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Intervenções da equipe de enfermagem de um
hospital de Montes Claros, MG na prevenção de quedas

La intervención de un equipo de enfermeros de un hospital de Montes Claros, MG en la prevención de caídas

 

*Enfermeira graduada pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG)

**Enfermeira graduada pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG). Especialista

em Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar. Docente da UNIMONTES e das FIP-MOC

***Enfermeira Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP

Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da UNIMONTES

****Enfermeiro pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG)

Pós-Graduando em Saúde da Família

*****Enfermeira graduada pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros (MG)

Pós-Graduanda em Vigilância e Controle de Infecções em Serviços de Saúde

pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG)

Bárbara Riane Rabelo Vitor*

Écila Campos Mota**

Mirela Lopes de Figueiredo***

Patrick Leonardo Nogueira da Silva****

Anna Paula Santos Freire*****

barbara_riane@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O evento das quedas entre os indivíduos hospitalizados constituem um dos principais problemas clínicos e de saúde pública que acarreta danos tanto para o cliente, profissionais prestadores de cuidados quanto para a instituição. O presente estudo tem como objetivo identificar as intervenções realizadas pela equipe de enfermagem na prevenção de quedas e verificar a adesão dos profissionais de enfermagem ao protocolo de gerenciamento de risco de queda para o cliente hospitalizado. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, quantitativo e de campo tendo como instrumento um roteiro de observação aplicado aos clientes classificados e identificados com risco de queda bem como aos profissionais de enfermagem que prestam cuidados a estes. Foram observados clientes internados em quatro unidades de internação onde os cuidados observados para prevenção de quedas foram: orientação ao cliente e acompanhante sobre o risco de queda; Campainha ao alcance do cliente; Rodas da cama travadas; Grades do leito elevadas; Área de circulação livre de utensílios; Auxílio na deambulação de clientes com déficit na marcha ou com déficit motor; Cliente sozinho no banho; Uso adequado de dispositivo de auxílio. Contudo, nota-se por fim neste estudo a necessidade de aprimorar junto à equipe de enfermagem sobre importância da adoção das medidas preventivas em relação ao risco de queda, uma vez que os mesmos não aderem às ações de prevenção de quedas preconizadas pela instituição.

          Unitermos: Acidentes por quedas. Avaliação de resultado de intervenções terapêuticas. Prevenção de acidentes. Equipe de enfermagem.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As quedas entre os indivíduos hospitalizados constituem um dos principais problemas clínicos e de saúde pública devido à sua alta incidência, suas complicações para a saúde e aos altos custos assistenciais, ocasionando grande impacto social enfrentado atualmente por muitos países (CARVALHO & COUTINHO, 2000; BUKSMAN et al., 2008).

    Segundo Machado et al. (2009), as lesões causadas por acidentes estão em quinto lugar como causa de óbito em indivíduos hospitalizados, sendo que as quedas representam cerca de dois terços desses acidentes, tornando-se um dos principais previsores de morbimortalidade.

    A queda segundo Fabrício et al. (2004) e Ribeiro et al. (2008), pode ser definida como fenômeno não intencional que tem como resultado a mudança de posição do indivíduo para um nível inferior, em relação a sua posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil e apoio no solo. Logo a queda se dá em decorrência da perda total do equilíbrio postural, podendo estar relacionada à insuficiência súbita dos mecanismos neurais e osteoarticulares envolvidos na manutenção da postura.

    Nesta perspectiva evitar o evento de queda atualmente é considerado uma conduta que requer o desenvolvimento de estratégias de prevenção, as quais são consideradas potencialmente úteis, sendo que este evento é uma situação que envolve cuidadores, familiares e profissionais enfermeiros, tornando-se importante avaliar as intervenções realizadas pela equipe de enfermagem na prevenção de quedas, uma vez que a investigação no processo de prevenção de queda facilita a compreensão da qualidade da assistência e auxilia na avaliação dos serviços de saúde (MACHADO et al., 2009).

    Sabe-se até então que há uma grande dificuldade em estabelecer uma causa única que evidencia a queda do indivíduo, visto que a etiologia das quedas é em geral multifatorial (PERRACINI, 2002).

    Torna-se necessário assim, realizar o levantamento dos fatores de risco que desencadeiam a queda, bem como obter conhecimento dos sinais e sintomas que o cliente apresenta e as possíveis complicações que o mesmo se sujeita para categorizar os possíveis diagnósticos de enfermagem vigentes buscando atender as necessidades do cliente de forma integrada (MACHADO et al., 2009).

