Estilo de vida de duas pessoas com
síndrome metabólica (SM) Estilo de vida de dos personas con síndrome metabólico (SM) residentes en el municipio de Ipora do Oeste, SC: un estudio de caso |
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*Profissional de Educação Física, Especialização em Educação Física Especialista em Ensino Superior a Distância. Especialista em Atividade Física e Saúde **Mestre em Ciência do Movimento Humano pela Universidade Federal de Santa Maria/RS Professora e coordenadora do curso de Educação Física da UNOESC, campus de São Miguel do Oeste, SC ***Doutor em Ciências do Movimento Humano Universidade Federal do Rio Grande do Sul Mestrado em Ciências Médicas pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Professor de Fisiologia e vice-líder do Grupo de Pesquisa em Fisiologia (GPeF) da Universidade Regional do Noroeste do estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI) ****Mestre em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina Especialização Multiprofissional em Saúde da Família, possui graduação em Psicologia pela Universidade do Vale do Itajaí |
Raquel Wandscheer* Andréa Jaqueline Prates Ribeiro** Thiago Gomes Heck*** Moacir Francisco Pires**** (Brasil) |
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Resumo Trata-se de um estudo de caso sobre o Estilo de Vida de duas pessoas com Síndrome Metabólica residentes no município de Iporã do Oeste/ SC. Procurando conhecer o Estilo de Vida de quem tem Síndrome Metabólica é que teve-se o objetivo de identificar qual é o Estilo de Vida de duas pessoas com Síndrome Metabólica residentes no município de Iporã do Oeste/SC, analisando qual é o Estilo de Vida destas pessoas. Contou-se com a Secretaria Municipal da Saúde para o apoio com o diagnóstico da Síndrome Metabólica (três ou mais fatores de rico cardiovascular, entre eles: hipertensão, obesidade abdominal, glicemia de jejum elevado, HDL-colesterol baixo e triglicerídeos elevados) e com estes dados pode-se selecionar a amostra (duas pessoas do gênero feminino com Síndrome Metabólica e classificadas com obesidade grau I e II). Foi utilizado o Questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual de Nahas (2005) avaliando os componentes de alimentação, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle do stress. Com este questionário realizou-se a análise qualitativa e através deste verificou-se que ambas as pessoas possuem um estilo de vida inadequado. A pessoas A apresentou resultados adequados nos componentes comportamento preventivo e relacionamentos, nos demais componentes os resultados foram inadequados em todos os componentes. Já a pessoas B apresentou resultados inadequados em todos os componentes. Sendo assim, conclui-se que ambas as pessoas devem seguir orientações e buscar apoio com os demais especialistas (psicólogo, nutricionista, entre outros), com o intuito de melhorar os aspectos relacionados à saúde e a qualidade de vida. Unitermos: Estilo de vida. Síndrome metabólica. Pentáculo do Bem-Estar.
Abstract This is a study case about the life style of two people with Metabolic Syndrome resident in the city of Iporã do Oeste/SC. By seeking to know their life style, we had the aim of identifying how they live and directing them according to the diagnosis of the components involved in the life style. We counted on the support of Municipal Health Care Center for the diagnosis of the disease (three or more factor of cardiovascular risk, among them: high blood pressure, abdominal obesity, high fasting glycemia, low HDL- cholesterol and high triglyceride) and with these data we can select the sample (two people of female gender with Metabolic Syndrome and classified with obesity degree I and II). We used the Questionnaire of Individual Lifestyle Profile of Nahas (2005), evaluating the components of food, physical activity, preventive behavior, relationships, and stress control. With this questionnaire the qualitative analysis and through this, we could verify that both have an inadequate life style. The person A showed adequate results for preventive behavior and relationships. For the other components, the results were inadequate. Yet the person B showed inadequate results for the all components. So, we conclude that both people must follow directions and seek help with the other specialists (psychologist, nutritionist, and others), with the aim of improving the aspects related to health and quality of life. Keywords: Lifestyle. Metabolic syndrome. Pentacle of Well-Being.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução e justificativa
Atualmente a atividade física vem sendo considerada um dos grandes tratamentos coadjuvantes para as populações especiais com doenças crônicas, pois seus efeitos são agudos e crônicos resultando em benefícios diretos e indiretos. Nesse sentido, os efeitos do exercício físico são ainda mais evidentes em indivíduos com doenças cardiometabólicas, como hipertensão e diabetes, pois diminui significativamente os níveis de pressão arterial (PA) de repouso, prevenindo também o aumento da PA associado à idade, melhorando a sensibilidade à insulina consequentemente diminuindo a resistência, o que facilita a passagem da glicose para as células (CIOLAC e GUIMARÃES, 2004).
