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Atletismo: considerações sobre iniciação e
especialização esportiva em crianças de 7 a 13 anos

Atletismo: consideraciones sobre la iniciación y especialización deportiva en niños de 7 a 13 años

 

*Graduada no curso de Educação Física

**Orientador

(Brasil)

Ana Paula Ereno Buzon*

paulinha_buzon@hotmail.com

Airton Pinto**

esportesairton@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          O atletismo é uma modalidade esportiva que abrange diversas habilidades motoras servindo de base para outras modalidades. Porém, para um aproveitamento saudável do esporte, sua prática deve ser aplicada considerando faixa etária e amadurecimento físico, cognitivo e social dos praticantes, bem como proporcionar experiência da prática das diversas modalidades do atletismo, evitando dessa forma especialização precoce em apenas uma modalidade. Assim, a pesquisa tem por objetivo analisar os critérios de iniciação e especialização esportiva, retratando como os técnicos de atletismo estão desenvolvendo treinamento de iniciação esportiva em crianças com idade de 7 e 13 anos. Levantamos dados de sete técnicos de atletismo, vinte infantes do sexo feminino e masculino, de municípios do estado de São Paulo. Apesar de não haver indícios de iniciação esportiva precoce em nossa amostra, os resultados apontaram, baseados nos relatos dos praticantes, que essa prática é comum no cenário esportivo desta modalidade. O número amostral e a análise empregada em uma abrangência restrita, torna-se limitante impossibilitando uma compreensão mais aprofundada do tema. Contudo, acreditamos que a falta de sistematização no treinamento podem refletir em conseqüências negativas para o desenvolvimento da criança, reproduzindo dados alarmantes para o esporte no Brasil.

          Unitermos: Atletismo. Iniciação esportiva. Especialização precoce.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A prática de qualquer esporte é importante para o desenvolvimento da criança. O atletismo é uma modalidade esportiva consistente em conjunto de provas esportivas (corridas, saltos, lançamentos e arremessos) no qual compreende no desenvolvimento de diversas habilidades motoras servindo de base para outras modalidades.

    Para um aproveitamento saudável do esporte, sua prática deve ser aplicada considerando faixa etária e amadurecimento físico, cognitivo e social dos praticantes, bem como proporcionar experiência da prática das diversas modalidades do atletismo, evitando dessa forma a especialização precoce em apenas uma modalidade.

    O profissional de Educação Física para contribuir na formação e no desenvolvimento motor da criança deve, necessariamente, possuir conhecimento teórico, prático, específico sobre seus comportamentos, características fisiológicas, maturação, treinabilidade (OLIVEIRA et al, 2007) e, sobretudo contato sadio entre técnico e atleta.

    A iniciação esportiva é um marco na vida do indivíduo. É etapa que tem as primeiras noções de algo novo. Mais especificamente no estado de São Paulo a iniciação esportiva é desenvolvida em centros esportivos municipais.

    No Brasil comenta-se muito em treinamento esportivos de atletismo em crianças e adolescentes, embora seja um assunto que carece de investigações científicas.

    Percebe-se que atletas apresentam níveis de performance alta quando estão nas categorias menores, porém quando ingressam no adulto, percebe que não há desenvolvimento progressivo em relação ao desempenho esportivo em grande parte dos atletas.

    Diante disso, persistem as dúvidas no treinamento esportivo para crianças. Acredita-se que esse resultado esta relacionado com a elaboração de programas de treinamento similar aos de adultos, induzindo a especialização precoce, sobrecarregando-os com treinos intensos e exaustivos, estagnando assim seu desenvolvimento da sua performance na fase adulta.

    Porém isso requer estudo para averiguar se este fato condiz com o que está acontecendo atualmente no atletismo brasileiro.

    Assim o objetivo é analisar critérios de iniciação e especialização esportiva, retratando como os técnicos de atletismo estão desenvolvendo treinamento em crianças entre 7 a 13 anos.

1.     Iniciação esportiva versus especialização precoce

    Na literatura são encontradas poucas abordagens a respeito de como deve ser trabalhado a iniciação esportiva em infantes, encontra posto, fala-se muito em especialização precoce. Mas na realidade o que seriam esses supostos substantivos? Na busca interarmos mais apontamos um parâmetro sobre ambos.

