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Perfil dos estudantes da pós-graduação lato sensu em
saúde de uma universidade publica de Minas Gerais, Brasil

Perfil de los estudiantes de la post-graduación lato sensu en salud de una universidad pública de Minas Gerais, Brasil

 

*Enfermeira. Pós-graduanda em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Minas Gerais

**Enfermeiro. Pós-graduando em Gestão de Serviços e Sistemas de Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais

***Orientadora do estudo. Professora do Departamento de Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais

***Coorientadora do estudo. Professora do Departamento de Enfermagem

da Universidade Estadual de Montes Claros, Minas Gerais

Sandra Alexandra Bezerra*

João Mauricio do Valle Souza Filho**

Maria Aparecida Vieira***

Fernanda Marques da Costa****

fernandafjjf@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Esta investigação objetivou descrever o perfil dos estudantes dos Cursos de Especialização em Saúde, oferecidos pelo Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Montes Claros-Montes Claros, no norte do Estado de Minas Gerais-Brasil. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo no qual foram selecionados todos os 148 estudantes matriculados no primeiro semestre de 2011 nos Cursos de Especialização: Saúde da Família, Vigilância em Controle de Infecção e Serviços de Saúde e Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde. Os resultados indicaram predomínio de adultos jovens, do sexo feminino, solteiros e provenientes da cidade de Montes Claros. A categoria profissional com maior número de estudantes é a de Enfermagem, seguida de Odontologia e Farmácia, com tempo de formação de três a quatro anos e se graduaram em instituições privadas. A maioria dos entrevistados afirmou ainda exercer atividade profissional remunerada e buscaram a Especialização com intuito de aprimoramento técnico; ampliação dos horizontes; evolução na carreira e aquisição de melhores salários. Ao avaliarem a atuação dos professores; o conteúdo oferecido e a organização do curso que freqüentaram, os participantes informaram que estavam parcialmente satisfeitos com os resultados. Neste sentido, espera-se que esse estudo possa oferecer subsídios quando da implantação de futuros Cursos de Especialização em Saúde, na instituição cenário, para que possa, cada vez mais, formar profissionais da saúde que respondam, na qualidade desejada e exigida, às necessidades de cuidado aos usuários, como forma de contribuir para a implementação das políticas preconizadas pelo Sistema Único de Saúde.

          Unitermos: Especialização. Avaliação educacional. Programas de pós-graduação em saúde. Recursos humanos em saúde.

 

Abstract

          This study aimed to describe the profile of students of Specialization Courses in Health, offered by the Department of Nursing at the State University of Montes Claros, Montes Claros, in the northern state of Minas Gerais-Brasil. This is a descriptive study, in which quantitative been selected all 148 students enrolled in the first semester of 2011 in Specialization Courses: Family Health, Surveillance and Infection Control in Health Services Management and Health Systems and Services the results indicated a predominance of young adults, female, unmarried and from the city of Montes Claros. The professional category with the highest number of students is of Nursing, Dentistry and Pharmacy followed, with training time of three to four years and graduated in private institutions. Most respondents also said remunerated work placement and sought expertise with a view to technical improvement, enlargement of horizons, career development and acquisition of better wages. In assessing the performance of teachers; offered content and organization of the course they attended, the participants reported that they were partially satisfied with the results. In this sense, it is expected that this study can provide insight when deploying future Specialization Courses in Health, the institution scenario, so you can, increasingly, training health professionals to
respond, as desired and required, needs care users as a way to contribute to the implementation of the policies advocated by the National Health System.

          Keywords: Specialization. Educational assessment. Graduate programs in health. Human resources in health.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Com o intuito de mobilizar processos significativos de mudança na formação dos profissionais de saúde, surge a necessidade de implementar ações inovadoras que superem as estruturas cristalizadas e os modelos tradicionais de ensino para resgatar a essência do trabalho e construir a integralidade da assistência em saúde (CORREIA et al, 2004).

    Nesse sentido, nos últimos anos, uma série de iniciativas de formação em pós-graduação vem sendo desenvolvidas com o apoio de secretarias municipais, estaduais e do Ministério da Saúde do Brasil (MARTINS et al, 2006).