Estes fatores estão associados a outros fatores de risco, desencadeando assim a Síndrome Metabólica (SM), que é o agrupamento de 03 ou mais fatores de risco como “hipertensão arterial, intolerância a insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose ou diabete mellitus tipo 2, obesidade central e dislipidemia” (GUTTIERES e MARTINS, 2008) que levam a doenças cardiovasculares.
O diagnóstico da SM é de suma importância para poder realizar a intervenção adequada em seus fatores agravantes, pois modificações no estilo de vida imediatamente após o diagnóstico, pode proporcionar melhor qualidade de vida, longevidade, alertar e prevenir doenças cardiovasculares modificando o estilo de vida das pessoas que não estão com SM, mas apresentam algum fator de risco.
No Brasil, a Síndrome Metabólica é uma realidade na zona urbana e rural, podendo ser mencionado 30% de prevalência em Covunge - BA e 29,8% em Vitória-ES (SALAROL; et al, 2007); Velásquez-Meléndez (et al, 2007) encontraram 21,6% no interior de Minas Gerais, sendo 7,7% para os homens e 33,6% para as mulheres; Nakazone (et al, 2007) em um estudo realizado, apresentam 35,5% de pacientes com problemas cardiovasculares e 8,6% de pessoas que não apresentam problemas cardiovasculares, pelos critérios do NCEP-ATPIII (Trird Reporto of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults). O número de pessoas classificadas com presença de SM é fortemente influenciado pelos critérios adotados como diagnóstico (NAKAZONE; et al, 2007; BARBOSA; et al, 2006).
Há muitos fatores que contribuem para o desencadeamento da SM e que podem ser corrigidos apenas com a mudança do estilo de vida, antes do surgimento de fatores dos mesmos. Entre estes fatores podemos encontrar o sedentarismo (falta de atividade/exercício físico), a má alimentação, um comportamento preventivo inadequado, o stress, a má administração do tempo (trabalho, lazer, sono...) e a idade. (I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMETO DA SM, 2005; NAHAS, 2003).
A prática regular de exercícios físicos sejam aeróbicos ou resistidos, apresenta efeitos benéficos no tratamento da SM contribuindo de inúmeras formas, pois “diminui o peso corporal, aumenta a sensibilidade à insulina, aumentando a tolerância à glicose, diminuição dos níveis pressóricos de repouso e melhoria do perfil lipídico” (GUTTIERES; MARTINS, 2008), estas adaptações fisiológicas resultam em uma melhora da qualidade de vida das pessoas. Contudo, o exercício a ser prescrito depende de uma série de fatores como, objetivos, limitações e risco de desfechos indesejáveis para as pessoas, podendo variar entre exercícios aeróbicos e/ou resistidos.
Pelo exposto acima, fica evidente que o manejo adequado do tratamento de SM passa impreterivelmente pelo conhecimento do estilo de vida de cada indivíduo, podendo assim cooperar no tratamento através de sugestões de mudança no cotidiano, utilizando o exercício físico como ferramenta não medicamentosa desta mudança de estilo de vida em busca de saúde.
Objetivos
Identificar e analisar o estilo de vida de duas pessoas com SM (hipertensos do PSF 01) residentes no município de Iporã do Oeste/SC.
Orientar, de acordo com o diagnóstico dos componentes envolvidos no estilo de vida individual, para um programa de atividade física, como forma de tratamento não medicamentoso, baseado nas recomendações da I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM (2005).
