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Dança de salão e suas origens. Da Colônia à República

El baile de salón y sus orígenes. De la Colonia a la República

 

*Autor

**Orientador

Centro Universitário Leonardo da Vinci, UNIASSELVI

(Brasil)

Jailson Cordeiro*

Prof. Ivan Araújo**

jailson.ja@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Breve discussão e relação histórica sobre a dança de salão no Brasil, explanando desde seu surgimento no século XVI até o início da República do Brasil.

          Unitermos: Dança de salão. Brasil. Europa. Ritmos. Danças.

 

Licenciatura em História – Trabalho de Graduação

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.     Introdução

    Neste trabalho será relatado as história de dança de salão no mundo e principalmente sua evolução no Brasil até o período da República no Brasil.

    Serão explanados as origens da própria dança de salão na Europa e no Brasil, sua influência e motivos que levaram ao seu surgimento e expansão no mundo.

    Vários documentos científicos e os principais livros sobre o assunto foram estudados e usados à execução deste trabalho. Devido à falta de materiais sobre o assunto, foi constatado a necessidade para os praticantes da dança de salão, assim como seus simpatizantes de um material que fosse dedicado de maneira cronológica sobre os principais pontos e influências da dança de salão no Brasil e no mundo

    O trabalho será dedicado do Período Colonial ao Período Republicano, por conta deste ser para o autor o período de maior transformação social no Brasil, principalmente a vinda da corte para o Brasil em 1808. Transformando profundamente a cultura brasileira, que teve como importante peça nesta evolução, os bailes e a dança.

    O trabalho também tem como meta, levar o conhecimento da dança de salão para as pessoas que não o têm. Sendo assim mais uma fonte de conhecimento na área.

2.     O que é Dança de Salão?

    Definindo alguns conceitos de danças, segundo Perna (2005), podemos enquadrar a Dança de Salão na categoria de dança popular. Qual a diferença entre dança popular e dança folclórica?

    A dança popular é uma manifestação de momento, enquanto a folclórica é uma tradição que se mantém através dos tempos e é originado por festas ligadas à natureza, fatos históricos, acontecimentos religiosos ou tradição cultural transmitida de geração para geração (PERNA. 2005, p.10)

    Podemos citar como exemplo de dança popular que virou dança folclórica a quadrilha, que hoje é realizada como apresentação em espetáculos e em festas populares.

    Garcia e Haas (apud, 2003), definem como Dança de Salão:

    Nome designado a um conjunto de danças, realizadas necessariamente em pares, dançadas com músicas e ritmos diferentes uma da outra, originários de uma época e região específica e que, ao longo dos tempos, sofreram modificações culturais ao se espalhar pelo mundo; também chamada dança social, é praticada normalmente em bailes, por lazer, mas que também é considerada um esporte nos países europeus (, GARCIA e HAAS, 2003, apud REGERT, 2007 p. 19)

    A dança social também é chamada assim por ser praticada com motivos de socialização e de interação entre quem a pratica. Propiciando relações de amizade, romance, diversão, entre outras. Designando a dança de salão como uma dança social, a denominamos dança de salão por sua necessidade e origem e grandes salões para que assim pudessem ser feitas as festas e confraternizações (PERNA, 2005).

    Dança de salão de um modo de vista contemporâneo, nada mais é que do que alguns ritmos musicais dançados em casal, geralmente em ambientes de cunho social, em salões e festas.

    Pontes (2011) destaca em seu trabalho que:

    Diferentemente do que ocorre com outras modalidades de dança como o ballet, que surgiu com a função de ser espetáculo, a dança de salão é uma dança social onde os praticantes procuram se sociabilizar e se divertir, antes da técnica e da apresentação cênica (PONTES. 2011, p. 24)

3.     Dança de Salão do Renascimento ao século XVII

    Quanto à origem da dança de salão podemos dizer que a dança de salão surgiu na Europa, na época do Renascimento. Desde o século XV, tornou-se muito apreciada, quer entre a plebe, quer entre os nobres. (Perna, 2001, p. 11)

    Segundo Garcia e Haas apud Regert (2003), com o movimento renascentista, a dança começa a adquirir certas regras, conforme o gosto da nobreza.

    Devemos relevar neste período que as transformações sociais advindas do renascimento contribuem para uma nova atitude da sociedade.

