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Impacto do alongamento muscular estático e balístico sobre
a flexibilidade, salto vertical e sprint de atletas de futebol

Impacto de la elongación muscular estática y balística sobre la flexibilidad, el salto vertical y el sprint en jugadores de fútbol

 

*Graduado em Fisioterapia pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP

**Professor Ms. da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP

(Brasil)

Rafael Aragão Fuentes*

André Maiera Radl**

rafael.fuentes@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivos: investigar a repercussão de programas de exercícios de alongamento muscular balístico e estático na flexibilidade, salto vertical e sprint de atletas de futebol. Materiais e métodos: 16 atletas amadores do sexo masculino, faixa etária entre 19 e 40 anos. Foram avaliadas a flexibilidade de MMII, sprint (S15) e salto vertical (SV), ocorrendo no inicio (A1), após um mês (A2) e dois meses (A3) da pesquisa. Entre A1/A2 não houve intervenção, entre A2/A3 os atletas foram randomicamente divididos entre aqueles que realizaram alongamento muscular estático (GE) ou balístico (GB), os que não realizaram foram considerados como grupo controle (GC). A relevância dos resultados foi averiguada através do método Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes. Resultados: flexibilidade após orientações aumentou significativamente no GE (p=0,003) e GB (p=0,001). Para SV e S15 o GE obteve pouca variação mesmo após o proposto (p=0,17 e p=0,34 respectivamente), assim como o GB (p=0,5 e p=0,34 respectivamente). Para atletas do GC as comparações entre A1, A2 e A3 (flexibilidade, S15 e SV), não apresentaram diferenças significantes, porem os resultados de flexibilidade foram inferiores quando comparados ao GE (0,044) e GB (0,034) e sem diferença significante para S15 e SV. Um dado não pretendido inicialmente, porem objeto de ampla discussão, foi que 9 atletas não realizaram o proposto (56,25 %). Conclusão: este estudo sugere que o alongamento estático e balístico são eficazes para o ganho da flexibilidade, porém este ganho não influenciou significativamente no salto vertical e no sprint de 15 metros dos atletas de futebol.

          Unitermos: Alongamento. Jogadores de futebol. Fisioterapia.

 

Artigo apresentado no Congresso Científico Metodista

Universidade Metodista de São Paulo, 25/10/2011.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Para a prática esportiva são necessárias habilidades físicas e mentais especificas para cada modalidade, contudo, algumas dessas habilidades parecem ser comuns para o sucesso atlético inerentes à maioria dos esportes. A flexibilidade é um componente fundamental para o rendimento esportivo (KOKKONEN et al., 2007 apud FERREIRA, 2010).

    Em estudo de Kalenak e Morehouse (1975) viu-se que 67% dos jogadores estavam com um ou mais músculos encurtados. O encurtamento muscular pode ser devido à demanda de força e potencia, além da falta de atenção necessária à flexibilidade (INKLAAR, 1994 apud ACHOUR, 1999). A pouca extensibilidade tecidual altera a ADM e provoca padrões de movimentos inadequados e descoordenados, resultando em prejuízos no rendimento do atleta (FERREIRA et al, 2010).

    Para o futebol e suas exigências físicas, a flexibilidade é almejada e desenvolvida através de exercícios de alongamento sejam estes estáticos ou balísticos, porém a eficácia dos exercícios para ganho de comprimento das fibras, e a influência quanto à performance parecem fazer parte do cotidiano futebolístico apenas de maneira empírica. A controvérsia é complicada pela falta de pesquisa sobre o alongamento balístico (ALTER, 1999).

    A técnica de alongamento estática utiliza o efeito do relaxamento progressivo dos tecidos moles, obtendo como resposta um lento e progressivo alongamento contínuo (BERNARDES e GUEDES, 2005). A literatura especializada respalda o alongamento estático quando relacionado ao custo beneficio de sua aplicação. O alongamento estático é muito utilizado pela segurança e comodidade à técnica do movimento (ACHOUR, 1999). Alter (1999) diz que esse tipo de alongamento é provado cientificamente, sendo eficaz no aumento na amplitude de movimento. Vries (1966, 1986) citado por Alter (1999) vai além e diz que o método estático é preferível ao método balístico, pelo provável menor gasto energético, gerando teoricamente menor sofrimento muscular. Já alongamentos balísticos são exercícios que envolvem balanceamentos (insistências) para ganhar “momento” na parte do corpo a aumentar a amplitude (BARBANTI, 2001). Achour (1999) ressalta a utilização de vários esforços ativos insistidos, na tentativa de maior alcance de movimento. Como possíveis desvantagens Alter (1999) cita a adaptação inadequada do tecido, iniciação do reflexo de alongamento e adaptação neurológica inadequada. Contudo estudos citados por Ferreira e colaboradores (2009) demonstraram que o alongamento balístico é tão efetivo quanto às técnicas estáticas para o aumento da ADM articular (ENOKA, 1994; NELSON e KOKKONEM, 2001; WOOSTENHULME et al, 2006). Citamos ainda Fletcher e Monte-Colombo (2010), onde para jogadores de futebol, a realização de alongamentos balísticos demonstrou-se mais eficiente no teste de sprint de 20 metros quando comparado com atletas que realizaram alongamentos estáticos.

