Contextos de saúde na escola. Possibilidades de redução de fatores de risco à saúde Contextos de salud en la escuela. Posibilidades de reducir los factores de riesgo para la salud Health issues in school. Possibilities for reducing risk factors to health |
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Graduado em Educação Física pela FAFIPA, PR 2010 Especialista em Esporte escolar pela UEPG, PR 2011 Especialização em Educação Especial: Atendimento as necessidades especiais pela FANP-ESAP, PR 2012 |
João Paulo dos Passos-Santos (Brasil) |
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Resumo Em conseqüência do avanço tecnológico e crescimento das indústrias alimentícias, desde cedo as pessoas convivem com vários fatores de risco à saúde, dessa forma, o presente projeto foi desenvolvido na Escola Municipal Professora Maria Laura Pereira, com o objetivo de verificar se a educação com alunos e familiares sobre fatores de risco à saúde associados ao excesso de peso (EP) na infância, contribuí para uma nova postura sobre o assunto, também como a redução desses índices. Estiveram envolvidos 300 alunos com idades entre cinco e onze anos. O tema central esteve voltado à adoção de medidas saudáveis para promover a saúde. Foram desenvolvidas atividades de maneira lúdica e/ou recreativa, em formato de documentário, vídeo, leitura, colagem, pesquisas, entre outras. A coleta de dados envolveu as variáveis de circunferência abdominal (CA), da cintura (CC), do quadril (CQ) e índice de massa corporal (IMC). Foram identificados 1,33% com sobrepeso (SP) e 8,66% apresentaram-se com obesidade (OB), caracterizando 10% com algum EP. Em relação à CC 9% apresentaram OB central, com uma CC elevada. Os pais de alunos que apresentaram EP foram convidados a se dirigirem até a escola, onde foram iniciadas conversas sobre a importância da família na redução desses índices. Pode se observar que, 53,33% alunos reduziram seu peso corporal, mesmo que de forma sucinta e 43,33 % diminuíram ou mantiveram os valores de perímetros corporais. Pôde-se concluir que, a contextualização da saúde relacionada aos seus fatores de risco, possibilita no âmbito escolar a educação de alunos e familiares para tais assuntos, dessa forma, os valores podem ser fortemente reduzidos a longo prazo, propiciando uma melhor qualidade de vida futura às crianças quando se encontrarem na fase adulta. Unitermos: Crianças. Saúde. Escola.
Abstract As a result of technological advancement and growth of food industries, early people living with multiple risk factors to health, thus, this project was developed at the Escola Municipal Professor Laura Maria Pereira, with the aim of verifying whether education with students and family factors on health risk associated with Excess Weight (EW) in childhood contributes to a new position on the matter, also as reduce these rates. They were involved 300 students aged between five and eleven years. The central theme was focused on the adoption of measures to promote healthy health. Activities were carried out in a playful manner and/or recreational, in documentary format, video, reading, collage, research, among others. Data collection involved the variables of Belly Circumference (BC), Waist (WC), Hip (HP) and Body Mass Index (BMI). We identified 1.33% Overweight (O) and 8.66% presented with Obesity (OB), featuring 10% with some EW. Regarding the WC central OB showed 9%, with a high DC. Parents of students who had been invited to EW approaching to school, where they were initiated conversations about the importance of the family in reducing these rates. It can be seen that 53.33% students reduced their body weight, even if briefly and 43.33% decreased or maintained the values of body girth. It was concluded that the contextualization of health related to their risk factors, possible in the school education of students and their families to such matters, therefore, values may be greatly reduced in the long term, providing a better quality of life future children when they meet in adulthood. Keywords: Children. Health. School.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A Obesidade (OB) na infância e adolescência torna-se cada vez mais um problema agravante para a saúde, em países desenvolvidos tendo como exemplo os Estados Unidos, é considerada um problema de saúde pública. Nessa fase da vida, o excesso de peso (EP) de forma relevante, tende a persistir na vida adulta, contribuindo significativamente para a morbi-mortalidade. Os problemas de saúde no adulto envolvem maior incidência de diabetes, hipertensão, dislipidemia, doenças cardiovasculares (DCV), problemas psicológicos, dentre outros, com grande impacto na vida adulta (LAMOUNIER, 2000; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
Oliveira et al. (2004) destacam que, a OB na infância e adolescência é um importante fator de risco para o desenvolvimento das DCV na vida futura. Dentre os principais componentes de políticas de uma vida saudável, destacam-se a promoção do aumento da atividade física, a implantação de programas de exercício físico e o incentivo à aquisição de alimentação saudável.
