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Barreiras para a prática de atividade física em idosas

Las barreras para la práctica de la actividad física en mujeres mayores

 

*Faculdades Metropolitanas Unidas

**Academia da Força Aérea

(Brasil)

Leandra Cristina Benetti Campos*

Fábio Angioluci Diniz Campos**

fabiocampos06@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo analisou as barreiras a pratica de atividade física em idosos. Dezessete sujeitos com idade média de 66 anos responderam ao Questionário sobre Barreiras à Prática de Atividade Física e os resultados mostraram que poucos idosos acreditam que a prática de atividade física não traz benefícios. Porém, nenhum dos entrevistados pratica atividade física e mais da metade não pretende incluí-las em seu estilo de vida. Conclui-se que, há uma enorme barreira para a prática de atividade física em idosos e que a promoção de atividade física deve ser enfatizada de forma a conscientizar sobre os riscos do sedentarismo e os benefícios da prática na presença de doenças.

          Unitermos: Barreras. Atividade física. Idosas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O envelhecimento populacional é, hoje, um proeminente fenômeno mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos demais grupos etários (CAMARANO, 2002). Segundo dados do IBGE, no Brasil, cerca de 18 milhões de pessoas contam com mais de 60 anos de idade e estima-se para o ano de 2030 que o número aumente para 25 milhões.

    O crescimento populacional é resultante de numerosos fatores que associados confluem e exercem um aumento sobre a expectativa de vida. Porém, um aumento na expectativa de vida é insuficiente a menos que isto esteja associado à expectativa de vida ativa, saudável ou funcional (UENO, 1999).

    Estudos têm demonstrado que a prática regular de atividade física está associada à prevenção de doenças crônico-degenerativas e a diminuição da taxa de mortalidade e morbidade em idosos. No entanto, apesar destes benefícios, os níveis de atividade física tendem a declinar com o avanço da idade (REIS, 2008).

    Vertinsk (1995 apud NETO et al, 2007) afirma que um dos fatos que explica o aumento da inatividade com o aumento da idade é que as pessoas idosas aprendem que o comportamento de um velho é de inatividade, não que se sintam incapazes, mas por acreditarem que todas as pessoas na velhice deveriam parecer e se comportar como inativas, especialmente as mulheres.

    A prática de atividade física pode sofrer influências tanto positivas quanto negativas por vários razões. Quando tais influências ocorrem de maneira negativa elas são denominadas de barreiras ou determinantes negativos, e quando influenciam de maneira positiva são considerados facilitadores ou determinantes positivos (REIS et al, 2008).

    Entender quais os fatores que influenciam a prática de atividade física é algo ainda restrito. O presente estudo tem como objetivo identificar as possíveis barreiras para a prática de atividade física em idosas. Acredita-se que essa pesquisa contribuirá de maneira significativa para que profissionais da área possam compreender de maneira mais aprofundada quais os fatores ou barreiras que podem influenciar a prática de atividade física. Além disso, tais resultados podem proporcionar espaço informacional de utilidade no desenvolvimento de programas de intervenção no âmbito de saúde pública.

Métodos

    A amostra foi composta por 17 (dezessete) idosas com idade média de 66 anos participantes de um núcleo de convivência de aposentados na cidade de Pirassununga/SP - Brasil. As idosas que aceitaram participar do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.

    Foi utilizado como instrumento para coleta de dados um questionário sobre dados pessoais, sob forma de entrevista estruturada para coletar dados sobre idade cronológica, escolaridade, estado civil, doenças diagnosticadas e tabagismo.

    Questionário sobre Estágio de Mudança de comportamento (REED et al, 1997 apud GOBBI et al, 2008), composto por uma questão com possibilidade de cinco respostas mutuamente excludentes. Foi solicitado ao participante que escolhesse à alternativa que melhor refletisse a sua condição atual, o que possibilitou a sua classificação em cinco estágios de mudança de comportamento, de acordo com a alternativa escolhida. A questão era: “A senhora realiza atividade física regularmente, ou seja, por um mínimo de quatro dias por semana, 30 minutos por dia?”. As alternativas eram as seguintes:

  1. Sim, eu tenho realizado por mais de seis meses (Manutenção);

  2. Sim, eu tenho realizado por menos de seis meses (Ação);

  3. Não, mas pretendo começar a realizar dentro dos próximos 30 dias (Preparação);

  4. Não, mas pretendo começar a realizar dentro dos próximos seis meses (Contemplação);

  5. Não, e não pretendo começar a realizar dentro dos próximos seis meses (Pré-Contemplação).

    Em seguida outro questionário sobre Barreiras à Prática de Atividades Físicas para Idosos, extraído do estudo de Gobbi et al. (2008). Nesse questionário, é apresentada uma lista de 22 possíveis barreiras e pede-se ao participante para indicar com que freqüência cada barreira se apresenta em uma escala Likert de cinco pontos: 1- Sempre; 2- Muitas Vezes; 3- Algumas Vezes; 4- Poucas Vezes; 5- Nunca.

