor dos recursos, visão clássica e keynesiana (FOLADORI, 1999).

    A economia ecológica é a análise de economia ecológica parte dos fluxos de energia e se baseia nas leis da termodinâmica e no papel que os materiais devem ter na gestão econômica. (FOLADORI, 1999)

    A história do pensamento econômico é eloquente a respeito. A humanidade sempre realizou atividades econômicas, mas a possibilidade de pensar a economia como uma ciência em si, separada da moral, da ética e da politica, somente surgiu em torno do século XVII na Europa quando a prática separou a economia da politica.

    O marxismo se põe a frente de todas as correntes de estudo da questão ambiental que tornam a sociedade humana como um todo e a relacionam com o restante do mundo vivo e com o abiótico. O marxismo mostra que o relacionamento do ser humano com seu ambiente está mediado pelas próprias relações inter-especificas; e que dentre essas, são as relações sociais de produção as que governam todas as demais.

    O ponto de partida para uma análise da crise ambiental contemporânea está na própria produção mercantil. Enquanto a produção pré-capitalista de valores de uso tem seu limite na satisfação das necessidades, a produção mercantil, para incrementar o lucro, não tem limite algum. Essa diferença tão sensível e geral está na base do esgotamento dos recursos naturais a um ritmo nunca suspeitado na história da humanidade e também da generalização de projetos.

    Meio ambiente é um dos temas eleito para os temas transversais parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),

    Subsidiar a elaboração ou a revisão curricular dos estados e municípios dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a discursão pedagógica interna das escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como servir de material de reflexão para a prática de professores. (BRASIL, 1997, p.29)

    A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de ampliação do controle social da coisa pública.

    Uma nova proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação que estimula um pensar e fazer sobre o meio ambiente diretamente vinculado ao diálogo entre saberes para fortalecer a integração entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel dos professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assume um compromisso com a formação de valores de sustentabilidade, como parte de um processo coletivo, um saber ainda em construção, demanda empenho para fortalecer visões integradoras.

    A educação ambiental nas suas diversas possibilidades abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores do conhecimento. Isso é importante para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável.

    Uma das características mais importantes do movimento ambientalista, seja a sua diversidade, ele congrega inúmeras tendências e propostas orientadoras, considera valores como equidade, justiça, cidadania, democracia e conservação ambiental. As ONGs (Organizações Não Governamentais) tenta seguir essas características e algumas fazem trabalho de base, outras são mais voltadas para a militância, outros têm um caráter mais politico e outros executam projetos. Observa-se também um grau de amadurecimento das práticas e a consolidação de um perfil de atuação de instituições.

    Como pontos fortes as ONGs têm: sua credibilidade e capital ético; na sua eficiência quanto à intervenção na micro realidade social (grupos e comunidades) essa proximidade ajuda formar aspirações e propor estratégias para atendê-las; na maior eficiência quanto à aplicação de recursos e agilidade na implementação de projetos que tem a marca da inovação e da articulação da sustentabilidade com a equidade social.

    Nos últimos anos o crescente fortalecimento de um polo politico interno que integra as ONGs no centro do processo, mostra a importância das ONGs na atualidade.

    Apoiado nas ideias de Engels (1991), Luckesi chama atenção para a importância de refletirmos sobre o significado de nossa ação sobre a realidade e sobre o meio ambiente.

    Os homens que na Mesopotâmia, na Grécia, na Ásia menor e outras partes destruíram os parques para obter terra arável, não podiam imaginar que, dessa forma, estavam dando origem à ativa desolação dessas terras.... Somos a cada passo, advertidos de que não podemos dominar a natureza; mas sim que lhe pertencemos, com nossa carne, nosso sangue, nosso cérebro: que estamos no meio dela; e que nosso domínio sobre ela consiste na vantagem que levamos sobre os demais seres de poder chegar a conhecer suas leis e aplica-las corretamente. (ENGELS, 1991, apud Luckesi 2002, p.104)

    Nesse sentido compreendemos que o planejamento consiste em um processo de reflexão crítica que remete a uma ação sobre a realidade. Critica no sentido de analisar as finalidades e impactos dessa ação tendo a ética como principio e tendo horizonte um mundo mais justo e humano melhor para se viver e que o homem aprenda a conservar a natureza.