O crescimento da incidência mundial de (OB) na infância e adolescência trás relação direta com o aumento de fatores de risco à saúde, fato que também pode haver ligação com a hereditariedade. O tratamento medicamentoso ainda é controverso em relação a essa faixa etária, uma vez que em longo prazo pode influenciar no desenvolvimento físico e a qualidade de vida dos mesmos, o recomendado é a mudança do estilo de vida iniciado ainda na infância (I DIRETRIZ DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA, 2005).
De acordo com Matsudo; Matsudo (2007) comportamentos inativos como assistir televisão, vídeos e a utilização do computador são alguns dos comportamentos sedentários que as crianças de hoje em dia estão em maior sintonia, sendo que, dessa forma, pode-se acarretar um acúmulo maior de gorduras nos tecidos subcutâneos. Petroski (2007) salienta que o aumento da adiposidade abdominal na infância trás consigo uma futura OB na vida adulta e assim o desenvolvimento de doenças metabólicas, HA e risco cardiovascular.
Estudos sobre composição corporal auxiliam na análise de estimativas de componentes corporais, podendo ser preponderante para a prevenção de doenças crônicas. Na infância estimar o crescimento e desenvolvimento físico pode ser fato de suma importância para a mudança do estilo de vida, melhorando uma qualidade de vida na fase adulta com uma composição corporal saudável (HEYWARD; STOLARCZYK, 2000; PETROSKI, 2009).
Exames suplementares podem ser utilizados para aquisição de dados mais precisos sobre a composição corporal, para buscas de possíveis causas secundárias e na análise das repercussões metabólicas mais comuns da OB, entre as quais estão: dislipidemia, alterações do metabolismo glicídico, HA, doença hepática gordurosa não alcoólica, síndrome da apneia obstrutiva do sono, entre outras (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2008).
Segundo Morrow Júnior et al. (2003); Lima; Glaner (2006) a OB é um fator de risco no desenvolvimento de DCV, desta forma avaliá-la é algo muito importante, sendo de suma importância saber que tal termo refere-se especificamente a adiposidade corporal, uma vez que pode elevar a pressão sanguínea e os níveis de colesterol.
Giugliano; Melo (2004) realizaram um estudo com 528 escolares de 6 a 10 anos de idade em ambos os sexos em Brasília – DF nos anos 2000 e 2001. A pesquisa avaliou peso, estatura, dobras cutâneas (tricipital e subescapular) e (tricipital e da panturrilha medial) e perímetros de cintura e quadril. A prevalência de OB foi de 21,2% nas meninas e 18,8% nos meninos. A percentagem de gordura corporal média nas crianças normais (17,7%) foi significativamente diferente da observada nas crianças com SP (27,0%) e OB (29,4%) (p <0,02). As circunferências médias da cintura e quadril dos meninos e meninas eutróficos (56,9 cm e 67,7 cm) diferiram significativamente daqueles com SP (65,9 cm e 77 cm). Por final a utilização do IMC por idade, baseado em padrão internacional, mostrou-se adequado para o diagnóstico de SP e OB na faixa etária estudada, apresentando boa aceitação com a adiposidade.
A OB na atualidade está sendo considerada uma verdadeira epidemia, afetando um grande número de pessoas tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, como exemplo o Brasil. A população é cada vez mais sedentária por consequência da industrialização e do avanço tecnológico, proporcionando um aumento nos índices de EP, podendo assim gerar várias doenças metabólicas e DCV. A melhor maneira de promover a saúde através da alimentação exacerbada pode ser por meio da educação, pois assim a sociedade possivelmente se previne para gerações futuras.
Investigar fatores que podem influenciar no desenvolvimento de doenças crônicas em crianças, possibilita a promoção da saúde ainda cedo, prevenindo que se tornem futuros cidadãos doentes, com OB, doenças cardiovasculares (DCV), doenças metabólicas, entre outras, possivelmente tornando-os incapazes de transformar a realidade social em que estarão inseridos. Logo, o objetivo desse projeto foi verificar se a educação com alunos e familiares através do ambiente escolar sobre fatores de risco associados ao excesso de peso, auxilia na diminuição de índices de sobrepeso e obesidade ainda na infância, com alunos da Escola Municipal Professora Maria Laura Pereira, Ponta Grossa – Paraná.
