Análise da flexibilidade em idosos na perspectiva de atividade física, saúde e qualidade de vida Estudio de la flexibilidad en personas mayores en la perspectiva de la actividad física, salud y calidad de vida Flexibility analysis in elderly perspective on physical activity, health and quality of life |
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*Graduando do curso de Educação Física da UEPB **Graduado do curso de Educação Física da UEPB ***Professores do curso de Educação Física da UEPB GPESAM - Grupo de Pesquisa em
Envelhecimento, Saúde e Motricidade Humana |
Andrée Philippe Pimentel Coutinho* Temístocles Vicente Pereira Barros** Prof. Dr. Manoel Freire de Oliveira Neto*** Prof. Dr. Josenaldo Lopes Dias*** |
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Resumo O envelhecimento biológico é um fenômeno multifatorial que está associado a profundas mudanças na atividade das células, tecidos e órgãos, como também a redução da eficácia de um conjunto de processos fisiológicos. A terceira idade é sobremaneira, a faixa etária mais propensa às complicações do aparelho locomotor. A atividade física costuma intervir para prevenir ou minimizar tais acometimentos, auxiliando o organismo a conviver, mais saudavelmente, com o processo de envelhecimento. O presente estudo teve como objetivo aplicar o teste de flexibilidade (Flex) da bateria de testes da “American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance” (AAHPERD) para identificar e analisar o grau de flexibilidade em 22 idosos acima de 60 anos praticantes de atividades físicas do Grupo de Pesquisa em Envelhecimento, Saúde e Motricidade Humana. – DEF/UEPB na cidade de Campina Grande - PB, determinando o grau de flexibilidade segundo o gênero e discutindo a importância da prática da atividade física regular na qualidade de vida dos idosos. Os dados foram analisados através de uma estatística descritiva com o uso do programa Microsoft Excel 2007 e apresentado por meio de gráficos. Foi observado ao fim da pesquisa um declínio da flexibilidade dos homens com 50% da amostra classificando-se com o grau de flexibilidade fraca em relação às mulheres classificando-se como regular com 55,55%, porem observou-se uma boa regularidade com 50% para toda a amostra pesquisada, evidenciando o que já foi visto em outras pesquisas e confirmando que a prática contínua de atividade física contribui para melhoria da flexibilidade retardando o encurtamento da musculatura e proporcionando mais qualidade de vida para os idosos. Unitermos: Envelhecimento. Idosos. Flexibilidade.
Abstract Aging is a biological phenomenon which is multifactorial associated with profound changes in the activity of cells, tissues and organs, as well as reduced efficacy of a number of physiological processes. The third age is exceedingly, the age group most prone to complications of the locomotor system. Physical activity tends to intervene to prevent or minimize such occurrence, helping the body to live more healthfully, with the aging process. The present study aimed to apply the test of flexibility (Flex) battery of tests "American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance" AAHPERD to identify and analyze the degree of flexibility in 22 individuals over 60 years practitioners physical activities Extension Project "Physical Activity, Health and Quality of Life of the Elderly" - DEF / UEPB in Campina Grande - PB, determining the degree of flexibility according to gender and discussing the importance of regular physical activity on quality of life for seniors. Data were analyzed using descriptive statistics using the program Microsoft Excel 2007 and presented through charts. Was observed at the end of the search a decline of the flexibility of men with 50% classifying the sample with the low degree of flexibility in relation women being classified as regular 55.55%, however it was observed a good regularity 50 % for the entire sample studied, showing what has been seen in other studies and confirming that the continuous practice of physical activity contribute to improving flexibility delaying the shortening of muscles and providing a better quality of life for seniors. Keywords: Aging. Elderly. Flexibility.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 177, Febrero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
No final do século XX, houve um aumento no tempo de vida dos indivíduos em vinte anos, com uma média de vida corrente em torno de 65 anos, porém com enormes variações, consideradas as diferenças de povos, países e condições no planeta. Atualmente, uma em cada dez pessoas está com idade acima de 60 anos, em 2050 essa relação deverá ser de uma a cada cinco. Enquanto que na Europa há um grande contingente de pessoas acima de 60 anos, na África somente uma a cada vinte pessoas chega a idades superiores há 60 anos (REBELATTO; MORELLI, 2007).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000) revelam que, em 1980, apenas 3% dos cidadãos do país tinham mais de 60 anos. Vinte anos depois, cerca de 17 milhões de brasileiros serão considerados idosos. Isso corresponde a 10% da população. Desde a década de 60 a população brasileira passa por um processo de envelhecimento que vem ocorrendo de forma rápida. Diversos fatores têm sido determinantes para este processo, dentre eles, podemos destacar a condição de maior sobrevivência e as mudanças sociais, tais como, as migrações para grandes centros urbanos, a aposentadoria as alterações na estrutura familiar, cultura e desenvolvimento econômico (PAPÁLEO NETTO, 2002).
