Câncer de mama: prevenção e detecção precoce na atenção básica Cáncer de mama: prevención y detección precoz en la atención básica |
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*Faculdade Estácio de Alagoas (UFAL) **Professora Assistente da Universidade Federal de Alagoas ***Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira ****Unidade Básica de Saúde – Central, BA *****Universidade Federal do Ceará (Brasil) |
Rafaela Figueiredo da Costa Bizerra* Amuzza Aylla Pereira dos Santos** Renata Costa da Silva*** Elaine Kristhine Rocha Monteiro* Karolina Marciana Oliveira Porto Dourado**** Jucilene Araújo dos Santos*** Gilberto Santos Cerqueira***** |
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Resumo Objetivo: Analisar trabalhos pertinentes a ações preventivas e detecção precoce do Câncer de Mama às mulheres na Atenção Básica, disponíveis na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), no período de 2002 a 2012. Método: Pesquisa bibliográfica, onde foi realizada revisão da literatura nacional, utilizando os bancos de dados SCIELO, LILACS-BIREME sendo selecionados artigos publicados nos últimos dez anos. Os seguintes termos de pesquisa (palavras-chaves e delimitadores) foram utilizados em várias combinações: 1) Câncer de mama; 2) prevenção; 3) diagnóstico 4) unidade básica. Resultado: Identificamos que falta de esclarecimento com autocuidado, além dos empecilhos pertinentes a atenção primária e qualificação ou mesmo sensibilização profissional, ocasionando cada vez mais um o aumento do câncer de mama na população feminina. Com todas as iniquidades encontradas, alta taxa de incidência, de ser considerado problema de saúde pública, pouco se investe em pesquisas, estudos sobre o tema, tornando-se preocupante. Conclusão: É necessário exercer ou até mesmo fazer crescer as atividades de educação em saúde, voltadas para a prevenção e detecção precoce do câncer de mama, é imprescindível encontrar formas de melhorar o acesso e a aderência aos meios preventivos da população feminina as unidades. Com isso, faz - se convalescer o bom prognóstico da doença. Unitermos: Câncer de mama. Prevenção. Diagnóstico: atenção básica.
Abstract Objective: To analyze the relevant work of preventive and early detection of Breast Cancer women in Primary Care, available at Virtual Health Library (VHL) in the period from 2002 to 2012. Methods: Literature search, where we reviewed the national literature using the databases SciELO, LILACS-BIREME being selected articles published in the last ten years. The following search terms (keywords and delimiters) were used in various combinations: 1) Breast cancer, 2) prevention, 3) diagnosis 4) basic unit. Results: We found that lack of knowledge with self-care, beyond the obstacles relevant to primary care and professional qualification or even awareness, resulting in an increasingly increased breast cancer in the female population. With all the iniquities found, high incidence rate, to be considered a public health problem, little is invested in research, studies on the subject, becoming worrisome. Conclusion: It is necessary to exercise or even grow the activities of health education aimed at prevention and early detection of breast cancer, it is imperative to find ways to improve access and adherence to preventive means of the female population units. With that, does - if convalesce good prognosis. Keywords: Breast cancer. Prevention. Diagnosis: primary care.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
O câncer é um importante problema de saúde pública nos países desenvolvidos e em via de desenvolvimento, sendo o responsável por mais de seis milhões de óbitos anuais, representando 12% de todas as causas de morte no mundo (BORGES, 2010).
O crescimento da incidência do câncer tem sido relacionado a alterações nos hábitos de vida adquiridos pós-industrialização, como sedentarismo, por exemplo. Com isto a ênfase e o interesse direcionado ao conhecimento das doenças mamárias têm sido crescente e diretamente relacionados à alta incidência com que estes problemas atingem a população feminina (REBELLO, 2007).
No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes (INCA, 2011).
É sabido que a prevenção e diagnóstico precoce, que são tidos como medidas de controle possibilitam uma melhoria da qualidade de vida da paciente, bem como aumenta as chances de cura e de sobrevida da paciente quando o diagnóstico é feito precocemente. Em razão disso, o câncer de mama é hoje uma doença de extrema importância para saúde pública em nível mundial, motivando ampla discussão em torno de medidas que promovam o seu diagnóstico precoce e, consequentemente, a redução em sua morbimortalidade (COSTA, 2009).