    De acordo com Brito (2010) a Pós-graduação é dividida em stricto sensu, representada pelo mestrado e doutorado, e lato sensu representada pelas especializações, que têm grande importância para o aprimoramento profissional, pois oferecem melhor qualificação científica, ética e profissional voltada ao mercado de trabalho.

    Os cursos de Pós-graduação lato sensu e ou Especialização são validados pela Resolução CNE/CES nº 01, de 08/06/07, cujo registro deve constar nos certificados para garantir que os cursos atendam aos requisitos regulamentares para funcionamento. Foram criados para formar profissionais com compromisso de ensinar, pesquisar e especializar, além de desenvolver capacidade crítica (BRASIL, 2007). São desenvolvidas pela interseção das áreas de educação, comunicação e saúde, contando, para tanto, com professores com formação e experiência de trabalho a elas relacionado e corpo discente composto por profissionais formados em áreas diversificadas (SÁ, SIQUEIRA, MARTELETO, 1999; GOMES; GOLDENBERG, 2010).

    Essa diversificação irá contribuir para a prática interdisciplinar dos egressos dos cursos de especialização, pois irá exigir dos profissionais uma nova maneira de agir em seu cotidiano, além de implicar mudanças nas relações de poder entre os profissionais de saúde e usuários (MARIN et al. 2010). Assim, faz-se necessário formar profissionais críticos, reflexivos e que sejam participativos na construção permanente de sua identidade profissional, afirmam Souza et al (2011).

    A especialização é uma prática que tende a alavancar o conhecimento, a visão do egresso, a comunicação entre os profissionais, a tomada de decisão e a gestão. Nesse sentido, os profissionais da saúde compreendem que não bastam a si próprios, mas que há outras competências que produzem cuidado de melhor qualidade aos usuários, gerando maior satisfação e motivação no trabalho (MARIN et al, 2010). Para Brito (2010) os cursos de especialização contribuem para o processo de capacitação profissional, pois ampliam o domínio científico e técnico do profissional em determinada área do saber.

    O aprimoramento técnico, científico, evolução na carreira docente, o trabalho em equipe e a satisfação pessoal são os aspectos que mais motivam os estudantes a cursarem a especialização, demonstrando que os discentes fazem esta procura com o objetivo de aprimoramento, e não apenas para obtenção de títulos. Promovê-la é uma das formas de as Instituições de Ensino Superior (IES) proporcionar aos estudantes maior oportunidade de inserção no mercado de trabalho, pelo grau de conhecimento alcançado ou manutenção em empregos pela qualificação adquirida (BARBOSA et al, 2009).

    Neste contexto, a Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), em 2011, atenta aos preceitos do Ministério da Saúde implantou, por meio do Departamento de Enfermagem da Unimontes, Cursos de Pós-graduação lato sensu e ou Cursos de Especialização, para formar profissionais da saúde que respondam, na qualidade desejada e exigida, às necessidades de cuidado aos usuários como forma de contribuir para a implementação das políticas preconizadas pelo Sistema Único de Saúde. Ofereceu, nesta ocasião, os seguintes cursos: Especialização em Saúde da Família, Especialização em Vigilância em Controle de Infecção e Serviços de Saúde, Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, realizados no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), onde está localizado o Departamento de Enfermagem e demais departamentos dos cursos de graduação em saúde da UNIMONTES.

    Considerando a relevância da temática relacionada aos egressos de cursos de especialização e a ausência de outras investigações no âmbito do Departamento de Enfermagem da UNIMONTES, este estudo contém a seguinte questão norteadora: Qual o perfil dos estudantes dos Cursos de Especialização em Saúde oferecidos pelo Departamento de Enfermagem da UNIMONTES?

    Para tanto, essa investigação teve como objetivo descrever o perfil dos estudantes dos Cursos de Especialização em Saúde oferecidos pelo Departamento de Enfermagem da UNIMONTES, em 2011.

    Espera-se que esse estudo possa oferecer subsídios quando da implantação de futuros Cursos de Especialização em Saúde na Unimontes.

