Nível de atividade física em hipertensos e diabéticos atendidos por unidades básicas de saúde com e sem a Estratégia Saúde da Família Nivel de actividad física en hipertensos y diabéticos atendidos por unidades básicas de salud con y sin la Estrategia de Salud de Familia |
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*Graduação em Educação Física – Universidade Estadual do Centro Oeste - UNICENTRO - Irati **Mestrando em Engenharia de Produção - UTFPR - Ponta Grossa ***Doutorado em Engenharia de Produção Universidade Metodista de Piracicaba ****Doutorado em Educação Física – Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP *****Graduação em Design de Moda Universidade Tuiuti do Paraná (Brasil) |
Gabriela Martins Gorski* Dante Luís Pereira** Erivelton Fontana de Laat*** Luiz Alberto Pilatti**** Elisandra Montes Pizyblski***** |
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Resumo O presente estudo analisou a prevalência de atividade física em hipertensos e diabéticos atendidos por Unidades Básicas de Saúde (UBS) com e sem a Estratégia Saúde da Família (ESF) na cidade de Irati-PR. Participaram do estudo 137 indivíduos, sendo 67 da Unidade de Saúde com o atendimento tradicional e 70 da Unidade de Saúde com a ESF. A amostra foi composta por adultos e idosos com idades entre 35 e 70 anos, hipertensos e diabéticos de ambos os sexos. O nível de atividade física foi determinado pelo questionário Internacional de atividade física (IPAQ) e a partir dos dados coletados foram utilizados procedimentos de estatística descritiva, como a média e o desvio padrão, além de frequências relativas e absolutas. Constatou-se que na unidade de saúde com a ESF a prevalência de atividade física foi de 51,4%, ou seja, 36 indivíduos foram considerados ativos, sendo que no atendimento tradicional a prevalência de atividade física foi de apenas 23,8%, o que equivale a 16 indivíduos considerados ativos. Conclui-se com o estudo, que nas unidades de saúde com a ESF o nível de atividade física foi maior, destacando-se a preocupação com o aconselhamento à prática de atividades físicas, onde são realizadas palestras por profissionais de educação física, além de uma maior motivação para continuidade de um grupo de caminhada com os usuários. Unitermos: Atividade física. Estratégia Saúde da Família. UBS.
Abstract The present study examined the prevalence of physical activity in hypertensive and diabetic patients served by Basic Health Units (UBS) with and without the Family Health Strategy (FHS) in the city of Irati-PR. The study included 137 individuals, 67 of the Health Unit with the traditional service and 70 of the Health Unit with the ESF. The sample consisted of adults and elderly people aged between 35 and 70 years, hypertensive and diabetic patients of both sexes. The level of physical activity was determined by the International physical activity questionnaire (IPAQ) and from the data collected were used procedures of descriptive statistics such as mean and standard deviation, and relative and absolute frequencies. It was found that the health unit with the ESF the prevalence of physical activity was 51.4%, ie, 36 subjects were considered active, and traditional service in the prevalence of physical activity was only 23.8% equivalent to 16 subjects who were considered active. It concludes with the study, which in health facilities with the FHS physical activity level was higher, especially the concern with the advice to physical activity, where lectures are held by physical education professionals, and a greater motivation to continue to walk with a group of users. Keywords: Physical activity. The Family Health Strategy. UBS.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O Programa Saúde da Família teve início em 1994 e foi criado pelo Ministério da Saúde com o propósito de orientar a organização da Atenção Básica no país, priorizando grupos populacionais do Sistema Único de Saúde – SUS, sendo posteriormente chamada de Estratégia Saúde da Família (ESF). O Departamento de Atenção Básica relata que a responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS (BRASIL, 2000).
No entanto, apesar de na atenção primária à saúde o diagnóstico e tratamento ocupem boa parte do tempo dos profissionais das UBS (Unidades Básicas de Saúde), a efetivação de atividades educativas, como por exemplo, orientar a realização de atividade física, é fundamental para a difusão de comportamentos saudáveis para a população da área de cobertura dos serviços (SIQUEIRA et al, 2009).
Por ser um importante modificador de risco de doenças crônico degenerativas e uma estratégia para uma melhor qualidade de vida da população, a atividade física se encaixa perfeitamente como forma preventiva, podendo ser inserida na atenção à saúde.
