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Atletismo: alto rendimento, diferenças raciais e atleta olímpico

Atletismo: alto rendimiento, diferencias raciales y atleta olímpico

 

*Bacharel em Educação Física

**Professor da Faculdade de Educação Física de Barra Bonita- Faefi

(Brasil)

Francine Maria Aparecida Gomes*

Airton Pinto**

francine.gomes@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Este trabalho objetivou levantar subsídios que respondam se a diferença racial realmente influência no rendimento do atleta, e quais os fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico. A pesquisa caracterizou-se em estudo de caso de um ex-atleta olímpico Claudio Roberto de Souza. A seleção da amostra se deu por julgamento, ou seja, de forma intencional, justamente neste único ex-atleta, encontrava-se a amostra que precisávamos que com sua vivência pratica poderá fundamentar essa pesquisa. Os dados foram coletados através de um questionário semi-estruturado contendo 12 questões abertas onde o participante fez um relato minucioso sobre sua trajetória até tornar-se um atleta olímpico. Os resultados demonstraram que a diferença racial beneficia o desenvolvimento atlético, mas não é fator primordial. Já a genética, o talento e a dedicação, persistência e o treinamento tem que estar em total sintonia, ou seja, eles são fatores relevantes para tornar-se um atleta olímpico, junto com uma estrutura física ampla contendo profissionais de ponta. Enfim, genética, o talento e a dedicação, persistência e o treinamento tem que estar em total sintonia, ou seja, eles são fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico.

          Unitermos: Atletismo. Fatores influenciadores. Alto rendimento.

 

Abstract

          This work aimed to raise subsidies to respond to racial differences actually influence the athlete's performance, and the factors relevant to becoming a high performance athlete or Olympian. The research was characterized in a case study of a former Olympian Claudio Roberto de Souza. The sample selection was made by trial, that is, intentionally, just this one former athlete, was the sample that we needed to practice with their experience can support this research. Data were collected through a semi-structured questionnaire containing 12 open questions where the participant made a detailed report on its path to becoming an Olympic athlete. The results showed that the racial difference benefits the athletic development, but there is a fundamental factor. Since genetics, talent and dedication, persistence and training has to be in total harmony, that is, they are relevant factors to become an Olympic athlete, along with a physical structure containing extensive professional edge. Finally, genetics, talent and dedication, persistence and training has to be in total harmony, that is, they are relevant factors to become a high performance athlete or Olympian.

          Keyword: Athletics. Influencing factors. High yield.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O atletismo é um dos esportes mais antigos do mundo, seu surgimento vem desde a pré-história até os dias atuais, mas sua forma competitiva surgiu na Grécia nos jogos olímpicos.

    No início dos tempos sua pratica visava à conservação e preservação incorporando-se a cultura humana, surgindo dessa maneira o atletismo, esporte de base, chamado assim por utilizar formas básicas do movimento como andar, correr, saltar, lançar e arremssar.1

    Dessa maneira, sua pratica deve acontecer na escola para o desenvolvimento integral do aluno, na iniciação esportiva a fim de descobrir futuros talentos e no treinamento de alto rendimento para formar e revelar atletas olímpicos.

    Mas para que tudo isso ocorra serão necessários abordarmos alguns fatores que poderão influenciar no rendimento e desenvolvimento de um atleta:

Genética

    Nos Jogos Olímpicos de 1936, em Berlim-Alemanha James Cleveland popularmente conhecido como “Jesse” Owens, norte-americano negro, neto de escravos, fez historia em um país nazista, onde imperava a raça ariana, ou seja, os “brancos puros”, conquistou 4 medalhas de ouro, onde calou todo o publico com sua brilhante façanha, este feito só foi quebrado 48 anos depois por Carl Lewis nos Jogos Olímpicos de Los Angeles2.

    Desde essa época, onde infelizmente ainda havia um preconceito racial levantou-se a questão das diferenças raciais e a predominância genética no esporte.

    Assim, sabe-se que a genética vem sido apontada como um dos fatores primordiais no desenvolvimento de um atleta, muito se discute entre os estudiosos se a diferença racial influência no desempenho de um atleta, porém ainda não há um consenso.

