Um breve estudo das valências
físicas Un breve estudio de las capacidades físicas flexibilidad y agilidad en escolares |
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Mestre em Educação Física (UNIMEP/SP) Professor de Educação Física (SME/RJ) (Brasil) |
Rubem Machado Filho |
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Resumo A flexibilidade é unanimemente reconhecida como uma das mais importantes componentes da aptidão física e que alguns testes de flexibilidade estão inseridos nas principais baterias de avaliação da aptidão física, quer associada à performance, quer à saúde. A agilidade se caracteriza por movimentos rápidos com mudanças de direção e sentido, é uma variável que tem predominância neuromotora. Unitermos: Flexibilidade. Agilidade. Escolares.
Abstract Flexibility is universally recognized as one of the most important components of physical fitness and that some flexibility tests are inserted into the main battery of physical fitness assessment, whether associated with the performance or health. Agility is characterized by rapid movements with changes of direction and sense, is a variable that has a neuromotor predominance. Keywords: Flexibility. Agility. School.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A flexibilidade é uma valência física reconhecida como uma das mais importantes componentes da aptidão física e que alguns testes de flexibilidade estão inseridos nas principais baterias de avaliação da aptidão física, quer associada à performance, quer à saúde (SILVA et al., 2006). Ainda que careça de documentação objetiva que os indivíduos com maior grau de flexibilidade sejam suscetíveis a menor risco de lesão músculoligamentar, na base desta importância está a suposição dos baixos níveis de flexibilidade estarem associados a muitas lesões ou condições crônicas, pelo que um certo grau de flexibilidade parece atuar positivamente sobre a saúde e melhoria da qualidade de vida (SILVA et al., 2006).
A flexibilidade consiste na qualidade física que permite ao individuo executar um movimento de grande amplitude músculo-articular sem representar riscos de lesões (FERREIRA, LEDESMA, 2008). Pode ser treinada e acrescentar benefícios ao corpo em crianças, jovens, adultos e idosos. Para que as crianças atinjam um desenvolvimento motor harmonioso, a flexibilidade é imprescindível pela necessidade de ajustes posturais no período de maior crescimento, que exigem o equilíbrio nas cadeias musculares anteriores e posteriores, responsáveis pelo equilíbrio do corpo e sustentação da coluna vertebral (FERREIRA, LEDESMA, 2008).
A agilidade se caracteriza por movimentos rápidos com mudanças de direção e sentido, é uma variável que tem predominância neuromotora (STANZIOLA, DUARTE, MATSUDO, 1986).
A agilidade, juntamente com a velocidade, amadurece precocemente, nesse particular a idade mais indicada para se desenvolver essa capacidade é a partir dos 12 anos de idade (MATSUDO, 1992). Após a puberdade a estimulação dessa capacidade se apresenta com pouca sensibilidade (MATSUDO, 1992).
Para Oliveira (2000), a agilidade é uma variável neuro-motora caracterizada pela capacidade de realizar trocas rápidas de direção, sentido e deslocamento da altura do centro de gravidade de todo corpo ou parte dela. A agilidade no âmbito esportivo é a resposta do indivíduo em conseguir executar movimentos rápidos e coordenados dentro de especificidade técnica (BARBANTI, 2003).
De acordo com Passos, Alonso (2009) a escola tem sido reconhecida como a instituição em melhor posição para orientar e suprir às necessidades de prática de atividade física dos jovens.
Este estudo tem por objetivo fazer um breve estudo das valências físicas flexibilidade e agilidade em escolares.
Estudo da flexibilidade em escolares
Em um estudo feito com crianças com idade entre 05 e 15 anos em que se utilizou o flexíndice como parâmetro, verificou-se que os movimentos de tronco são os que mais marcam as diferenças entre os sexos, sendo que quando considerados os primeiros anos escolares, estes movimentos são responsáveis pela diferença entre as idades menores em relação às maiores (FARINATTI, 1995). Estes fatos sugerem que os movimentos de tronco, melhor que outros grupos articulares, quando consideradas as diferenças entre os sexos, são os que melhor identificam o comportamento da flexibilidade total, o que sugere a utilização do teste de sentar e alcançar (Figura 1) para uma boa avaliação da flexibilidade em crianças e adolescentes (FARINATTI, 1995).