    Contudo o profissional enfermeiro que representa um papel relevante no cuidado aos clientes deve atuar com medidas preventivas, detectar os fatores de risco físicos e ambientais a fim de modificá-los ou adaptá-los, diminuindo o grau de susceptibilidade para a ocorrência de queda no ambiente hospitalar (MACHADO et al., 2009).

Metodologia

    Este estudo fundamentou-se através de uma pesquisa de campo, transversal, de caráter descritivo e natureza quantitativa. O cenário do estudo foi o Hospital Nossa Senha das Mercês (Santa Casa), localizada na cidade de Montes Claros/MG. Participaram do estudo 67 clientes que se encontravam internados e que se enquadravam nos fatores de risco de queda de acordo com o protocolo de práticas de gerenciamento. A amostra foi compreendida pelos clientes internados nas seguintes unidades: Cardiologia, Enfermaria Masculina I e II e Clínica Cirúrgica Feminina.

    O instrumento utilizado para coleta de dados foi um roteiro de observação construído através do protocolo de práticas de gerenciamento de risco de queda estabelecido pela instituição. O roteiro de observação foi composto pelas atividades que o técnico ou auxiliar de enfermagem devem executar diante um cliente com risco de queda, sendo que o mesmo foi aplicado no turno matutino, das 7h00min às 12h00min, no período de um dia em cada setor.

    O estudo seguiu todas as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e foi executado após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (CEP UNIMONTES) com parecer consubstanciado Nº. 2422/2011 e autorização de todas as instâncias necessárias. A análise de dados foi realizada após tabulação dos achados através de técnicas disponíveis do programa EPI INFO o que serviu de base para análise descritiva.

Análise e discussão

    De acordo com Decesaro e Padilha (2002), incidentes adversos no ambiente hospitalar são indesejáveis em qualquer unidade de internação, porém podem assumir dimensões ainda maiores quando acontecem com clientes graves. Por esta razão, uma das medidas de segurança que o profissional enfermeiro e a equipe de enfermagem devem aprovisionar refere-se à prevenção de quedas dos clientes durante o período de internação, as quais são motivo de preocupação para os profissionais de saúde e administradores.

    Nessa perspectiva, a tabela 01 representa a descrição dos setores visitados, o número total de leitos ocupados, número de clientes com risco de queda e o número de cliente acamados com risco de queda. Acrescento que durante a coleta de dados foi evidenciado um número significativo de clientes com risco de quedas necessitando de cuidados extremos devido ao alto grau de dependência dos mesmos.

Tabela 01. Descrição dos setores observados, dos números de leitos ocupados e do número total de clientes com risco de queda

    As mulheres são as principais vítimas da perda da massa óssea quando em níveis mais acentuados, caracteriza a osteoporose, que pode predispor à ocorrência de fraturas, associado á redução da força máxima muscular (COUTINHO & SILVA, 2002; SILVA, 2005).

    O estudo realizado por Machado et al. (2009), revela que no Brasil, 30% dos indivíduos sofrem um episódio de queda por ano, sendo que as mulheres têm uma freqüência de quedas um pouco mais elevada que os homens.

    Barbosa e Nascimento (2001) acrescentam que as mulheres estão mais expostas aos acidentes, principalmente no próprio domicilio. Em contrapartida estudos realizados por Paiva et al. (2010), informam que 57,5% das quedas em clientes hospitalizados ocorrem em indivíduos do sexo masculino, sendo este resultado decorrente ao fato cultural dos homens não solicitarem e ou não aceitarem auxílio para realizar determinadas atividades de vida diária como levantar da cama.

    No que diz respeito aos fatores de risco para queda, estes estão presentes em clientes hospitalizados em unidades clínicas e cirúrgicas. Nessas unidades de internação, os clientes apresentam vários fatores de risco, tais como alterações no nível de consciência, mobilidade prejudicada, hipotensão ortostática, distúrbios vesicais ou intestinais, déficits sensoriais e história prévia de quedas (DICINNI et al., 2008).

    Diante disso, estudos realizados por Vitor et al. (2010), apontam veementemente a relação direta e indireta, do risco de quedas como conseqüência de eventos cardiovasculares. Logo, de forma direta, as isquemias miocárdicas, em particular a angina instável (AI) e o risco de cair, é considerado fator de risco intrínseco.