Diante da OMS, encontra-se como atividade da prevenção primária a educação populacional e profissional, bem como a divulgação de informações relacionadas ao câncer. A prevenção secundária é realizada com a intenção de promover o diagnóstico precoce do câncer. Entretanto, nos deparamos com a dificuldade de adesão dos indivíduos aos comportamentos preventivos preconizados pelo modelo biomédico, principalmente aqueles em condições socioeconômicas mais baixas (CESTARI, 2005).
Assim, a atenção primária deve buscar focalizar as ações de controle, apresentando informações que possibilitem a construção de políticas que minimizem o aparecimento dessa doença, bem como o planejamento de ações estratégicas que objetivem reduzir a prevalência de câncer de mama (BRASIL, 2006).
Sabe-se que, com a detecção precoce e tratamento realizado no início do desenvolvimento do câncer de mama, há um aumento na sobrevida consequentemente, logo, a possibilidade de óbito diminui. Acredita-se que, ao receber um atendimento integral e humanizado, tendo suas dúvidas esclarecidas e aprendendo a se cuidar melhor, a mulher contribuirá para promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, em especial, a forma mais grave deste tipo de câncer (MACHADO, 2009).
A OMS ressalta que para um efetivo controle de câncer são necessárias ações para garantir uma atenção integral ao paciente em todos os níveis, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento e até os cuidados paliativos. Em relação ao câncer da mama, o tratamento é mais efetivo quando a doença é diagnosticada em fases iniciais, antes do aparecimento dos sintomas clínicos, justificando a importância das ações para a detecção precoce (BRASIL, 2006).
Metodologia
Pesquisa do tipo exploratória, bibliográfica onde foi realizada revisão da literatura nacional, utilizando os bancos de dados SCIELO, LILACS-BIREME, através da Biblioteca virtual em saúde (BVS), sendo selecionados artigos publicados nos últimos dez anos, abordando como palavras-chave: Câncer de Mama, Prevenção, Diagnóstico Precoce e Atenção Básica.
A busca do material foi realizada no período de fevereiro a julho/2012, em consulta direta ao site da BVS e periódicos na internet, a partir do acervo LILACS, MEDLINE, SciELO, incluindo os seguintes termos de pesquisa (palavras-chaves e delimitadores): 1)Câncer de mama; 2) prevenção; 3) diagnóstico; 4) Atenção básica, na forma para “todos os índices” e “todas as fontes”, disponível no banco de dados e com busca de modo integrado.
A seleção do material ocorreu a partir dos seguintes critérios de inclusão: estudos que abordassem o tema; no período dos anos de 2002 a 2012; disponível em todos os idiomas; disponibilidade de consulta do artigo na íntegra e/ou resumo.
A procura gerou 09 estudos, sendo 07 disponibilizados em sua totalidade e 02 resumos. Optou-se pela análise das publicações em ambas as formas de disponibilização, de modo que fosse possível atender aos objetivos do estudo. No entanto, destes foram descartados 04 artigos, pois os mesmos não atendiam aos critérios de inclusão. Desta forma, foram selecionadas 05 publicações. Em seguida, os dados foram acessados, salvos e disponibilizados para leitura e seleção das particularidades que englobaram a pesquisa. Todavia, a coleta de dados obtidos por meio do seguinte estudo foi explícita mais adiante, por meio de quadros e gráficos, respeitando-se a autoria das produções.
Resultados
A partir da observação dos dados colhidos, foi feita a organização do conteúdo encontrado quanto ao ano, área, tipo de estudo, sujeitos do estudo, idioma da publicação, tipo de publicação, periódico e autoria/co-autoria de enfermeiros entre os trabalhos publicados (Quadro 01).
Quadro 1. Processo de prevenção e detecção na UBS, quanto ao ano, área do estudo, tipo do estudo, sujeitos, no período de 2002 a 2012
Fonte: BVS, 2012
Observou-se um maior número de estudos publicados no ano de 2007 a 2008 com 03 publicações (60%). Quanto à relação ao campo profissional, constatou-se que 20% são de profissionais não definidos, mostrando uma dificuldade em analisar com mais precisão a área de atuação em destaque. Houve predominância de estudos de natureza informativa e investigativa que intensificava a necessidade da atenção primária trabalhar juntamente com sua equipe profissional o aspecto preventivo, contribuindo de tal forma com uma detecção precoce e consequentemente melhorando o índice de bons prognósticos.