Figura 1. Teste de sentar e alcançar (WELLS & DILLON, 1952)
Ferreira, Ledesma (2008) objetivando avaliar o nível de flexibilidade de escolares de 11 anos de idade, de uma escola da rede privada de ensino da cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil, a partir do desenvolvimento de estudo transversal, avaliaram 30 indivíduos de ambos os gêneros, após a coleta e análise dos dados, concluiu-se que os níveis de flexibilidade encontrados foram baixos para a respectiva população (valores médios de 19 cm e 25 cm, para meninos e meninas, respectivamente), o que pode estar ocorrendo por estímulos insuficientes ou uma prática ineficiente. São necessárias, portanto, revisões nos planejamentos e aplicações das aulas de Educação Física para garantir o desenvolvimento do equilíbrio muscular através de exercícios de alongamento e flexibilidade. Para os autores supracitados a flexibilidade consiste na qualidade física que permite ao individuo executar um movimento de grande amplitude músculo-articular sem representar riscos de lesões.
Estudando os níveis de flexibilidade de 292 escolares entre 7 e 15 anos de ambos os sexos do município de Westfália – RS, matriculados no Ensino Fundamental, sendo 150 meninos (51,4%) e 142 meninas (48,6%), Noll, Sá (2008) citaram que os resultados demonstraram não haver uma influência significativa para o fator gênero e sua interação com a idade (p>0,05). Embora o gênero não tenha influenciado significativamente os níveis de flexibilidade, foram sempre maiores no gênero feminino. O desenvolvimento da flexibilidade nos dois gêneros acontece de forma semelhante, ou seja, níveis maiores entre 7 e 8 anos, decrescendo, com pequenas oscilações, até os 15 anos.
Guimarães, Guerra (2006) objetivando investigar através da comparação entre grupos, se há relação da condição socioeconômica com os níveis de flexibilidade em crianças de ambos os gêneros com idades entre 09 e 10 anos, pesquisaram 222 crianças de diferentes classes econômicas, com idade entre 9 e 10 anos de ambos os gêneros, sendo as mesmas selecionadas aleatoriamente e submetidas a um questionário econômico, para identificação das classes sociais. O nível de flexibilidade foi avaliado através do Teste de Sentar e Alcançar. Conclui-se que de forma geral não foi evidenciada diferença significativa nos níveis de flexibilidades dos escolares divididos por classe socioeconômica, o que mostra neste estudo que não houve influência do nível socioeconômico sobre a variável analisada.
Estudo da agilidade em escolares
Passos, Alonso (2009) com o objetivo de comparar a agilidade entre escolares praticantes e não praticantes de futsal extra classe, fizeram um estudo em 40 escolares do sexo masculino matriculados no Colégio Metodista Bennett com idade de 14,88±0.55 anos, peso de 63,70±13,96 quilogramas e estatura de 169,23±7,49 centímetros, com aulas de Educação Física de 50 minutos duas vezes por semana. A amostra foi dividida em grupo participação (GP n= 20) e grupo controle (GC n= 20). O teste do Quadrado (Figura 2) foi realizado segundo as normas do Manual PROESP – BR. Após a verificação dos resultados conclui-se que os alunos praticantes de futsal extraclasse apresentaram melhores resultados nos testes em relação aos não praticantes. Sendo assim, o treinamento de futsal extraclasse parece favorecer o desenvolvimento da agilidade proporcionando uma condição satisfatória para a realização dos movimentos específicos da modalidade.
Figura 2. Teste do quadrado (GAYA; SILVA, 2007)
Querendo verificar o efeito de um programa de iniciação esportiva na aptidão física de escolares de uma escola privada de São Paulo, Bortoni, Bojikian (2007) fizeram um estudo com 87 escolares do sexo masculino com idade de 11 a 13 anos divididos em grupo participação (GP n= 50) e grupo controle (GC n= 37), onde o GP participou de uma intervenção com futebol de salão duas vezes por semana com a duração de 90 minutos. Foram avaliadas as variáveis antropométricas (peso corporal, estatura, índice de massa corporal) e neuromotoras (força de membros inferiores, agilidade e velocidade). Foi possível observar aumentos significativos na agilidade.
