Fatores associados a avaliação da mobilidade na terceira idade Factores asociados a la movilidad en la tercera edad |
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*Doutorando em Ciências do Movimento Humano (UDESC) Professor do Curso de Educação Física (UDESC) **Bolsista de pesquisa. Acadêmica de Fisioterapia do CEFID/UDESC (Brasil) |
Silvio Luiz Indrusiak Weiss* Camilly Marcondes Espíndola da Silva** |
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Resumo O objetivo deste artigo é analisar uma diversidade de variáveis envolvidas no conceito e nas características da mobilidade do idoso, contextualizando/ampliando a compreensão do tema. A complexidade dos fatores ecológicos associados ao envelhecimento demonstra muito bem sua característica multifatorial, com componentes determinados geneticamente, fatores biológicos com alto grau de variabilidade e um grande espectro de variáveis ambientais, todas inter-relacionadas. A mobilidade é um dos parâmetros da funcionalidade que está sendo insistentemente utilizado para avaliar o estilo e a qualidade de vida do idoso, sendo por isso necessário uma discussão aprofundada à sua compreensão, na maior amplitude possível, para fundamentar os estudos, as pesquisas e mesmo as políticas públicas nessa área. Portanto, esta ampliação de fatores ambientais condicionantes da mobilidade do idoso, é a base para elaboração de critérios de avaliação, sendo determinantes para a ampliação/redução da sua mobilidade. Unitermos: Envelhecimento. Idoso. Mobilidade. Autonomia. Ambiente.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas atualmente, procurando compreender melhor as características do envelhecimento, suas peculiares e as demandas do estilo de vida nessa etapa (DANTAS; OLIVEIRA, 2003; COSTA et al., 2006; CHACHAMOVICH et al., 2008; TOIGO; LEAL JR; ÁVILA, 2008; VILARINO; LOPES, 2008; CIPRIANI et al., 2010)
O IBGE e outras agências (nacionais e internacionais) estão multiplicando suas estatísticas e projeções, alertando as autoridades para a necessidade de adotarem-se políticas de Estado voltadas à terceira idade. Entre os principais fatores estão, sobretudo, o estilo de vida dos idosos e os para ampliar a expectativa de vida nesse segmento da população.
Observa-se que a mobilidade é um dos parâmetros da funcionalidade que está sendo insistentemente utilizado para avaliar o estilo e a qualidade de vida do idoso, sendo por isso necessário uma discussão aprofundada à sua compreensão, na maior amplitude possível, para fundamentar os estudos, as pesquisas e mesmo as políticas públicas nessa área.
Portanto, o objetivo deste artigo é analisar uma diversidade de variáveis envolvidas no conceito e nas características da mobilidade do idoso, contextualizando/ampliando a compreensão do tema.
Este texto inicia com uma abordagem conceitual sobre o desenvolvimento humano, o processo de envelhecimento e a qualidade de vida na terceira idade, analisando/contextualizando em seguida a mobilidade do idoso e alguns critérios para sua avaliação.
O desenvolvimento humano e o envelhecimento
O tema desenvolvimento motor na 3ª idade está relacionado de maneira indissociável a todo o contexto que permeia o desenvolvimento humano. É dele resultado e resultante, havendo necessariamente que tratá-lo ecologicamente.
Gallahue e Ozmun afirmam que
[...] o estudo do desenvolvimento compreende o que ocorre e como isso ocorre no organismo humano em sua jornada desde a concepção até a maturidade e depois, a morte. O desenvolvimento é um processo contínuo, incluindo todas as dimensões inter-relacionadas da nossa existência. (2001, p. 18).
Está inserido em uma temática ampla, que extrapola o fator biológico ou psicológico do idoso, alcançando proporções globais de interações e diretrizes sócio-políticas mundiais, nacionais e regionais, envolvendo contextos em níveis de exo e macrosistema.
Neste contexto, Bronfenbrenner (2005, apud KREBS, 2007) define o desenvolvimento como o fenômeno de continuidade e mudança nas características biopsicológicas de um ser humano e seu grupo, não apenas ao longo do ciclo de vida, mas também através das gerações.