Metodologia

    Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo com todos os 148 estudantes matriculados no primeiro semestre de 2011 dos cursos de Cursos de Especialização em Saúde: Especialização em Saúde da Família, Especialização em Vigilância em Controle de Infecção e Serviços de Saúde, Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde, oferecidos pelo Departamento de Enfermagem da Unimontes e que aceitaram participar da referida investigação.

    A coleta de dados foi realizada no período de setembro a novembro de 2011, em datas dos módulos presenciais desses Cursos de Especialização, sendo realizada antes do início e ou no final das aulas, nas salas de cada curso em particular, localizadas no Centro de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Estadual de Montes Claros.

    Dos 148 alunos matriculados nos diversos cursos, 107 foram entrevistados, considerando que 41 estudantes não se encontravam presentes na sala de aula, após três tentativas para realização da coleta de dados, e foram excluídos do estudo.

    Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um questionário estruturado e autoaplicável, destinado a descrever o perfil sociodemográfico e econômico dos estudantes das três especializações oferecidas. As variáveis do estudo foram agrupadas em:

  • Perfil sociodemográfico e econômico: idade, sexo, estado civil, escolaridade, procedência, renda mensal.

  • Perfil ocupacional: área e tempo de formação acadêmica, natureza da instituição de formação, inserção no mercado de trabalho na área de formação, vínculo empregatício, regime de trabalho, jornada de trabalho, tempo e dificuldade de inserção no mercado.

  • Avaliação do Curso de Especialização que está cursando: motivos de escolha do curso, avaliação do corpo docente e discente, da infraestrutura do curso, organização, conteúdo e coordenação do curso.

    Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o software Excel for Windows, que possibilitou a descrição das variáveis em estudo.

    A presente pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIMONTES e aprovada, conforme Parecer Consubstanciado nº 067/07/2011.

Resultados

    O universo de estudantes está distribuído nas seguintes categorias profissionais: Enfermagem: 97; Odontologia: 13; Farmácia: 08; Sistema de Informação: 02; Administração: 02; História: 01; Biomedicina: 06; Recursos Humanos: 01; Sistemas Biomédicos: 01; Serviço Social: 02; Nutrição: 03; Educação Física: 04; Fonoaudiologia: 02; Fisioterapia: 02; Pedagogia e 01 Biologia: 03.

    A Tabela 1 descreve o perfil dos estudantes dos Cursos de Especialização oferecidos pelo Departamento de Enfermagem da Unimontes.

Tabela 1. Distribuição dos estudantes dos Cursos de Especialização quanto ao perfil

sociodemográfico e econômico. Montes Claros-MG, Brasil. 2011. (n=107)

    De acordo com a Tabela 1, observa-se que há predomínio de adultos jovens, na faixa etária de 25 a 29 anos 35 (32,7%), seguida de 20 a 24 anos 34 (31,8%); são do sexo feminino 81 (75,7%); solteiros 74 (69,2%) e residentes 77 (72%) na cidade de Montes Claros.

    Quanto ao tempo de graduação dos sujeitos do estudo, 24 (22,4%) graduaram há menos de um ano, 74 (69,2%) tem entre 1 e 6 anos de graduação e 8 (7,5%) tem mais de 6 anos. Considerando a natureza da instituição de graduação verificou-se que 63 (58,9%) eram oriundos de instituições privadas. Os provenientes da pública eram de instituição estadual 39 (36,4%).

    Entre os participantes do estudo, 78 (72,9%) exercem atividade profissional remunerada, e desses 60 (56,1%) trabalham no setor público, onde 29% são lotados como servidores públicos efetivos e 27,1% são contratados/designados.

    A maioria dos estudantes 65 (60,7%) se encontrava em atividade profissional durante a especialização com média salarial maior que 3 salários mínimos, trabalhando, em média, 40 horas semanais. Desses, 34 (31,8%) atuavam na área hospitalar e levaram menos de um ano para se ingressarem no mercado de trabalho após a graduação, 62 (57,9%). Os entrevistados afirmam, ainda, que o bom preparo na graduação possibilitou o ingresso no mercado de trabalho, 40 (37,4%), sendo que 56 (52,3%) trabalham em instituição pública governamental.