    No período renascentista, aconteceram mudanças importantes e significativas com a libertação nos campos das artes, cultura e política. Todas essas transformações influenciaram no pensamento e no comportamento, na nova forma de viver, havendo uma retomada da valorização do corpo e da maneira das pessoas dançarem, ou seja, de certo modo, a cultura do Renascimento realizava uma aproximação entre a elite e o povo JOSÉ. 2005, p. 39)

    Como característica neste período, por conta das transformações sociais houveram mudanças na dança também. Com a mudança dos hábitos o minueto já obtém um contato pelas pontas dos dedos. Já na contradança, o homem dá os braços à mulher e na Volta (uma espécie de valsa de origem italiana e provençal), há uma imoralidade à época, porque os cavalheiros seguravam as damas proximamente de seus corpos, giravam sobre si mesmos fazendo-as saltarem numa espécie de carrega e devido a esses movimentos as longas saias levantavam e assim aparecia, parte dos tornozelos (JOSÉ, 2005, p. 40).

    Neste período as danças eram principalmente caracterizadas como danças de corte. As danças da corte foram aprendidas por todos os que freqüentavam a corte e obtinham um caráter extremamente rígido e hierárquico. Cada uma tinha suas próprias características. Geralmente compunham-se de progressão da dama em sentido contrário ao do cavalheiro e as figuras eram apresentadas em círculo, muito comum entre as diversas danças coletivas (José, 2005, p.37).

    A dança obtinha também um caráter muito importante politicamente, pois os bailes da corte;

    Não tinham para os agentes o sentimento de mera diversão, era uma oportunidade para a definição de posições e de papéis sociais, implicando numa determinada inserção hierárquica do poder e possuía aspectos espetaculares muito marcantes (MONTEIRO, 1998, apud José, 2005, p.38)

    A princípio as danças não eram dançadas a dois e a dama e cavalheiro quase não se tocavam e as danças não eram realizadas em casais, mas em grupos, trocando de posições entre a música. De acordo com Regert (2003)

    As primeiras danças sociais, que eram danças em casais, as basse dances (1350–1550) e o pavane (1450-1650) surgiram no século XIV e eram dançadas exclusivamente por nobres e aristocratas (AGUIAR apud MACHADO, 2004). Segundo Ried (2003), essas danças típicas faziam parte da sua educação e os diferenciava das classes mais baixas, que dançavam danças folclóricas (REGERT. 2003, p. 22)

    Nesta época surgiram professores de dança nas cortes, porém esse professores adquiriam muito conhecimento nas danças populares, o que com o tempo acaba moldando de certa forma a maneira aristocrata de dançar. O contrário também era válido, pois os professores levavam conhecimentos da aristocracia à plebe, quando estas já estavam ultrapassadas e influenciava de certo modo sua maneira de dançar (JOSÉ, 2005)

    A pavana, a gavota e o minueto também tiveram grande popularidade no século XVI e XVII. O minueto principalmente foi uma dança muito popular e praticada em vários países, levando em consideração que nesta época a França já obtinha a hegemonia cultural no mundo. O minueto foi praticado durante mais de 100 anos.

    A pavana, a gavota e o minueto são exemplos dessas primeiras Danças Sociais, sendo este último o de maior sucesso, tanto na França, seu país de origem, quanto em outros países da Europa e América (TONELI. 2007, p. 22)

    Da Inglaterra podemos citar as country dance, dança realizada em conjunto, como uma quadrilha, com pares absolutamente dependentes entre eles. Segundo Perna (2005) o minueto e o country dance:

    O minueto era uma dança francesa de ritmo ternário, de pares ainda não enlaçados, caracterizada pela graciosidade e equilíbrio dos movimentos, enquanto que as contradanças inglesas eram bailados de conjunto, sem a graciosidade do minueto, mas repleto de figuras pitorescas (PERNA, 2005, p. 12)

    Em seu trabalho Toneli (2007) afirma que as danças da corte eram inspiradas no cotidiano da plebe:

    No século XV, as danças realizadas pelas classes baixas em suas festas e comemorações chegaram aos salões da nobreza por meio dos dançarinos e/ou mestres-de-baile. Estes eram contratados pelos nobres para que lhes ensinassem as Danças Sociais que, ao chegarem aos salões da corte, ganharam refinamento e status, tanto que além de serem executadas nos grandes bailes, passaram a fazer parte da educação da nobreza (TONELI. 2007, p. 21)

