Prevalência de distúrbios
alimentares em acadêmicos do Predominio de trastornos alimenticios en Estudiantes varones en un Centro Superior de Enseñanza, Maringá, 2009 |
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*Graduado em Enfermagem pelo Centro Universitário de Maringá (CESUMAR, PR) **Mestre em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, PR) (Brasil) |
Francisco Albuquerque Klank* José Ronaldo Alves dos Santos* Sandra Cristina Catalan Mainardes** Janete Lane Amadei** |
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Resumo Sendo os distúrbios de o comportamento alimentar um dos atuais problemas da sociedade, este estudo foi elaborado com o objetivo de verificar existência de distúrbios alimentares em acadêmicos universitários do sexo masculino. Foram entrevistados 110 acadêmicos universitários do sexo masculino dos cursos de moda, educação física e medicina veterinária. Aplicou-se um questionário intitulado “Eating Attitude Test” (EAT) de Garner & Garfinkel (1979) traduzido por NUNES (2004). Verificou-se que, a faixa de idade é de 18 a 26 anos. A relação obtida entre os acadêmicos com distúrbios e sem distúrbios é de 1 para 15. Destes, 18 (16,36) têm distúrbios moderados; 5 (4,55%) têm distúrbios significativos e 2 (1,82%) distúrbios extremos. Os acadêmicos com distúrbios extremos estão cursando educação física moda. Conclui-se que os acadêmicos do sexo masculino avaliados apresentam perfil de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares e que esta população deve receber orientação para preservar e restaurar a saúde nutricional, orgânica e psicológica. Unitermos: Anorexia. Homens. Transtornos da alimentação.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A busca pelo corpo perfeito que era uma preocupação típica feminina passou a fazer parte do universo masculino. Com isso os homens foram incluídos nessa busca frenética e passaram a desenvolver distúrbios de auto-imagem e transtornos alimentares (PIMENTEL, 2008).
A valorização contemporânea da imagem do corpo formatada por padrões de belezas, que idealizam estereótipos de corpos excessivamente magros ou musculosos é responsável pelo aumento da incidência de distúrbios relacionados à alta imagem (PELEGRINI, 2007).
O modo de beleza imposta pela sociedade atual corresponde a um corpo magro sem, contudo, considerar aspectos relacionados com a saúde e as diferentes constituições físicos da população (OLIVEIRA; MAGALHÃES; SANTOS; SILVA, 2003)
O avanço da globalização e a expansão da tecnologia levaram o homem diante das pressões socioculturais a um comportamento de insatisfação com sua imagem corporal. A mídia e o imaginário coletivo parecem estabelecer como se todos os regimes, dietas, exercícios físicos pudessem ser utilizados no sentido do individuo cuidar-se melhor, tornando-se mais saudável (ROMARO, 2002).
Preocupações mórbidas com a imagem corporal têm sido encontradas no sexo masculino. Alterações de imagem corporal nesta população são quadros relativamente comuns e diferem do padrão de distorção tipicamente feminino. As mulheres apresentam níveis bem maiores de insatisfação que os homens e descrevem sempre corpos mais magros como objetivo. No caso dos homens, há aqueles que seguem o padrão feminino, mas a maioria considera um corpo mais musculoso como representação da imagem corporal masculina ideal (ASSUNÇÃO, 2002)
Os distúrbios relacionados à imagem corporal são transtornos alimentares ligados a modernidade (CORDAS, 2002). A valorização excessiva da forma e do peso do corpo tem levado muitas pessoas a verdadeiros sacrifícios que podem comprometer a saúde, como dietas radicais e exercícios físicos em excesso com o intuito de conseguirem chegar ao corpo ideal (ITOKAZU, 2002).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 2004, os transtornos alimentares atingiram cerca de 38,8 milhões de pessoas na ultima década (SECCHI; CAMARGO; BERTOLDO, 2009).