    Porém, sabemos que o desempenho esportivo sofre influência de alguns estímulos, alguns treináveis (fisiológicos, psicológicos e biomecânicos), alguns ensinados (táticos) e outros que estão fora de controle (genéticos e idade cronológica)3.

    Segundo Smith dotes genéticos possui características antropométricas, cardiovasculares, composição de fibras musculares e a capacidade de adaptação de treinamento4.

    Entretanto, calcula-se que aproximadamente 80% do rendimento de um atleta estão ligados a bagagem hereditária, os outros 20% são derivados dos treinamentos, alimentação e locais de treinamentos.

    Continuando os dotes genéticos em particular as fibras musculares, de maneira sucinta, podemos dizer que são divididas em dois tipos:

  • Fibras do tipo I que são as de reação lenta adequada para provas de longa duração e baixa intensidade, como são as provas de fundo e maratonas.

  • Fibras do tipo II são as de reação rápida adequada para provas de curta duração e alta intensidade, como as provas de velocidade (100, 200 e 400 metros rasos).

    Gerando assim mais uma discussão acadêmica se negros e brancos possuem mais ou menos fibras do tipo I e II, mas essas diferenças genéticas não são somente determinadas pelo tipo de fibra, mas sim pelo estilo de vida, vejamos: algumas tribos africanas ensinam sua população a caçarem desde crianças, elas correm o vasto deserto em busca de alimentos e isso faz com estejam sempre em contato com a natureza e atividade física adquirindo um corpo forte, resistente, além de vivenciarem situações de extremos riscos fazendo com que elas sejam mais determinadas e com muita força de vontade, sabendo desde pequenas vencerem suas adversidades e superarem todos os obstáculos. Por isso, atualmente temos um numero grande de talentosos atletas africanos, pois vêem no atletismo uma forma de saírem da vida humilde e sofrida e tornarem-se heróis mundiais.

    Portanto, se pegarmos dois indivíduos e fizermos com que realize o mesmo programa de treinamento, aquele que possuir uma herança genética melhor supostamente poderá atingir um potencial superior de melhora em relação com aquele que não possui, devendo-se o técnico atentar-se antes de selecionar o tipo de treinamento a ser realizado a herança genética do atleta, mas isso independe da cor da pele.

Talento

    Hoje vivemos em uma sociedade extremamente competitiva onde os melhores se sobressaem, e isso não poderia ser diferente no esporte, e no atletismo acontece a mesma coisa, os melhores destacam-se e tornam-se campeões.

    Mas, isso se deve exclusivamente a se ter talento?

    Para que possamos responder a essa pergunta, devemos em primeiro lugar definirmos talento:

    “É uma competência pessoal alcançada dentro de um determinado ambiente esportivo, alicerçado em qualidades físicas e psicológicas que capacitam os atletas a obterem alto rendimento”5.

    Assim, traços individuais que são desenvolvidos com o crescimento da pessoa, como a estrutura óssea, muscular e desenvolvimento motor são fatores influenciadores no desenvolvimento do talento, mas não podemos parar por ai, ainda há o fator psicológico que é primordial, pois é ele que dará subsidio para que o atleta consiga lidar com as vitórias e derrotas, a saber, ultrapassar possíveis barreiras, como superar uma lesão ou lidar com uma contusão, ficando assim de fora de uma competição importante, e também realizar um programa de treinamento adequado acabará alicerçando o desenvolvimento do talento.

    Claro que não poderíamos deixar de falar nesse tópico do triângulo principal do talento, o técnico que geralmente é o profissional da educação física que descobre o possível talento em uma aula, mas que depois leva ou indica um profissional especializado, no caso do atletismo o técnico que aprimorará o potencial do atleta e lhe proporcionará melhores condições para seu integral desenvolvimento, é através do técnico também que surgirão as primeiras oportunidades na vida do atleta, pois ele que levará para as primeiras competições onde poderão ter excelentes resultados e os olhos se voltarem para esse atleta.

    A família que é o alicerce da existência de um atleta, pois ela que apóia ou autoriza a criança ou atleta a pratica esportiva.