    Quanto ao que sentem em relação ao trabalho, 25 (23,4%) dos entrevistados afirmaram que preenchem perfeitamente e razoavelmente suas expectativas; 42 (39,3%) se consideram razoavelmente colocados em seus empregos e 37 (34,6%) atribuem a dificuldade para adquirir o primeiro emprego à falta vaga ou por serem recém-formados.

    Em relação aos motivos que levaram os entrevistados a realizarem os Cursos de Especialização, 70 (65,4%) afirmaram que era para aprimoramento profissional.

Tabela 2. Avaliação dos estudantes quanto aos Cursos de Especialização

em que estavam matriculados. Montes Claros-MG, Brasil. 2011(n=107)

    Quanto à avaliação dos Cursos de Especialização em que estavam matriculados, a Tabela 2 mostra que todos os estudantes consideraram que o curso atendeu parcialmente suas expectativas: corpo docente: 61 (57%); corpo discente: 64 (59,8%); em relação aos conteúdo das disciplinas: 68 (63,6%); organização do curso: 66 (61,7%); em relação à infraestrutura: 61 (57%) e quanto à coordenação dos cursos: 49 (94,9%).

Discussão

    Corroborando com dados obtidos neste estudo, pesquisa realizada com egressos de dois Cursos de Especialização em Saúde da Família, no Espírito Santo, mostrou que a maioria dos estudantes era do sexo feminino, com 72,3% (MACIEL et al, 2010). Também em investigação coordenada por Alencar (2002), na Universidade Católica de Brasília, com o objetivo de investigar a extensão em que professores de pós-graduação implementam práticas que favorecem a criatividade com estudantes de pós-graduação, foi identificado que a maioria, 49% dos estudantes, era do sexo feminino. Resultado semelhante foi observado também em outros estudos, cujos autores ressaltaram o processo de feminização do trabalho em saúde (GIL, 2005; MACHADO, 2000; ESCOREL, 2002; GERARDI, CARVALHO, 2002).

    Em relação à idade, no mesmo estudo realizado no Espírito Santo, por Maciel et al., (2010), observou-se que a maioria dos egressos (51,1%) se encontrava na faixa etária de 20 a 30 anos, seguida de 31 a 40 anos (17,8%) e de 41 a 51 (31,1%). Gil (2005), ao avaliar o perfil dos participantes dos Cursos de Pós-graduação lato sensu em Saúde da Família, encontrou resultado similar, indicando que a maioria, 51,3%, pertenciam a faixa etária de 20 a 30 anos. Nesta pesquisa, os achados corroboram com os resultados citados, considerando que 69 (64,5%) se encontravam entre 20 e 29 anos. Em contrapartida, Alencar (2002), ao estudar estudantes da pós-graduação da Universidade Católica observou que a maioria dos estudantes de pós - graduação encontrava-se na faixa etária de 22 a 57 anos, média 32,3 anos. Da mesma forma, no estudo de Machado (2000), foi identificado que 40% dos estudantes situavam-se entre 30 a 39 anos, faixa etária maior que neste estudo.

    Quanto ao estado civil, em estudo de Sancha e Martins (2008), que investigou egressos do Curso de Especialização em Saúde da Família da Universidade de São Paulo, mostrou que a maioria, 51% são solteiros, corroborando com os resultados desta investigação, na qual 74 (69,2%) dos estudantes também são solteiros.

    Sobre a formação profissional, a presente pesquisa mostrou que a maioria dos estudantes de pós-graduação eram enfermeiros, assemelhando-se a investigação realizada por Maciel et al (2010) ao observar que a categoria de enfermeiros também foi predominante, com 40,43% (19), seguida de odontólogos e farmacêuticos respectivamente, com 25,53% (12) e 23,4% (11). Em outro estudo, conduzido por Gil (2005), também foi identificado que a maioria dos estudantes matriculados eram de enfermeiros.

    Quanto à natureza da IES em que cursaram a graduação, Sancha e Martins (2008), em estudo acerca do perfil de egressos do Curso em Saúde da Família, identificaram que 58,8% dos profissionais eram provenientes de instituições particulares/ privadas. Esse achado corrobora com o do presente estudo ao verificar que 63 (58,9%) se graduaram em instituições particulares, mostrando o sensível crescimento do segmento privado na educação superior no Brasil.