Materiais e métodos
Foi realizado um estudo de campo do tipo experimental o qual se caracteriza como descritivo (THOMAS; NELSON, 2002). Tal pesquisa é caracterizada no sentido em que verifica a intervenção realizada nos sujeitos.
A população foi constituída pelos alunos da Escola Municipal Professora Maria Laura Pereira, Ponta Grossa, Paraná. Porém foram avaliados aproximadamente 300 alunos, que frequentam entre Jardim II (educação infantil), 1º ao 3º anos do 1º ciclo e 1º e 2º anos do 2º ciclo, sendo os últimos as séries iniciais do ensino fundamental.
Foram utilizados durante a coleta dos dados os seguintes materiais: Uma balança digital da marca Plena, com resolução de 100 g, para que seja quantificada a massa corporal; Uma trena antropométrica flexível com 150 cm de comprimento, para a avaliação da CC; Uma fita métrica da marca Luotulo com 3 mt de comprimento, para a avaliação da estatura;
Inicialmente foi verificada a autorização juntamente com equipe gestora da instituição, assim que houve o parecer, foram coletados dados de peso corporal e estatura, para realização do cálculo do IMC verificando índices de SP e OB. Assim que estavam prontos os resultados os pais dos alunos que apresentarem algum excesso de peso (EP) foram convidados a se dirigirem até a instituição para receberem informações sobre a importância da redução desses índices para a saúde de seus filhos a médio e longo prazo.
Para a medição da massa corporal, os escolares foram instruídos a utilizar roupas leves, o avaliador posiciona-se em pé de frente para escala de medida; o avaliado em pé (posição ortostática), deve subir na plataforma, cuidadosamente, colocando um pé de cada vez e posicionando-se ao centro da mesma, ombros descontraídos e braços soltos lateralmente (ALVAREZ; PAVAN, 2003).
A estatura foi aferida com o avaliador posicionado em pé ao lado direito do avaliado; o mesmo encontrou-se em posição ortostática, pés descalços e unidos, procurando por em contato com instrumento de medida as superfícies posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital, com a cabeça orientada no plano de Frankfurt. O cursor ou esquadro, num ângulo de 90º em relação à escala, toca o ponto mais alto da cabeça no final de uma inspiração, onde se realiza a leitura em metros (ALVAREZ; PAVAN, 2003).
Também foi avaliada a medida da circunferência da cintura (CC) nos alunos que apresentaram algum EP, para que também possibilite a avaliação da OB central (androide). O avaliador deverá posiciona-se de frente para o avaliado (posição ortostática), passa-se a fita métrica em torno do avaliado, tendo-se o cuidado de manter a mesma no plano horizontal. A medida é na parte mais estreita do tronco, no nível da cintura “natural”. A leitura é realizada após uma expiração normal (NORTON et al. 2005). Para complemento das análises ainda foram avaliadas circunferência abdominal (CA), sendo localizado sobre a cicatriz umbilical e a circunferência do quadril (CQ), situado na região dos glúteos.
Quinzenalmente foram enviados aos familiares informações sobre fatores de risco para o EP e as medidas dos alunos. Após 50 dias da conversa com familiares e crianças, foram realizados os testes novamente para verificação dos índices juntamente com os escolares.
Foram exibidos vídeos, também como a realização de conversas como todos os alunos da instituição, onde o tema central esteve voltado à adoção de medidas saudáveis para promover a saúde. De acordo com a capacidade cognitiva de cada faixa etária foram realizadas atividades lúdicas, recreativas, literatura, colagem, pesquisas, entre outras, de modo que estejam aprendendo e se conscientizado, sobre tal assunto.
Para análise dos dados, inicialmente foi realizado o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC= Peso (kg) /Altura em metros ao quadrado), sendo está classificada segundo Cole et al. (2000), de modo que foi traçada uma linha entre idade (meio em meio ano) e sexo, classificando-os em SP e OB.
Para a CC os pontos de corte em percentis segundo Fernandéz et al. (2004) interpreta-se o resultado observando a idade e sexo do escolar, sendo considerado como risco elevado o valor da CC no percentil maior ou igual a P90.
Os dados foram analisados inicialmente por meio do programa Microsoft Excel 2007 e demonstrados através de tabelas, utilizando a estatística descritiva simples, com frequência, percentual, média e desvio padrão.
Resultados e discussão
Após análise dos resultados iniciais, observa-se na Figura 1 que, foram identificados 1,33% (4) com SP e 8,66% (26) apresentaram-se com OB, caracterizando 10% (30) do total da amostra com algum EP. Observa-se então em relação ao EP que a maioria é OB.