    E por ultimo o próprio atleta que no caso irá se dedicar e entre muitos treinos exaustivos, não desistirá e com persistência e força de vontade alcançará os objetivos almejados.

    Como rege Sobral uma condição fundamental na descoberta do talento é a qualidade dos meios e dos programas de preparação desportiva6.

    Portanto, a expressão ou confirmação do talento implica em um forte empenho na preparação esportiva, na estrutura familiar, no potencial e dedicação do atleta e fatores psicológicos.

Treinamento

    O treinamento também é um fator primordial, principalmente no atletismo que é modalidade individual na qual os resultados dependem exclusivamente do individuo.

    Com isso, há necessidade de um programa de treinamento adequado para que o atleta consiga alcançar seus objetivos e uma dedicação árdua e total do atleta, pois ficar por horas treinando não é tarefa fácil e nem sempre tão prazerosa devido à fadiga e estresse muscular.

    Assim, podemos entender “treinamento físico como um processo em que o atleta é submetido a cargas que provocam fadiga controlada no seu organismo”7.(Pereira, 2004).

    Mas precisamos entender também que “adaptação é um processo do qual o homem se adéqua as condições naturais e sócio-culturais que levam a melhora morfológico-funcional do organismo, assim como um aumento na potencialidade vital e de sua capacidade de resistir aos estímulos ambientais”7 (Pereira, 2004).

    Sabe-se que um programa de treinamento de alto rendimento deve-se seguir a periodização adequada de cada individuo, e que o técnico deve estar apto em sua preparação e aplicação para que evite qualquer prejuízo e preserve sempre a integridade do atleta. Porque é conhecido que a intensidade do exercício promove certo nível de estresse e propicia efeitos danosos ao organismo7.

    Sendo que os organismos mudam em função das respostas desencadeadas pelos estímulos oriundos do meio ambiente em que vivem e também pelo tipo de treinamento que será realizado, por exemplo, se for preparado um treino aeróbio o atleta adquirirá maior resistência física, o anaeróbio estará trabalhando estímulos de reação rápida, estará estimulando a velocidade. Já o meio em que vivem pode influenciar em suas performances, por exemplo, nos países do Quênia os atletas que ali nascem e treinam são favorecidos devido a altitude existente e isso faz com que esses atletas tenham alterações nas funções fisiológicas, desenvolverá pulmões mais dilatados e uma maior capacidade torácica, tornando se mais resistente, não é por acaso que grandes nomes mundiais do atletismo provenha desse pais, o clima na África predominante é o tropical seco isso causa uma espécie de aclimatação nos atletas tornando-os capazes de suportar temperaturas elevadas8.

    Portanto, devemos estar atentos ao tipo de treinamento que será aplicado e as adaptações naturais e sócio-culturais que sofrerá o atleta, pois só assim estaremos formando quem sabe futuros campeões.

Procedimentos metodológicos

    A pesquisa caracteriza-se em estudo de caso de um ex-atleta olímpico Claudio Roberto de Souza. O objetivo da pesquisa é levantar subsídios que respondam se a diferença racial realmente influência no rendimento do atleta, e quais os fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico.

    A seleção da amostra se deu por julgamento, ou seja, de forma intencional, justamente neste único ex-atleta, encontrava-se a amostra que precisávamos que com sua vivência pratica poderá fundamentar essa pesquisa.

    Os dados foram coletados através de um questionário semi-estruturado contendo 12 questões abertas onde o participante fez um relato minucioso sobre sua trajetória até tornar-se um atleta olímpico.

    Os dados serão analisados comparando-os com as bibliografias atuais encontradas sobre o assunto, assim poderemos verificar se os resultados apurados foram condizentes com os objetivos traçados, dessa maneira podendo chegar a uma conclusão sobre a metodologia aplicada.

    Os resultados serão apresentados na conclusão dessa pesquisa.

Análise dos resultados

    O objetivo da pesquisa foi levantar subsídios que respondam se a diferença racial realmente influência no rendimento do atleta, e quais os fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico.