    Entende-se que iniciação é “ação de dar a alguém as primeiras noções de certas coisas que ignorava” (AURÉLIO, 2012). E especialização é a “é a adaptação de um órgão a uma função particular”. (AURÉLIO, 2012). Assim especialização precoce é entendida como “um processo que acontece quando crianças são introduzidas antes da fase pubertária a um treinamento planejado e organizado em longo prazo [...]”. (RAMOS, 2011:2).

    A iniciação esportiva é um marco na vida de qualquer indivíduo. Todavia, os técnicos e professores de Educação Física são maiores responsáveis por propiciar uma experiência negativa na criança em primeiro momento. (MACHADO, 2011)

    Este fato esta relacionado diretamente a alguns princípios do mundo adulto, que direcionam a criança “ganhar ou ganhar” de qualquer jeito, supervalorizando a vitória. (MACHADO, 2011)

    “A cobrança inicia nos treinos e tem ápice nas competições. Se errar no treino já é fato desagradável para muitas crianças, e cometer tais atitudes nas competições é um verdadeiro martírio” (MACHADO, 2011). Tais responsabilidades essas, são criadas pelas crianças e se deve á expectativa produzida pelos pais e treinadores.

    A influência do treinamento esportivo sobre o crescimento e maturação das crianças tem sido um assunto muito intrigante para muitos técnicos e para área acadêmica.

    A busca de desenvolver possíveis talentos tem provocado à fuga da realidade teórica preconizada nos centros acadêmicos (OLIVEIRA, 2007), como já constatados em estudos. Nesta perspectiva, isso faz com que a busca pelo retorno rápido acaba acelerando de forma incontínua treinamento do atleta, antecipando muitas vezes fases desse processo.

    A especialização precoce já têm se tornado comum em nosso país. Nos centros esportivos mesmo que desenvolvam programas de treinamentos com conteúdos adequados, não deixam de promover especialização inferior as idades recomendadas. (ARENA, 2011)

    As justificativas dos técnicos sobre especialização precoce vão desde a cobrança dos dirigentes na busca de resultados imediatos, como à cobrança de pais. (SILVA, 2011). Bem, também, como as instituições absolvem que essa prática se dá por questões de tradição. (ARENA, 2011)

    O emprego de metodologias para os infantes em nosso país são similares àquelas do esporte de rendimento, desprezando processos de crescimento e desenvolvimento dos mesmos. (GIMENEZ, 2002)

    Por mais que os coordenadores das entidades esportivas reconheçam esta precariedade, de forma indolente também concordam que possam existir complicações no desenvolvimento da criança. (SILVA, 2011)

    As modalidades de atletismo e natação é que se destacam sobre esta problemática, devido à preocupação em descobrir novos talentos (MACHADO, 2011), o que levam as promessas mirins, desaparecer ao longo do tempo.

    A prática de atividades motoras inadequadas pode acarretar danos, sejam eles, físicos, motores, cognitivos e afetivos. (GIMENEZ, 2002)

    Os maiores problemas que treinamento especializado precoce exerce sobre a vida da criança podem ser:formação escolar deficiente; unilateralidade no seu desenvolvimento; reduzida participação em brincadeiras e jogos infantis. (NASCIMENTO, 2005)

    Os problemas estão relacionados desde os fatores intrínsecos que são desequilíbrios musculares, as alterações de base inferior e superior associadas às da coluna vertebral. (GIMENEZ, 2002 apud TAILMELA, KUJALA & OSTERMAN, 1990).

    Como também os fatores extrínsecos referentes às cargas inadequadas de treinamento, técnicas inapropriadas, calçados. (GIMENEZ, 2002 apud Federação Internacional de Medicina Desportiva, 1997).

    Entretanto não seria somente esse fator pelo qual o Brasil “perde” possíveis talentos ao longo do ciclo, outros fatores como:“dificuldades financeiras (falta de patrocínio), falta de reconhecimento social, ausência de suporte familiar, casamento seguido de paternidade, lesão”. (ROCHA, 2010 apud VIEIRA, 2000).

1.1.     Análises dos fatores envolventes em programas de treinamentos desenvolvidos com crianças

    O profissional de Educação Física para contribuir na formação de crianças deve, necessariamente, possuir um conhecimento teórico, prático e específico.