    Quanto aos momentos específicos na partida de futebol, daremos ênfase ao salto vertical e ao sprint de 15 metros, devido à grande atenção desprendida ao treinamento físico e grande solicitação destes na prática da modalidade. Reilly e Thomas (1976) citados por Barbanti (2001), após levantamento de dados concluíram que sprints são realizados em média de 15 metros e ocorrem a cada 90 segundos aproximadamente. Outro fator inquestionável para a prática do futebol são os saltos, sejam eles pelo goleiro visando interceptar chutes, lançamentos ou cruzamentos ou por jogadores de linha, buscando disputar bolas aéreas com adversários ou mesmo para cabecear a gol, Barbanti (2001) cita pesquisas que enumeram a quantidade sejam eles pelo goleiro visando interceptar chutes, lançamentos ou cruzamentos, de saltos realizados, podendo ultrapassar 20 por atleta em cada partida.

Objetivo

  • Investigar a repercussão de programas de alongamento estático e balístico na flexibilidade, salto vertical e sprint de atletas de futebol.

Métodos

Sujeitos

    Fizeram parte 16 atletas amadores de futebol do sexo masculino com faixa etária entre 19 e 40 anos (média de 23,4 anos), praticantes da modalidade recreativamente e/ou em times amadores situados no município de Diadema. Esses atletas não possuíam quaisquer lesões osteomiotendinea ou qualquer outro fator que impedisse o ganho de flexibilidade. Os sujeitos da pesquisa foram inicialmente divididos em dois grupos, aqueles que realizaram alongamentos estáticos (GE) e os que realizaram alongamentos balísticos (GB), aqueles que não realizaram o proposto, porem, compareceram nas avaliações foram considerados como grupo controle (GC).

    Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, sendo que os atletas foram previamente elucidados quanto os objetivos, riscos, benefícios e demais informações da pesquisa, assinando o termo de consentimento livre e esclarecido.

Coleta dos dados

    A flexibilidade de MMII e região lombar foram avaliadas através do teste de sentar e alcançar utilizando para este o Banco de Wells (figura 1), onde segundo Johnson e Nelson (1979) o testado deve flexionar o quadril vagarosamente à frente, com avaliador estabilizando articulação do joelho em extensão, evitando compensações, o atleta empurra o instrumento de medida à frente o máximo que puder, utilizando a ponta dos dedos das mãos. O resultado é computado com a melhor de três tentativas.

Figura 1. Avaliação de flexibilidade

    Para avaliação do sprint 15 metros (S15) e salto vertical (SV) foram realizados testes de campo. O teste SV (figura 2a e 2b) foi descrito por Johnson e Nelson (1979), segundo estes, o testado deverá assumir a posição em pé, de lado para a superfície graduada, e com o braço estendido acima da cabeça, o mais alto possível, mantendo as plantas dos pés em contato com o solo, sem flexioná-los. Deverá fazer uma marca com os dedos, na posição mais alta que possa atingir. Para facilitar a leitura, os dedos do testando deverão ser sujos com pó de giz. O teste consiste em saltar o mais alto possível, sendo facultado ao testado, o flexionamento das pernas e o balanço dos braços para a execução do salto. O resultado é dado em centímetros, subtraindo-se a marca mais alta do salto da mais baixa, feita pelo testado antes do salto. São feitas três tentativas, computando-se o melhor dos três resultados.

Figura 2a. Salto vertical

 

Figura 2b. Salto vertical

    O teste de S15 não está descrito em literatura, diferentemente de outros (40 metros, 30 metros), porém através, de levantamentos estatísticos, sabe-se que atualmente essa distância é mais executada em sprints dentro de uma partida de futebol, portanto, essa será à distância a ser analisada. O atleta terá três tentativas, validando-se a melhor delas, o teste se dará solicitando a partir de comando verbal que o atleta cubra a distância demarcada no solo no menor tempo possível.