Procedimentos metodológicos
A amostra foi constituída de 02 hipertensos do gênero feminino, residentes no município de Iporã do Oeste/SC, selecionados de forma intencional, por apresentarem os mesmos fatores da SM, que voluntariamente quisessem participar e que entregassem o TCLE autorizando sua participação no estudo.
Os critérios de seleção da amostra se deram a partir dos resultados dos exames sanguíneos, verificação da PA, IMC e circunferência de cintura (CC), para o diagnóstico das pessoas que apresentaram SM.
Para os exames sanguíneos foram utilizados os exames de níveis de glicemia, HDL-colesterol e triglicerídeos.
Em relação a Pressão Arterial, uma vez que as pessoas deveriam ter PA elevada para participarem da pesquisa foi utilizado um esfigmomanometro de coluna de mercúrio, marca BIC, precisão de 0,2 mmHg, para aferição da PA.
A medida do peso, foi realizada com balança marca Plenna, precisão de 1,0 kg e a estatura, com estadiometro móvel da marca Alturaexata, precisão de 1 cm. A partir destas medidas, os avaliados que foram selecionados para o presente estudo deveriam estar classificados com obesidade grau I e II.
A medida de cintura serviu de parâmetro para diagnostico de SM e foi realizada com fita métrica marca Mabis, precisão de 0,1 cm.
Utilizou-se o questionário Perfil do Estilo de Vida Individual (NAHAS, 2003), para o diagnóstico do Estilo de vida das pessoas, através do qual foram analisados os componentes: nutrição, atividade física, comportamento preventivo, relacionamentos e controle do stress.
Primeiramente, foi feito o contato com a Secretária Municipal da Saúde do município de Iporã do Oeste/ SC, onde solicitou-se uma autorização para a realização do presente estudo e o apoio para a realização dos exames sanguíneos. Assim que a secretaria deu a sua autorização, encaminhou-se o projeto para o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Tão logo teve-se a aprovação do CEP (Processo/Parecer nº: 131/2009), foi agendada uma reunião com os agentes de saúde para explanação do projeto, buscando apoio para a realização dos convites para uma reunião com estas pessoas, com finalidade de apresentar o propósito do projeto. As pessoas que optaram por participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e as medidas de peso, estatura, cintura e a aferição da PA foram realizadas logo após a assinatura do termo. Neste momento foi marcado um prazo de 02 semanas para os participantes dirigirem-se ao Hospital Nossa Senhora das Mercês, em Iporã do Oeste/ SC, em jejum de 12 horas, para a realização dos exames bioquímicos. Aproveitou-se o momento para agendar uma nova reunião para a entrega dos resultados dos exames.
Para a medida de cintura o avaliado permaneceu em posição ortostática; a fita métrica foi colocada sobre a pele nua, sem exercer pressão excessiva, porém sem deixa - lá solta. A medida da cintura ocorreu no plano transversal, na metade da distância entre o último arco costal e a crista ilíaca.
A medida do peso foi realizada com o mínimo de roupa possível; a estatura foi realizada verticalmente, descalço, com os pulmões cheios de ar e com olhar horizontal. A medida de PA foi realizada após repouso de 5 minutos, com as pernas descruzadas e pés apoiados ao chão, dorso recostado e relaxado na cadeira, o braço esquerdo esteve na altura do coração com a palma da mão para cima, o manguito foi colocado sem deixar folga acima da dobra do cotovelo, sendo aferido 2 vezes a PA com intervalos de 2 minutos.
Tanto os exames bioquímicos (realizados em laboratório para o presente estudo) como as medidas e aferições (realizadas pela pesquisadora) foram para diagnosticar a presença de SM nas pessoas, de acordo com os critérios da NCPE-ATPIII (2001).
Quando identificadas as duas pessoas com o perfil desejado para a pesquisa, o Questionário do Perfil do Estilo de Vida foi aplicado, com o intuito de verificar o estilo de vida individual e a partir dos resultados do questionário, os mesmos receberam orientações de acordo com os componentes que se apresentarem negativos ou com tendência a negatividade. A partir deste momento, os avaliados deverão procurar os profissionais mais adequados para lhes auxiliar na melhoria da saúde e qualidade de vida.