    As entrevistas foram realizadas por um único pesquisador, que foi apresentado aos entrevistados. Após a apresentação, o pesquisador fez uma breve explicação a todos sobre os objetivos da pesquisa e deixando livre a participação dos entrevistados. A duração das entrevistas foi de 15 a 20 minutos, sendo que o tempo estipulado foi de 30 minutos e deveria encerrar-se ao final do roteiro de entrevista, não ultrapassando 40 minutos.

    Para o tratamento estatístico foi utilizado o programa computadorizado SPSS, versão 13. Os dados foram analisados através de estatística descritiva (média, desvio padrão, mínimo, máximo e porcentagem).

Resultados

    A tabela 1 apresenta os resultados referentes à idade cronológica das participantes no presente estudo.

Tabela 1. Idade cronológica dos sujeitos do presente estudo

    Na tabela 2 são apresentados os resultados referentes ao estado civil das participantes no presente estudo (%).

Tabela 2. Estado civil dos sujeitos do presente estudo

    Há no grupo de sujeitos avaliados, apenas uma idosa fumante, correspondendo 5% da amostra do presente estudo. Em relação às doenças diagnosticadas, 52% das entrevistadas relataram apresentar mais de uma doença diagnosticada, 24% relataram apresentar apenas uma doença e 24% relataram apresentar nenhuma doença diagnosticada.

    Na tabela 3, são apresentados os resultados da realização ou não de atividade física pelos sujeitos avaliados no presente estudo (%).

Tabela 3. Resultado da prática de atividade física dos sujeitos do presente estudo

    De acordo com a tabela 3, observa-se que mais da metade das entrevistadas pretende realizar atividade física nos próximos trinta dias, demonstrando que para este grupo avaliado, o reconhecimento do beneficio da atividade física para a saúde em geral.

    Na tabela 4, são apresentados os resultados das possíveis barreiras a pratica de atividades físicas apontadas pelos sujeitos avaliados no presente estudo (%).

    De acordo com a tabela 4, mais da metade dos sujeitos avaliados, ou seja, 60% citaram “não gostar de atividade física”, sendo essa uma das principais barreiras apontadas. A barreira “sem companhia” foi apontada com 35%, seguidas de: “tenho saúde ruim”, ”má experiência”, “medo de cair” e “não tenho roupa adequada” com 30%. Cinco barreiras foram relatadas com 23%, são elas: ‘tenho doença”, ‘”tenho preguiça”, “vou desistir logo”, “sem energia” e “clima ruim”. As barreiras: “sem tempo livre”, “sou tímido” e “instalações inadequadas” obtiveram 17%. A barreira “preciso relaxar” foi apontada com 12%. Com 6% foram assinaladas seis barreiras: “suficientemente ativo”, “sem dinheiro”, “sou muito magro/gordo”, “crer que a atividade física não faz bem”, “ambiente inseguro” e “incontinência urinária”. A barreira “sou muito velho” em nenhum momento foi apontada pelos sujeitos entrevistados, correspondendo 0% da amostra.

Tabela 4. Resultado das possíveis barreiras apontadas pelos sujeitos do presente estudo

Discussão

    Os benefícios da prática de atividade física têm sido confirmados em diversos estudos, sua prática pode ser importante na manutenção das capacidades funcionais do idoso auxiliando nas atividades da vida diária e também influenciar de forma positiva em sua qualidade de vida.

    Apesar de comprovados os benefícios da atividade física para essa população, os adultos idosos continuando sendo representados como a faixa etária menos ativa fisicamente o que significa que, com o aumento da idade há uma diminuição gradativa da prática de atividade física (NASCIMENTO et al, 2008).

    O processo de envelhecimento é acompanhado, muitas vezes, por um estilo de vida inativo, o que favorece as incapacidades e dependência, gerando assim perdas na aptidão funcional. À medida que aumenta a idade diminui a porcentagem de anos a serem vividos livres de incapacidade funcional e aumentam os anos com incapacidade funcional e dependência (COELHO et al, 2008).

    O presente estudo teve como objetivo identificar as barreiras para a prática de atividade física em idosas. A análise dos dados permitiu observar que a barreira “não gostar de atividade física” foi uma das mais percebidas (60%), isso justifica o fato de todas as entrevistadas não praticarem atividade física. A percepção da prática de atividade física relacionada à saúde é considera recente e vem se ampliando consideravelmente. Por essa razão, apesar de todos os sujeitos da amostra não perceber a “descrença nos benefícios” “como barreira a prática de atividade física, possivelmente, essa geração dos idosos enfrenta algumas dificuldades peculiares na consolidação da cultura de que a atividade física está relacionada com boa qualidade de vida (NASCIMENTO et al, 2008). Isso é mais evidente no sexo feminino, sendo fortemente percebido, durante a aplicação dos questionários, que a prática de atividade física realizada por mulheres não é um incentivo pela sociedade dessa geração.