    Conforme ainda o autor supracitado a relação indireta do risco de queda e eventos cardiovasculares, é devido aos diversos medicamentos comumente prescritos nos casos de problemas cardíacos com efeitos secundários na qual predispõem à queda. Tais medicamentos apresentam relação significante com a ocorrência de quedas pelo alto risco de hipotensão, tontura ou mesmo de diminuição do fluxo sanguíneo cerebral o que corrobora com o estudo realizado por Paiva et al. (2010).

    Para Coutinho e Silva (2002), o uso de medicamentos tem sido abordado em vários estudos como um dos fatores de risco para determinados acidentes. O estudo realizado por tais autores levantaram que os medicamentos de classe como: benzodiazepínicos, neurolépticos, sedativo-hipnóticos, antidepressivos, diuréticos em geral, antiarrítmicos, anti-hipertensivos e digoxina estão associadas ao risco de quedas.

    De acordo com o estudo realizado por Luvisoto et al. (2007), o diagnostico de risco de queda, segundo a taxonomia da NANDA, foi identificado em clientes no período pós-operatório imediato, uma vez que as condições pós-operatórias, sedação e a mobilidade física prejudicada estão associadas ao risco de queda.

    Rocha e Marziale (1998) revelam em seus estudos que se torna necessário a vigilância rigorosa do cliente em período pós-operatório devido à impossibilidade de locomoção, além da prestação de cuidados como providenciar comadre ou urinol ao cliente com potencial risco para quedas, bem como acompanhá-lo à sala de curativos ou exames.

    Em relação aos clientes acamados nota-se um aumento gradativo conforme cada setor analisado, evidenciando grande proporção principalmente nos dois últimos. Logo, como possíveis fatores predisponentes à ocorrência de quedas de clientes acamados pode-se citar: o uso de medicamentos (tranqüilizantes, sedativos, hipnóticos e anti-hipertensivos) e os efeitos colaterais dos mesmos (ROCHA & MARZIALE, 1998).

    Estudos realizado por Paiva et al. (2010) afirmam que em determinadas unidades de internação, das quais apresentam maior número de clientes acamados a incidência da ocorrência de queda representa uma percentagem menor, devido às próprias condições dos clientes por não deambularem, o que provavelmente diminui o risco de queda.

    Em contrapartida no mesmo estudo revela que de 80 quedas notificadas ocorrida em ambiente intra-hospitalar, observou-se que 55% foram quedas do leito, 38,8% quedas da própria altura e 6,2% quedas da cadeira.

    A tabela 02 apresenta os cuidados realizados pela equipe de enfermagem aos clientes internados no hospital em questão. São enumeradas oito condutas conforme protocolo de gerenciamento para prevenção de quedas constando em dados observados a percentagem da realização de tais atividades.

Tabela 02. Descrição dos cuidados realizados na prevenção de quedas nos setores avaliados

    Silva e Bocchi (2005) revelam que a percepção do cliente é que nos capacita a entender nosso próprio mundo e o mundo do indivíduo, sendo essencial para a enfermagem compreender o que o cliente é capaz de perceber o que ocorre em sua volta e para concretizar isso, é necessário ouvir o outro envolvido na relação, ou seja, ouvir o cliente e encarar o processo de enfermagem não como um simples procedimento técnico, mas como um rico contexto de relacionamento interpessoal.

    Para Rocha e Marziale (1998), a dificuldade de comunicação\ orientação entre o profissional enfermeiro e cliente é fator determinante para ocorrência de quedas no ambiente intra-hospitalar. Dados evidenciam em seus estudos que mais de 20% dos clientes hospitalizados e mais de 45% daqueles que permanecem hospitalizados por longos períodos sofrerão quedas.

    Uma das medidas e ações de prevenção de quedas segundo Hemorio (2010), é a entrega no momento da admissão do cliente, um folder de orientação de prevenção de queda e conseqüentemente a realização da orientação ao cliente e acompanhante sobre potencial risco de queda, uma vez que através desta ação pode-se conscientizar a família bem como o próprio individuo hospitalizado sobre a importância do cumprimento das medidas preventivas identificadas individualmente.

    Manter a campainha ao alcance do cliente e orientá-lo a utilizá-la para solicitação da presença do profissional de enfermagem é uma das medidas e ações utilizadas para prevenção de quedas no ambiente hospitalar, sendo que a utilização desta medida pode impedir que o cliente se levante sozinho do leito e venha a cair. Além disso, o profissional de enfermagem deve manter vigilância e agilidade no atendimento ás campainhas (HEMORIO, 2010).