Krebs, Macedo (2005) tendo como objetivo analisar a aptidão física relacionada ao desempenho, através da agilidade de escolares do estado de Santa Catarina, estudaram 6373 escolares, sendo 3195 do gênero masculino e 3178 do gênero feminino com idade entre 7 e 16 anos. Os principais resultados demonstram que houve diferenças estatisticamente significativas entre os gêneros.
Considerações finais
A escola como campo de pesquisa, tem possibilitado ampliar as descobertas sobre as consequências provocadas pela mudança do estilo de vida nas gerações a cada década (BECK et al., 2007).
A realização de medidas antropométricas no âmbito escolar tem se tornado uma prática constante em todo Brasil (BECK et al., 2007).
Referências bibliográficas
BARBANTI, V. J. Dicionário de educação física e esporte. 2ed. São Paulo: Manole, 2003.
BECK, C. C.; DINIZ, I. M. S.; GOMES, M. A.; PETROSKI, E. L. Ficha Antropométrica na Escola: O que Medir e para que Medir? . Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. V. 9, N° 1, pg. 107-114, Florianópolis, 2007.
BORTONI, W. L.; BOJIKIAN, L. P. Crescimento e aptidão física em escolares do sexo masculino, participantes de programa de iniciação esportiva. Brazilian Journal of Biomotricity. v. 1, n. 4, p. 114-122, 2007.
FARINATTI, P. T. V. Criança e atividade física. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.
FERREIRA, J. S.; LEDESMA, N. C. Indicadores de flexibilidade em escolares de 11 anos de idade de uma escola de Campo Grande – MS, Brasil. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 12 – n° 118 – Março de 2008. http://www.efdeportes.com/efd118/indicadores-de-flexibilidade-em-escolares.htm
GUIMARÃES, C. O.; GUERRA, T. C. A influência da condição sócio-econômica sobre a flexibilidade em crianças de 9 e 10 anos de idade. MOVIMENTUM - Revista Digital de Educação Física - Ipatinga: Unileste-MG - V.1 - Ago./dez. 2006.
GAYA, A. SILVA, G. Projeto esporte Brasil: Manual de aplicação de medidas e testes, normas e critérios de avaliação PROESP-BR. Porto Alegre. 2007. http://www.proesp.ufrgs.br/institucional/CRIT-REF.php
KREBS, R. J.; MACEDO, F. O. Desempenho da aptidão física de crianças e adolescentes. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 10, N° 85 , Junho de 2005. http://www.efdeportes.com/efd85/aptidao.htm
MATSUDO, V.K.R. Critérios biológicos para diagnóstico, prescrição e prognóstico de aptidão física em escolares de 7 a 18 anos de idade. (Tese de Livre Docência, Universidade Gama Filho) Rio de Janeiro, 1992.
NOLL, M.; SÁ, K. B. Avaliação da flexibilidade em escolares do ensino fundamental da cidade de Westfália, RS. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, ano 13 - Nº 123 - Agosto de 2008. http://www.efdeportes.com/efd123/avaliacao-da-flexibilidade-em-escolares-do-ensino-fundamental.htm
OLIVEIRA, M. C. Influência do ritmo na agilidade em futebol. 2000. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. 2000.
PASSOS, W. S.: ALONSO, L. A influência do treinamento de futsal na velocidade e agilidade de escolares. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Buenos Aires - ano 13 - Nº 129 - Fevereiro de 2009. http://www.efdeportes.com/efd129/a-influencia-do-treinamento-de-futsal-na-velocidade-e-agilidade.htm
SILVA, D. J. P. et al. A flexibilidade em adolescentes – um contributo para a avaliação global. Revista Brasileira Cineantropometria e Desempenho Humano, v.8, n.1, p. 72-79, 2006.
STANZIOLA, L.; DUARTE, C. R.; MATSUDO, V. K. R. Resultados de escolares de 16 a 18 anos no teste de shutlle-run. In: CELAFISCS – Dez anos de contribuição às ciências do esporte. São Caetano do Sul, 1986.
WELLS, K. F.; DILLON, E. K. The sat and reach a test of back and leg flexibility. Res. Quart, 1952; 23:115-8.
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