Por isso, como opção, iniciamos esse texto com uma abordagem ampla de Desenvolvimento Humano, citado em relatório do PNUD (2001, p. 9):
O desenvolvimento humano é muito mais do que o aumento ou quebra dos rendimentos nacionais. Tem a ver com a criação de um ambiente no qual as pessoas possam desenvolver o seu pleno potencial e levar vidas produtivas e criativas, de acordo com as suas necessidades e interesses. As pessoas são a verdadeira riqueza das nações. O desenvolvimento tem a ver, portanto, com o alargamento das escolhas que as pessoas têm para levar uma vida a que dêem valor. [...] é fundamental a criação das capacidades humanas – o conjunto de coisas que as pessoas podem ser, ou fazer, na vida. As
capacidades mais elementares para o desenvolvimento humano são: ter uma vida longa e saudável, ser instruído, ter acesso aos recursos necessários para um nível de vida digno e ser capaz de participar na vida da comunidade. Sem estas, muitas outras escolhas simplesmente não estão disponíveis e muitas oportunidades na vida mantém-se inacessíveis.
Num outro aspecto, de acordo com Gallahue e Ozmun (2001, p. 18)
[...] o estudo do desenvolvimento compreende o que ocorre e como isso ocorre no organismo humano em sua jornada desde a concepção até a maturidade e depois, a morte. O desenvolvimento é um processo contínuo, incluindo todas as dimensões inter-relacionadas da nossa existência.
Esse conjunto de capacidades elementares ao desenvolvimento humano mencionado no relatório do PNUD e no conceito citado anteriormente, pode demonstrar a amplitude do tema quando relacionado também à terceira idade, bem como a todos os fatores a ela interconectados.
A complexidade dos fatores ecológicos associados ao envelhecimento demonstra muito bem sua característica multifatorial, com componentes determinados geneticamente, fatores biológicos com alto grau de variabilidade e um grande espectro de variáveis ambientais, todas inter-relacionadas.
Caracterizado como um processo natural de desenvolvimento, o envelhecimento iniciaria no ser humano já ao final da segunda década de vida, imperceptível, acentuando-se com indícios progressivamente mais visíveis a partir do final da terceira década de vida. (GOTTLIE et al., 2007)
Com ênfase nos fatores biológicos, Troen (2003) sistematizou dois tipos de envelhecimento, sendo o “biológico normal” caracterizado por mudanças típicas e universais, como cabelos brancos, rugas, menopausa, etc., e o tipo “biológico usual”, que além das alterações normais, aumenta a prevalência de doenças crônicas.
Os fatores hereditários do envelhecimento, apesar de ainda não totalmente conhecidos, possuem um fluxo de informações do genótipo para o fenótipo com sentido unidirecional, e sua transmissão mantém a identidade de geração para geração. Contudo, o ambiente pode interferir nessa transmissão, e induzir a variação (GOTTLIE et al., 2007). Isso é fundamental para as pesquisas de manipulação genética e combate a doenças neurodegenerativas.
Muitas evidências já se acumulam demonstrando que o envelhecimento e a longevidade estão sujeitos à regulação gênica, principalmente em estudos com modelos animais invertebrados (C. elegans e Drosophila melanogaster). Pode-se dizer que os genes da longevidade atuam aumentando ou diminuindo a expectativa de vida, por intermédio da sua ablação (total/parcial), superexpressão ou de um alelo particular, e a interação com o ambiente. Os mais conhecidos da ciência são: APO E (Metabolismo das lipoproteínas); ECA (Enzima conversora de Angiotensina); PAI 1 (Ativador do Inibidor de Plasminogênio); HLA-DR (Complexo Maior de Histocompatibilidade); WRN (Síndrome autossômica dominante) (GOTTLIE et al., 2007).
Por outro lado, os fatores relacionados ao comportamento e ao ambiente do indivíduo interagem com essa herança genética, promovendo sua expressão e/ou inibição, e em conseqüência a adaptação contínua do organismo ao meio em que ele vive. Maturana e Varela (2003) denominam esse processo de “autopoiese” (autoprodução), onde o sistema vivo e o meio em que ele vive se modificam de forma correspondente. O meio produz mudanças na estrutura dos sistemas, que por sua vez agem sobre ele, alterando-o, numa relação circular. Assim, o ser estaria numa constante autocriação.