    Dessa maneira, foi feito uma síntese dos pontos importantes de cada questão e resposta e constatou-se que na pergunta 1 onde o entrevistado se auto descreve e diz a respeito do surgimento do atletismo em sua vida, assim ele diz que “Sou professor de Educação Física, onde atuo como técnico de Atletismo, regularmente cadastrado a Confederação Brasileira de Atletismo. O atletismo apareceu na minha vida aos 15 anos de idade na minha cidade natal, em Teresina no Piauí, onde na escola se praticava todas as modalidades nas aulas de educação física...”, a literatura traz que o objetivo principal é iniciar os alunos nos diferentes esportes como meio de formação e preparação para a vida9. (Rangel, 2011).

    Também traz que o aluno tem o primeiro contato com o esporte através do professor de educação física, pois é ele que geralmente descobre o potencial do aluno para uma modalidade especifica5.

    “(...) O esporte-educação além de proporcionar aos alunos a vivência de diferentes modalidades, deve levá-los a refletir de forma crítica, não só sobre os problemas que envolvem o esporte na sociedade, tais também como utilização de drogas ilícitas para melhoria da performance (..).”9.

    Portanto, é de fundamental importância a iniciação esportiva no âmbito escolar, pois faz com que os alunos explorem suas potencialidades, mas sempre levando em conta as características individuais e as limitações de cada indivíduo e o professor de educação física serve de descobridor de talentos, além de exemplo para os alunos, que na maioria dos casos de atletas acabam seguindo a profissão de seu iniciador esportivo.

    Já a pergunta 2 onde o entrevistado descreve sua trajetória até tornar-se um atleta olímpico, “Tudo começou representando a escola em jogos escolares da cidade, com o destaque logo já estava representando o Estado nos Jogos Escolares Brasileiros no ano de 1989. No mesmo ano conquistei o Campeonato Brasileiro de Menores, categoria até 17 anos na prova do 100 metros rasos. Em 1992 veio a conquista, o Campeonato Brasileiro Juvenil, também na prova do 100 metros. Todas essas conquistas foram treinando e morando ainda em Teresina, onde treinava 3 vezes por semana, dividindo o tempo com trabalho para ajudar no orçamento de casa. No ano de 1994 veio a conquista do Troféu Norte-nordeste na prova do 100 metros com recorde da competição que permaneceu por 15 anos. No ano seguinte, veio o convite de grandes equipes de São Paulo e Rio de Janeiro. E foi para São Paulo que resolvi enfrentar novos desafios, buscando assim o sonho de participar de um Jogos Olímpicos. Esse sonho veio no ano 2000 onde, conquistei o índice olímpico, me dando o direito de participar da olimpíada em Sidney na Austrália, quatro anos depois veio o segundo sonho, a Olimpíada de Atenas, na Grécia”.

    Essa questão será analisada junto com a pergunta 4 porque elas estão interligadas pois nesta questão trata-se das maiores conquistas do entrevistado que respondeu “No inicio da carreira, em 1989 campeão brasileiro de menores no 100 metros e vice no 200m. 1992 Campeão Brasileiro Juvenil na prova do 100 metros. Campeão brasileiro universitário do 100 e 200 metros em 1997. Ainda em 97 tive a conquista do meu primeiro jogos abertos no 100 metros. Em 1998, campeão Ibero-americano no revezamento 4x100 em Lisboa – Portugal. No ano 2000, medalha de prata na Olimpíada de Sidney no revezamento 4x100. Em 2002 vice-campeão brasileiro do 100 metros. Em 2003 medalha de prata no campeonato mundial de atletismo em Paris no revezamento 4x100 e no mesmo ano campeão pan-americano da mesma prova em Santo Domingo. Finalista do revezamento 4x100 em 2004 na olimpíada de Atenas. Com certeza os eventos mais emocionantes foram os dois jogos olímpicos e a conquista da prata no mundial de Paris”.

    Para analisarmos essas duas questões evidencia-se que o entrevistado obteve suas maiores conquistas desde o primeiro ano de sua iniciação atlética na escola e com a vinda para São Paulo obteve resultados expressivos, sendo subtendido quando se tornou atleta de alta performance ou alto rendimento e atingiu a especificidade do treinamento conseguiu obter melhores resultados e uma melhor condição financeira.

