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Ginástica laboral e a motivação à prática do exercício físico

La actividad física laboral y la motivación hacia la práctica del ejercicio físico

 

*Professora e Bacharel formada na UnC, professora de Ginástica Laboral

**Doutora em Pedagogia da Educação Física, pesquisadora do NEFI

(Brasil)

Deisi Aparecida Kapulka*

Maria Rita Bruel**

deisykapulka@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Foi objetivo deste estudo conhecer o nível de conduta reguladora do exercício físico em um programa de ginástica laboral, com a amostra de 94 sujeitos, ambos os gêneros, com idade entre 17 e 56 anos. O instrumento de pesquisa BREQ-2 avaliou os construtos de regulação: amotivação, intrínseca, extrínseca, identificada, introjetada. Apresentaram-se maiores índices de “concordo” 67,3% para a regulação motivacional intrínseca e 69,4 % para a regulação motivacional identificada, se contrapondo à indicação de “discordo” com o maior índice de 76,6 % para a regulação motivacional extrínseca. A amostra não foi identificada como amotivada com 85,4 % no item “discordo”. Este estudo confirma a idéia de que a aderência à prática do exercício físico é um processo influenciado por regulações motivacionais intrínsecas e identificadas.

          Unitermos: Exercício físico. Ginástica. Motivação.

 

Resumen

          El objetivo de este estudio fue conocer el nivel de regulación de la conducta del ejercicio físico en un programa de gimnasia del trabajo, con la muestra de 94 sujetos, ambos sexos, de entre 17 y 56 años. El instrumento de investigación BREQ-2 evaluaron las construcciones de reglamento: amotivation, intrínseca, extrínseca, identificado, introjetada. Fueron los más altos del Reglamento motivacional de 67,3% y 69.4% "de acuerdo" e intrínseca a la regulación motivacional identificados, se opone a "desacuerdo" con la mayor tasa de 76,6% para regulación de motivación extrínseca. La muestra fue identificada como amotivada con 85,4% sobre el tema "en desacuerdo". Este estudio confirma la opinión de que la adhesión a la práctica de ejercicio físico es un proceso influido por la motivación intrínseca e identificado.

          Palabras clave: ejercicio, gimnasia, motivación.

 

Pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa em Educação Física, NEFI da Universidade do Contestado – Mafra.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A aderência à prática de exercicio fisico e uma melhor compreensão do perfil motivacional dos trabalhadores foi o tema deste estudo, com o qual se buscou entender o nível de conduta reguladora do exercício físico em um programa de ginástica laboral (GL). O hábito da prática do exercício físico foi caracterizado neste estudo como adesão ou aderência que são características de uma pessoa para a estabilidade de um padrão de comportamento aceito. Em sendo um programa de exercícios físicos, inclui o tempo de participação das pessoas, considerando a intensidade e a duração na atividade (BUCKWORTH; DISHMAN, 2002), bem como o nível de motivação para esta prática.

    A GL é um programa que intensifica a ligação do trabalhador com a empresa, valorizando o significado do seu esforço corporal ao propor séries de exercícios físicos voltados para a ergonomia do instrumento de trabalho e a movimentação funcional do corpo. É baseada na função ergonômica do corpo laboral promovendo adaptações fisiológicas, físicas e psíquicas, por meio de exercícios dirigidos e adequados para o desempenho funcional. Por sua vez, atende a um público onde muitos se dedicam somente ao trabalho no seu cotidiano, não dispondo de tempo para fazer uma atividade diferente que lhes promova satisfação. Assim a GL deve ser planejada e variada, já que é uma pausa ativa no ambiente de trabalho e serve para quebrar o ritmo da tarefa que o trabalhador desempenha, funcionando como uma ruptura da monotonia.

    Segundo Poletto (2002) existem seis tipos de GL, sendo: preparatória, compensatória, corretiva, conservação, relaxamento e descontração.

    A ginástica preparatória é realizada antes ou logo nas primeiras horas do início do trabalho e a compensatória é realizada no meio da jornada de trabalho, como uma pausa ativa para executar exercícios específicos de compensação pela repetitividade ou imobilidade de movimentos. A corretiva tem como objetivo alongar os músculos que estão curtos e encurtar aqueles que estão alongados, restabelecendo o antagonismo muscular através de exercícios específicos. Por outro lado, a ginástica de conservação é aplicada para a manutenção do equilíbrio morfológico das pessoas, de modo que permanecem estáveis. Por fim, ginástica de relaxamento e descontração, a primeira baseada em exercícios de alongamento realizada após o expediente e a segunda tem como objetivo integração, socialização e motivação para o trabalho.