3.1.     Do Renascimento ao século XVII no Brasil

    Não existe muito material bibliográfico que constitua uma válida observação sobre a dança social neste período no Brasil. Alguns autores destacam que neste período já eram dançadas no Brasil as danças praticadas com mais freqüência em Paris. Podemos citar apenas alguns trechos encontrados que referenciam este período da dança de salão no Brasil. Como Pontes (2011, p. 41), que cita: “Estes gêneros de dança que aos poucos foram sendo introduzidas em Paris, e após a Revolução Francesa (1789p-1799) chegaram ao Brasil.”

    Já segundo Perna (2005) “a dança de salão chegou ao Brasil através dos portugueses no século XVI e mais tarde pelos imigrantes de outras nacionalidades.” E ainda, Soares (2010) descreveu que as primeiras danças européias executadas em solos brasileiros foram, a Gavota e o Minueto. Nos séculos XVII e XVIII, o Brasil seguia as tendências culturais de Paris.

    Nos tempos do Brasil Colônia, são escassas as referências encontradas com relação à dança de salão, ficando restritas às danças de cunho religioso, as que seguiam as procissões e as executadas no interior das igrejas. A propósito, estas danças eram na sua grande maioria de origem e tradição portuguesa, continuaram a ser praticada até o séc. XVIII. (GIFFONI, 1972 apud JOSÉ, 2005, p. 61). Porém documentos e relatos destas danças são escassos e não há um valor comprovado para ser citado.

4.     Dança de Salão: do século XVIII ao Império

4.1.     Do final do século XVII e a chegada da corte

    A dança de salão obteve notório avanço em termos de reconhecimento á partir do final do século XVIII. É a partir deste período que as danças de salão são dançadas em pares e abraçados. A dança enlaçada de fato, só passou a acontecer com o surgimento da valsa para o mundo, já no século XVIII. Na valsa o casal começa a dançar abraçado ou enlaçado e em casal (PERNA. 2005).

    No Brasil alguns autores dizem que história da dança de salão no Brasil começa neste período, principalmente com a chegada da família real no Rio de Janeiro (1809). Trazendo assim o divertimento da corte na época que eram os bailes. A partir desta época qualquer festividade era motivo para bailes (PERNA, 2005).

    Nesta época, deu-se início um processo de contratar professores de dança europeus, especialmente os franceses, para manter os membros da nobreza brasileira em dia com as danças que estavam na moda, nas mais importantes capitais da Europa. Dentre estes mestres destacamos o prof. Lourenço Lacombe, que segundo Perna (2011), foi o primeiro professor de dança de salão no Brasil. Isto em 1811. Os mestres Milliet e Chevalier, chegados em 1939, também obtiveram grande êxito no Brasil. Em 1840 também chegaram os mestres Philippe Caton e sua esposa, Carolina á Corte (PERNA, 2005).

    Em 1817, por exemplo, as famílias das camadas mais favorecidas da população carioca, alugavam um tocador de rabeca e se divertiam com danças como o cotilhão (espécie de contradança), minueto (afandangado e o da corte), a gavota, o lundu e as valsas figuradas (JOSÉ, 2005)

    Sobre os costumes da época José descreve:

    As diversões populares ficavam restritas aos tradicionais bailes do inicio do séc. XIX, nos centros de folguedos, nos centros associativos e nos cerimoniais, tinham regras de comportamento previamente estabelecidas, determinadas pelos mestres de salas que eram as pessoas responsáveis pelo respeito, moralidade e o rigor (JOSÉ. 2005, p. 63)

    Em seqüência José (2005) também descreve que com o decorrer do tempo, essas sociedades passaram a executar as mesmas danças dos salões refinados, desaparecendo a diferença notada entre as variedades conhecidas em um outro ambiente, “apenas no interior, em certos locais, danças especiais eram praticadas, seguindo as tradições”. (GIFFONI, 1972 p. 129 apud JOSÉ, 2005).