    Todas essas avaliações ocorreram antes do inicio da pesquisa (A1), após um mês (A2) e após dois meses (A3), sendo que entre A1 e A2 os atletas foram orientados a não realizarem nada além do habitual em seus treinamentos. Entre A2 e A3 segundo sorteio realizado anteriormente para diferenciação dos grupos, os atletas foram orientados a realizarem exercícios de alongamento muscular, estático (GE) ou balístico (GB). Aqueles que relataram não realizar o proposto, contudo apresentaram-se para as avaliações foram considerados como grupo controle (GC).

    Quanto aos exercícios de alongamentos, cada sujeito foi orientado a realizar diariamente uma série de exercícios durante 4 semanas visando ampliar a flexibilidade na musculatura principalmente posterior de MMII, os atletas foram orientados de acordo com o grupo a que pertenciam em realizar alongamentos estáticos ou balísticos, tendo informações necessárias acerca das peculiaridades de cada técnica. Ambos os protocolos tinham os mesmos exercícios diferenciando-se apenas o modo de execução. As orientações estenderam-se sobre intensidade pretendida (escala de tensão de 0 a 4 solicitou-se grau 2), tempo de execução (20 segundos), e freqüência mínima semanal (4 vezes).

Análise estatística

    Para análise estatística dos dados obtidos a partir das avaliações utilizou-se o Teste-t: duas amostras presumindo variâncias equivalentes.

Resultados   

    Os resultados para flexibilidade foram estatisticamente significantes comparando as médias dos valores de A1 e A2 com os de A3 para o GE (p = 0,003) e GB (p = 0,001), já o GC não obteve diferenças significativas entre as avaliações (p = 0,40). Quando comparados os grupos encontramos diferenças significativas entre GE e GC (p = 0,04) e GB e GC (p = 0,03) já entre o GE e GB não houve diferenças significantes (p = 0,41).

Figura 4. Avaliações de flexibilidade

    Em relação ao SV os resultados não foram estatisticamente significantes comparando as médias dos valores de A1 e A2 com os de A3 para o GE (p = 0,17), GB (p = 0,5), e GC (p = 0,46). Quando comparados os grupos não houve diferenças significativas entre GE e GC (p = 0,22), GB e GC (p = 0,41) e GE e GB (p = 0,13).

Figura 5. Avaliações de salto vertical

    Em relação ao S15 os resultados não foram estatisticamente significantes comparando as médias dos valores de A1 e A2 com os de A3 para o GE (p = 0,44), GB (p = 0,15), e GC (p = 0,13). Quando comparados os grupos não houve diferenças significativas entre GE e GC (p = 0,08), GB e GC (p = 0,36) e GE e GB (p = 0,27).

Figuras 6. Avaliações de Sprint

Discussão

Hipóteses para baixa adesão

    Mesmo sabendo dos possíveis benefícios caso realizassem os exercícios de alongamentos orientados pelo pesquisador, 9 dos 16 atletas (56,25%) relataram não os realizar ou realizar apenas parte do proposto, a causa deste comportamento é de difícil explicação, podendo ter múltiplos e subjetivos motivos.

    Uma das hipóteses para este comportamento pode estar relacionada à cultura do atleta de futebol brasileiro em não se empenhar em treinamentos, sejam estes físicos, táticos ou técnicos. Como a pesquisa foi estruturada em orientações de exercícios que os atletas tinham flexibilidade para realizar o proposto da maneira que os convinham (horário, local, intensidade, etc.), sem a presença de um orientador que cobrasse e corrigisse a execução dos exercícios, muitos desses podem ter deixado de realizar o proposto pelo simples fato do comodismo.

    A partir da tabela de freqüência de realização dos exercícios (Anexo-C), verificou-se que parte dos atletas realizou o proposto nos primeiros dias, diminuindo a freqüência semanal ou deixando de realizar os exercícios propostos, isso pode ser explicado por possível falta de motivação, já que em suma os atletas realizaram os exercícios em ambiente domiciliar e sozinhos, diferentemente de programas inclusos durante treinamento regular. Outra possível hipótese para a diminuição gradual da realização dos exercícios está no fato de que mesmo que os exercícios influenciem positivamente o rendimento esportivo, este dificilmente é percebido em curto prazo, desestimulando os atletas para continuidade do treinamento.