Acerca da substância do conteúdo estudado nas referências e as suas produções no conhecimento constatou-se cerca de 40% das publicações indicam falha no cumprimento das atribuições dos profissionais e da própria rede básica, em desempenhar sua função educadora e facilitadora do processo saúde-doença, 20% das referências mostram as dificuldades e sentimentos encontrados pela população desde medo, vergonha, até a falta de esclarecimento sobre autoexame, apesar de serem conscientes sobre a relevância do mesmo.
Encontra-se ainda que 20% das referências tratam da articulação da Política de Atenção Oncológica com a vigilância em saúde e programas de promoção em saúde, ou seja, atuando tanto nos determinantes quanto no aspecto educacional, além do incentivo a pesquisa, já que são muito poucas as publicações acerca do tema debatido.
Verificou-se que 20% dos estudos tratam de incentivos a institucionalização e monitoramento da atenção básica, desta forma avaliando quanto a sua qualidade e seu desempenho, fazendo assim convalescer de maior índice participativo no universo preventivo e diagnóstico precoce, garantindo maior sobrevida à população acometida.
Nota-se baixa divulgação dos estudos, maior parte possuía versão em apenas uma língua (português), sendo que 40% com apenas o resumo disponível em duas (português e inglês).
A classificação das pesquisas mediante o tipo de publicação disponibilizada pela BVS – Enfermagem, (Quadro 2) apresentando a distinção de qual banco de dados à mesma está inserida, como também dados da sua autoria/coautoria de enfermeiros, como também o periódico ou a fonte das publicações utilizadas para o vigente estudo.
Quadro 2. Distribuição dos estudos quanto à forma de publicação, periódico e autoria/co-autoria de enfermeiros, no período de 2002 a 2012
Fonte: BVS, 2012
Verifica-se no Quadro 2, que a maioria das publicações apresentaram entre autores e/ou coautores não definidos, restando apenas para classe enfermagem 40% das publicações. Considerando-se uma estatística preocupante, pois diante da grande incidência e prevalência do câncer de mama, como também do papel da enfermagem na atenção primária que vem se expandindo gradativamente, este dado mostra-se relevantemente pequeno diante da necessidade da abordagem do profissional enfermeiro.
Discussão
O Câncer de mama é considerado um problema de saúde pública, não só em países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, mas também em desenvolvidos, como Estados Unidos e em alguns países da Europa Ocidental. Esta situação deve-se às dificuldades encontradas na prática da prevenção primária tais como, eliminar fatores de risco ou diagnosticar precocemente e tratar lesões precursoras do câncer (MACHADO, 2009).
Desta forma o presente estudo demonstrou que a prestação de assistência básica aos usuários dos serviços de saúde é realizada através do comando de profissionais qualificados e de procedimentos rotineiros que visam à prevenção nos âmbitos primários e secundários, porém esta mesma assistência deixa lacunas na prevenção e detecção precoce do câncer. As campanhas de prevenção deveriam abranger toda a comunidade para que possa haver maior divulgação e inteirá-la a respeito de encontros com profissionais para oferecer informações e prestar assistência à saúde e desta forma ao diagnóstico precoce possa ajudar na cura desta patologia (MACHADO, 2009).
A monitorização constante previne, por exemplo, que mulheres com idade produtiva (15 aos 49 anos) em especial, se mostrem mais atentas com sua saúde, para sinais de alerta, e esclareça dúvidas persistentes a esse grupo. Ainda que, foi comprovada por meio de pesquisas a consciência do apreço de ações preventivas dessa população, mas a carência de reforço quanto aos conhecimentos existentes, necessitando agregar novas informações (INCA, 2009).
Ver-se também a importância da capacitação profissional no que concerne à saúde da mulher, afinal é preciso qualificação da rede assistencial para que se integrem e produzam bons resultados. Além da capacitação de pessoal, será necessário um engajamento efetivo dos diversos profissionais na produção social da saúde (CRIEP, 2010).
Além da atividade preventiva, dar prioridade também às mudanças comportamentais, incentivando a participação, uma vez relatada dificuldades como medo, vergonha, estigma de câncer, esquecimento e ausência de sintomas, que se tornam empecilhos na vida dessas mulheres, então, há uma necessidade da atuação diferenciada dos profissionais, como quebra de tabus e trazer essas mulheres de volta a uma interação educacional (FERREIRA, 2007).