De acordo com o Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares (www.ambulim.org.br) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo, em 2008 foram internados 20 homens anoréxicos e revela que eles ocupam cerca de 60% dos leitos disponíveis das enfermarias.
Desde a década de 70, começou-se a perceber um número cada vez maior de homens anoréxicos concomitante à maior valorização da estética masculina e maior preocupação dos homens com o corpo (PIMENTEL, 2008).
Essa busca do corpo perfeito vem acarretando distúrbios psicofísicos e um desses indicadores é a anorexia - transtorno alimentar representado pela distorção na maneira como o indivíduo avalia a forma, o peso e o tamanho de seu corpo envolvendo o medo mórbido de engordar e recusa se alimentar (PELEGRINI, 2006). Com o fim de prevenir o aumento do peso, tem auto-indução do vômito, usa laxantes, diuréticos, faz jejuns ou exercícios físicos excessivos podendo levar à morte (SAIKALI; SOUBHIA; SCALFARO; CORDÁS, 2004; MELLIN, 2002).
Os transtornos alimentares são síndromes que atingem principalmente jovens devido a padrões culturais e sociais que supervalorizam o corpo esbelto e magro. Possuem curso crônico, variável, com alto grau de morbidade e mortalidade (PONTIERI, LOPES, EÇA, 2007).
Estudos sugerem a existência de possível associação entre exposição à mídia e o desenvolvimento de atitudes/comportamentos alimentares e de controle de peso inadequados, assim como a insatisfação corporal e o desejo de mudança física, aspectos considerados potenciais para o desenvolvimento de transtorno alimentar (MOYA, CLAUDINO, VAN FURTH, 2007)
A anorexia nervosa é caracterizada por perda de peso intensa e intencional, em virtude de dietas rígidas, busca desenfreada pela magreza e grave distorção da imagem corporal (DAVIS, 2006 citado por TEIXEIRA; COSTA; MATSUDO; CORDAS, 2009)
A anorexia foi primeiramente definida por Nandeau em 1789 como uma doença nervosa acompanhada de uma repulsa extraordinária pelos alimentos. Já entre 1868 a 1873 surge o termo anorexia nervosa na obras do inglês William Gull, definida como privação em caráter do apetite (BIDAUD, 1998 citado por SILVA 2008)
Para American Psychological Association (1994) a anorexia nervosa é um tipo de transtorno alimentar do individuo, sendo sua principal característica “severas perturbações no comportamento alimentar”, sendo sua principal característica o medo mórbido de engordar (GIORDANI, 2006).
Ao definir anorexia, Ferrari (2004) cita que Raimbault e Eliacheff, em 1991, referiam que não se tratava de uma falta de apetite e, sim, de uma recusa do alimento e que é um sintoma que pode acontecer em homens, pois seu fundamento se encontra na relação do sujeito com o outro.
Os homens desenvolvem transtornos alimentares entre 18 e 26 anos. Esta ocorrência pode estar associada ao fato da puberdade começar e terminar de um ano e meio a dois anos mais tarde nos meninos. O desenvolvimento tardio de anorexia nervosa em homens pode estar relacionado ao medo de envelhecer (MELLIN, 2002).
Insatisfação com a imagem corporal em meninos é comum e freqüentemente associada com a angústia (COHANE, POPE JUNIOR, 2001).
Os distúrbios alimentares e os comportamentos alimentares não saudáveis representam uma das principais preocupações da saúde, pois em níveis epidêmicos são responsáveis por um elevado número de mortes (NUNES FILHO; BUENO; NARDI, 2001).
Atualmente estima-se que de 5 a 15% dos casos de anorexia se apresenta em homens jovens. Vários fatores contribuem para dificultar o calculo de estatísticas do estudo de diagnósticos de anorexia na população masculina. O fato de ser um transtorno predominantemente feminino leva os pacientes homens a terem certa dificuldade em procurar ajuda. Em conseqüência, ocorre uma falta de despreparo nos profissionais em diagnosticar a anorexia em homens (APA, 2000).