    Outro fator importante de ser citado é que devido à pesquisa ter sido realizada com atletas amadores, muitos desses exercem outras funções no dia a dia sejam estas profissionais, estudantis ou ambas, o que segundo os próprios atletas, diminui o tempo livre para realização de treinos extras ou quaisquer outras tarefas.

    Sendo assim, pode-se concluir que a metodologia aplicada na pesquisa, não é a mais adequada para obtenção dos dados almejados. Para resultados mais fidedignos sugere-se que a mesma pesquisa seja realizada em ambiente controlado como, por exemplo, o treinamento diário em um clube, podendo-se assim acompanhar o desenvolvimento das realizações do proposto, assim como, cobrar e corrigir as execuções.

    Contudo a pesquisa foi favorável em um ponto não pretendido inicialmente, ou seja, a partir desta evidenciou-se que exercícios orientados para atletas de futebol não são efetivos, mesmo quando esses atletas estão cientes dos benefícios do treinamento, podemos ainda estender tal conclusão além dos treinamentos para ganho de flexibilidade, tendo em vista a cultura do atleta de futebol brasileiro, que é de treinar apenas a base de cobranças e supervisão de profissionais esportivos (treinadores, preparadores físicos, fisioterapeutas, etc.). Pode-se exemplificar tal afirmação na observação de atletas mesmo profissionais, que quando sem clube, perdem rapidamente a forma e aptidão físicas, mesmo estes, tendo conhecimento por vivencia das medidas necessárias para manutenção de tais fatores.

Flexibilidade X Performance e Alongamento estático X balístico

    O tema acerca dos alongamentos estático e balístico é altamente controverso, seja relacionado apenas ao tema flexibilidade ou englobando a requisitos da performance esportiva como conseqüência de suas realizações.

    Mesmo quando as comparações têm embasamento científico, estas, muitas vezes não convergem a uma conclusão comum. Segundo Enoka (2000), o alongamento mais eficaz deve ser aplicado com baixas tensões por um período prolongado de tempo. O alongamento estático é muito utilizado pela segurança e comodidade à técnica do movimento (ACHOUR, 1999). Alter (1999) diz que esse tipo de alongamento é provado cientificamente, sendo eficaz no aumento na amplitude de movimento. Vries (1966, 1986) citado por Alter (1999) vai além e diz que o método estático é preferível ao método balístico, pelo provável menor gasto energético, gerando teoricamente menor sofrimento muscular, fornecendo esta técnica alivio qualitativo da dor muscular.

    Em estudo realizado por Ferreira e colaboradores (2009) viu-se que o método balístico é efetivo para o ganho da ADM imediatamente após uma sessão de alongamento e este aumento manteve-se após 24 horas.

    Nesta pesquisa, observou-se que tanto o GE quanto o GB apresentaram ganho na flexibilidade significativos (tabela 1). Uma única incidência de desconforto ao realizar os exercícios foi relatada, sendo que este atleta encontrava-se no GE, o que sugere que o alongamento balístico quando bem orientado e executado dificilmente provocará lesão, respaldando que este método assim como o alongamento estático pode propiciar o aumento da flexibilidade muscular.

    Apesar das teorias baseadas na mecânica e na neurofisiologia sobre prováveis benefícios do aumento de extensibilidade muscular sobre a performance esportiva parecerem coerentes, na prática, este aumento de flexibilidade quando relacionado a estas aptidões físicas apresentam-se de maneiras obscuras e muitas vezes contraditórias nas pesquisas que investigam suas relações.

    Em pesquisa realizada por Vasconcellos e colaboradores (2010) viu-se que imediatamente após realizarem alongamentos balísticos, atletas de futebol tiveram diminuição do salto vertical. Este fato é conseqüência provável da intensidade do alongamento que pode ter sido suficiente para agir sobre o Órgão Tendinoso de Golgi, provocando diminuição da força muscular.

    Em estudo realizado por Bacurau e Monteiro (2009) viu-se que após uma sessão de alongamentos balísticos (20 minutos), e estática (20 minutos), a força máxima diminuiu após o alongamento estático, mas não foi afetado pelo alongamento balístico.

    Cita-se ainda Fletcher e Monte-Colombo (2010), onde para jogadores de futebol, a realização de alongamentos balísticos demonstrou-se mais eficiente no teste de sprint de 20 metros quando comparado com atletas que realizaram alongamentos estáticos.