    Em função das estruturações metodológicas suscetíveis a programas de treinamento para crianças, levanta-se a necessidade de uma orientação baseada na abordagem desenvolvimentista (GIMENEZ, 2002). De acordo com esta abordagem, um dos objetivos do educador é contribuir para processo de desenvolvimento motor do ser humano.

    A figura 1 demonstra ampulheta proposta por Piaget, retratando as fases do desenvolvimento motor que estabelece princípios básicos para ação pedagógica.

Figura 1. Modelo de Desenvolvimento Motor - Ampulheta

    A discussão sobre idade ideal para iniciar o treinamento realmente é o ponto crucial, deve-se basear na idade cronológica, como também na idade biológica da criança. Assim a ampulheta serve como apoio para realização de um treinamento.

    Nos seus 7 ou 8 anos as crianças geralmente estão na fase motora especializada no estágio de habilidades motoras transitório, momento onde a criança passa desenvolver habilidades motoras simples para mais complexas.

    “[...] Caminhar em ponte de cordas, pularem corda e jogar bola são exemplos de habilidades transitórias comuns [...]” habilidades desenvolvidas e refinadas ao longo do tempo, podendo ser apuradas em brincadeiras, jogos e situações da vida. (GALLAHUE, 2011)

    Por volta dos 11 anos, é o marco do pensamento lógico, no qual a criança é movida pela razão, só consegue agir a partir de conceitos concretos e reais. (GIMENEZ, 2002)

    Recomendável que antes de ingressarem a um treinamento específico, potencializem ao máximo suas habilidades através de atividades e brincadeiras que consigam explorar suas habilidades.

    No estágio de aplicação, as crianças começam refinar suas habilidades, podendo incluir atividades mais avançadas e esportes mais selecionados. (GALLAHUE, 2011)

    “Conclui-se, [...] que os jogos de regras são de suma importância para o desenvolvimento infantil [...]. E vivência dos jogos de regra é um dos elementos que melhor atende essa demanda da infância”. (SILVA, 2010)

    O estágio de utilização permanente é ápice do desenvolvimento motor, nesta fase adolescente usufrui de seu repertório de movimentos adquiridos por toda a vida. (GALLAHUE, 2011)

    O quadro abaixo esclarece de forma objetiva sobre perfil e características de crianças entre 6 a 10 anos.

Quadro 1. Características de crianças entre 6 a 10 anos

    Outros fatores importantes que devem ser levados em conta são:os elogios e repreensões, duas formas de procurar as melhores atitudes para o progresso dos praticantes. (MACHADO, 2011)

    A iniciação esportiva deve ser realizada em um ambiente descontraído voltado a treinamento lúdico e menos rígido. Quando o ambiente é agradável a criança tende se interessar mais e, conseqüentemente comprometer-se mais com treinamento.

    “Na brincadeira, as crianças podem pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu cotidiano, isentos das pressões situacionais”. (WAJSKOP, 1995, p. 66)

    As brincadeiras e jogos são atividades indispensáveis para desenvolvimento da personalidade da criança, permitindo as crianças:

    “a) decidir incessantemente e assumir papéis a serem representados; b) atribuir significados diferentes aos objetos transformado-os em brinquedos; c) levantar hipóteses, resolver problemas e pensar/sentir sobre seu mundo e o mundo mais amplo ao qual não teriam acesso no seu cotidiano infantil” (WAJSKOP, 1995, p. 67)

    O educador físico deve favorecer um ambiente saudável, onde a criança poderá ter possibilidades de fazer suas escolhas, levantar hipóteses, errar, e desenvolver-se. Para tanto deve estabelecer vinculo afetivo, de forma que a criança sinta segura no ambiente.

    Em estudos com atletas de elite verificou os fatores que julgam mais importantes para continuar o atletismo, primeiramente é à força de vontade, e o segundo é incentivo técnico. (NASCIMENTO, 2005)

    A pesquisa quer mostrar não somente a preocupação com aumento de cargas e treinamentos intensos, mas focar que quanto mais estímulos são lhes oferecido, mais transformações ocorrem em seu organismo, sendo onde a criança cresce, e desenvolve.

Método

    O estudo foi realizado com uma pesquisa de campo, a aquisição das informações compreendeu em levantamento de dados de sete técnicos de atletismo de diferentes municípios do estado de São Paulo, e vinte infantes do sexo feminino e masculino categoria pré mirim e mirim, sendo que todos fazem parte das equipes pelos técnicos aqui pesquisados.