Em relação ao componente atividade física, que apresente-se negativo ou com tendência à negatividade, as pessoas foram orientadas pela pesquisadora (com formação em Educação Física) à um programa de atividade física, de acordo com a I Diretriz Brasileira de Síndrome Metabólica (2005).
Discussão e análise dos dados
De acordo com o objetivo proposto, identificou-se o Estilo de Vida de duas (02) pessoas com SM (Hipertensos do PSF 01) residentes no município de Iporã do Oeste/SC, através do questionário aplicado.
Participaram da etapa inicial da pesquisa sete (07) pessoas hipertensas, do gênero feminino, convidadas aleatoriamente pelos agentes de saúde. Dessas, responderam ao questionário Perfil do Estilo de Vida Individual, 02 pessoas do gênero feminino, já diagnosticadas com SM através dos exames sanguíneos e dados coletados pela pesquisadora.
A pessoa A possui 69 anos é hipertensa e ingere os seguintes medicamentos: Captopril 25 ml, 02 cp por dia; AS, 01 cp por dia e Amitriptina 25 mg, 01 cp por dia. Foi considerada com SM por possuir Glicemia elevada (130), Triglicerídeos elevado (196), IMC obesidade grau II (35,5) e CC muito elevado (1,02) além da hipertensão já mencionada.
A pessoa B possui 64 anos é hipertensa e ingere os seguintes medicamentos: Captopril 25 ml, 02 cp por dia; Furacemida 40 mg, 01 cp por dia e AS 01 cp por dia. Foi considerada com SM por possuir HDL baixo (48), Triglicerídeos elevado (201), IMC obesidade grau I (32) e CC muito elevada (97) além da hipertensão já mencionada.
Para melhor visualização dos dados, os mesmos foram organizados no Quadro 01.
Quadro 01. Dados das pessoas A e B diagnosticadas com SM
Para visualização dos resultados do questionário do Perfil do Estilo de Vida Individual, organizou-se os dados em um gráfico em forma de pentáculo sugerido por Nahas (2003) onde cada letra representa uma questão e a quantia de espaços coloridas é de acordo com as respostas dos participantes, ou seja, se a resposta foi absolutamente não faz parte do seu Estilo de vida, não coloriu-se nenhum espaço, se a resposta foi ás vezes corresponde ao seu estilo de vida coloriu-se 1 espaço, se a resposta foi quase sempre verdadeiro no seu comportamento, colori-se 2 espaços e se a resposta foi a afirmação e sempre verdadeira, coloriu-se os 3 espaços.
Sendo assim, quanto mais colorido estiver o pentáculo, mais positivo o resultado.
Lembrando que cada ponta do pentáculo corresponde a uma área pesquisada.
Analisando o resultado do Perfil do Estilo de Vida Individual, quanto ao componente nutrição da pessoa A (Figura 01), verificamos que somente às vezes inclui pelo menos 05 porções de frutas e hortaliças e também somente às vezes evita ingerir alimentos gordurosos e doces, porem, sempre realiza de 04 á 05 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo, já a pessoa B (Figura 02) possui os mesmos hábitos quanto a inclusão de pelo menos 05 porções de frutas e hortaliças na alimentação diária e também somente às vezes evita ingerir alimentos gordurosos e doces, quanto ao número de refeições diárias a pessoa B quase sempre realiza de 04 à 05 refeições variadas diárias incluindo café da manhã completo.
De acordo com Exercícios (2006) muitas vezes nem imagina-se que o ideal são de 05 á 06 refeições diárias ou a cada 02 horas. Nahas (2003 p. 184-185) fala que em nossas refeições devemos ingerindo os 10 nutrientes essenciais e Saba (2003, p. 151-160) diz que estes nutrientes devem ser ingeridos de uma forma equilibrada, com isso, pode-se estar prevenindo inúmeras doenças futuras como: obesidade, diabetes, arterosclerose, entre outras, neste caso, controlando-as ou diminuindo seu potencial agravador.