    Vejamos “um atleta de alto nível deve atender todas as exigências da modalidade com um mínimo de desvio de seu padrão, constituindo, assim de uma minoria populacional...”10.

    Também “o esporte de rendimento, traz consigo os propósitos de novos êxitos e a vitórias sobre os adversários”9.

    Pode-se perceber que o entrevistado é de origem humilde como deixa claro nesse trecho da entrevista “Todas essas conquistas foram treinando e morando ainda em Teresina, onde treinava 3 vezes por semana, dividindo o tempo com trabalho para ajudar no orçamento de casa”. Assim, isso fez com que também fosse um fator inspirador para dedicar-se e obter melhores resultados, como se observa “a maioria dos talentos africanos é de origem humilde, que busca a inspiração em seus ídolos, fazendo com que sua força de vontade, sacrifício e determinação sejam mais solicitadas”8.

    “(...) percebeu-se ainda, a busca por um técnico especializado no período do ápice, normalmente em função de uma melhor estrutura de recursos físicos e financeiros”5.

    Diante disso, notou-se que a dedicação e força de vontade, além é claro de treinamento árduo e especifico colaboraram para obtenção de resultados expressivos e melhores condições financeiras.

    Agora a pergunta 3 que diz respeito de como eram realizados os treinos de alto rendimento e se ocorreu alguma diferença em relação a iniciação ao atletismo, respondeu da seguinte maneira “Sim uma grande diferença, pois no início do meu treinamento, treinava apenas 3 vezes por semana, numa intensidade e volume bem pequeno, pois não tinha estrutura física e de material para desenvolver um trabalho mais específicos para a prova do qual estava treinando. Quando atingiu um resultado considerado bom para o nível nacional, o treinamento passou a ser mais árduo, onde o volume de treinamento e a intensidade aumentaram, aumentado assim o tempo de treinamento, onde finalmente a periodização de treinamento estava sendo aplicado. Dentro da Periodização tínhamos o Período de Preparação Geral, ou seja, o trabalho de base, onde prepara nossos músculos para o treinamento específico, é ainda a fase de treinamento mais longo dentro da periodização, em seguida o Pré-Especifico, que é transição da base para o específico. E finalmente o Específico, que é fase de lapidação, o treinamento mais curto, onde o atleta vai atingir talvez os seus melhores resultados. Na fase de alto rendimento também tínhamos o acompanhamento de médicos ortopedistas, nutricionista, fisioterapeuta, massagistas, enfim uma estrutura para que o atleta já de alto nível tenha as melhores condições para obter resultados de nível mundial”.

    Assim, entende-se que um treinamento baseado na ciência é essencial para o desempenho esportivo”. 3

    Também, “(...) percebeu-se ainda, a busca por um técnico especializado no período do ápice, normalmente em função de uma melhor estrutura de recursos físicos e financeiros”5.

    Portanto, um programa de treinamento pautada em uma metodologia cientifica trará melhores condições para obter sucesso esportivo, além de ser necessário um técnico conhecedor da metodologia de treinamento e uma estrutura especializada.

    Agora na pergunta 5 sobre os fatores que influenciaram para tornar-se um atleta olímpico, ele responde “Em primeiro lugar o atleta tem que ter uma genética que favoreça a prova que pratica. A vontade de treinar, dedicação e muita disciplina é muito importante. Também um bom treinador que conheça seus limites como atleta e bom conhecedor de fisiologia e metodologia de treinamento. Além disso o atleta tem que ter uma boa equipe acompanhada e uma estrutura física necessária para o seu desenvolvimento, como médicos, fisioterapeutas, massagistas e nutricionista.

    De nada vai adiantar se o atleta tem uma generosa genética, se não tiver vontade de realizar o objetivo final que é ir a uma olimpíada”.

    Dessa maneira podemos nos amparar no seguinte contexto “a individualidade genética é importante porque tem impacto sobre a aptidão física”3.

    Continuando, “geneticamente falando, se pegarmos dois indivíduos e submetermos ao mesmo programa de treinamento, aquele possuidor de um genótipo mais favorável poderá mostrar um potencial de melhora (...)”8.