    Em relação ao tempo de conclusão da graduação, no citado estudo no Espírito Santo, elaborado por Maciel et al. (2010), 24 alunos estavam formados há mais de cinco anos, representando 53,33%, enquanto 21 (46, 7%) alunos, tinham entre um a cinco anos de formados. Tais resultados aproximam-se dos dados desta pesquisa, ao constatar que a maioria 86 (80,4%), tinham até 4 anos de formados. Por outro lado, Gil (2005) encontrou menor número de recém-formados (3,4%), ao analisar estudantes de cursos de especialização na área da saúde. Também em pesquisa coordenada por Turrini et al (2005), com estudantes da Pós-Graduação lato sensu em Enfermagem na Saúde do Adulto, da Universidade de São Paulo (USP), identificou que o tempo médio de formação dos alunos que ingressaram na especialização foi de 10 anos, considerada elevada, mostrando um panorama desfavorável na perspectiva de formação de jovens. A análise dos resultados do presente estudo pode representar a tendência atual de que as pessoas estão se graduando e especializando, cada vez mais precocemente, principalmente quando comparados aos estudos realizados em 2005.

    Quanto ao tipo de vínculo empregatício predominante entre os estudantes antes da especialização, encontrou-se, em investigação realizada por Maciel et al, (2010), o vínculo de contrato “informal”, com 41,3% (19); resultado também verificado por Gil (2005), com predominância de contrato do tipo “informal”, entendendo este como aquele que não assegura os direitos trabalhistas consolidados na legislação brasileira. Neste estudo, observou-se resultado diferente dos descritos, ao verificar que 31 (29%) estavam trabalhando no serviço público, com cargos estáveis, efetivos.

    Em pesquisa com egressos de cursos de Saúde da Família, acerca da relação de seu trabalho com sua profissão de graduação, verificou-se que 96,73% dos respondentes informaram que sua profissão estava relacionada ao trabalho que atualmente desenvolviam. Desses, 33,99% encontravam-se atuando na área hospitalar, seguida por 17,65% em ensino e pesquisa, 16,99% em clínicas ou consultórios e 9,15% (14) em Unidades Básicas de Saúde (SANCHA; MARTINS, 2008). Os achados dessa pesquisa diferem dos encontrados no presente estudo, no qual, 65 (60,7%) atuavam na sua área de graduação, e desses, 31,8% trabalham na área hospitalar, 26,2% na Atenção Primária a saúde, 13,1% na área da docência, 4,7% na área de ensino e pesquisa e 5,6 trabalham em clínicas ou consultórios.

    Quanto à distribuição em faixas salariais, o mencionado estudo de Sancha e Martins (2008) mostrou que 30,07% declararam receber até 5 salários mínimos, diferindo deste estudo, em que a maioria 56 (52,2%), recebe menos que 5 salários mínimos.

    Em relação à avaliação dos estudantes sobre o curso de especialização que frequentaram, estudo realizado por Barbosa et al. (2009), com egressos do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, revelou que o curso de especialização foi avaliado como satisfatório, diferentemente dos resultados encontrados na presente investigação, onde a maioria avaliou que os cursos atendiam apenas parcialmente em todos os quesitos constantes no instrumento de coleta de dados.

Conclusão

    Os resultados podem representar oportunidades para uma reflexão em torno de alternativas que permitam rever os caminhos para a formação dos profissionais, na perspectiva do trabalho integrado, em equipe, com troca efetiva de saberes e práticas. Neste sentido, avalia-se como de fundamental importância investir no aperfeiçoamento e sistematização das avaliações de cursos, para que os avanços alcançados sejam disseminados. Conhecer os “arranjos”, as alternativas e os resultados que os cursos oferecidos pela Unimontes estão realizando para atender às necessidades de formação de recursos humanos em saúde, hoje presentes no cenário sanitário brasileiro, é fundamental para os avanços rumo a novas práticas profissionais em saúde. Espera-se que esta investigação possa contribuir com mudanças na formação de novos profissionais, na atenção à saúde, no processo de trabalho e na construção do conhecimento, a partir das necessidades reais dos serviços, no âmbito dos futuros Cursos de Especialização em Saúde da Unimontes.

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