    Por esta razão no estudo executado por Decesaro e Padilha (2001), foi levantada a situação da qual o cliente solicitou a presença do profissional de enfermagem não sendo atendido culminando a queda do mesmo, fato este que o atendimento com descaso denota uma postura profissional desumana. Assim estando o cliente em situação de dependência quase que exclusiva dos profissionais de enfermagem, estes deveriam trabalhar reconhecendo seus anseios e angustias, valorizando suas queixas e solicitações de ajuda.

    Há necessidade do planejamento de um programa preventivo de quedas é destacado no estudo realizado por Rocha e Marziale (1998), que é constituído por algumas medidas básicas: avaliação periódica do cliente pela enfermagem, utilização de métodos de alerta para cliente com risco para queda, programação de ações preventivas, educação da equipe de enfermagem, utilização de alarmes nos quartos de clientes identificados com risco para quedas como, por exemplo, campainhas.

    O estudo realizado por Paiva et al. (2010), revela que possivelmente nas unidades com maior freqüência de quedas nos indivíduos hospitalizados constitui pelo fato destas não disporem de camas com grades e travas nas rodas.

    Para garantir a segurança do cliente segundo Rocha e Marziale (1998), uma das medidas que devem ser adotadas e programadas, é que todas as camas devem apresentar traves, além de que estas devem ser checadas quanto ao seu funcionamento e encaixe conforme ainda citado em Decesaro e Padilha (2001).

    No que diz respeito ao uso de grades do leito Rocha e Marziale (1998) revelam que o uso de grades no leito é uma medida utilizada para prevenção de quedas de clientes, e ressaltam que o uso inadequado das grades pode ser contribuinte para ocorrência em questão.

    A utilização de grades no leito do cliente contribui para minimizar os danos corporais decorrentes de quedas, devendo estas ser mantidas principalmente nos casos de clientes agitados e idosos, apesar desta conduta não impedir o evento da queda (SANTOS et al., 2000).

    Decesaro e Padilha (2001) acreditam que as grades elevadas colaboram para a prevenção de queda do cliente, porém sua programação irá depender da valorização a ela atribuída pelos profissionais e da disponibilidade de camas com grade e suas condições de uso. Contudo, o trabalho realizado por Paiva et al. (2010), refere que em 31% dos 64 clientes que sofreram queda, as camas não estavam com as grades elevadas.

    Constantes reformas e adaptações dos ambientes hospitalares vêem buscando a promoção da segurança e conforto para o cliente e equipe. Entretanto algumas instituições não atendem as melhores recomendações, podendo observar ainda que legislação sobre segurança não é respeitada como: escadaria sem corrimão, piso das rampas não antiderrapantes, áreas internados do quarto com obstáculos, portas e vai e vem sem visor (PAIVA et al., 2010).

    Hemorio (2010), afirma que uma das formas de prevenção de queda de clientes se baseia em manter a área de circulação das enfermarias e corredores livres de móveis e utensílios, uma vez que o excesso de utensílios pode desencadear a queda não somente dos clientes como também dos acompanhantes principalmente em ambiente escuro.

    Silva (2005) finaliza que escadas e objetos ou móveis que obrigam o desvio de trajeto, além o uso de calçados inadequados, favorecem diretamente a queda de clientes hospitalizados.

    A alta incidência de quedas nos clientes com deficiências gerais do equilíbrio, dificuldades para se virar e levantar, falha no julgamento, desequilíbrio durante o vestir e alterações da marcha podem chegar a 64,5% dos casos. Assim os motivos das quedas, ocorrerem pelo déficit de equilíbrio (22,3%), pela dificuldade a marcha (44,4%) e ainda pelo falseio do membro inferior hemiparético durante a movimentação (33,3%) (RESENDE et al., 2010).

    Uma das medidas capaz de prevenir a ocorrência de quedas após a identificação feita pela equipe de enfermagem do cliente com potencial risco é ajudar o individuo com dificuldade de marcha durante a locomoção ou aqueles que apresentarem déficit sensitivo ou motor. Além de tal medida, é de extrema relevância orientar o cliente para que o mesmo não se levante subitamente devido ao risco de hipotensão postural e tontura (ROCHA & MARZIALE, 1998; HEMORIO, 2010).