    Assim, “(...) a individualidade biológica analisa os indivíduos e suas características genotípicas e fenotípicas para dirigi-lo a uma determinada modalidade esportiva e a métodos de treinabilidade”. 11

    Outra característica que se evidenciou também foi à dedicação e a esse respeito temos “as qualidades evidenciadas nessa fase de especialização na modalidade de atletismo foram dedicação, a determinação e a persistência”5.

    Portanto, genética, dedicação, um bom treinador e persistência colaboram para tornar-se um atleta de alto rendimento.

    A pergunta 6 que trata da alimentação e suplementação na época de atleta, ficou relatado o seguinte “A alimentação sempre importante, sempre feita a base de proteínas, pois é principal fonte de alimentação para o ganho de força essencial para um velocista. Tentando sempre comer nos horários adequados, sempre se alimentando de 3 em 3 horas, isso claro, sempre acompanhado por um cardápio prescrito por um nutricionista.

    No entanto, em um alto nível de treinamento, nem sempre a alimentação, supre as necessidades protéicas e de vitaminas, recorrendo assim, aos suplementos alimentares, onde se deve ter muito cuidado, pois muitos podem vir contaminados por substancias que são proibidas para o uso de atletas. Na medida do possível foi usado produtos e medicamentos manipulados por farmácia de confiança, usado produtos de uso clínico e substancias através de tratamento ortomolecular.

    Uma boa alimentação e suplementação alimentar é importante para suportar os níveis de treinamento de alto nível, se possível sempre acompanhado das orientações de um nutricionista ou médico”.

    A alimentação é de suma importância para um atleta, pois sem ela não há combustível para o organismo, assim um acompanhamento nutricional e uma rica dieta são essências, ainda mais como destacou o entrevistado que sua alimentação era a base de proteína a qual “a importância biológica é enorme dada a intervenção crucial em todos os processos biológicos”12.

    Também a proteína tem a função estrutural, enzimática, de transporte, hormonal, imunológica, motora e de reserva.12

    Para o atleta a função estrutural da proteína é importantíssima pois ajuda no aumento da massa muscular, e, isso no atletismo auxilia no desempenho atlético.

    O rendimento de um atleta tem um percentual “derivado do processo de treinamento, nutrição, entre outros”.8

    Em relação as suplementos que podem vir contaminados, o atleta tem que tomar muito cuidado mesmo pois o doping leva a punição do atleta, além se for encontrado esteróides anabólicos causará riscos para o individuo pois possuem efeitos colaterais “administrados em doses excessivas, poderão causar a elevação do colesterol, acne, pressão sanguínea elevada, hepatotoxidade e alterações na morfologia do ventrículo esquerdo do coração.”8

    Diante disso, fica claro um acompanhamento nutricional ou médico para um melhor desempenho, fora de riscos desnecessários.

    Na pergunta 7 sobre a genética e as diferenças raciais influenciam no atletismo, o entrevistado respondeu “A genética é primordial para que um atleta atinja resultados de nível mundial, no entanto, existem atletas que não possuem uma genética privilegiada, porém, possuem muita vontade e determinação para superar seus limites e esses surpreendentemente podem atingir níveis ótimos de resultados. Quanto as diferenças raciais não concordo que sejam fatores influenciadores. Contribui sim, o biotipo do atleta, a região da qual vive o atleta, como por exemplo os quenianos que nascem e vivem na altitude do seu pais, portanto convivendo com ar rarefeito, ou seja, pouco oxigênio, os quenianos são ainda atletas magros, com pouca massa muscular, longos membros inferiores, ossos de pouco espessura, caracterizando assim um fundista, características essas encontradas em brancos também.

    Cada atleta possui uma fonte de energia, podemos citar como exemplo: a resistência anaeróbia alática, ou seja, corredores de 100 metros na maioria negros e usam a mesma fonte de energia, arremessadores e lançadores, onde os melhores na maioria então nos países escandinavos, ou seja, atletas brancos.