Se fizermos poucas refeições por dia o nosso organismo costuma armazenar gorduras para o longo período em que fica-se sem comer e se consumirmos a quantidade inferior à necessária, se irá emagrecer, mas não perdendo gorduras e sim “massa magra”, que é a musculatura, colocando em risco a saúde (EXERCÍCIOS, 2006). Cury (2003, p. 60) reforça que “devemos cuidar da alimentação, mas não nos privar desse prazer” e que uma dieta saudável é “à base de frutas e verduras e com proteína animal não excessiva”.
No componente atividade física, tanto a pessoa A quanto a B (Figura 01 e 02) responderam que somente às vezes realizam pelo menos 30 minutos de atividade física moderada/intensa, de forma continua, 05 ou mais vezes na semana. A pessoa B também às vezes realiza 02 vezes por semana exercícios que envolvam força e alongamento muscular, para a pessoa A isso absolutamente não faz parte do seu estilo de vida, enquanto que quase sempre a pessoa A caminha ou pedala como meio de transporte e, frequentemente, usa as escadas ao invés do elevador no seu dia a dia, enquanto que a pessoa B somente às vezes.
“O estilo de vida sedentário é a principal causa de saúde debilitada para um grande número de indivíduos. Apenas adicionar atividades físicas regulares [...] proporciona melhorias substanciais na saúde global” (HOWLEY; FRANKS, 2000 apud PETROSKI, 2005, p. 38-39).
“A Organização Mundial de Saúde recomenda que pessoas de todas as idades devam incluir um mínimo de 30 minutos de atividade física de intensidade moderada na maioria, ou preferencialmente todos os dias” (USDHHS, 2002; WHO, 2003 apud PETROSKI, 2005, p. 40).
Saba (2003, p. 121) também comenta sobre o alongamento, este “evita o encurtamento da musculatura em razão do seu fortalecimento ou enrijecimento e permite que os movimentos continuem sendo realizados em uma amplitude normal”.
De acordo com Nahas (2003, p. 33) a tecnologia criada é de estrema importância para facilitar e economizar tempo em muitas atividades, porém, o que não deve-se permitir é que a perda a médio e longo prazo, a qualidade de vida que se pode conseguir, não utilizando essas tecnologias (ex: controle remoto, maquina de lavar, carro). E de acordo com NIH (2002); Thompson (2003, apud PETROSKI, 2005, p. 41) “a atividade física, tanto previne quanto auxilia no tratamento de muitos fatores de risco ateroscleróticos estabelecidos, incluindo a pressão sanguínea elevada, resistência a insulina e intolerância a glicose”.
Podemos dizer que no comportamento preventivo a pessoa A (Figura 01) vive de acordo com o ideal, pois, sempre conhece sua PA e seus níveis de colesterol, sempre não ingere álcool e não fuma e sempre respeita as normas de transito, enquanto que a pessoa B (Figura 02) somente às vezes conhece sua PA e seus níveis de colesterol, sempre não fuma e não ingere álcool e quase sempre respeita as normas de transito.
Saba (2003, p. 193, 195-196) fala que o excesso de álcool favorece o surgimento de “doenças do fígado, como cirrose e a hepatite, além de câncer”. O mesmo autor coloca ainda que o tabagismo é um dos maiores causadores de câncer do sistema respiratório (p. 198-199).
Sobre o nível de colesterol elevado e a hipertensão pode-se dizer que o excesso de colesterol juntamente com outros fatores pode vir a causar a arteriosclerose (GUISELINI, 1996, p. 45).
Saba (2003, p. 237) comenta que “A hipertensão está relacionada a um estilo de vida pouco saudável”. O que já foi comprovado é que mudanças saudáveis no estilo de vida (alimentação e prática de exercícios) trazem muitos benefícios para os hipertensos.
“Há muitas explicações sobre a elevação da pressão arterial, sendo que a obesidade, a ingestão de sódio, o sedentarismo, o tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas, os distúrbios lipídicos e a diabete interferem de alguma forma nestas alterações” (JARDIM; SOUSA; MONEGO, 1998 apud PETROSKI, 2005, p. 37)
Outro fator que leva muitas pessoas a morte prematura é o transito e Bruns (2005, p. 45) expõe que centenas de milhares de pessoas são vitimas do trânsito no Brasil a cada ano e o impacto social é muito grande. Verifica-se que no estado de Santa Catarina os índices de morte no trânsito são elevados. A todo o momento são apresentados em jornais e televisão os dados sobre os acidentes no trânsito, o que revela que a população é acometida também, por esse problema.