    Apesar das dificuldades do cotidiano em qualquer organização, a GL é importante na motivação e tem como desafio atrair os trabalhadores em atividades que são desempenhadas com eficácia e satisfazer diariamente aqueles que participam.

    Atualmente um dos fenômenos sociais que caracterizam as sociedades avançadas é o aumento da prática de exercício físico e sua generalização nos diferentes segmentos populacionais. Além disso, o exercício físico praticado de forma regular com intensidade, duração e descanso adequado, produz importantes benefícios, tanto em nível físico como psicológico, e na qualidade de vida das pessoas. (MURCIA; CAMACHO; RODRIGUEZ, 2008).

    Para Saba (2001, p. 62), ‘’o grande desafio que se impõe para o desenvolvimento do nível atual da prática do exercício físico é fazê-lo parte constante do cotidiano de toda pessoa’’. Este desafio também é proposto no cotidiano do trabalhador, mesmo os trabalhos mais prazerosos que motivam e gratificam, exigem do indivíduo esforço, concentração e desgaste físico, que implicam em uma série de exigências gerando irritabilidade, aborrecimento, insatisfação, ocasionando com isto o estresse. É importante saber como gerenciar estas situações dentro da empresa em busca do bem - estar do trabalhador.

    Fonseca (2006, p. 2) denuncia em seu estudo o fato de no Brasil não “existir uma identificação das linhas de pesquisa em ginástica laboral e, tampouco, da consistência dos resultados”. Muito se têm evidenciado na literatura os benefícios da prática do exercício físico, porém a adesão e permanência das pessoas nessa prática apresentam razões e motivações diversas e singulares. Embora pessoas que trabalham em escritório ou mesmo em linhas de produção, se não se exercitarem regularmente, seja no local de trabalho ou fora dele, não apresentam estilo de vida ativo, o que influencia na sua motivação. É fundamental para os estudos produzir avanços na compreensão do comportamento do sujeito inerente ao processo de participação no exercício físico.

    Apesar da ênfase que a mídia vem dando sobre a importância e necessidade das pessoas praticarem atividades físicas regularmente a adoção e permanência em uma prática regular são difíceis de serem mantidas por muitos indivíduos, devido a fatores motivacionais que podem ser pessoais e ambientais.

    Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005, p. 385) se valendo dos estudos de Steinberg & Maurer (1999) destacam que

    o estudo da motivação assume-se como um dos aspectos importantes para a compreensão das diferenças individuais na prática desportiva, dado que alguns indivíduos exibem padrões motivacionais adaptacionais à medida que aplicam um determinado esforço para o sucesso, persistindo assim na prática desportiva, enquanto outros, às primeiras ocasiões de insucesso, abandonam a prática desportiva em questão.

    Samulski (2002, p.104), caracteriza “motivação como um processo intencional, ativo e dirigido a uma meta, o qual depende da relação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos)‘’.

    Para Bergamini (1996, p.26)

    a motivação cobre grande variedade de formas comportamentais. A diversidade de interesses percebida entre os indivíduos permite aceitar, de forma razoavelmente clara, que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões.

    Bergamini (1997) estabelece a distinção entre motivo e incentivo. O motivo refere-se ao aspecto intrínseco da motivação, isto é, à força interior que produz energia, dirige e mantém o comportamento, enquanto o incentivo é toda situação que estimula de forma extrínseca o organismo, relacionada à satisfação dos motivos e capaz de levar o indivíduo a buscar ou repelir certos fatos ou certas ações.

    Um dos principais aspectos que auxiliam no desenvolvimento da motivação é a conscientização dos participantes sobre a relevância da prática regular de exercício físico enquanto componente de cuidado à saúde importante para sua vida (MATIAS et al., 2009). Uma pessoa é motivada, em qualquer momento, por uma variedade de fatores internos e externos. A força de cada motivo e o padrão de motivos influi na maneira como a pessoa vê o mundo, nas coisas em que pensa e nas ações em que se empenha.