Percebe-se ainda, deficiência na rede básica como resultado da Pesquisa Mundial de Saúde (PMS), manifestando proporcionalmente à população, através de baixa cobertura de ESF (Estratégia de Saúde da Família), tempo de espera alto para atendimento, má qualidade, e diferenças no contexto socioeconômico e demográfico, problemas no recebimento de resultados, dificuldade em conseguir agendar consultas, contudo são ações impertinentes a uma melhor incidência de qualificação, ocasionando uma maior iniquidade a saúde pública (SZWARCWALD et al., 2006)
Considerações finais
Através desta pesquisa bibliográfica, constatou-se o grande ressalto do papel da Unidade Básica de Saúde frente à prevenção e detecção precoce do câncer de mama, possibilitando assim uma possível diminuição nos diagnósticos de casos avançados e evitando consequentemente a elevação das altas taxas de óbito por câncer de mama.
Não deixando de mencionar o papel dos profissionais da Unidade Básica que tem como meta a assistência baseada no cuidar, ou seja, trabalhar a promoção, prevenção em saúde da população. Não se deixando negligenciar pela vida corriqueira do dia a dia, doenças que até então ao serem diagnosticadas precocemente podem fazer a diferença entre a cura total e o óbito precoce.
Contudo, é necessário exercer ou até mesmo fazer crescer as atividades de educação em saúde, voltadas para a prevenção e detecção precoce do câncer de mama, é imprescindível encontrar formas de melhorar o acesso e a aderência aos meios preventivos da população feminina as unidades. Com isso, faz - se convalescer o bom prognóstico da doença.
Desta forma a presente pesquisa, mostrou que há necessidade de se intensificar e investir em pesquisas sobre o existente tema. Tornando-se preocupante a real necessidade da população brasileira, em especial a feminina em se empregar ações preventivas para detecção precoce. Além de corroborar para compreendermos a importância do trabalho de promoção e prevenção frente á atenção primária, uma vez que, o controle do câncer vem sendo considerado pela agência nacional de saúde uma prioridade nacional, pela alta incidência e morbimortalidade que a doença assumiu no país.
Referências
BORGES, R. Qualidade de vida de mulheres com câncer de mama e ginecológico mo município de Rio do Oeste segundo o olhar do WHOQOL – BREF da OMS. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 15, nº 149, out. 2010. http://www.efdeportes.com/efd149/qualidade-de-vida-de-mulheres-com-cancer-de-mama.htm
BRASIL. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
BRASIL. Câncer de mama. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_cancer_colo_utero_mama.pdf, 2006. Acessado em: 28 de out. de 2011.
CESTARI, M. E. W.; ZAGOII, M. M. F. A Prevenção do Câncer e a Promoção da Saúde: um desafio para o Século XXI. Revista Brasileira de Enfermagem, v.58, n. 2 Brasília Mar./Apr., 2005.
COSTA, FML. Ações de detecção precoce do câncer de mama realizada por profissionais do programa de estratégia de saúde da família. 2009. (Dissertação de Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
CRIEP, CZ. Investigação das concepções espontâneas sobre câncer e suas possíveis implicações como tema transversal na educação para Saúde. (Dissertação de Mestrado) - Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2010.
FERREIRA, MLSM. Análise da percepção de mulheres de uma unidade básica de saúde sobre o exame de papanicolau e de mama. Rev. ciênc. méd. (Campinas); 16(1): 5-13, jan.-fev. 2007.
INCA. Instituto nacional de câncer. Câncer de Mama, 2011. Disponível em: http://www.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/mama. Acessado em: 28 de out. de 2011.
MACHADO, F. S.; PINHO, I. G. de; LEITE, C. de V. A Prevenção do Câncer de Mama pela atenção primaria sob a ótica de mulheres com esta patologia. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste – MG. v. 2, Novembro-Dezembro, 2009.
REBELLO, C. G. et al. Nível de atividade física em mulheres com câncer de mama. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 12, nº 112, set. 2007. http://www.efdeportes.com/efd112/atividade-fisica-em-mulheres-com-cancer-de-mama.htm
SZWARCWALD et al. Indicadores de atenção básica em quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro, 2005: resultados de inquérito domiciliar de base populacional. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 3, Sept. 2006.
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