    Luckesi (2002) reporta-se a uma citação do filósofo alemão Engels, principal colaborador de Karl Marx na elaboração de suas teorias. Pode ser encontrada na obra de Engels a humanização do macaco pelo trabalho.

    A educação ambiental ganha sinais de reconhecimento de seu papel no enfrentamento da problemática sócio ambiental na medida em que reforça mundialmente a sustentabilidade a partir da educação. Precisamos da educação ambiental, mas antes de por em prática esses ensinamentos, devemos observar a qualidade de vida das pessoas. Então entra em cena o olhar do cientista social: precisa falar do meio ambiente, mas também da distribuição de renda, do desenvolvimento sustentável ou uma fonte de renda que não agrida o meio onde se vive.

2.     Educação Ambiental na Escola Estadual Augusta Valle

    A metodologia que foi utilizada é a qualitativa com a técnica exploratória descritiva simples com coleta de dados primordiais através do qual procurei compreender a realidade de vida da comunidade do bairro Interlagos.

    Através desta pesquisa procurei compreender a realidade como a educação ambiental é trabalhada na Escola Estadual Augusta Valle.

    A população deste estudo foi formada por uma equipe de professores e especialistas da escola, sendo que a amostra definida foi 06 (seis) professores de áreas diversas sendo 02 (dois) de cada turno da escola. Participam também da pesquisa o diretor e 02 (dois) especialistas educacionais. Formação educacional dos entrevistados: O diretor é formado em pedagogia; as duas supervisoras formadas em pedagogia; um professor de matemática com curso de administração com ênfase em gestão ambiental (turno noturno); um professor de letra português (turno matutino); uma professora de geografia (turno matutino); uma professora de história (turno vespertino); uma professora de biologia (turno vespertino); uma professora de ciências sociais (trabalha nos turnos matutinos e noturnos); um professor de história (turno matutino).

    A coleta de dados foi efetuada no mês de março e abril. Procurei acompanhar o preenchimento do questionário para sanar eventuais dúvidas dos participantes, visando melhorar a compreensão da pesquisa e assim obter melhores resultados.

    Fiz uso da técnica de observação participante para compreender a realidade dos alunos da escola. Observei através de pequenos gestos como jogar o papel de bala no chão, o desperdício de alimentos, o vandalismo (escrever nas paredes, carteiras e quebrar objetos), que percebemos a importância do tema. Analisei também o comportamento na sala de aula e durante o recreio.

    Através da pesquisa foi possível constatar que a Escola Estadual Augusta Valle existe uma preocupação com o tema educação ambiental. A escola vem realizando trabalhos visando à conscientização dos alunos e da comunidade com sentido da importância da educação ambiental. Contudo, poderia ser desenvolvidas mais ações e com mais envolvimento de todos os professores, pais e comunidade.

    Outro ponto que constatei é que alguns alunos têm consciência do tema, mas muitas vezes não mudam suas atitudes e continuam agindo como se desconhecessem a importância de um ambiente bem cuidado.

    Foi objetivo da pesquisa também verificar o desrespeito com a natureza e o descaso com o tema educação ambiental dentro das escolas.

    A educação no Brasil hoje é um dos problemas mais graves e urgentes a serem resolvidos. Violência, tráfico de drogas, abuso sexual, bullying, gangues, alunos armados, desrespeito ao professor, são mazelas que assolam a educação nacional. Com esses fatores na educação é difícil conseguir ministrar as matérias obrigatórias e ainda desenvolver trabalhos envolvendo conteúdos extracurriculares.

    Na pesquisa foram identificadas que várias práticas são desenvolvidas na escola em relação ao tema como: estudo de texto, fóruns, palestras, pesquisas, projetos e muito mais. Conseguimos observar que os alunos participam e se interessam pelo tema.