    A motivação, segundo a teoria da autodeterminação (TAD) de Deci e Ryan (1985), varia qualitativamente de acordo com o sucesso na internalização das regulações externas e internas para o comportamento.

    Fatores que influenciam na realização de um comportamento são denominados de regulações motivacionais. As regulações motivacionais caracterizam-se como um conceito multidimensional, que engloba dentro de um continuum a regulação intrínseca, regulação extrínseca, regulação introjetada, regulação identificada, regulação integrada e regulação amotivada (DECI e RYAN, 1985).

    A regulação intrínseca ocorre quando um indivíduo realiza uma atividade pelo prazer de executá-la. Processo caracterizado pela escolha pessoal, satisfação e prazer sendo que as regulações motivacionais são exclusivamente internas, não havendo um fim além da própria prática. Segundo Bergamini (1996, p.92) ‘’o objetivo motivacional é perseguido a cada momento particular e a direção da busca será prioritamente determinada por um fator interno e individual’’. Por definição, atividades intrinsecamente motivadas são autônomas porque esses tipos de comportamentos partem de iniciativas próprias do indivíduo (RYAN e DECI, 2000).

    Regulação extrínseca refere-se aos comportamentos que são realizados com o intuito de atingir resultados que não estão relacionados com a atividade em si (EDMUNDS; NTOUMANIS; DUDA, 2006). Nesta regulação, o indivíduo realiza o comportamento para satisfazer exigências externas, para obter recompensas e ou evitar punições. Enquanto a motivação intrínseca é tida como autônoma, a extrínseca se relaciona com o controle externo. Para Rheinheimer (2010, p.17), ‘’as pessoas extrinsecamente motivadas são aquelas que necessitam de um estímulo externo, ou seja, do apoio de um professor, dos pais ou dirigentes, para a execução e adesão da prática de atividade física’’.

    Na regulação motivacional introjetada as conseqüências contingentes são administradas pela própria pessoa, motivadas por pressões internas como culpa, ansiedade ou a busca de reconhecimento social, resultado de uma pressão externa, conforme acusa Rheinheimer (2010, p.18), ‘’é aquela interiorizada, que acontece por uma fonte externa que é internalizada, desencadeada muitas vezes por uma atitude de alívio das pressões externas.” Portanto, seu lócus de causalidade é interno, embora de regulação externa.

    A regulação motivacional identificada se caracteriza quando o indivíduo realiza uma tarefa ou comportamento, a qual não lhe é permitida a escolha; uma atividade que é considerada como importante de ser realizada, mesmo que não lhe seja interessante, esta regulação está presente, muitas vezes, na adesão e permanência em um programa de atividade física, motivada pelos benefícios que esse programa proporciona.

    A regulação amotivada é o estado em que a pessoa não tem ainda a intenção de realizar o comportamento, não havendo nenhum tipo de regulação, seja externa ou interna (RYAN ; DECI, 2000).

    A regulação amotivada está relacionada com as crenças, incapacidade ou falta de habilidades para realizar uma conduta, caracterizando-se pela ausência de intenção e pensamento proativo. É o resultado que os indivíduos possuem em relação aos seus pensamentos negativos, pois a pessoa imagina que seus resultados serão fracassados. Capozzoli (2010, p.21) nos diz que a amotivação ‘’é entendida como uma construção motivacional percebida em indivíduos que não são aptos a identificar nenhum bom motivo para realizar alguma atividade’’, esses indivíduos antecipam negativamente o resultado da atividade imaginando que esta nunca lhe trará algum benefício, ou ainda que não conseguirão realizar de modo satisfatório.

Metodologia

    O presente estudo foi aprovado pelo CEP da Universidade do Contestado – UnC, sob Protocolo 501/2011 por estar em conformidade com a Resolução nº 196/96 do CNS.

    A pesquisa caracterizou-se como um estudo descritivo com a finalidade de recolher e registrar ordenadamente os dados relativos à regulação motivacional na prática de exercício físico por meio de um programa de GL de uma empresa do ramo de fabricação de cerâmica, que conta com um quadro de 400 colaboradores.

    A etapa que antecedeu a coleta de dados estabeleceu-se através do contato com o diretor da empresa visando à apresentação dos objetivos, metodologia da pesquisa e autorização para levantamento de dados. Na empresa a GL é realizada há três anos, todos os dias pela manhã com duração de dez minutos, exceto finais de semana.