Os fatores hereditários seriam responsáveis por 30 a 50% da qualidade do envelhecimento, enquanto o estilo de vida (fatores ambientais) pelo restante (MORAES; SILVA, 2008).
Exemplo disso são as diversas evidências sugerindo que as variações da imunossenescência ao longo do envelhecimento estão associadas a fatores psicológicos e endócrinos, principalmente o estresse e os hormônios, atuando no aumento/diminuição das morbidades e heterogeneidade de doenças. (BAUER, 2006)
A OMS denomina idoso todo indivíduo acima de 65 anos, em se tratando de países desenvolvidos, e acima de 60 anos, nos países em desenvolvimento. Observa-se nitidamente que este critério etário baseia-se, entre outras coisas, nas referências ambientais de qualidade de vida da população.
Qualidade de vida ao longo do envelhecimento
Conforme resolução da ONU (apud MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2009) a terceira idade corresponde ao último estágio do ciclo de vida, sob o aspecto econômico, considerando o homem força produtiva e consumidora da sociedade. Nesse aspecto, a terceira idade caracteriza-se por pessoas aposentadas, só consumidoras, sendo uma idade, sob este ponto de vista, inativa.
Mas no Brasil, nas três últimas décadas, a visão desta fase etária da vida tem se modificado dramaticamente, com o aumento progressivo da expectativa de vida e com os conhecimentos científicos recentes. Isso tem alterado radicalmente a perspectiva das projeções para a população idosa no Brasil, as ações e políticas públicas envolvendo essa faixa etária, bem como todo o conjunto de informações/conhecimentos relativo a características do estilo de vida e qualidade de vida na terceira idade.
Recentemente, o IBGE (2008) atualizou as projeções referentes ao aumento da população idosa no Brasil, revelando alguns dados surpreendentes quando realizados em cenários demográficos até 2050.
De acordo com esse órgão (IBGE, 2008), na década de 40 (Século XX) a média de vida do brasileiro era 45,5 anos e a população total chegava a 41.165.289. Decorridos 60 anos, a esperança de vida ao nascer no Brasil para 2010, em média pulou para 73,4 anos e a população total 193 milhões, aproximadamente.
As projeções para 2050 e 2100 elevam a esperança de vida ao nascer do brasileiro para 81,3 e 94,3 anos, respectivamente. Se observarmos a projeção só para as mulheres, em 2100 essa expectativa média de vida seria de 97,2 anos (IBGE, 2008). É claro que essas projeções são corrigidas na medida em que, longitudinalmente, os dados vão tornando-se reais. Mas, não há de se negar, que necessitamos iniciar um amplo estudo de preparação sustentável da população e das instituições para essa dramática transformação que está em curso.
Se considerarmos apenas a população brasileira acima dos 60 anos, em 2010 ela representa 9,98% do número total de habitantes residentes no território brasileiro, enquanto a população de 0 a 14 anos, soma um percentual 25,58%. De acordo com as estimativas, em 2050 a população brasileira acima dos 60 anos totalizará 29,75% enquanto a de 0 a 14 anos apenas 13,15%. (IBGE, 2008)
Se analisarmos os dados projetados pelo IBGE (2008), em relação a distribuição etária e de gênero de 1990 até 2050, observaremos uma forte tendência de inversão da base da pirâmide demográfica no Brasil, havendo um forte deslocamento da maioria da população para o topo, com um forte aumento entre os idosos, acima dos 60 anos.
Um dos maiores desafios nesse fenômeno é em relação a economia. Em termos práticos, se em 2000 havia um idoso para cada grupo de 12 pessoas na faixa etária potencialmente ativa, em 2050 essa proporção não passa de 1 para 3. (IBGE, 2008)
Outro forte impacto é na saúde pública, já se fazendo sentir vários efeitos em função desse crescimento populacional e inversão da pirâmide demográfica. Um deles é o aumento de casos de doenças crônicas comuns ao processo de envelhecimento (CASTRO; FRANK, 2009). Em função disso pode-se questionar: Como estarão (em 2050) as condições de saúde desse idoso? E sua qualidade de vida?