Figura 1. Prevalência de EP na Escola Profa. Maria Laura Pereira
Em relação ao SP e OB, Guedes; Guedes (2003) apontaram que, o SP é tido como o aumento excessivo de peso corporal total, o que pode ocorrer por alteração em algum constituinte corporal (gordura, músculo, osso e água), ou de forma conjunta, ele ainda apresenta um risco de desenvolver a OB. Já a OB, refere-se ao aumento de forma generalizada ou localizada de gordura em relação ao peso corporal, sendo relacionada a vários riscos à saúde.
O EP é um grave distúrbio de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade. Existem evidências que afirmam que o acúmulo de gordura e de peso corporal adquire um grande papel na variação de funções do corpo humano, assumindo então, relevante função na alteração do desempenho do organismo, constituindo-se em um dos principais e mais significativos fatores de risco associado a morbidades específicas como o diabetes e a HA, e também no índice de mortalidade (GUEDES; GUEDES, 2003).
Para a prevenção dos males advindos da OB na infância, existem algumas áreas que merecem atenção. A educação, a indústria alimentícia e os meios de comunicação são considerados os principais veículos de atuação, sendo necessário tomar medidas de caráter educativo e informativo, lado a lado com o currículo escolar e os meios de comunicação de massa. Desse modo, o controle da publicidade de alimentos não saudáveis, dirigidos principalmente ao público infantil e a inclusão de um percentual mínimo de alimentos naturais no programa nacional de alimentação escolar com diminuição de açúcares simples, são ações que precisam ser revertidas. Sobre a indústria alimentícia, deve-se procurar o apoio à fabricação e comercialização de alimentos saudáveis, de preferência orgânicos (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
Em relação à avaliação da CC 9% (27) apresentaram OB central, com uma CC elevada, consequentemente 91% (273) tiveram uma CC desejável, a Figura 2 demonstra o resultado.
Figura 2. Prevalência de CC elevada na Escola Profa. Maria Laura Pereira
Petroski (2007); Vieira et al. (2006) descrevem que a CC é a medida utilizada para identificar o acúmulo de gordura regional, sendo nesse caso, a obesidade abdominal (andróide). Existindo ainda, estreita relação com DCV e diabete mellitus tipo 2 (DM2). Além disso, de acordo com Pitanga; Pitanga (2007), independente do nível geral de EP, a proporção da CC é associada com níveis adversos de lipídios, lipoproteínas e insulina, sendo preditor de doença cardíaca coronariana e risco de morrer.
Fernandez et al. (2004) indicam a utilização da CC em avaliação de crianças por parte de profissionais da saúde, como uma ferramenta que pode servir para estratégia preventiva contra a OB e desenvolvimento de co-morbidades associadas.
Podem ser conferidos na Tabela 1, os valores médios iniciais dos alunos com EP foram de 44,64 (±12,14) kg, 132,37 (±13,11) cm, 24,90 (±3,53) kg/m2, 71,67 (±7,81) cm, 78,8 (±10,25) cm e 83,67 (±10,26) cm, respectivamente massa corporal, estatura, IMC, CC, CA e CQ. Os pais de alunos que apresentaram EP foram convidados a se dirigirem até a escola, onde foram iniciadas conversas sobre a importância da família na redução desses índices, quinzenalmente foram enviadas informações para a melhora do estilo de vida de forma geral, juntamente com as medidas atuais das crianças, quando essas eram avaliadas. Após 50 dias da avaliação inicial os valores encontrados foram 44,68 (±12,18) para massa corporal, 70,76 (±7,84) CC, 77,77 (±11,06) CA e 82,4 (±9,42) CQ.
Tabela 1. Massa corporal, estatura, IMC, CC, CA e CQ dos alunos com excesso de peso da Escola Profa. Maria Laura Pereira
Observa-se que, a média de peso corporal na data presente aumentou um pouco, porém, para a faixa etária isso já é esperado, pois de acordo com Gallahue; Ozmun (2005), as crianças estão em desenvolvimento corporal, porém, nos perímetros corporais todas as variáveis demonstraram uma pequena redução, sendo válida essa avaliação por mostrar progresso com outras formas de avaliar a OB, uma vez que o acúmulo de gorduras ocorre em sua maior parte no abdômen, coxa e glúteos.