    Estes trabalhos se destacaram, e conforme as entrevistas, tiveram como conseqüência à melhoria do comportamento dos alunos. Exemplo disso é que o cuidado com o patrimônio escolar tem melhorado com o passar do tempo e a escola encontra-se bem arrumada, sem pichações nas paredes ou carteiras, um ambiente limpo.

    Durante a pesquisa levantamos o público atendido pela escola que recebe alunos do bairro onde esta situada a escola (bairro Interlagos) e também das imediações cujos bairros são: Vera Cruz, Esplanada, Independência e Carmelo.

    As práticas desenvolvidas na escola, envolvendo a conservação do meio ambiente, são muito bem aceitas pelos alunos e familiares. Os pais dos alunos são participativos e responsáveis para com a escola.

    A maioria das famílias é composta de trabalhadores com carga horária extensa e não pode estar indo com frequência a escola. Às vezes até na reunião de pais, os mesmos precisam se desdobrar para atender as necessidades da escola. Dessa forma o sucesso e eficácia dos projetos extraclasses acabam sendo comprometido, dificultando um melhor desempenho da conservação ambiental.

    Outro ponto que procuramos destacar durante a pesquisa foi à concepção dos professores a cerca da importância do tema, educação ambiental. Para a formação dos alunos, os professores são conscientes da importância do tema, mas constatei que o ponto comum que todos alegam é a questão do tempo, que é pouco para conseguir realizar um trabalho mais profundo. Contudo, os professores reconhecem que a escola tem melhorado a cada dia nessa questão.

    A educação ambiental é entendida como a prática da educação orientada para a resolução de problemas concretos do meio ambiente. Através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada individuo e da coletividade para o estudo dos problemas ambientais.

    E a preocupação com o meio ambiente na escola começou a fazer parte da nossa realidade do momento que foi incluso nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). O texto fala que o meio ambiente é um dos temas transversais que devem ser trabalhados na escola pública brasileira. Devem-se desenvolver projetos educacionais englobando várias matérias para trabalhar o tema levando-se em consideração a relevância deste para o planeta.

Conclusão

    Ao final da pesquisa, na Escola Estadual Augusta Valle, observou-se a importância da educação ambiental e o respeito à natureza dentro do ambiente escolar. O conceito de educação ambiental é definido como a junção do conteúdo com a prática, vivenciando os problemas do meio ambiente. Os graves problemas ambientais apresentam desafios múltiplos, nesse sentido a educação ambiental no ambiente escola apresenta-se como importante aliado à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.

    Sabe-se que a contribuição somente das disciplinas especificas do campo das ciências naturais tem seus limites, ou seja, elas não são mais suficientes para dar conta de uma realidade que se apresenta tão complexa e problemática. Assim cada vez mais é preciso recorrer também às disciplinas do campo das ciências humanas e sociais.

    Para entender o grave problema da poluição ambiental, assim como seus impactos e possíveis soluções, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidarmos da natureza. Para ele o homem é parte integrante da natureza e por isso tem que ser responsável por ela. Marx (1974) falava sobre a importância do consumo consciente e economia equilibrada, justiça social e manutenção da qualidade do meio ambiente.

    Diante dessa assertiva de Marx, a entrada em campo das ciências humanas torna-se necessário porque a forma de uso dos recursos naturais está diretamente ligada a fatores sociais, culturais e econômicos. Com isso, os estudos das ciências humanas em ambiente escolar tornam-se fundamentais para a compreensão das relações entre meio ambiente e sociedade.

    Constantemente a sociedade é alvo de grandes desastres ecológicos, que mesmo com toda tecnologia presente, que imperam e modificam a vida das pessoas por onde ocorrem. Problemas assim acontecem a todo o momento, em vários lugares do planeta. Isso nos leva a perguntar por que então ainda não foram resolvidas? Podemos concluir que esses não foram resolvidos porque sua solução não comporta somente decisões baseadas em técnicas e tecnologias, é fundamental a aplicação e utilização de matrizes teóricas e metodológicas de análise desenvolvidas pelas ciências humanas, pois essas apresentariam o caráter crítico às instituições, bem com setores decisórios da sociedade.

    Nesse sentido, tornam-se importantes projetos pedagógicos que compreendam matrizes sociológicas e filosóficas críticas, em que a comunidade escolar, sobretudo os alunos, seja sujeito de ações em educação ambiental.