O tema qualidade de vida (QV) tem recebido muita atenção em diversas áreas, em função da sua atualidade. Estudos procuram detalhar vários fatores determinantes da QV em diversas populações (DANTAS; SAWADA; MALERBO, 2003), e especificamente na população idosa (VECCHIA et al., 2005; CASTRO et al., 2009; IRIGARAY; TRENTINI, 2009; FONSECA et al., 2010).
O Grupo WHOQOL do Brasil (1998) discute os conceitos de QV relacionada com a saúde ("Health-related quality of life" ) e Estado subjetivo de saúde ("Subjective health status"), identificando que são conceitos afins centrados na avaliação subjetiva do paciente, mas necessariamente ligados ao impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo viver plenamente.
Bullinger e cols. (1993, apud GRUPO WHOQOL, 1998) consideram que o termo qualidade de vida é mais geral e inclui uma variedade potencial maior de condições que podem afetar a percepção do indivíduo, seus sentimentos e comportamentos relacionados com a vida diária, incluindo, mas não se limitando, à sua condição de saúde e às intervenções médicas.
Conforme Moraes e Silva (2008), em se tratando de Geriatria, o bem-estar (vamos entender aqui com QV) e a funcionalidade são equivalentes, pois estão relacionados a autonomia e a independência do indivíduo para interagir plenamente com o ambiente onde vive.
Na Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIFIS) podemos observar algumas relações que se estabelecem entre funcionalidade, autonomia e independência. O esquema da CIFIS apresenta o conceito de decisão, fator primordial da autonomia, e execução, fator do qual depende a independência. O resultado desse processo na vida do idoso está diretamente vinculado ao êxito em suas atividades de vida diária (AVDs), básicas e instrumentais.
A CIFIS está sistematizada de forma a organizar/padronizar informações sobre a funcionalidade/incapacidade dos indivíduos com algum tipo de deficiência e/ou limitação, sendo subdividido em dois grandes parâmetros: - componentes do corpo (representado pelos diversos órgãos/sistemas e suas respectivas funções; - atividades e participação (representando o grau de funcionalidade do indivíduo, suas tarefas e participação social). (MORAES; SILVA, 2008).
Ao longo da 3ª idade, ocorrem diversas e graduais alterações nesses dois componentes, sendo ambos inteiramente interdependentes. Em se tratando de estruturas e funções do corpo, essas alterações podem ser fisiológicas (senescência) ou patológicas (senilidade), e geram um comprometimento discreto ou grave na funcionalidade do idoso. (MORAES; SILVA, 2008)
Além dos componentes discutidos até aqui (funcionalidade, autonomia e independência), podem ser incluídos alguns outros componentes como a mobilidade, fundamental à independência do idoso.
Em última instância, a funcionalidade no idoso estaria diretamente relacionada a integridade dos quatro fatores indicados na figura: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Vamos analisar melhor a mobilidade por ser o foco desse texto e por ela ser essencial à manifestação dos outros fatores.
A mobilidade do idoso
Conforme a classificação da CIFIS, a mobilidade estaria diretamente relacionada a independência do idoso, mesmo que, segundo nosso ponto de vista, interdependente também com a autonomia.
Para alguns autores a mobilidade é a capacidade de deslocamento do indivíduo pelo ambiente, sendo um componente da função física extremamente importante. Constitui-se um pré-requisito para a execução das atividades de vida diária (AVDs) e para a manutenção da independência (IMMS; EDHOLM, 1981; MACKNIGHT; ROCKWOOD, 1995). Ela está condicionada a fatores extrínsecos ou ambientais e/ou fatores intrínsecos, conforme demonstra a figura a seguir.
Os fatores intrínsecos estão representados pelo condicionamento cardiorrespiratório, por disfunções de sistemas fisiológicos e, pela postura/marcha. Já os fatores extrínsecos ou ambientais são aqueles relacionados com a circulação e mobilidade do idoso em seus ambientes de convívio, desde quarto, banheiro, sala, até os espaços urbanos e deslocamentos externos, incluindo viagens. (MORAES; MEGALE, 2008).