    Os dados de identificação da amostra foram colhidos por meio de uma anamnese, que foi entregue para 100 trabalhadores escolhidos aleatoriamente, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para Adultos. Foi estipulado o prazo de um dia para a sua devolutiva, com obtenção de 94 sujeitos consentindo em compor a amostra do estudo.

    O instrumento utilizado na coleta de dados referente à regulação motivacional foi o Questionário Regulação da Conduta do Exercício Físico (BREQ-2) proposto por Deci e Ryan (1985), traduzido e validado para a língua portuguesa por Palmeira et. al (2007). O questionário composto por 19 subescalas cujas respostas foram classificadas em uma Escala Likert com valores ponderais em um continuum, sendo: Discordo (1), Discordo em parte (2), Neutro (3), Concordo em parte (4), Concordo (5), para cinco diferentes construtos. Exemplificando: Regulação Amotivada (Acho que praticar exercício é um desperdício de tempo), Regulação Extrínseca (Faço exercícios porque outros me dizem que devo praticar), Regulação Introjetada (Eu me sinto culpado/a quando não pratico), Regulação Identificada (Eu valorizo os benefícios que os exercícios provocam) e Regulação Intrínseca (Gosto das sessões práticas de exercícios).

Análise de dados

    Inicialmente realizou-se a estatística descritiva, como Frequência absoluta (F.a) e percentual (%), referentes aos dados obtidos na anamnese que serviram para caracterizar a amostra. Para se conhecer o nível de regulação de conduta à prática da GL também se valeu das estatísticas descritivas referentes às variáveis avaliadas com o uso de uma escala Likert, sendo considerados os valores ponderais de 1 a 5 dos 19 itens da escala BREQ-2 dividida em cinco construtos, onde se estabeleceu a somatória de cada valor do continuum, obtendo-se a freqüência absoluta (F.a) e desta obteve-se a freqüência relativa (F.r). Para se conhecer o nível de regulação de motivação por construto calculou-se o percentual (%) de cada valor ponderal.

Resultados e discussão

    A amostra deste estudo foi de 94 (n=94) trabalhadores de ambos os gêneros, na faixa etária de 17 a 56 anos, participantes do programa de GL há mais de três meses, sendo, 80,9% (76) mulheres e 19,1% (18) homens. Quanto ao nível de escolaridade o grupo se apresentou como 56,4% (53) com o Ensino Fundamental completo; 35,1% (33) com o Ensino Médio completo; 6,4% (6) têm formação no Ensino Superior; e 2,1;% (2) não informaram. Também foi importante conhecer o tempo de serviço na empresa, sendo encontrados os seguintes resultados: no tempo de 5 meses a 1 ano encontram-se 8,5% (8) trabalhadores; de 1,1 ano a 11 anos tem-se 34,1% (32) trabalhadores; de 11,1 anos a 25 anos são 43,6% (41) trabalhadores; de 25,1 anos a 34 anos encontram-se 12,7% (12) trabalhadores; não informou 1,1% (1) trabalhador. Portanto, o perfil deste grupo é na maioria mulheres, de baixa escolaridade e de número significativo de trabalhadores com tempo de serviço superior a um terço do tempo necessário para aposentadoria no país, significando baixa rotatividade de trabalhadores na empresa.

    O questionário BREQ-2 foi preenchido por 94 (n=94) participantes do programa de GL, cujas respostas foram contabilizadas pelo valor ponderal e freqüência de indicações em cada grupo de Regulação Motivacional resultando nos percentuais do nível motivacional do grupo pesquisado e encontram-se classificadas na Tabela 1.

Tabela 1. Índice geral do nível de regulação de conduta ao exercício

    A Tabela 1 mostra o índice geral do nível de motivação dos participantes do programa de GL, tendo os maiores índices de “concordo” 67,3% para a regulação motivacional intrínseca e 69,4 % para a regulação motivacional identificada com a prática do exercício físico, se contrapondo à indicação de “discordo” com o maior índice de 76,6 % para a regulação motivacional extrínseca como resultante à adesão na prática do exercício físico. Já o estudo de Fernandes e Vasconcelo-Raposo (2005, p. 389) revelou o perfil de alunos jovens para a motivação autodeterminada verificando-se, “contudo uma média mais elevada para a regulação identificada (5,78 ± 1,28) que é um tipo de motivação extrínseca, em comparação com a motivação intrínseca (5,28 ± 1,28)”.