De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (2003) as doenças crônicas representam a principal causa de mortalidade no mundo e são responsáveis por 59% dos 56,5 milhões de óbitos anuais. É cientificamente comprovado que uma mudança no estilo de vida e na atividade física pode contribuir para minimizar fatores de risco na população.
No Brasil, a presença do profissional de Educação Física atuando na Atenção Básica tem aumentado nos últimos anos, porém, esta área ainda é necessitada de pesquisas empíricas e instrumentos de avaliação que possam identificar o quanto e com quais parâmetros a atuação desse profissional tem se aproximado dos princípios e diretrizes que fundamentam o Sistema Único de Saúde (SUS) (COUTINHO, 2011)
Portanto, sabendo da escassez a respeito da orientação de atividades físicas na atenção básica, o presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de atividade física em hipertensos e diabéticos que são atendidos por UBS com e sem a ESF.
Materiais e métodos
O estudo caracteriza-se como de delineamento transversal, onde de acordo com Pereira (1995) se deseja estimar a freqüência com que um determinado evento de saúde se manifesta em uma população específica, além dos fatores associados com o mesmo.
Participaram do estudo 137 indivíduos, sendo 67 da Unidade de Saúde com o atendimento tradicional e 70 da Unidade de Saúde com a ESF. A amostra foi composta por adultos e idosos com idades entre 35 e 70 anos, hipertensos e diabéticos de ambos os sexos, residentes nas áreas de abrangência de duas Unidades Básicas de Saúde do município de Irati-PR. As UBS foram selecionadas de forma aleatória, respeitando a proporcionalidade por modelo de atenção.
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, estando cientes e de acordo com as informações repassadas.
Foram respeitados os aspectos éticos de pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde) e foram seguidos rigorosamente os princípios enunciados na Declaração de Helsink II de 20/08/1947.
Para caracterizar a amostra, foram analisadas as seguintes variáveis: sexo; idade; patologias referidas; tabagismo; auto percepção de saúde e padrão de consumo socioeconômico, conforme a associação brasileira de empresas de pesquisa (ABEP).
O nível de atividade física dos participantes foi avaliado a partir do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ).
Para a análise dos dados foram utilizados procedimentos de estatística descritiva, sendo a média como medida de tendência central e o desvio padrão como medida de dispersão. Calcularam-se também freqüências relativas e freqüências absolutas.
Resultados e discussões
Os 67 indivíduos da unidade de saúde sem a ESF apresentaram idade média de 51,8 ± 2,8 anos, sendo 53,7% mulheres e 46,2% homens, já os 70 indivíduos da unidade de saúde com a ESF obtiveram média de idade de 52,5 ± 10,5 anos, sendo 42,8% homens e 57,1% mulheres.
Na unidade de saúde com o atendimento tradicional conforme pode ser observado na tabela 1, 32,8% são diabéticos enquanto 67,1% são hipertensos e 26,8% são fumantes. Quanto à classe econômica, detectou-se que 46,3% encontram-se na classe C (média). Considerando a auto percepção de saúde, 34,3% acreditam que sua saúde está boa enquanto 25,3% acham que está ruim.
Em relação aos participantes da ESF, pode-se observar que 34,2% são diabéticos e 65,7% são hipertensos e apenas 21,4% fumam. Quanto à classe econômica, 41,5% foram classificados na classe B (média alta), enquanto apenas 2,8% encontram-se na classe E (baixa). Considerando a auto percepção de saúde, 42,8% afirmaram que sua saúde está boa, 21,4% acham regular e também 21,4% acham que sua saúde está ruim. (tabela 1)
Tabela 1. Caracterização dos indivíduos do atendimento tradicional e ESF
Ao analisar o nível de atividade física (tabela 2) quanto ao modelo de atendimento, constatou-se que na unidade de saúde com a ESF a prevalência de atividade física foi de 51,4%, ou seja, 36 indivíduos foram considerados ativos, seguido de 30% classificados como sedentários. No atendimento tradicional a prevalência de atividade física foi de apenas 23,8%, o que equivale a 16 indivíduos que foram considerados ativos, sendo a prevalência de sedentarismo maior, com 59,7%.