    A seleção dos indivíduos investigados foi realizada de forma aleatória. Sendo estabelecido para o presente estudo, questionário semi estruturado dirigido aos técnicos e entrevista semi estruturada designada aos atletas. Cujo teor dos mesmos se baseou no PAF-SESI. (SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA, 2010)

    Os colaboradores após terem sido esclarecidos sobre tais propostas da pesquisa assinaram termo de consentimento autorizando a publicação das informações por eles prestadas, mas não autorizaram divulgação da sua identidade e município que pertence. Houve preocupação em solicitar autorização dos técnicos para realização das entrevistas com atletas.

Todo esse embasamento foi representado pelo método estatístico. Classificado como pesquisa quantitativa, por implicar em traduzir em números as informações analisadas. O método de pesquisa desta abordagem caracteriza com método indutivo. Os dados coletados foram analisados a partir da comparação com referencial teórico, na perspectiva de fazer levantamentos a respeito da iniciação e especialização esportiva de Atletismo.

Análise de resultados

    Para apresentar os resultados de uma forma esquemática é valido analisar cada material. A seguir, os gráficos limitam-se a considerar questões de maneira global, referindo sempre a projeção do treinamento esportivo com crianças.

    A pesquisa examina dois fundamentais grupos, primeiro são atletas, o segundo é formado pelos técnicos.

    Mediar à concepção de iniciação esportiva salientando os pontos mais importantes é à base do tema do estudo.

Gráfico 1. Faixa etária dos atletas

    A grande parte dos atletas pesquisados tem 12 e 13 anos. Notavelmente é muito raro de encontrar crianças que tenham 9 anos em “competições”. Isso, esta relativamente associada por ser proibida realização de competições oficiais de Atletismo para atletas com 10 anos de idade ou menos; recomenda-se realização de festivais, sem caráter competitivo e somente de participação. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2011).

    A Confederação Brasileira de Atletismo, diante o Art. 3, classifica categoria pré-mirim com faixa etária de 12 e 13 anos, no ano da competição, e mirim 14 e 15 anos, no ano da competição. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2011). Para tanto, os atletas pesquisados enquadram na categoria pré- mirim.

Gráfico 2. Provas disputadas pelos atletas

    Através do gráfico 2 percebe-se a grande incidência de provas, são as corridas de velocidade (corridas de curtas distancias). Seguida de saltos e arremessos, e tendo pouca incidência com corridas de resistência e em lançamentos.

    Estudos analisaram atletas de elite quando começaram a carreira, onde apontou provas de velocidade, como as de maior destaque no inicio de seus treinamentos. (NASCIMENTO, 2005)

    Tomado como ponto de partida as provas de atletismo, a pesquisa constata que os sujeitos pesquisados especificamente treinam unicamente uma prova da modalidade. Exemplo:atleta que disputa corridas de velocidade, não faz outras provas de atletismo. O que faz com que o processo de especialização vai se afunilando cada vez mais já nas idades menores.

Gráfico 3. Meio de comunicação onde conheceram o atletismo

    A pesquisa aponta que o meio de comunicação por onde atletas tomaram conhecimento a respeito do Atletismo foi na escola. Sendo assim, ela é uma grande aliada ao ingresso das crianças no esporte.

    Outros estudos abordaram que a introdução ao esporte deu-se por convite de professores, amigos e mídia. (NASCIMENTO, 2005)

Gráfico 4. Interesse em participar do atletismo

    O maior interesse dos infantes em participar do atletismo é ser um atleta. Quando um indivíduo entra em ambiente que haja competição, inevitavelmente o mesmo cobra de si melhores resultados, onde acaba constantemente buscando mais sucesso em sua atuação. (NASCIMENTO, 2005)

    Para tanto educadores físicos inicialmente deve ser volúvel em seu treinamento, incentivando infantes verem aquilo como divertimento, e não como comprometimento em vencer. Assumindo papel importante, para que futuramente sejam seres humanos mais íntegros, com principio de cooperação, e não como seres amplamente competitivos.

Gráfico 5. Tempo de treinamento

 

Gráfico 6. Duração do treinamento

    A freqüência, a intensidade e duração são atributos que constituem um treinamento, portanto são pontos fundamentais a serem abordados.

