Aspectos fisiológicos, esportivos e patológicos associados à prática da natação. Revisão Aspectos fisiológicos, deportivos y patológicos vinculados a la práctica de la natación. Una revisión |
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*Graduado em Educação Física pela Faculdade Presbiteriana FAGAMMON Especialista em Treinamento Desportivo Pós – Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física **Graduado em Educação Física pela universidade vale do rio verde UNINCOR Especialista em Treinamento Desportivo Pós – Graduando em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física ***Educação Física – UNIFEG, Guaxupé (Brasil) |
Carlos Eduardo Figueiredo da Mata* Adriano Mariano Rodrigues** aadrianorodrigues.ar@gmail.com Prof. Dr. Autran José da Silva Jr*** |
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Resumo O exercício físico tem importante papel na prevenção e controle da saúde sendo a natação uma referência ao mostrar a eficiência em estimular uma prática saudável. Por ser uma atividade sem impacto é utilizada para tratamento de diversas doenças articulares, ósseas e respiratórias. O presente estudo tem como objetivo revisar artigos sobre o comportamento e beneficio fisiológico no corpo. Para tanto, são apresentadas as principais alterações decorrentes de situações de repouso e exercício, na natação. Por fim, são tecidas algumas considerações acerca das implicações dessas alterações na prescrição do exercício, bem como algumas estratégias para utilização dessas variáveis em sessões de exercícios no meio aquático. Em relação à freqüência cardíaca, pode-se concluir que ocorre redução nos batimentos cardíacos durante a imersão, influenciada pela temperatura da água, pela profundidade de imersão, pela ausência ou presença de esforço, pelo tipo e intensidade do exercício. Tal redução deve ser considerada ao utilizar esse indicador de intensidade do esforço no meio aquático. Quanto à percepção subjetiva do esforço, a escala de Borg parece ser uma opção adequada para o controle da intensidade de exercícios aquáticos, considerando-se as recomendações inerentes a sua aplicação. Unitermos: Esforço. Natação. Temperatura. Imersão.
Abstract Exercise plays an important role in the prevention and control of health and swimming a reference to show the effectiveness in stimulating a healthy practice. Being a non-impact activity is used to treat various joint diseases, bone and respiratory. The present study aims to review articles on the behavior and physiological benefit the body. To that end, the main changes arising from situations of rest and exercise in running and cycling Water in the gym and swimming. Finally, some light is shed on the implications of these changes in prescribing exercise as well as some strategies to use these variables in exercise performed in water. Regarding heart rate, one can conclude that there is a reduction in heart rate during immersion, influenced by water temperature, immersion depth, the presence or absence of effort, type and intensity of exercise. This reduction should be considered when using this indicator of intensity of effort in water. Relation to perceived exertion, the Borg scale seems to be a suitable option for the control of aquatic exercise intensity, considering the recommendations pertaining to its application. Keywords: Exertion. Swimming. Temperature. Immersion.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Ao elaborar um programa de exercícios, os componentes essenciais da prescrição incluem a seleção da modalidade, a intensidade do esforço, a duração da atividade e a freqüência semanal em que a mesma é conduzida. Esses componentes são aplicados ao desenvolver prescrições para indivíduos de diferentes idades e capacidades funcionais, independentemente da existência ou ausência de fatores de risco e doença. Acredita-se que um dos principais motivos para a adesão à prática da natação seja o relacionado à saúde. Contudo, a literatura é carente de estudos que confrontam a incidência da saúde com outros motivos que podem justificar a adesão à prática da natação. Já tem se destacado que a prática regular de exercícios físicos atua na prevenção de diversas doenças como o diabetes, a hipertensão, a osteoporose, o câncer de colo, a doença arterial coronariana e a obesidade, entre outras (1-2). Além disso, a prática de exercícios físicos aquáticos pode contribuir também para prevenir a incidência da obesidade infantil (3), assim como, favorecer o aumento da densidade óssea em crianças e adolescentes (4). Especificamente no caso da natação, é difundido que sua prática regular pode ser importante também na ajuda ao tratamento de patologias respiratórias como da asma em crianças (5-6).