À medida que a quantidade de indivíduos que chegam à terceira idade aumenta, faz com que tanto os problemas de saúde característicos desse período da vida quanto os vários aspectos relativos à qualidade de vida dessa população sejam objetos de preocupação e estudos (REBELATTO et al, 2006).
O envelhecimento biológico é um fenômeno multifatorial que está associado a profundas mudanças na atividade das células, tecidos e órgãos, como também com a redução da eficácia de um conjunto de processos fisiológicos. Do ponto de vista funcional, a população de indivíduos da terceira idade cuja expectativa de vida tem aumentado significativamente nos últimos anos, caracteriza-se, entre outros aspectos, por decréscimo do sistema neuromuscular, verificando a perda de massa muscular, debilidade do sistema muscular, redução da flexibilidade, da força, da resistência e da mobilidade articular, fatores que, por decorrência determinam limitação da capacidade de coordenação do equilíbrio corporal estático e dinâmico (REBELATTO et al, 2006).
A terceira idade é, sobremaneira, a faixa etária propensa às complicações do aparelho locomotor. A atividade física costuma intervir para prevenir ou minimizar tais acontecimentos, auxiliando o organismo a conviver, mais saudavelmente, com o processo de envelhecimento (DANTAS, 1999).Uma das qualidades físicas, denominada flexibilidade, está intimamente relacionada com a mobilidade articular e a elasticidade muscular e, portanto, com a autonomia do idoso e sua qualidade de vida, pois a sua estimulação é fundamental para a saúde do ser humano de uma forma geral, principalmente sobre o aspecto da motricidade humana (VALE et al, 2003).
A flexibilidade muscular é definida como a capacidade de um músculo em se alongar, possibilitando que uma articulação realize um arco de movimento (BANDY e SANDER, 2003). Segundo Dantas (1999), flexibilidade é a qualidade física responsável pela execução de um movimento de amplitude angular máxima, por articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites morfológicos sem risco de provocar lesão.
A prática de treinamento direcionado para flexibilidade vai retardar os desgastes musculoesquéticos advindos do processo de envelhecimento, proporcionando uma capacidade física funcional e que resultará em qualidades físicas dos idosos (ALTER, 1999). Já está mais que comprovado que a atividade física retarda o envelhecimento assim o papel principal do profissional de educação física é atuar para garantir este retardo. Segundo Weineck (2000) o retardo da quebra do desempenho físico se dá com o treinamento físico. O presente estudo poderá contribuir com uma melhor aplicabilidade em exercícios voltados para flexibilidade no decorrer do projeto auxiliando na sistematização dos conteúdos aplicados no curso das atividades e, por conseguinte auxiliar na melhora da qualidade de vida dos idosos.
Diante desse contexto, surge o seguinte questionamento: Idosos praticantes de atividades físicas tem o nível de flexibilidade melhorado diante da sua prática cotidiana? Assim sendo é que se apresenta este estudo de campo descritivo para buscar entender a referida problemática.