    A “falta de companhia” apresentou 35%, dado este bastante relevante, pois 47% responderam serem viúvas e 12% disseram ser divorciadas, com isso percebe-se que muitas vezes nessa fase há certa limitação em fazer novas amizades, recomeçar a vida sozinha, há sempre a dependência em se apegar a alguém.

    A barreira “tenho saúde ruim” juntamente com “tenho doença” são barreiras consideras semelhantes e foram apontadas com 30% e 20% respectivamente, apesar de ser cada vez mais freqüente encontrarmos vários estudos ressaltando a importância da atividade física como fator preventivo e terapêutico da maioria das doenças crônico-degenerativas, que desenvolvem principalmente com o envelhecimento.

    O “medo de cair” e a “falta de experiência” ambos apresentaram 30% dos dados coletados, esse resultado demonstram a relação um com o outro, pois a falta de experiência em praticar atividade física justifica o medo de cair. A queda em idosos pode além de torná-lo debilitado, levá-lo até a morte.

    Estudos epidemiológicos apontam valores relativamente altos de sedentarismo em várias regiões no mundo. Na Europa estima-se que 32% da população não praticam nenhuma atividade física e nos Estados Unidos esse número sobe para 38,3%. No Brasil foi apontada uma taxa de prática de atividade física que atendia as recomendações de 3,5% para homens e 3,2% para as mulheres, o que significa que, na população geral, a maioria ainda não adotou estilo de vida ativo para a promoção de saúde (NASCIMENTO et al, 2008).

    Deve ser considerado nesta pesquisa o número de participantes, uma vez que a amostra foi composta por dezessete indivíduos, número este considerado inferior estatisticamente na representativa populacional. No entanto, vale considerar que a metodologia empregada teve como intuito compreender de forma aprofundada a opinião dos sujeitos, e para tanto não é possível a inclusão de um número elevado de pessoas, uma vez que as entrevistas demandam muito tempo.

    Com isso espera-se que, com os resultados obtidos outros estudos possam ser realizados em outras cidades, políticas públicas de incentivo à prática de atividade física sejam criadas a fim de minimizar ou até mesmo acabar com as principais barreiras, estimulando assim a adoção de um estilo de vida ativo pela população idosa, através de campanhas esclarecerem sobre a importância da atividade física conscientizando sobre os riscos do sedentarismo e os benefícios da prática na presença de doenças.

Conclusão

    Com base na análise dos dados, pode-se concluir que:

  1. Nenhuma das idosas entrevistadas pratica atividade física;

  2. Mais da metade das entrevistadas não pretende incluir a atividade física em seu estilo de vida mesmo reconhecendo os seus benefícios;

  3. As principais barreiras percebidas pelas idosas foram: “não gostar de atividade física”, ”não ter companhia”, “saúde ruim”, “má experiência”, ou seja, nunca ter praticado atividade física, “medo de cair”.

    Vários estudos têm comprovado a importância da pratica de atividade física, independente da idade e da condição de saúde, com isso, torna-se necessário aplicar estratégias para conscientizar sobre os riscos do sedentarismo e alterar este quadro de inatividade física.

Referencias

  • CAMARANO, A. A. Envelhecimento da população brasileira: uma contribuição demográfica. Instituto de pesquisa aplicada, Rio de Janeiro, p.1-26, 2002.

  • COELHO, F. G. M.; JUNIOR, A, C. Q.; GOBBI, S. Efeitos do treinamento de dança no nível de aptidão funcional de mulheres de 50 a 80 anos. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, v. 19, n. 3, p. 445-451, 2008.

  • GOBBI, S.; CARITÁ, L. P.; HIRAYAMA, M. S.; JUNIOR, A. C. Q.; SANTOS, R. F.; GOBBI, L. T.B. Comportamento e barreiras: atividade física em idosos institucionalizados. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 24, n. 4, p. 451-458, 2008

  • NASCIMENTO, C.M.C; GOBBI, S.; HIRAYAMA, M.S; BRAZÃO, M.C. Nível de atividade física e as principais barreiras por idosos de Rio Claro. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, v 19, n. 1, p. 109-118, 2008.

  • NETO, A. P.; OLIVEIRA, A.; SANTOS, R. O. Comparação da composição corporal em idosos esportistas com idosos irregularmente ativos. Movimento & Percepção, Espírito Santo do Pinhal, São Paulo, v. 8, n. 11, p. 41-54, 2007.

  • REIS, R. S.; CASSOU, A. C. N; FERMINO, R. C.; SANTOS, M. S.; RODRIGUEZ-ANESZ, C. R. Barreiras para a atividade física em idosos: uma análise por grupos focais. Revista de Educação Física/UEM, Maringá, v. 19, n. 3, p. 353-360, 2008.

  • UENO, L. M. A influência da atividade física na capacidade funcional: envelhecimento. Revista Brasileira de Atividades e Saúde, 14 (1), p. 57-68, 1999.

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