4.2.     Primeiro Império

    No período do Primeiro Império, entre 1822 e 1831, o domínio da valsa ainda era marcante. Executavam-se as valsas francesas com deslocamentos predominantes para a direita, a valsa prussiana com movimentos rápidos e saltitamentos e a valsa rodada extremamente ágil e as quadrilhas sendo estas as danças da moda dos salões brasileiros. (GIFFONI, 1972 apud JOSÉ, 2005). Porém segundo Perna (2005), chega ao Brasil apenas em 1837.

4.3.     Período Regencial

    No Período Regencial, entre 1831 e 1840 foi o período que a dança de salão começou a fazer parte importante da história da cultura popular da cidade do Rio de Janeiro, revelando-se assim como uma importante manifestação sócio-cultural na época. (JOSÉ, 2005)

4.4.     Segundo Reinado

    No Segundo Império, no período entre 1840 e 1889. Os bailes estavam em papel de destaque e a dança de salão era considerada a diversão predileta da sociedade carioca JOSÉ (2005).

    Nesta época, a valsa ainda continuava a ser a dança predileta dos elegantes salões, assim como outras danças da moda, os chótis, as polcas e as quadrilhas que eram dançados tanto nos palácios quantos nas reuniões sociais. (RENAULT, 1978 p. 75 apud JOSÉ, 2005). A polca também obteve forte influência na cena brasileira por ser muita alegre. Segundo Pontes (2005), a polca chegou ao Brasil em 1844.

    Entre 1850 e 1870 há uma evolução na sociedade brasileira, com as chegadas da máquina a vapor, das ferrovias e com a influência da moda européia. Com o surgimento do bonde facilitando o acesso dos indivíduos às festas, às diversões nos clubes e associações recreativas e ao retorno às suas casas, a população carioca teve a oportunidade de renovação e expansão da diversão e da vida em sociedade. Fatores como estes também contribuíram para que a elite brasileira formada por republicanos e abolicionistas, profissionais liberais e empresários, saísse de casa para as ruas como se refere o antropólogo Roberto da Matta (JOSÉ. 2005, p. 65)

    Com a Guerra do Paraguai (1864), vários festejos e comemorações foram realizados neste período. Toneli (2007) descreve um trecho interessante sobre este período:

    Nesse período a então capital federal passou por significativas mudanças. Houve um considerável aumento populacional, já que muitas pessoas estavam voltando da Guerra do Paraguai, que chegara ao fim neste mesmo ano. O pós-guerra gerou alguns meses de comemorações e muitos bailes e festas foram realizadas. No entanto a elite passou por momentos difíceis – tais festas eram populares, das classes mais baixas – e alguns teatros e salões cariocas foram fechados. Com o aumento da população, principalmente a de origem humilde, que segundo Perna “(...) é o embrião de todo movimento musical e de dança no Rio de Janeiro” (2001, p. 26), as atividades sociais se intensificaram (TONELI. 2007, p. 31)

    A corte promovia vários bailes à burguesia. Por volta de 1878, a população carioca já havia assimilado alguns costumes modernos, tais como o banho de mar, a ginástica, a natação, a esgrima e a patinação. As danças de caráter social, encontradas no Brasil no final do século XIX foram a polca, a valsa, a quadrilha francesa e a americana, o lanceiro (variação da quadrilha) e os galopes (RENAULT 1982 apud JOSÉ, 2005, p. 66) . No final do século XIX também teve origem a primeira dança de salão genuinamente brasileira: o maxixe (PERNA, 2005)

    A dança de salão era tão exaltada no Império que nos 6 dias antes da proclamação da República foi promovido um grande baile, na Ilha Fiscal, numa demonstração de solidez do regime político brasileiro. O baile foi promovido por D. Pedro II e foi o último do império (PONTES, 2007, p. 25).

4.5.     Período Republicano

    No início do período Republicano, as mesmas danças continuaram a ser praticadas, a valsa, a polca, a mazurca, a quadrilha e o chótis eram dançados em todo o país. Mário de Andrade apud José (1989, p. 414) nos relata que ainda nos primeiros governos republicanos “a quadrilha era a dança de honra com que se iniciavam os bailes oficiais, posteriormente caiu no domínio popular”. A marcação dos passos era feita toda em francês, sofreu mudanças ao ser levada aos salões da burguesia. De fato, no final do século XIX e início do século XX, na cena social carioca, a dança era um costume e diversão predileta da população, presença marcante nas festas de formatura, batizados, aniversários e em reuniões dançantes familiares, das diversas classes sociais (JOSÉ, 2005). Costume que até hoje é realizado, principalmente com a valsa.