Alguns grupos masculinos apresentam maiores chances de desenvolver transtornos alimentares. Destacam-se profissões que estão ligadas à preocupação exagerada com a forma corporal (bailarinos, modelos, ginastas, nadadores, fisiculturistas, corredores e lutadores de luta livre) sendo freqüente em indivíduos que precisam desenvolver grande massa muscular, mas que dependem de um peso mais baixo para um melhor desempenho (MELLIN, 2002).
Diante do exposto, observa-se que a Anorexia Nervosa em homens não é priorizada por ser esta doença “estabelecida” como de caráter feminino e por apresentar baixa incidência para o sexo masculino fazendo com que não seja valorizada a identificação deste transtorno psicológico e alimentar no universo masculino.
A falta de familiaridade e conhecimento dos profissionais de saúde em relação ao assunto dificulta o diagnóstico, atrasa o tratamento e aumenta de forma eminente o risco de complicações decorrentes de transtornos alimentares em pacientes do sexo masculino.
Os referencias teóricas apontam para o aumento da incidência de casos de anorexia em homens aliados ao culto da imagem corporal e aos transtornos alimentares que acarretam ao individuo uma distorção do índice de massa corporal comprometendo a saúde e aumentando os riscos de morte. Os cursos de Moda e Educação Física são referenciais para orientação sobre os aspectos aparência e longevidade; em contrapartida, a Medicina Veterinária não se preocupa com aspectos estéticos pessoais.
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de verificar existência de distúrbios alimentares em acadêmicos universitários do sexo masculino.
Método
A pesquisa foi realizada com acadêmicos do sexo masculino, maiores de 18 anos, devidamente matriculados nos cursos de moda, educação física e medicina veterinária de Centro Universitário de Ensino Superior de Maringá – Paraná na primeira semana de dezembro de 2009, local onde foram coletados os dados. O número diferente de amostras é devido à peculiaridade de cada curso no que concerne à participação de acadêmicos do sexo masculino.
Como critérios de exclusão do estudo foram considerados acadêmicos menores de 18 anos e questionários não respondidos de forma integral.
O projeto foi submetido ao Comitê de Ética do Centro Superior de Ensino de Maringá (CEP-CESUMAR) com parecer favorável sob numero 486/2009.
O recurso empregado para coleta de dados foi o Eating Attitudes Test (EAT-26) elaborado por Garner e Garfinkel (1979) com versão para a língua portuguesa traduzido por Nunes (1994) com o nome Teste de Atitudes Alimentares. Este instrumento avalia os riscos de se desenvolver comportamento e atitudes típicos de pacientes com anorexia nervosa. Cada questão apresenta 6 opções de resposta, conferindo-se pontos de 0 a 3, dependendo da escolha (sempre = 3 pontos, muitas vezes = 2 pontos, às vezes = 1 ponto, poucas vezes, quase nunca, e nunca = 0 ponto). A única questão que apresenta pontos em ordem invertida é a 25, sendo que as respostas mais sintomáticas, como sempre, muitas vezes e às vezes, não recebem pontuação e para as alternativas poucas vezes, quase nunca e nunca, são conferidos 1, 2 e 3 pontos.
A coleta de dados foi procedida sob autorização da instituição e do entrevistado que, após explicação do que se tratava a pesquisa, ressaltando o sigilo da identificação dos mesmos e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi disponibilizado o instrumento para preenchimento.
A análise dos dados foi procedida através da quantificação de acordo com o método cujos resultados foram organizados em medidas de distribuição e freqüência que apresentamos e discutimos a seguir.
Resultados
Foram entrevistados 110 acadêmicos do sexo masculino dos cursos de moda, educação física e veterinária.