Optou-se por não reavaliar estatura e o IMC, por questões como a falta de tempo hábil para o termino prévio do projeto para entrega, também, pois poderia atrapalhar o andamento do aluno por possivelmente ter que se ausentar da sala de aula e atrapalhar o programa do conteúdo a ser trabalhado, já as outras variáveis no caso tornaram-se mais importantes para verificar se existiu algum avanço em relação à diminuição de EP.
Ainda observando a Figura 3, pode verifica-se que apesar dos valores médios de massa corporal terem aumentado 53,33% (16) a alunos reduziram, mesmo que de forma sucinta e 43,33 % (13) diminuíram ou mantiveram os valores de perímetros corporais.
Figura 3. Redução de massa corporal e perímetros corporais na Escola Profa. Maria Laura Pereira
Oliveira et al. (2004) ainda destacam que, a OB na infância e adolescência é um importante fator de risco para o desenvolvimento das DCV (incluindo a HA) na vida futura. Dentre os principais componentes de políticas de uma vida saudável, destacam-se: a promoção do aumento da atividade física, a implantação de programas de exercício físico e o incentivo à aquisição de alimentação saudável, devendo isso ocorrer enquanto ainda existe tempo para reverter quadros desfavoráveis em relação à saúde.
A OB é, possivelmente, o principal motivo do comprometimento da saúde na vida adulta, porém contribui também substancialmente para o aparecimento de doenças na infância, dessa forma, a redução em valores preditores de OB em crianças contribuem para uma futura boa qualidade de vida (LIMA, 2004).
Sobre a inatividade física das crianças da atualidade, Alves (2003) e Pereira (2006) salientam que, a sociedade moderna está intensamente marcada pela revolução tecnológica, o processo de urbanização e o extraordinário crescimento da violência. A televisão, os computadores e o automóvel têm cooperado para a modificação da vida ativa das crianças. Elas abandonaram o ato de se deslocar para a escola a pé ou de bicicleta, para irem com veículos automotores. Os tempos livres das crianças, passados rotineiramente em brincadeiras de grande atividade física ao ar livre no jardim, no quintal ou na rua, onde brincavam com as outras crianças, irmãos e primos, foram trocadas por jogos sem movimentação e solitários com o computador e uso da internet e, além disso, por um longo período de exposição à televisão. Contribuindo para a diminuição do gasto energético considerado benéfico à saúde.
As aulas de Educação Física escolar são uma opção para formação educacional que, sendo realizadas avaliações físicas periodicamente, poderão auxiliar na detecção de possíveis fatores de risco à saúde, e se tratados ainda cedo proporcionam uma melhor qualidade de vida na fase adulta, juntamente com um estilo de vida mais saudável. Além dos alunos realizarem pelo menos uma refeição durante o período de aula, há também a possibilidade de se discutir conceitos associados à alimentação adequada. Durante as aulas os educandos têm oportunidades de participar de atividades lúdicas, recreativas e esportivas, constituindo-se de atitudes favoráveis para a conscientização dos benefícios da atividade física de forma geral (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE, 1998; GUEDES; GUEDES, 2003).
Conclusão
Pôde-se concluir que, a contextualização da saúde relacionada aos seus fatores de risco, possibilita no âmbito escolar a educação de alunos e familiares para tais assuntos, dessa forma, os valores podem ser fortemente reduzidos a longo prazo, propiciando uma melhor qualidade de vida futura às crianças quando se encontrarem na fase adulta.
Ao término da parte didática do projeto, notou-se em grande parte dos alunos a preocupação em relação a sua saúde, como por exemplo, a alimentação, a inatividade física e a higiene corporal estiveram presentes nos pensamentos das crianças. No momento do lanche que antecede o recreio, eles insistem em mostrar que estão ingerindo frutas e verduras, pois fazem bem para seu organismo.
Os alunos que apresentaram EP continuarão sendo avaliados ao longo do ano, para que ao término do período letivo, ele entenda o quanto esse processo foi importante em sua vida, principalmente quando estiver na fase adulta.
Uma sugestão que fica com o projeto proposto é que ações do tipo passem a fazer parte da grade curricular do aluno, e que se tenham acompanhamentos de nutricionistas, e serviço social especializado para acompanhar as famílias de alunos que apresentarem EP. Uma criação de horta orgânica, onde os alunos auxiliariam na plantação, e ao final poderiam ingerir os alimentos de boa qualidade que produziram, possivelmente contribuirá com seu aprendizado nos aspectos, biológicos, motores, afetivos e cognitivos.
Referências
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