    Após a Proclamação da República em 1889, os bailes da sociedade carioca tiveram um declínio e a Dança Social nessa primeira década republicana só continuou em evidência graças às camadas populares. Esse fato se prolongou até 1898, quando a elite voltou à evidência, “(...) assinalando o início da belle époque carioca (...)” (PERNA, 2001, p. 35).

5.     Danças da época

5.1.     Valsa

    A valsa é proveniente de povos alemães e austríacos. Segundo Sachs apud Perna (1937), a origem da valsa foi de longo tempo, com alguns relatos de danças em pares no século XVI em Augsburg. Segundo Pontes (2011), a origem da palavra valsa é alemã, waltzen, que significa “dar voltas” o que é bem característico desta dança.

    Interessante notar que a valsa, apesar de ser de origem nobre, representou uma "vulgaridade" na época devido ao choque causado pelo contato físico e entrelaçamento dos dançarinos, sendo inclusive proibida ema algumas localidades. Sobre a origem da valsa, Regert (2011) descreve:

    [...] entre 1770 e 1780, veio a valsa, primeira dança de salão praticada a dois. Derivada de danças populares alemãs, foi difundida por toda a Europa como dança cortesã por excelência (GARCIA e HAAS, 2003). Ried (2003, p.9) afirma que “no final da Idade Média, o entusiasmo pela valsa já era tão grande que, para manter os bons costumes e a decência, no ano 1550 a Câmara Municipal da cidade de Nuremberg (Alemanha) se viu obrigada a proibir a prática da valsa”. Apesar disso, Perna (2005, p.16) defende que a valsa “Nunca foi uma dança popular, sempre foi uma dança aristocrática, sendo dançada ainda hoje em bailes de debutantes e casamentos” (REGERT. 2011, p. 23)

    Sobre a colocação de Perna, supracitada, podemos dizer que tem valor, pois até hoje a valsa é a dança praticada em formaturas, casamentos, e demais eventos sociais. Além disso, Pontes (2011) destaca um relato histórico interessante:

    Em 1815, depois da derrota de Napoleão Bonaparte, foi realizado na Áustria o Congresso de Viena, evento que reuniu a nobreza e políticos de muitos países que tinham por objetivo restabelecer o vínculo entre os países europeus. Era um bom momento para introduzir a valsa na sociedade de elite européia, foi o que fez o músico austríaco Sigismund Neukomm, garantindo a prática dessa dança nos palácios e cortes do mundo (PONTES. 2011, p. 50)

5.2.     Lundu

    Cabe citar também neste período por sua forte influências nas danças brasileiras o lundu. O lundu era a dança praticada pelas classes “baixas”. Várias correntes destacam sua origem. Algumas o estabelecem como originário da Península ibérica, enquanto outros até mesmo como do próprio Brasil, porém ocorrem divergências segundo a maioria dos autores, inclusive Albin (2008).

    O lundu (landum, lundum, londu) é dança e canto de origem africana introduzido no Brasil provavelmente por escravos de Angola. Da mesma forma que a modinha, há inúmeras controvérsias quanto à sua origem. Confundido inicialmente com o batuque africano (do qual proveio), tachado de indecente e lascivo nos documentos oficiais que proibiam sua apresentação nas ruas e teatros, o lundu em fins do século XVIII não era ainda uma dança brasileira, mas uma dança africana do Brasil. Segundo Mozart de Araújo, é a partir de 1780 que o lundu começa a ser mencionado nos documentos históricos. Até então, era dada a denominação de batuque aos folguedos dos negros. Enquanto dança, a coreografia do lundu foi descrita como tendo certa influência espanhola pelo alteamento dos braços e estalar dos dedos, semelhante ao uso de castanholas, com a peculiaridade da umbigada. Traço característico e predominante em sua evolução seria o acompanhamento marcado por palmas, num canto de estrofe-refrão típico da cultura africana. Quando a umbigada passa a se disfarçar como simples mesura, o lundu ensaia sua entrada nos salões da sociedade colonial (ALBÍN, Dicionário da Música Popular Brasileira)