“Todos somos usuários do trânsito, seja como passageiros, pedestres ou condutores. Somos responsáveis pelo bem estar desse meio social” (BRUNS, 2005, p. 56).
Já no componente Relacionamentos a pessoa B (Figura 02) vive de acordo com o ideal pois, sempre procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos, sempre seu lazer inclui encontro com amigos, atividades esportivas em grupos e participação em associações ou entidades sociais e também sempre procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente social. Já a pessoa A (Figura 01) está perto de um estilo de vida ideal no componente relacionamentos, pois, quase sempre procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos, quase sempre seu lazer inclui encontro com amigos, atividades esportivas em grupo e participação em associações ou entidades sociais e somente às vezes procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente social. Ter amigos e relacionar-se com eles e com a sociedade, faz bem, além de melhorar a auto estima. De acordo com Nahas (2003, p. 230) deve-se viver um lazer ativo, envolvendo os amigos e familiares, buscando um contato com a natureza e preferindo as atividades físicas em que nos sentimos bem realizados.
Com a Revolução Industrial iniciou-se a batalha entre o capital e o trabalho (MOSQUEIRA e STOBAUS, 1984 apud OLIVEIRA, 2001, p. 9-10). As pessoas com idade mais avançada ou pessoas com problemas de saúde, acreditam que não servem mais para trabalhar para a comunidade, mas o que pode ser feito é a formação de grupos nas comunidades para intervir positivamente em relação à socialização através da atividade física e estas intervenções devem promover “redes sociais de apoio e uma dinâmica de grupo mais efetiva, estimular a influencia positiva interpessoal, avaliar e notificar o ambiente organizacional e normas sociais reduzindo barreiras e facilitando a incorporação de hábitos” (NAHAS, 2003, p. 139), desta forma quem sabe pode-se melhorar este componente para um estilo de vida mais ativo socialmente.
A pessoa A (Figura 01) no componente controle do stress, somente às vezes reserva tempo todos os dias para relaxar, já a pessoa B (Figura 02) quase sempre o faz. A pessoa A, quase sempre mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado, enquanto que a pessoa B, absolutamente não mantém uma discussão sem alterar-se, porém a pessoa B sempre consegue equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o dedicado ao lazer e a pessoa A quase sempre consegue.
“Quando fora de controle, as situações de stress podem interferir em nossas atividades diárias, resultando em perda de produtividade e afetando nossos relacionamentos” (NAHAS, 2003, p. 201). Uma das soluções que Nahas (2003, p. 205) nos dá para isto, é organizar e equilibrar o tempo. Por que “a falta de organização e planejamento [...], o mal uso do tempo e a percepção de que nunca se conseguirá cumprir com as tarefas”, pode ser considerada uma das principais causas do distress (NAHAS, 2003, p. 205), por isso, folgas semanais e férias descontraídas é interessante e fundamental.
O que Nahas (2003, p. 210) considera também muito importante é relaxar, fazendo o que gostamos, o nosso “hobby”, escutar musica, ler, cuidar do jardim, conversar tranquilamente com familiares e amigos.
Saba (2003, p. 176-177) diz que o stress pode causar “herpes, gripe, irritabilidade, insônia, afta, ansiedade, perda da memória” no inicio e mais tarde pode causar a artrite, hipertensão arterial, câncer, infarto do miocárdio entre outros, por isso, recomenda-se algumas atitudes como: procurar apoio, saber lidar com as situações sem estressar-se, manter-se com boa saúde entre outras.
Com isso pode-se observar que o estilo de vida de ambas não é o ideal. Não sabemos se o que lhes predispôs à SM foi genética, porém, o que sabe-se é que não possuem um estilo de vida adequado, mesmo após estarem com o tratamento medicamentoso para hipertensão, pois “mesmo que você tome medicamentos para administrar a SM, eles não substituem uma dieta saudável e exercícios. Ao contrário, a medicação é um complemento para essas mudanças no estilo de vida” (SINDROME, 2008).