    Em pesquisa de Mahieu e colaboradores (2007) viu-se que há diminuição da rigidez tendínea e não há alteração na rigidez dos elementos contráteis quando realizado alongamento balístico. Já para o alongamento estático não houve alterações tendíneas, porém o ganho de flexibilidade não foi diferente entre o alongamento balístico e estático. Apesar da não significância estatística evidenciou-se que o GE obteve melhores resultados de SV que o GB, mesmo ambos os grupos obtendo resultados similares de flexibilidade após o proposto, podemos aqui hipotetizar segundo os resultados obtidos na pesquisa de Mahieu e colaboradores (2007) e pesquisas acerca da energia potencial elástica e stifnes. Diversos autores citam que músculos alongados funcionam com maior eficiência devido à energia elástica armazenada no tecido muscular durante o alongamento (ASMUSSEN e BONDE PETERSEN, 1974; TARKKA E KOMI, 1982; GRIEVE, 1970; KOMI e BOSCOE, 1978apud ALTER 1999), outros citam o componente tendíneo sobre esta energia.

    Vários estudos foram realizados na tentativa de quantificar a contribuição para o acúmulo de energia potencial elástica... a maioria dos autores encontrou que os tendões eram a estrutura mais importante para tal. Isso está diretamente ligado ao grau de stiffness da estrutura tendinosa, pois quanto mais elevado, maior será o acúmulo de energia potencial (Ugrinowitsch e Barbanti, 1998).

    Stiffness foi definido por Gans (1982) citado por Ugrinowitsch e Barbanti (1998) como sendo a resistência oposta, pelo complexo músculo-tendão, à deformação devido a um alongamento rápido. Relacionando os resultados da pesquisa de Mahieu e colaboradores (2007) com o citado a cerca da energia potencial elástica e stiffness respalda-se o comportamento similar relativo à flexibilidade e menor SV do GB comparado ao GE.

    Em parte das pesquisas recentes sobre performance e rendimento físico vimos que o alongamento balístico é preferível ao alongamento estático, por não reduzir a força de contração muscular, contudo este tipo de exercício não demonstrou melhora no rendimento, e sim, apenas não houve piora. Outro fato importante de salientar, é que as avaliações nessas pesquisas foram realizadas imediatamente após a realização dos alongamentos, o que para os exercícios estáticos podem explicar a redução no rendimento físico avaliado, pelos efeitos neuromiotendineos. Sendo assim solicitou-se nessa pesquisa que no último dia de avaliação os atletas não realizassem o protocolo de exercícios proposto.

    Quanto às variáveis S15 e SV nesta pesquisa, foi visto que houve pouca diferença entre os três momentos avaliados, assim como entre os grupos. O que nos leva a crer que atletas de futebol não necessitam de flexibilidade aumentada para otimizar os gestos esportivos em questão. Segundo Alter (1999) assim como pode ser importante em alguns esportes ter um grau de flexibilidade, em outros, pode necessitar um determinado grau de rigidez a fim de produzir desempenho máximo.

    Contudo, parece ser sensato o trabalho de alongamento muscular na prática esportiva, pois o mesmo não diminuiu as qualidades avaliadas, e estes exercícios devem ser inclusos no programa de treinamento de atletas de futebol visando evitar encurtamentos musculares, e suas conseqüências. Silva e colaboradores (1999) descorem sobre a importância de um bom nível de flexibilidade no futebol.

    O músculo alongado aumenta a eficiência do movimento... Portanto, o treinamento dessa qualidade é essencial para jogadores de futebol atingirem e manterem níveis adequados de flexibilidade, principalmente em membros inferiores.

Deficiência e limitações metodológicas

  • O teste de sentar e alcançar utilizando-se o banco de Wells é muito questionado pela literatura, devido a facilidade de compensações por parte do executante além de não avaliar o ganho especifico das regiões treinadas.

  • Os testes de campo também são bastante questionados devido à dependência da precisão do avaliador sendo estes considerados por muitos de baixa confiabilidade. Contudo estes são preferenciais devido à possibilidade de reprodução pelos interessados.

  • O numero pequeno de participantes da pesquisa foi um limitante real para análise fidedigna dos resultados sendo este fator um provável determinante na significância dos resultados obtidos.

  • Pesquisa realizada a partir de orientações sem acompanhamento das realizações assim como baixo controle de possíveis tarefas extras realizadas (treinamentos, competições, etc.) por cada individuo participante.

Conclusão

    Este estudo sugere, clinicamente, que tanto o alongamento estático quanto o alongamento balístico são eficazes para o ganho da flexibilidade, porém este ganho não influenciou significativamente no salto vertical e no sprint de 15 metros dos atletas de futebol.

Referencias

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