Alguns autores destacam que a prática de exercício físico na infância facilita a adesão a esse comportamento na vida adulta (7-8). Com base nas condutas neuromotoras foi observado que as aulas de natação proporcionam uma estruturação do sistema corporal, espaço temporal e lateralidade, através de atividades de reconhecimento corporal como bater as pernas, braços, ondulação, posicionamento da cabeça, trabalhando os hemisférios direito e esquerdo do corpo. A quantidade e a qualidade das aulas de educação física na escola, a participação em programas aquáticos esportivos fora do ambiente escolar, à indicação médica, o incentivo dos pais são alguns aspectos envolvidos no período da infância que podem influenciar a adesão à prática de exercício físico dentro da água na vida adulta (9). Todas as vantagens dos exercícios aquáticos estão associadas às características físicas da água. De acordo com estudos e pesquisas pode-se esperar que o exercício físico aquático produza reações fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre, devido tanto ao efeito hidrostático da água, como sua capacidade de intensificar a perda de calor comparada com o ar (10). Logo, é importante a melhor compreensão dessas alterações fisiológicas em imersão e em repouso para que seja possível a realização de melhor prescrição nesse meio. O objetivo do presente estudo foi revisar fatores que estimulam a pratica da natação para uma melhor compreensão de fatores físicos e esportivos que torna este exercício benéfico.
Métodos
Para a realização da presente revisão, foram buscadas referências clássicas e atuais sobre o referido tema. Os artigos clássicos, dissertações e teses citadas foram obtidas do banco de artigos do curso de especialização em Fisiologia do Exercício e Avaliação Física da Faculdade Presbiteriana FAGAMMON, e podem ser encontrados nas bibliotecas virtuais e setoriais dessa entidade. Os artigos mais atuais foram retirados das bases de dados Scopus, Pubmed e Scielo. Pela maior disponibilidade e facilidade na procura e na leitura, foram preferencialmente utilizados artigos publicados em língua portuguesa e inglesa. Para tal busca, palavras-chave como heart rate, oxygen uptake, immersion, aquatic environment, hydrogymnastics e water aerobics e suas respectivas traduções foram encontradas e combinadas, entre outras palavras em português para sua melhor compreensão. Também Foi feitas analises e confirmações de respectivos trechos, citações e conclusões sobre os benefícios e vantagens da pratica regular da natação.
Benefícios neuromotores
Algumas academias e clubes oferecem a natação como atividade física, por acreditarem que esta prática pode ser de grande valia para o desenvolvimento integral de seus alunos. Muitos acreditam na sua importância e outros gostam da idéia de aprender a nadar, mas o que eles desconhecem porem é que um programa de natação vai muito além do saber e aprender a nadar (11). Com base nas condutas neuromotoras foi observado que as aulas de natação proporcionam uma estruturação do sistema corporal, espaço temporal e lateralidade, através de atividades de reconhecimento corporal como bater as pernas, braços, ondulação, posicionamento da cabeça, estimulando os hemisférios direito e esquerdo do corpo. Se a consciência do corpo se alcança através da percepção do mundo exterior, da mesma forma, a consciência do mundo interior acontece através do corpo e a natação, ao atuar sobre o sistema sensório-perceptivo, contribuindo, de forma decisiva, na estruturação do esquema corporal (12).
Segundo estudos (13), existem alguns estímulos psicomotores no meio líquido. São eles:
Desenvolver com harmonia suas habilidades motoras através de movimentos e formas lúdicas; estimular a sua coordenação fina e grossa junto com a percepção dos cinco sentidos: tato, audição, visão, olfato e paladar;
Despertar e sentir diversas sensações através dos movimentos, exercitarem seu equilíbrio, vivenciando diversas posturas aquáticas; proporcionar a motivação na água, para deslocamentos. Desenvolver a noção espacial e lateralidade através dos mergulhos, giros, saltos, exercitar seus movimentos espontâneos, vivenciar diferentes sinais gestuais e verbais; promover o desenvolvimento sensório-motor e da inteligência (13,14).