Conclusão
No presente estudo foi identificado o perfil do estilo de vida de 02 pessoas com SM (hipertensos do PSF 1) residentes no município de Iporã do Oeste, SC, podendo constatar que nos componentes relacionamentos e comportamento preventivo é muito bom, porém, nos componentes nutrição, atividades físicas e controle do stress foram inadequados.
Recomendações de atividade / exercícios física devem ser iniciadas e seguidas, além de um acompanhamento com outros profissionais como psicólogo, nutricionista e médico é de grande importância para uma melhor evoluções/modificações nos aspectos relacionados à saúde e qualidade de vida das pessoas estudadas.
Sugere-se ainda que novos estudos sejam realizados, envolvendo mais pessoas dos 3 PSFs (Postos de Saúde Familiar) existentes no município, objetivando assim, auxiliar na melhora da qualidade de vida de pessoas com SM, diminuindo a predisposição para problemas cardiovasculares.
Um melhor conhecimento do estilo de vida das pessoas com SM pode ser um fator importante no auxilio do tratamento, fundamentalmente através de terapias coadjuvantes não farmacológicas como a prática regular de exercícios físicos e uma reeducação alimentar.
Referências
BARBOSA, Paulo José Bastos; et al. Critério de Obesidade Central em População Brasileira: Impacto sobre a Síndrome Metabólica. Arquivo Brasileiro de Cardiologia 2006, 87: 407-414.
BRUNS, César B. Formação de condutores. 15. ed. Curitiba: Tecnodata, 2005.
CIOLAC, Emmanuel Gomes; GUIMARÃES, Guilherme Veiga. Exercício físico e Síndrome Metabólica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte – Vol. 10, nº 4 – Jul/Ago, 2004.
CURY, Augusto Jorge. Dez leis para ser feliz: ferramentas para se apaixonar pela vida. Rio de Janeiro : Sextante, 2003.
Exercícios regulares. Disponível em: www.copacabanarunners.net.habitos-saudaveis.html. Acesso em: 09 abr. 2006.
GUISELINI, Mauro. Qualidade de vida um programa prático para um corpo saudável. São Paulo: Gente, 1996.
GUTTIERES, Ana Paula Muniz; MARINS, João Carlos Bouzas. O efeitos do treinamento de força sobre os fatores de risco da síndrome metabólica. Revista Brasileira Epidemiol 2008; 11(1): 147-58.
I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMETO DA SM. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 84, Sup. I, Abril, 2005.
NAHAS, Markus Vinicius. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. – 3.ed. ver. e atual. – Londrina: Midiograf, 2003.
NAKAZONE, Marcelo Arruda; et al. Prevalência da Síndrome Metabólica em Indivíduos Brasileiros pelos Critérios de NCEP-ATPIII e IDF. Revista Associação Medicina Brasileira 2007; 53(3): 407-13.
OLIVEIRA, Hildeamo B. Perfil do estilo de vida dos professores da área de saúde da Universidade Católica de Brasília. 2001. Dissertação (Mestrado), Universidade Católica de Brasília. Brasília. DF, 2001.
PETROSKI, Elio Carlos: Qualidade de vida no trabalho e suas relações com estresse, níveis de atividade física e risco coronariano de professores universitários. 2005. Tese (Doutorado em Engenharia de produção – Ergonomia) – Faculdade de Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.
SABA, Fabio. Mexa-se, atividade física, saúde e bem-estar. São Paulo: Takano editora, 2003.
SALAROL, Luciane B; et al. Prevalência de Síndrome Metabólica em Estudo de Base Populacional, Vitória, ES – Brasil. Arquivo Brasileiro de Endocrinologia Metabólica. 2007; 51/7.
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VELÁSQUEZ-MELÉNDEZ, Gustavo et al. Prevalence of metabolic syndrome in a rural area of Brazil. São Paulo Medical Journal. 2007; 125(3): 155-62.
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