    Sobre a evolução do lundu, segundo Perna (2005):

    O lundum era uma dança campestre e suas “(...) primeiras referências conhecidas remontam a data de 1780 e descrevem a dança como licenciosa e indecente” (PERNA, 2001, p.19). Ela só chegou aos salões aristocráticos no final do século XVIII e início do XIX, quando o lundu, seu gênero musical, foi levado para as partituras e começou a fazer sucesso também entre a alta burguesia, estendendo-se até 1920 (PERNA. 2005, p. 19)

    O lundu foi levado para Portugal e praticado elegantemente pela alta classe da sociedade, mas ainda era praticado indecentemente pela classe comum (Karash, apud Perna, 2005).

    Em 1792 o lundu tem suas primeiras músicas gravadas, onde começa a ser tocado e dançado em salões pela classe burguesa (Perna, 2005). O lundu foi praticado até cerca do 1920, por conta da sua fusão com outras danças importadas (Perna, 2005).

    José (2005), resume muito bem o lundu:

    Consideramos então, que a dança do lundu constituiu-se como uma dança popular, de pequenos passos, que fazia requebrar o corpo, sensual e de par separado, dançada inicialmente em roda, praticada por negros, mulatos, mestiços e crioulos em rodas de batuque e posteriormente foi consumido pelas camadas sociais médias e pela aristocracia. Atualmente é considerada como dança folclórica. Esta dança é antecessora da dança do maxixe e musicalmente contribuiu para a sua criação da sincopa (JOSÉ. 2005, p. 54)

5.3.     Polca

    Segundo Perna (2005), a polca surgiu na Boêmia em 1830, como dança rústica, chegando a Praga em 1837. A polca é binária e de andamento allegro. Segundo Cazes (1998, apud Perna, 2005), a polca, em compasso binário, com indicação de andamento allegretto, melodias saltitantes e comunicativas, em pouco tempo dominou os salões, mesmo tendo enfrentado oposição de moralistas.

    A polca ocasionou esta oposição por conta de o homem segurar na cintura da mulher. Na polca também davam-se pulinhos durante a dança, por isto também era chamada de “valsa pulada”. A polca foi introduzida nos salões europeus da era napoleônica. De 1883 a 1884, nos salões franceses, tornou-se a mais nova febre, instalou-se uma verdadeira epidemia, a polcamania. Acreditamos que este fato aconteceu, pelo seu caráter de dança muito viva, ritmada e alegre, semelhante aos giros rápidos da valsa (JOSÉ, 2005, p. 43).

    A polca era dançada com muito rigor e tinha como grande atrativo maior aproximação física dos dançarinos, possibilitando assim, mais contatos corporais. Considerada a primeira dança onde o cavalheiro passa a ter a mão em volta do pescoço da dama, criando assim uma nova maneira de se dançar. (CELLARIUS, 1993 apud PERNA, 2005).

5.4.     Xótis (Schottisch)

    Teve origem na Alemanha, muito difundida na França e na Inglaterra, por volta de 1948 (PERNA, 2005). Segundo Perna (2005), existe uma corrente que a dança teve sua origem na Escócia, o que comprovaria seu nome.

    Segundo Côrtes e Lessa (1975), apud Hashimoto (2009), “a valsa passou a ser intercalada com passos de polca, surgindo assim uma nova dança chamada de schottisch”.

5.5.     Havanera

    Com a perda de prática de alguns ritmos e estava saindo de moda, surge a havanera, que é originada da habanera cubana, por volta do final do século XIX e início do século XX.

5.6.     Maxixe

    Segundo Toneli (2007) o maxixe foi a primeira dança de salão genuinamente brasileira. Surgindo no Rio de Janeiro por volta de 1870.

    Tinhorão (1998) apud Perna (2005) confirma que o Maxixe surgiu como dança e não como gênero musical e as formas como as bandas tocavam as polcas, influenciadas pelo Lundu marcariam um ritmo próprio para os movimentos dos bailes das classes mais baixas.