Atualmente vários autores estão fazendo estudos sobre o envelhecimento e suas alterações, transmitindo ao público considerações importantes sobre a perspectiva e qualidade de vida na terceira idade. Dentre essas alterações a flexibilidade deve uma atenção especial, pois sem o devido estimulo, ela proporciona várias limitações ligadas à qualidade de vida dos idosos tais como: dificuldade de movimentação, baixa mobilidade articular, lesões musculares, desvios posturais, dores em extensão dos membros, baixa capacidade de suportar esforços, entre outros. Diante desses aspectos decidiu-se estudar qual o objetivo dos exercícios físicos na perspectiva de manutenção e melhoramento da flexibilidade na qualidade de vida dos idosos
Procedimentos metodológicos
O presente estudo caracteriza-se de campo transversal, descritivo com abordagem quantitativa. Quantitativa por preocupar-se com a compreensão e interpretação de um fenômeno. Descritiva por buscar descrever características de determinada população ou fenômeno estabelecendo relação entre as variáveis. A pesquisa foi realizada na cidade de Campina Grande – PB, com a participação de 22 idosos do Grupo de Pesquisa em Envelhecimento, Saúde e Motricidade Humana no Departamento de Educação Física da Universidade Estadual da Paraíba, sendo 77.27% da amostra do sexo feminino e 22.73% do sexo masculino.
Foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: idade igual ou superior a 60 anos, apresentar uma frequência igual ou superior a 75% nas aulas e estar participando do projeto há no mínimo 3 (três) meses.
Para instrumento da pesquisa foi utilizado uma ficha de avaliação geral. Para verificação do grau de flexibilidade foi utilizado o teste de flexibilidade (Flex) da bateria de testes da “American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance” AAHPERD (1990). Uma fita adesiva de 50,8cm foi afixada no solo e uma fita métrica de metal também foi afixada ao solo perpendicularmente, com a marca de 63,5cm diretamente colocada sobre a fita adesiva.
Todos os participantes assinaram o termo de participação consentida conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. O estudo teve seu projeto de pesquisa submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade estadual da Paraíba - PB.
O procedimento utilizado inicialmente foi convidar cada aluno a participar do estudo, explicando-lhes como se realizará o estudo, apresentando-lhes o termo de consentimento livre e esclarecido e aplicando-lhes os procedimentos necessários para a avaliação e classificação do nível de flexibilidade, caso aceitem participarem.
Foram feitas duas marcas equidistantes 15,2cm do centro da fita métrica. O participante descalço sentou-se no solo com as pernas estendidas, os pés afastados 30,4cm entre si, os artelhos apontando para cima e os calcanhares centrados nas marcas feitas na fita adesiva.
A coleta de dados aconteceu durante os meses de Abril e Maio de 2012. O zero da fita métrica apontou para o participante. Com as mãos, uma sobre a outra, o participante vagarosamente deslizou as mãos sobre a fita métrica tão distante quanto pôde, permanecendo na posição final no mínimo por dois segundos. O avaliador segurou o joelho do participante para não permitir que o mesmo se flexionasse. Foram oferecidas duas tentativas de prática, seguidas de duas tentativas de teste. O resultado final foi dado pela melhor das duas tentativas anotadas. Após a coleta dos dados, os resultados do teste foram submetidos ao cálculo de escore-percentil.
Tabela 1. Valores normativos do teste de flexibilidade (FLEX) da bateria de testes da AAHPERD, baseados no cálculo de percentis, de mulheres entre 60 e 70 anos
Tabela 2. Valores normativos do teste de flexibilidade (FLEX) da bateria de testes da AAHPERD, baseados no cálculo de percentis, de mulheres entre 70 e 79 anos
Tabela 3. Classificação dos testes motores referentes aos pontos obtidos do teste da bateria AAHPERD
Na tabela 3, O referente estudo apresentou os valores mínimos e máximos aguardados no teste. Sua classificação de acordo com o teste motor referentes aos pontos obtidos no teste da bateria da AAHPERD
Resultados discussão
Tabela 4. Distribuição de freqüência relativa aos homens pesquisados
Na presente pesquisa observamos que 50% da população masculina na tabela 4 pesquisada classificam-se com o grau de flexibilidade fraca, seguidos de regular e bom respectivamente com 25% da população estudada. Identificamos uma baixa flexibilidade nos homens demonstrando uma intrínseca relação com as definições de Bompa, (2002) que diz em sua obra que após a puberdade os homens começam a desenvolver a sua musculatura desencadeando no declínio da sua flexibilidade. Ao longo da vida nos deparamos diversas alterações e a flexibilidade se não estimulada corretamente pode contribuir para esse declínio.