    As questões ambientais precisam ser analisadas de diversas perspectivas se quisermos resolver de fato este problema. Ou seja, os problemas ambientais exigem a adoção de um olhar de várias disciplinas sobre suas causas, consequências e possíveis soluções.

    Atualmente existe cada vez mais a compreensão de que os problemas e conflitos ambientais atingem o campo dos direitos humanos e sociais, motivo pelo qual as ciências humanas e sociais tem se referido a eles como problemas e conflitos ambientais.

    Marx (2008), afirma que o homem socializado e os produtores associados precisam governar a natureza de modo racional por meio do controle coletivo. Pode-se dizer que esse pensamento assemelha-se aos dos parceiros de sustentabilidade.

    Pedro Jacob (2003) afirma que o momento atual exige que a sociedade esteja mais motivada e mobilizada para assumir um caráter mais propositivo, como questionar os governos para programar politicas de sustentabilidade e desenvolvimento.

    Jacob (2003) também defende as organizações não governamentais, organizações sociais e comunitárias, construções de instituições pautadas por uma lógica de sustentabilidade. Ele afirma que diversas experiências, principalmente das administrações municipais mostram que havendo vontade politica é possível viabilizar ações governamentais pautadas pela adoção dos princípios de sustentabilidade ambiental conjugada a resultados na esfera do desenvolvimento econômico e social.

    Nessa direção, a educação para cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de ampliação do controle social.

    Assim, é preciso criar condições para a ruptura com a cultura politica dominante criando assim uma nova proposta de sociabilidade baseada na educação para a participação. Percebemos durante a pesquisa que o principal desafio para a educação ambiental nas escolas é o comprometimento dos que fazem a escola, professores, funcionários, especialistas e direção. São esses profissionais que se empenham em educar e dar exemplo. É preciso passar para os jovens a importância da educação ambiental em nossa vida.

    Por fim, o desafio da educação ambiental não é simplesmente um problema de educação dentro dos muros da escola, é um problema muito mais amplo, sendo o mesmo político e econômico, e encontra-se estreitamente vinculado ao processo de fortalecimento da democracia e da construção da cidadania do povo brasileiro.

Referências

  • CAPRA, F. Alfabetização Ecológica: O Desafio para a Educação do Século 21. In: TRIGUEIRO, A. (coord.) Meio Ambiente no Século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

  • FOLADORI, Guilherme. Marxismo e meio ambiente. In: Revista de Ciências Humanas. Florianópolis: 1999, p. 82-92.

  • GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8 ed. São Paulo: Ática, 2008. p. 13.

  • JACOB, Pedro. Educação ambiental: Cidadania e Sustentabilidade. Caderno de Pesquisa, nº 118. P. 189-205. Março 2003.

  • LEITE, A.L.T. Educação ambiental: curso básico a distância – documentos e legislação da educação ambiental. 2ª edição. Brasília: MMA, 2001.

  • LIXO EXTRAORDINÁRIO. Documentário. Direção: Lucy Walker e os brasileiros João Jardim e Karen Harley. 2010.

  • MARX, Karl. O Capital. Coimbra: SARL, 1974.

  • MARX, K. O Capital: Livro 3 Vol. V - Critica da economia politica – o processo global de produção capitalista. 1ª ed. Traduzido por Reginaldo Sant'Anna. São Paulo: Civilização Brasileira, 2008.

  • NALINI, R. Justiça: Aliada Eficaz da Natureza. In: TRIGUEIRO, A. (coord.) Meio Ambiente no Século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

  • REVISTA AÇÃO AMBIENTAL. Universidade Federal de Viçosa. Ano VIII nº 27.

  • REVISTA AÇÃO AMBIENTAL. Universidade Federal de Viçosa. Ano VIII nº 30.

  • REVISTA DE CIENCIAS HUMANAS. Florianópolis, nº 25, p. 82-92. Abril, 1999.

  • SANTOS, J. S. Educação Ambiental: A realidade nas escolas. Montes Claros: Unimontes, 2010.

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