    A grande parte dos atletas pesquisados iniciou o treinamento a equivalente há um ano ou pouco mais, não excedendo há três anos e com treinos todos os dias com duração de uma hora.

    No estudo detectou que técnicos compõe o programa somente com técnicas, não saindo do treinamento “tradicional”, não incluindo brincadeiras, ou algo do gênero.

Gráfico 7. Tempo de profissão dos técnicos

    Uma boa parte dos técnicos pesquisados tem 6 a 12 anos em sua profissão. Assim não inferior 1 ano e não excedendo 20 anos de experiência profissional.

    Diante das informações levantadas percebe que todos técnicos pesquisados já possui uma grande bagagem.

Gráfico 8. Iniciação de treinamento esportivo

    Os técnicos pesquisados iniciam treinamento esportivo geralmente com idades de 13 a 15 anos. Em revisões bibliográficas preconiza iniciação esportiva entre idades de 8 a 12. (SILVA, 2011)

    Isso significa que faixa etária de iniciação esportiva revelada pelos técnicos é maior que levantadas, em contrapartida outros estudos há uma predominância de crianças entre 5 a 10 anos. (SILVA, 2011)

Gráfico 9. Processo de especialização

    O processo de especialização tem incidência 16 a 19 anos, os técnicos revelam que essa faixa etária é ideal em contribuir a melhor desempenho técnico, possuindo estruturas fisiológicas desenvolvidas capazes de suportar exigências impostas pelo treinamento.

    Estudos realizados com atletas de elite apontam que especialização dos atletas ocorreu na faixa etária 20 a 22 anos. (NASCIMENTO, 2005)

Gráfico 10. Desenvolve um trabalho lúdico em meio aos treinamentos

    Quando perguntado aos profissionais se proporciona um ambiente favorável a prática esportiva adaptando brincadeiras ao treinamento, maior incidência rebate em não realizar trabalho lúdico em nenhum momento, porém outros contestam que as vezes na infância adapta brincadeira, porém na fase da puberdade não inclui nenhum tipo de atividade diferenciada, e outro grupo já alegam que todos os momentos independente da idade desenvolve um trabalho lúdico.

    Em contraposto, quando investigado os vinte infantes verificamos que somente dois responderam que técnicos promovem atividades diferenciadas. Vem a calhar que há desarmonia entre técnicos e atletas quando o assunto é ludicidade.

    Os dados revelam que a capacidade lúdica não está sendo exploradas em meio ao treinamento. Então levanta-se a questão, será que os técnicos estão hábil a receber esse tipo de clientela?

Gráfico 11. Cobrança por seus superiores em trazer resultados

    Quando perguntado aos técnicos se há cobrança por superiores em trazer resultado, inevitavelmente grande parcela respondeu que sempre há cobrança em trazer resultados expressivos no desempenho dos atletas.

    “O atleta é sempre testado em relação a padrões. Quanto mais evoluem suas capacidades e habilidades, mais é cobrado para uma constante melhoria.” (NASCIMENTO, 2005, p. 14)

Gráfico 12. Especialização precoce

    A partir dessa afirmativa, indaga-se aos mesmos se acreditam que técnicos fazem treinamentos exaustivos e intensos na busca de novos talentos induzindo especialização precoce. E inevitavelmente toda amostra pesquisadas declararam que acreditam que técnicos adotam este procedimento.

    “Na busca da obtenção da vitória, na maioria das vezes, são utilizados artifícios que são considerados impróprios à pedagogia esportiva que não se preocupa em respeitar o ser humano”. (NASCIMENTO, 2005, p. 14)

Gráfico 13. Treinamento precoce

    Visando ampliar debate, e procurando expor motivos pelos quais ocorrem a especialização precoce, indagamos novamente aos técnicos. Detectamos que o fato esta relacionado com emprego e não ter audácia em interferir em assuntos administrativos das equipes.

    A magnitude desse fator é muito mais ampla do que se imagina. Os jovens são vistos simplesmente como números, como tempo de investimento para equipes.

    Estando diretamente ligado a busca de status na sociedade e uma melhor afirmação de seus nomes. E, devido a isto técnicos são cobrados resultados expressivos de seus atletas. (LEITE, 2007)

Considerações finais

    Os dados contidos no estudo vêm chamar atenção dos técnicos desportivos que lecionam ou irão lecionar na modalidade de Atletismo, que resistem a não dar devida importância a respeito do treinamento para crianças de 7 a 13 anos.