Tabela 5. Distribuição de freqüência relativa às mulheres pesquisadas
Já na população feminina estudada verificamos uma grande regularidade no grau de flexibilidade com 55.55% da amostra, seguidas de fraco com 22.22%, bom com 18.18% e muito bom com 4.55%. Bompa, 2002 completa sua definição afirmando que após a puberdade as mulheres continuam com um bom desempenho da flexibilidade até a idade adulta existindo uma pequena superioridade em relação aos homens assemelhando-se com os resultados encontrados na pesquisa.
Gráfico 6. Distribuição geral da freqüência para amostra pesquisada
No índice geral da pesquisa entre a população masculina e feminina observamos que 50% da amostra classificam-se com o grau de flexibilidade regular, seguidos de fraco com 22.22%, bom com 16.67%, muito bom com 5.56% e nenhuma pontuação para a classificação muito fraca.
Discussão
A flexibilidade, entendida como a capacidade de mover uma articulação através de sua amplitude máxima de movimento, também sofre declínios durante o processo de envelhecimento (HOLLAND et al, 2002). Etchepare et al (2003) submeteu 15 mulheres idosas a aulas de hidroginástica e após 20 sessões foi observado melhoras significativas nos níveis de flexibilidade coxo femoral (teste de alcançar de AAHPERD).
Benedetti et al (2007) ao verificar valores normativos da aptidão funcional em mulheres de 70 a 79 anos detectou no teste de alcançar de AAHPERD que as mulheres ativas dessa faixa etária tinham um nível de flexibilidade melhor que o grupo entre 60 e 69 anos, isso porque as idosas da faixa etária entre 70 a 79 anos eram submetidas a exercícios de flexibilidade com mais frequência.
O presente estudo observou os níveis de flexibilidade em idosos ativos acima de 60 anos. Tendo como resultados um declínio da flexibilidade dos homens em relação às mulheres e uma boa regularidade para toda a amostra pesquisada. Em comparação com os estudos de Etchepare et al (2003) e Benedetti et al (2007), podemos observar uma semelhança nos resultados encontrados, evidenciando que as práticas contínuas de atividade física contribuem na melhoria da flexibilidade dos idosos evitando o encurtamento da sua musculatura e com o auxílio de testes (teste de alcançar de AAHPERD) ajudam na identificação dos resultados individuais e auxiliam os níveis de eficiência e segurança de um programa de exercícios direcionados para flexibilidade em idosos.
Com as alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas e o aumento da vulnerabilidade e incidência de doenças devemos inserir no cotidiano dos idosos cada vez mais o hábito da prática de exercícios físicos orientados dados a sua importância; auxiliando assim no retardo dessas perdas e proporcionando ao idoso no seu dia a dia uma maior qualidade de vida, propiciando um envelhecer vivendo e não um viver envelhecendo.
Conclusão
Os resultados do presente estudo via escore-percentil possibilitaram a obtenção do nível de flexibilidade em idosos e fornecendo subsídios para intervenção do Profissional de Educação Física no desenvolvimento de programas de treinamento direcionados para flexibilidade, além de oferecer uma importante contribuição no âmbito acadêmico para futuras pesquisas.
Os resultados se mostraram satisfatórios com a população feminina estudada embora seja necessária a busca de um cronograma de treinamento que acentue mais os trabalhos voltados para flexibilidade. No entanto, já os resultados obtidos com a população masculina mostram-se abaixo das expectativas evidenciando assim a necessidade de uma aplicação imediata nos programas de treinamento físico exercícios voltados para flexibilidade buscando assim melhorar essa estatística.
Diante do exposto fazem-se necessários novos estudos com pré e pós-testes levando em consideração uma amostra maior, bem como a verificação da frequência nas sessões semanais, para obtenção de um maior nível de significância nos índices avaliados.
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