    Rocha e Marziale (1998) citam em seus estudos que 16,7% dos casos de quedas dos clientes são demonstradas pelo fato dos mesmos se encontrarem sozinhos durante o banho, não solicitando auxílio da equipe de enfermagem, sendo que este local de ocorrência de queda conforme a pesquisa se categoriza em 31,8%.

    Segundo Marin et al. (2000) e Decesaro e Padilha (2002), cerca de 30% das quedas ocorrem quando o cliente sai do leito, vai ao banheiro e mesmo durante o toalete, sendo categorizada também pelo desejo de independência do cliente em levantar-se do leito para atender suas necessidades básicas, como por exemplo, de eliminação (diurese e evacuação) ou de hidratação (desejo de beber água). Paiva et al. (2010) concretiza que as quedas também ocorrem principalmente pelo fato dos clientes apresentarem pressa de chegar ao sanitário, entram e saem do banheiro sem auxilio e ou ainda escorregam no chão molhado.

    Logo, conforme já mencionado, Decesaro e Padilha (2001) revelam que 80% das quedas ocorrem quando o cliente está só, somando a isso, aumento significativo de quedas quando há um número reduzido de profissionais de enfermagem. Em contrapartida o trabalho realizado por Santos et al. (2000), destacam que em 40% das quedas dos clientes, o número de profissionais de enfermagem estava compatível com o previsto pela instituição não mostrando inadequação do quadro de pessoal num determinado setor.

    O dispositivo de auxilio definidos por este estudo são: cadeira de banho, cadeira de rodas e muletas, sendo avaliado no momento da coleta de dados o auxilio de transferência do cliente para o dispositivo, o que consiste com maior freqüência o uso de cadeira de banho. Portanto, o estudo realizado por Paiva et al. (2010), informam que quedas de clientes que utilizam cadeira de rodas e ou cadeira de banho podem estar relacionado ao equipamento, inapropriadamente planejado ou devido a técnicas inadequadas de transferência quando o cliente esta se levantando ou sentando.

    Quanto ao transporte inadequado do cliente, reforça-se a necessidade de equipamentos adequados com uma supervisão e manutenção periódica, além da importância do treinamento da equipe que desenvolve tal atividade, a fim de garantir a segurança dos clientes e daqueles que realizam o transporte com intuito de prevenir o evento da queda (DECESARO & PADILHA 2001).

    Silva (2005) reitera que o uso inadequado de chinelos e tamancos, solados em mau estado de conservação, sapatos não totalmente calçados, além do uso inadequado de bengalas, andadores ou cadeiras de rodas beneficiam para ocorrência de quedas no âmbito hospitalar.

    Contudo, Rocha e Marziale (1998) acrescentam que as grades de segurança no leito devem ser firmes e estrategicamente situadas no ambiente, cadeiras de rodas devem ter trave, além que os clientes devem ser orientados quanto ao uso seguro e correto de equipamentos tais como cadeiras de rodas, andadores, bengalas e muletas.

Conclusão

    Nota-se neste estudo que os profissionais de enfermagem, participantes chaves na prevenção do risco de queda, apresentam baixa adesão no que diz respeito às intervenções definidas nas práticas de gerenciamento de risco de queda em clientes hospitalizados. Acrescenta-se que a não execução das ações preventivas de queda interfere na qualidade da assistência prestada, refletindo assim na satisfação e recuperação do cliente.

    No que diz respeito à orientação ao cliente e acompanhante referente ao risco de queda, torna-se evidente a necessidade de conscientização por parte da equipe de enfermagem fornecer ao cliente\acompanhante informações sobre os riscos eminentes que os mesmos, principalmente o cliente estão expostos. O enfermeiro, profissional fundamental no processo de identificação de riscos, necessita adotar comunicação direta e efetiva com clientes e acompanhantes sobre as medidas preventivas para o risco de quedas a fim de minimizar o risco discutido em questão.

    O índice de clientes acamados em determinadas unidades de internação (3 e 4), influenciou nos resultados de algumas variáveis levantadas neste estudo, uma vez que o risco de queda nestes, são menores, do que aqueles clientes que apresentam condições para se locomover como apresentado na unidade de internação 2.

    Diante dos resultados obtidos há necessidade de aprimorar junto à equipe de enfermagem sobre importância da adoção das medidas preventivas em relação ao risco de queda. Logo, este trabalho aponta falhas específicas dos profissionais envolvidos no processo de prestação de cuidados aos clientes e cabe analisar e avaliar o trabalho dentro das particularidades de cada unidade de internação.

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