    Diante o estudo verificamos que não há uma predominância de especialização precoce em provas do atletismo. Porém percebe-se que em outros estudos podemos observar que técnicos iniciam o processo de especialização antes das idades mais recomendadas.

    Outro fator observado, é que a propagação do atletismo se dá por meio da escola. Dessa forma, o governo já tem um projeto chamado “Mini Atletismo”, que é realizado exclusivamente nas escolas, são atividades adaptadas fáceis de serem realizadas e que requerem pouquíssimo material. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO, 2011)

    Apesar do Brasil ainda estar iniciando estudos a princípios de treinamentos esportivos para crianças, não se justifica que os técnicos de atletismo se vinculem a uma prática convencional baseada em ensaios e erros, já que por sua vez já existe uma gama de informações a respeito a tais práticas. Aliás, são poucos os talentos esportivos que chegam ao ápice do esporte em nível mundial no país, e, indiscutivelmente, o desperdiço de jovens talentos não pode ser ignorado. Diante disso o profissional da área tem que ser ainda mais cauteloso quando o trabalho é desenvolvido com criança, pois ser atleta não significa ser saudável.

    Tal fato implica da necessidade do profissional de educação física conhecer mais profundamente etapas do desenvolvimento infantil. Não se tratando apenas em reproduzir treinos, mas sim, em adaptá-los adotando práticas criativas, revendo posturas e práticas pedagógicas e construindo assim uma nova filosofia educativa em iniciação esportiva.

    O número amostral e a análise empregada em uma abrangência restrita, torna-se limitante impossibilitando uma compreensão aprofundada do tema. Contudo, acreditamos que a falta de sistematização no treinamento podem refletir em conseqüências negativas para o desenvolvimento da criança, reproduzindo dados alarmantes para o esporte no Brasil.

Referências bibliográficas

  • ARENA, S.S.; BÖHME, M.T.S. Programas de iniciação e especialização esportiva na grande São Paulo. Disponível em: http://www.renatosampaio63.com.br/documentos/programasdeiniciacaoeespecializacaoesportiva80581.pdf. Acesso em:18 out. 2011.

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  • DICIONÁRIO AURÉLIO. Disponível em: http://www.dicionariodoaurelio.com/Iniciacao. Acesso em 10 jan. 2012.

  • LEITE, Werlayne Stuart Soares. Especialização precoce: os danos causados à criança. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Nº 113, 2007. http://www.efdeportes.com/efd113/especializacao-precoce-os-danos-causados-a-crianca.htm

  • MACHADO, A.A.; GOMES, R.A.; BRANDÃO, M.R.F.; PRESOTO, D. Especialização esportivas precoce: análise da Psicologia do Esporte. Revista Pulsar, v.2, n.1, 2010.

  • NASCIMENTO, Aida Christine Silva Lima. Pedagogia do Esporte e o Atletismo: Considerações Acerca da Iniciação e da Especialização Esportiva Precoce, 2005.

  • OLIVEIRA, R. de A.; ARRUDA, Miguel; LOPES, M. B. S. Características do crescimento e do desenvolvimento físico de pré adolescentes e a relevância do treinamento de longo prazo. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano III, nº 14, out/dez 2007

  • RAMOS, A. M.; NEVES, R.L.D.R. A iniciação esportiva e a especialização precoce à luz da teoria da complexidade – notas introdutórias. Pensar a Prática, v.11, n.1, 2008.

  • ROCHA, Priscila Garcia Marques; SANTOS, Edivando Souza. O abandono da modalidade esportiva na transição da categoria juvenil para adulto:estudo com talentos do atletismo. Rev. da Educação Física/UEM Maringá, v. 21, n. 1, p. 69-77, 1. Trim, 2010.

  • SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Departamento Nacional. Diretrizes técnicas e de gestão: SESI Atleta do Futuro / Serviço Social da Indústria. Pesquisa de opinião de alunos. Brasília, 2010.

  • SILVA, F.M.; FERNANDES, L.; CELANI, F. O. Desporto de crianças e jovens – um estudo sobre as idades de iniciação. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001, vol. 1, nº 2 [45–55].

  • WAJSKOP, Gisela. O brincar na educação infantil. Cad. Pesq. n. 92 feb. 2005.

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