    Como dança de salão o samba substituiu o maxixe (que exigia grande habilidade dos dançarinos, não só pelas figuras da própria dança, como por aquelas que tinham liberdade de criar) de execução mais difícil e complexa. Embora não apresentado a variação de passos e figuras deste, possui beleza diferente e dominou não só os salões cariocas como brasileiros, atravessando fronteiras, com grande aceitação, principalmente nas Américas e Europa. (PERNA, 2005, p. 65)

    Perna (2005, p. 139) explica que ,

    “o samba de gafieira (dança) descende diretamente do maxixe (dança) que por sua vez descende da polca (dança).” Foi da necessidade de dançar com pessoas de “bem” que a classe humilde do século XIX começou a dançar e a abrasileirar a polca (dançada pela primeira vez no Brasil em 1845, no Rio). Foi dessa necessidade, do ponto de vista da dança de salão que, juntando a malícia da dança do lundu (ou qualquer das danças descendentes da umbigada africana) com a polca e outras danças de salão européias existentes, que surgiu o maxixe (precursor do samba de gafieira e maior influenciador). (PERNA, 2005, p. 139)

    Esta nova dança não era vista com bons olhos pela elite carioca, pois apresentava passos sensuais e era executada em gafieiras e cabarés, locais que não atendiam à moral a bons costumes da época. O maxixe só começou a ser aceito pela alta sociedade quando “(...) ganhou a cidade através dos clubes carnavalescos (...)” (Sandroni apud Perna, 2001, p. 28).

    Esta nova dança não era vista com bons olhos pela alta sociedade, principalmente pela maneira com que era dançada:

    Os pares enlaçam-se pelas pernas e pelos braços, apoiam-se pela testa num quanto possível gracioso movimento de marrar e, assim unidos, dão a um tempo três passos para diante e três para trás, com lentidão. Súbito, circunvolteiam, guardando sempre o mesmo abraço, e, nesse rápido movimento (...) vão avançando e retrocedendo, como a quererem possuir-se (Chagas apud Perna, 2005, p. 29).

    O maxixe alcançou grande sucesso no início do século XX, quando na década de 1910 chegou à Europa, mais precisamente na Inglaterra e França, e aos Estados Unidos. Na Europa foi chamado de tango brasileiro e seus passos foram adaptados à forma européia de se dançar, diminuindo a sensualidade característica de nossa primeira Dança Social (TONELI, 2007).

    Na década de 1920, com o aparecimento no Brasil do fox-trotre e do charleston, danças sociais norte-americanas, e, posteriormente com o sucesso do samba como gênero musical, o maxixe entrou em declínio, mas não sem antes influenciar na formação do samba de salão (TONELI, 2007). Para Perna, “o maxixe foi a dança de salão que deu origem ao (...) nosso samba de gafieira” (2001, p.31).

4.     Material e métodos

    A pesquisa foi realizada através de pesquisa bibliográfica, através de livros e artigos científicos devidamente publicados em seus anais. A coleta dos dados foi devidamente citada neste trabalho, definindo e divulgando seus autores.

5.     Resultados e discussão

    Foram obtidos satisfatórios resultados neste trabalho, pois foi conseguido explanar devidamente e cronologicamente todas as informações referente aos períodos citados e as influências e transformações da dança de salão nos períodos mencionados. As pessoas que não obtinham um devido conhecimento sobre a dança de salão no Brasil e suas origens também puderam obter conhecimento sobre o assunto.

6.     Considerações finais

    Podemos concluir através dos termos discutidos neste trabalho que a dança de salão acompanhou os principais movimentos históricos sociais desde seu surgimento. Sendo influenciada ou influenciando com estas mudanças. Observamos também que as manifestações pessoais advindas após o Renascimento acompanham plenamente a dança de salão, temos plena consciência disto quando observamos o simples fato da maneira com que os casais se mantinham em contato na dança. Passando de um simples dançar próximo até o abraço, ou encostar os rostos para dançar.

    Fica também observado que existe muito a ser pesquisado e estudado, pois os materiais sobre o assunto são poucos e existe campo de pesquisa na área, que ajudaria muito a dança de salão a obter o status dentro do meio da dança que seria de seu merecimento.

    Infelizmente hoje, em várias cidades os espaços para se dançar se limitam a academias de dança e bailes realizados apenas pelas próprias academias.

    Porém pode-se observar que em um curto período de tempo, o pensamento que leva as pessoas a praticar a dança de salão vem mudando, levando mais jovens a praticá-las.

Referências

Outros artigos em Portugués

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