Os resultados obtidos nesse estudo diferem-se quanto ao nível de atividade física dos sujeitos adultos avaliados por Siqueira et al (2008) onde o percentual médio de sedentarismo de adultos residentes nas áreas de abrangência da unidade básica de saúde de ESF foi de 34,7% e na unidade básica de saúde do modelo tradicional o percentual foi de 30,3%. Entre os idosos, as respectivas proporções foram 63,8% e 54,4%.
Tabela 2. Nível de atividade física de ambos os atendimentos
A falta de informação e aconselhamento quanto aos benefícios da atividade física pode ser um fator relevante para o baixo índice de atividade física nos usuários da unidade de saúde com o atendimento tradicional. Em seu estudo, Siqueira et al (2009) constataram que a prevalência de aconselhamento educativo à saúde relacionado à atividade física entre os moradores que utilizaram alguma vez na vida uma unidade básica de saúde foi de 28,9% entre os adultos e de 38,9% entre os idosos.
Na unidade de saúde com a ESF, foi observado que a preocupação com o aconselhamento à prática de atividades físicas é maior, sendo realizadas palestras por profissionais de educação física, além de uma maior motivação para continuidade de um grupo de caminhada com os usuários.
Apesar de o baixo aconselhamento educativo para a realização de atividade física como forma de terapia serem percebidas nos dois modelos de assistência, o modelo da ESF apresenta sempre melhores resultados, e isto está em acordo com os achados de outros estudos, os quais avaliaram a efetividade da atenção básica em relação a possíveis diferenças entre a atuação dos modelos de assistência no Brasil (SIQUEIRA et al, 2009).
Uma possível explicação para o nível de atividade física se encontrar menor na Unidade de Saúde com o atendimento tradicional, é a relação com a baixa renda familiar, já que a maioria se encontrou na classe C (média) e as porcentagens de classe D e E foram maiores quando comparadas com a Unidade de Saúde com a ESF. Ou seja, possuem menores condições de realizar atividades físicas como forma de lazer.
Em contrapartida, Reis et al (2008) concluíram em seu estudo que os indivíduos de alto nível socioeconômico são mais inativos que os indivíduos de baixo nível socioeconômico, apesar de apresentarem maior conhecimento e percepção sobre exercício. Por outro lado, Reichert et al (2010), constataram que os indivíduos de alto nível socioeconômico praticam mais atividades físicas que os indivíduos de baixo nível socioeconômico.
Conclusão
Conclui-se com o estudo, que as unidades de saúde com a ESF possuem um nível de atividade física maior na população atendida, além de uma maior preocupação com o aconselhamento à prática de atividades físicas, proporcionando aos usuários palestras realizadas por profissionais de educação física, além de uma mobilização junto à comunidade para que grupos de caminhadas sejam realizados de forma contínua e prazerosa.
Portanto, entende-se que o aconselhamento e a prática regular e orientada de exercícios físicos são fundamentais para que alguns pressupostos da saúde sejam atingidos, ou seja, para que a comunidade adquira hábitos de vida saudáveis que auxiliem na prevenção de doenças, além de promover a saúde dos mesmos.
Por fim, no que diz respeito às diretrizes da ESF, ressalta-se que o profissional de educação física contempla todos os quesitos necessários, e é de extrema importância que ele esteja inserido nas equipes multiprofissionais, visto que é o profissional habilitado a prescrever e acompanhar a realização de exercícios físicos, para uma melhor qualidade de vida da população.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2000.
COUTINHO, S. S. Competências do profissional de Educação Física na Atenção Básica à Saúde, 2011. Tese (Doutorado em Enfermagem em Saúde Pública) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2011.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Doenças crônico-degenerativas e obesidade: Estratégia mundial sobre alimentação saudável, atividade física e saúde. – Brasília, 2003.
PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara, Koogan; 1995.
REICHERT, F. F, et al. Priorities in health: what do they mean to Brazilian adults? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(4):775-785, abr, 2010.
REIS, H. F. C, et al. Prevalência e Variáveis Associadas à Inatividade Física em Indivíduos de Alto e Baixo Nível Socioeconômico. Arq Bras Cardiol 2009;92(3): 203-208.
SIQUEIRA, F. V, et al. Atividade física em adultos e idosos residentes em áreas de abrangência de unidades básicas de saúde de municípios das regiões Sul e Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 24(1):39-54, jan, 2008.
SIQUEIRA, F. V, et al. Aconselhamento para a prática de atividade física como estratégia de educação à saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol.25, p. 203-213, 2009.
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