Justificativa fisiológica para a percepção subjetiva do esforço (PSE)
A prática de exercícios na água traz redução da sobrecarga sobre as articulações, bem como para promoção de relaxamento muscular pós-exercício e diversos indicadores fisiológicos podem ser usados no controle da intensidade do esforço. Além dos objetivos desportivos competitivos, a natação também tem sido utilizada com finalidades terapêuticas, como na recuperação de atrofias musculares, no tratamento de problemas respiratórios, bem como durante processo de recuperação de lesões (15,16), tornando-se uma forma atrativa de exercício para os idosos e para aqueles com dificuldade de se deslocar por conta do excesso de peso e/ou problemas ortopédicos. No caso da prescrição de exercícios no meio aquático, um dos indicadores mais aplicados no dia-a-dia é a escala Rate of perceived exertion de Borg. Essa escala (17) foi construída e validada em exercícios realizados fora do meio líquido (18,19) e sua aplicação em exercícios aquáticos vem sendo investigada mais recentemente. A literatura apresenta alguns estudos a esse respeito e o conhecimento existente pode ser aplicado na quantificação da intensidade do esforço em exercícios dessa natureza.
Maglischo (20) considera a escala de Borg um bom instrumento para avaliar a intensidade relativa do exercício na natação. Da mesma forma, a Aquatic Exercise Association – AEA recomenda o uso da escala na estimativa da intensidade dos exercícios na hidroginástica. Alguns estudos investigaram a relação das respostas da PSE com outros indicadores de intensidade do esforço na natação, como também em exercícios realizados fora d’água. Dentre eles, o estudo de Ueda e Kurokawa (21) correlacionou a PSE com a FC, o VO2 e o lactato sanguíneo durante o nado atado. Após a aplicação de testes submáximos de natação, os autores verificaram elevadas correlações entre as medidas investigadas, concluindo que a PSE pode ser considerada uma medida efetiva da intensidade do esforço nesse tipo de exercício. É importante destacar que a natação é uma atividade de característica cíclica e as correlações foram verificadas em situações de teste submáximo, envolvendo cargas em estado estável. Logo, as elevadas correlações verificadas no estudo supracitado não devem ser transferidas para atividades acíclicas, em que grupos musculares variados são requeridos em intensidades distintas.
Em outro estudo, ao verificar a FC correspondente a determinados índices da escala de Borg durante a natação, comparada com ciclo de ergometria ou ergometria de braços, Green et al. (22) verificaram que, para o índice 12 da referida escala, os valores de FC foram significativamente diferentes (p < 0,05), tanto ao comparar natação com ciclo de ergometria quanto ao comparar natação com ergometria de braços. A FC mostrou-se mais elevada durante a natação. Para o índice 16 da referida escala, os valores de FC diferiram significativamente (p < 0,05) somente ao comparar natação com a ergometria de braços, embora ao comparar a natação com o ciclo de ergometria, a tendência para valores superiores na natação fosse mantida. É importante salientar que o fato de não ter sido relatada diminuição na FC no ambiente aquático diverge das conclusões da grande parte dos estudos existentes na literatura, incluindo os estudos que compararam a natação com outras modalidades de exercício (11, 12, 24), independentemente do indicador de intensidade do esforço utilizado como controle. Isto pode estar relacionado com o nível de treinamento da amostra ou com maior adaptação aos exercícios realizados no meio terrestre, fatores que poderiam justificar os resultados apresentados. Também é importante destacar que os autores não realizam correção nos valores de FC em relação à redução existente no meio aquático, o que poderia ajudar na consistência dos resultados encontrados nessa investigação.
Resposta cardiovascular e Freqüência Cardíaca (FC)
Referindo-se ao comportamento do sistema cardíaco no meio aquático, a literatura é contraditória, pois existem relatos de bradicardia, de taquicardia e também de nenhuma mudança na freqüência cardíaca (FC) com a imersão (23). Aliado aos mais variados benefícios que a natação traz para a qualidade de vida das pessoas, inúmeros profissionais da área da saúde recomendam a prática deste tipo de exercício por ajudar na recuperação de atletas e pessoas lesionadas ou com problemas no sistema circulatório, locomotor e respiratório. A FC é uma das variáveis mais utilizadas no controle da intensidade do esforço. Pode-se dizer que isso ocorre, principalmente, devido à facilidade para realizar sua medida, o que a torna bastante prática, bem como a sua relação com o VO2 em determinada faixa de esforço. Mas o comportamento da FC apresenta-se diferenciado em função do tipo ou intensidade do exercício realizado no meio terrestre ou aquático (24). Em situação de repouso ou exercício no meio aquático, as alterações encontradas na FC são influenciadas por fatores como a posição do corpo, a profundidade de imersão, a temperatura da água, a FC de repouso, a diminuição do peso hidrostático (25). A maior parcela dos estudos encontrados na literatura aponta para a existência de diminuição na FC durante a imersão. Como afirmam Paulev e Hansen (26), a bradicardia decorrente da imersão é amplamente aceita, mesmo havendo discordância acerca da origem, consistência e grau de diminuição dessa alteração fisiológica.