A tabela 01 caracteriza a população entrevistada onde se observa que a idade média dos entrevistados é de 21,99 anos. O curso com maior número de acadêmicos do sexo masculino é educação física (71,81%) e o menor é moda (20,66%). A maioria dos acadêmicos freqüentam o período noturno (49,09%) e a maioria são ingressantes/acadêmicos de 1º ano (37,27%).
Tabela 01. Caracterização por curso da população entrevistada
A tabela 02 apresenta a pontuação obtida por curso considerando o numero de pontos obtidos na aplicação do Teste de Atitudes Alimentares (EAT- 26).
Segundo Biguetti e Ribeiro (2003), a pontuação no EAT pode ser a seguinte: entre 0 – 10 pontos = comportamento alimentar normal; entre 11 – 20 pontos = distúrbios moderados, de 21 a 30 pontos = distúrbios significativos e uma pontuação total superior a 31 pontos = distúrbios extremos (muito provável de DCA).
Obteve-se que 85 (77,27%) dos acadêmicos referem comportamento alimentar normal. Dentre os acadêmicos classificados com presença de distúrbios obteve-se que: 18 (16,36) têm distúrbios moderados; 5 (4,55%) têm distúrbios significativos e 2 (1,82%) distúrbios extremos.
A relação obtida entre os acadêmicos com distúrbios e sem distúrbios é de 1 para 15. O resultado obtido está de acordo com a literatura: Buckroyd (2000) refere que as estimativas de incidência em homens jovens variam entre um em dez e um em vinte dos casos relados.
Na consideração de acadêmicos por curso e classificados com distúrbios, obteve-se que três acadêmicos freqüentam o curso de moda; um acadêmico é de educação física e três de medicina veterinária.
Tabela 2. Caracterização dos acadêmicos do sexo masculino com numero de pontos maior de 21 de acordo com o EAT-26
Na análise do perfil dos sete acadêmicos com resultado maior de 21 pontos (tabela 3), observamos que a faixa de idade é de 18 a 26 anos. O turno está vinculado à oferta do curso pela instituição. A maioria é ingressante - matriculados no primeiro ano (4 acadêmicos).
Os acadêmicos com distúrbios extremos estão cursando os cursos de moda com 33 pontos e educação física com 47 pontos. Os acadêmicos dos cursos analisados apresentam perfeccionismo em relação aos seus corpos, porque estes são de certa forma, um pré-requisito para sucesso no mercado de trabalho, onde o corpo é o “cartão de visita”, apresentando-se como um dos fatores que levam os acadêmicos a terem medo de engordar (PONTIERI, LOPES, EÇA, 2007)
Buckroyd (2000) explica o índice alto do acadêmico de educação física: “como acredita que está gorda e quer ficar magra, a pessoa dá inicio a um regime de exercícios para “manter a forma” mas na verdade quer “queimar gordura”.
Moya, Claudino,Van Furth (2007) citando Levine (2007) referem que os transtornos alimentares têm sido compreendidos dentro de um modelo de etiologia multifatorial; assim, a magreza, enquanto “padrão de beleza”, pode representar apenas “um fator” dentre a complexa rede de fatores de risco para a gênese e manutenção dos transtornos alimentares.
Tabela 3. Perfil dos acadêmicos com resultado maior de 21 pontos
Conclusões
A análise dos dados já discutidos permite afirmar que os acadêmicos do sexo masculino avaliados apresentam perfil de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares em consonância com dados da literatura.
A existência desses distúrbios pode decorrer do fato de que os acadêmicos não têm conhecimentos específicos de nutrição. Esse desconhecimento, aliado ao desejo de magreza ou do corpo perfeito e da influência da mídia leva os acadêmicos a práticas alimentares incorretas, que geram os já citados distúrbios e conseqüências adicionais.
Constata-se com isso, a necessidade de intervenções multidisciplinares no sentido de esclarecer aos acadêmicos da presença desse risco enfatizando que é necessário preservar e restaurar a saúde nutricional, orgânica e psicológica destes indivíduos.
Referencias
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