    Na regulação motivacional introjetada, o percentual apresenta equilíbrio entre as respostas: “neutro” (14,9 %), “concordo em parte” (15,2 %), com o “concordo” (36,2 %) com o maior índice. A amostra não foi identificada como amotivada em relação à prática do exercício físico, uma vez que apresentou maior percentual no item “discordo” com 85,4 %. Neste estudo, os aderentes apresentaram maior autodeterminação para a prática do exercício físico, as regulações motivacionais mais externas tiveram baixos resultados, contrastando com as mais internas que foram mais altas. Resultado semelhante foi encontrado em Fernandes e Vasconcelos-Raposo (2005, p. 389) que asseverou: “Um perfil de motivação não autodeterminado seguiu-se de forma decrescente na média dos valores (regulação-introjecção com 4,26 ± 1,53 e regulação externa com 3,80 ± 1,56)”. E quanto à regulação amotivada seus resultados também se assemelham aos deste estudo com a GL, pois o tipo motivacional menos referenciado e abaixo da média da escala (1 a 7) foi a amotivação, com um valor médio de 2,63 ± 1,58.

    Os dados apresentados revelam que a GL é uma importante aliada na atitude à prática do exercício físico, por parte do trabalhador. As necessidades psicológicas básicas de competência e de autonomia têm sido consideradas essenciais para a motivação intrínseca. Na regulação motivacional identificada os indivíduos adotam certo tipo de comportamento visando se beneficiar com uma atividade que é considerada importante de ser realizada mesmo que não lhe seja interessante, estando de acordo com as conclusões encontradas no estudo de Wilson et al. (2003). Da mesma forma, Liz (2011) enfatiza que as regulações para esse tipo de tarefa são internas. Alguns estudos que investigaram a autodeterminação para a prática de exercícios físicos e esportes com população variada, verificaram que a regulação motivacional identificada é superior ou se equipara à regulação intrínseca.

    Murcia e Coll (2006) destacam que, se desenvolvida no indivíduo a motivação autodeterminada, é possível aumentar a persistência dos praticantes na realização de exercícios físicos. De acordo com a TAD, a aderência é maior quando as pessoas apresentam regulações mais internas (RYAN e DECI, 2000).

    Guimarães e Boruchovitch (2004) relatam que grande parte das atividades intrinsecamente motivadas é realizada isoladamente, por isso ela é vista como um pano de fundo, uma sensação de segurança que possibilita o seu desenvolvimento.

    Destacam-se dois pontos em especial: a correlação negativa da regulação de amotivação (85,4%) com as demais regulações, exceto a extrínseca (76,6%) localizada mais próxima do continuum.

    Deve-se salientar que a criação de um espaço, incluindo a GL onde as pessoas possam, por livre e espontânea vontade praticar exercícios, estimula o seu autoconhecimento e provoca um melhor relacionamento consigo, com os outros e com o meio, sendo a GL um mecanismo que leva à valorização de sentimentos e emoções, à melhora da autoestima, do relacionamento social e familiar (ROBERT, 2002).

    A GL pode ser vista como uma motivação em si, que tem como desafio atrair diariamente os indivíduos para sua prática, aceitando que cada pessoa possui um comportamento próprio e, conforme Lima (2005), cada motivação humana é individualizada.

Considerações finais

    Considerando os resultados verifica-se que a adesão e permanência em um programa de ginástica laboral tem relação com a conduta reguladora motivacional à prática do exercício físico.

    Este estudo confirma a idéia de que a aderência à prática do exercício físico é um processo influenciado pelas regulações motivacionais: intrínseca e identificada, uma vez que o item “discordo” foi predominante nas regulações extrínsecas e amotivações. A motivação intrínseca é uma importante variável preditiva da intenção de prática de exercício físico.

    O estudo apresenta um indicativo para ampliar os conhecimentos na Educação Física, apresentando um suporte empírico para investigações futuras do nível de conduta reguladora do exercício físico em contextos diversificados.

    Sob esta perspectiva, estudos desta natureza constituem-se em uma ferramenta a ser desenvolvida, considerando como possibilidade de aprendizado e construção crítica sugerindo novos estudos na motivação e aderência à pratica do exercício físico.

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