A tabela apresenta os valores da diminuição na FC relatados pelos autores citados nas diferentes profundidades de imersão do corpo na água.
Diminuição na FC em diferentes profundidades de imersão do corpo na água
De acordo temos a imersão na água e sua conseqüente facilidade de execução dos movimentos sobre os exercícios de recuperação de ordem motora e fisiológica tornando-se menos penosos e compondo um primeiro passo na retomada do trabalho físico e muscular (27) à influência da profundidade de imersão nas alterações da FC, ocorre diminuição gradativa na FC conforme aumenta a profundidade de imersão, durante a imersão em pé no meio aquático (16, 22, 25, 26). Conforme Risch et al.(29), a FC diminui em média 13 bpm partindo-se de uma condição inicial de imersão até o nível da sínfise púbica para uma segunda situação de imersão até o apêndice xifóide. No entanto, partindo-se da mesma condição inicial de imersão até o nível da sínfise púbica para uma situação de imersão até o pescoço, a diminuição média da FC corresponde a 16 bpm (diferenças estatisticamente não significativas). Em outro estudo de Risch et al. (30), a bradicardia média encontrada após rápida imersão até o pescoço, em comparação com a condição fora d’água, foi de 17 bpm (diferença estatisticamente significativa), mostrando-se maior para FC iniciais mais altas.
Posteriormente, Kruel (28) também analisou o comportamento da FC durante a imersão vertical em repouso em diferentes profundidades de água, utilizando maior número de níveis de imersão. A bradicardia média encontrada nas diferentes profundidades foi de 2 bpm (joelho), 9 bpm (quadril), 13 bpm (cicatriz umbilical), 16 bpm (apêndice xifóide e pescoço), 17 bpm (ombro), 12 bpm (ombro, com braços fora d’água). Com exceção do nível de imersão até o joelho, a bradicardia foi significativa (p < 0,05) em todas as profundidades de imersão analisadas. O autor destaca que a bradicardia crescente que acompanha o aumento da profundidade de imersão está diretamente relacionada ao aumento da pressão hidrostática sobre os indivíduos. Assim a natação é um tipo de atividade física que vem sendo muito utilizada também, como forma de manutenção de um bom condicionamento físico. Fatores que devem ser considerado em relação à imersão é (1º) o efeito hidrostático sobre o sistema cardiorrespiratório e (2º) a capacidade de intensificar a perda de calor quanto comparado com o ambiente seco, podendo-se esperar, portanto, que o exercício físico aquático produza reações biomecânicas e fisiológicas diferentes daquelas ao ar livre.
Conclusão
Embora ainda sejam necessários novos estudos para tentar elucidar algumas divergências sobre o comportamento da PSE em exercícios na água, os dados existentes indicam que ela pode ser usada como indicador da intensidade do esforço em exercícios aquáticos. Contudo, ressalta-se que o uso adequado da escala de Borg necessita de orientação e treinamento apropriados. Isso porque a falta de familiarização com o instrumento ao executar distintos gestos motores pode alterar os resultados de percepção do esforço e, conseqüentemente, a relação dessa percepção com os indicadores fisiológicos do esforço. Embora não esteja totalmente esclarecido o mecanismo responsável pela diminuição na FC durante a imersão, acredita-se que uma das principais explicações para isso recaia sobre o aumento no retorno venoso. Dessa forma, para a prescrição do exercício no meio líquido, o somatório desses aspectos deve ser cuidadosamente analisado, visto que discretas variações em um ou mais aspectos podem ditar diferenças importantes na forma de condução dos exercícios. Tal fato torna-se especialmente importante ao lidar com populações de risco, mal condicionadas, ou que necessitam de cuidados especiais.
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