Numa visão bem ampla, a mobilidade está relacionada às determinações individuais: vontades ou motivações, esperanças, limitações, imposições, etc. Em realidade, pode-se analisar a mobilidade, nas ciências sociais, e designar formas de movimento de homens, bens ou idéias, além de suas motivações, possibilidades e constrangimentos que influem, tanto na projeção, quanto na realização dos deslocamentos. (BALBIM, 2004)
Joseph (1984) aponta a existência de três mobilidades de base: - a 1ª responde à característica própria do homem de ser um ser capaz de locomoção, que realiza encontros e experiências de co-presença; - a 2ª mobilidade se refere ao lugar específico do habitat urbano, fruto de uma relação particular entre a mobilidade social e a mobilidade residencial, é o que se chama mais à frente de mobilidade cotidiana; - a 3ª mobilidade é aquela sem deslocamentos, em referência à versatilidade do habitante da cidade em viver, por exemplo, o passar da moda como modo de vida, movendo-se, transmutando-se, sem que haja mudanças de um lugar para outro.
Analisando a mobilidade na 3ª idade, Metz (2000, citado por SANT’ANA; CÂMARA; BRAGA, 2003) sugere aspectos qualitativos envolvendo alguns componentes que ampliam a perspectiva do conceito:
Benefícios psicológicos da mobilidade, associada à autonomia. Podem perder o sentido benéfico se a percepção de pouca segurança no trânsito, transformar o meio ambiente de tráfego num ambiente hostil;
Benefícios do exercício, associado à mobilidade diária do caminhar. Vinculação do conceito de mobilidade à promoção da saúde, pois caminhar ajuda na manutenção da estrutura óssea e muscular que sofrem impactos significativos com a velhice;
Envolvimento com a comunidade. Possibilita o relacionamento social, associado ao sentimento de cidadania. Estudos indicam que a mobilidade social diminui a mortalidade do idoso;
Viagem potencial. A possibilidade de viajar, independente de sua realização, está associada ao potencial de mobilidade.
Critérios para avaliação da mobilidade
Contextualizando o conceito de mobilidade numa visão ecológica, pode-se ampliar os critérios/condicionantes que interferem nesta variável ao longo de um dia ou período, na vida do idoso. Isso envolve os fatores intrínsecos já citados nesse texto, mas também diversos fatores extrínsecos que extrapolam o seu ambiente imediato.
A idéia nesse texto é analisar os critérios e premissas que originam as avaliações nessa área, sem especificar nenhum protocolo ou bateria de testes.
Avaliação de fatores intrínsecos da mobilidade do idoso
Em função da complexidade dos fatores intrínsecos que envolvem a mobilidade, é pertinente subdividir a avaliação desse aspecto em:
Exames laboratoriais/laudo médico – abrange toda a possibilidade de exames de laboratório, como tomografias, ressonâncias, hemograma, juntamente com o atestado médico;
Medidas antropométricas – composto das medidas corporais necessárias para o diagnóstico ou avaliação inicial do idoso, como peso, altura, circunferências, IMC, etc.
Aptidão física e funcional – avalia valências físicas do idoso e é imprescindível à sua mobilidade. Inclui resistência, força de membros, flexibilidade, locomoção (marcha), postura, etc.
Aptidão motora – avalia diversos aspectos da motricidade como coordenação motora (ampla/fina), equilíbrio, esquema corporal, orientação espaço-temporal, promovendo diagnóstico de processos motores, funcionais e cognitivos do idoso.
Avaliação de fatores extrínsecos ou ambientais da mobilidade do idoso
A complexidade desses fatores, analisados sob o ponto de vista ecológico, requer a adoção de um modelo amplo de ambiente, como o proposto por Bronfenbrenner (1996), abrangendo o micro, meso, exo e macrossistema, contemplando tanto os ambientes imediatos que afetam a mobilidade do idoso, mas também fatores ambientais mais amplos, que influenciam a mobilidade do idoso, mas não estão diretamente relacionados a ele.
Na publicação “Guia global: cidade amiga do idoso” (OMS, 2008), observa-se esta ampliação de fatores ambientais condicionantes da mobilidade do idoso, sendo uma possível base para elaboração de critérios de avaliação. Nela pode-se observar alguns quesitos investigados no ambiente do idoso, e que interage com o seu estilo de vida, sendo determinantes para a ampliação/redução da mobilidade. No guia, para cada área, indicada na figura (pétalas da flor), há a discussão das vantagens e barreiras que os idosos encontram em cidades com diferentes níveis de desenvolvimento.
Referências
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