    Mas na minha opinião o que mais influencia é a classe social que pertence o atleta. O atletismo, é praticado pela sua maioria atletas das classes menos favorecidas, que na maioria de sua população são aqueles de cor negra, e as provas mais fáceis de serem praticadas são as provas de pista, que não precisa de implemento.

    Enfim o que vai definir é a fisiologia do atleta, o tipo de fibra muscular a que ele pertence e isso independe da raça.

    Os artigos científicos vêm demonstrando que “com relação ao rendimento físico de diferentes raças, a raça negra mostram que são considerados superiores em varias modalidades de velocidade do atletismo.”7

    Na mesma linha “em termos antropométricos, os negros são mais baixos que os brancos, tem menos gordura e mais fibras musculares o que beneficia em corridas longas”8.

    Já no campo fisiológico “os negros são capazes de correr a mesma distância que os adversários, mas com menor consumo de oxigênio”8.

    Porém nada disso é valido se não houver dedicação e muito treinamento por parte do atleta, pois ele pode ser favorecido geneticamente ou racialmente e não estar nem ai para o desporto.

    A pergunta 8 diz respeito no que fez melhorar seus resultados e foi respondido que “O amor pelo atletismo foi essencial, a vontade de atingir o objetivo traçado por mim e meu treinador. Nesse objetivo está incluído a disciplina. Também foi importante a estrutura envolvida, dentre elas todos os profissionais envolvidos”.

    O embasamento disso é “o esporte só é interessante se as características de suas atividades atenderem as necessidades especificas do individuo”5.

    No caso o atletismo atingiu as características do entrevistado e ainda contribui para seu desenvolvimento como atleta, trazendo grandes conquistas pessoais e profissionais.

    Pergunta 9 trata-se da importância do talento, e foi respondido que “Muito importante, aliás o talento, a genética, pode separa o participante de um jogos olímpicos de um medalhista. Mas, de nada adianta se o talentoso não tiver vontade e raça no treinamento e competição. Aquele que não é tão talentoso, mas com vontade de vencer pode se sobressair”.

    Nesse assunto temos “a expressão ou a confirmação do talento implica em um forte empenho na preparação esportiva (...)”5.

    No mesmo sentido talento “é uma competência pessoal alcançada dentro de um determinado ambiente esportivo, alicerçado em qualidades físicas e psicológicas que capacitam os atletas a obterem alto rendimento”5

    Diante do exposto, o talento é primordial desde que venha amparado com a força de vontade, a persistência e a dedicação.

    Pergunta 10 é sobre qual a importância da equipe no sucesso do atleta, a resposta foi “Trabalhei em algumas equipes, mas a última e que fiquei mais tempo, é hoje a melhor equipe de atletismo do Brasil, a BM&F. A equipe sempre teve profissionais envolvidos, como médicos, fisioterapeutas, fisiologista, nutricionista, massagistas. Eles são de muita importância, para manter os atletas sempre com saúde, em plenas condições de recuperação para que o treino seguinte o atleta esteja em condições de treinar com a qualidade que o treinador espera”.

    Mesmo o atletismo sendo um esporte individual as pessoas que fazem parte da equipe técnica é fundamental na vida do atleta, pois fazem a manutenção física, nutricional e medica, dando melhores condições para o treinamento e desenvolvimento técnico do atleta.

    Pergunta 11 o que é necessário para tornar-se um atleta olímpico, o entrevistado respondeu que “Ser talentoso, ter vontade de vencer, encontrar um equipe que seja parceira na busca do seu objetivo, oferecendo os profissionais e estrutura necessários para a pratica da modalidade”.

    O embasamento desta questão está em tudo que foi visto no referencial teórico e no que foi dito nas respostas anteriores, para tornar-se atleta olímpico precisa de muita dedicação, uma boa genética, um bom programa de treinamento e talento.

    Pergunta 12 é sobre o que o entrevistado pudesse acrescentar que não foi perguntado e ele disse “Acrescentar apenas que a prática da educação física regular é a principal ferramenta para que possamos desenvolver o esporte no nosso país, e cabe aos nossos professores de educação física, ajudar a desenvolver o esporte olímpico no país”.

    Assim, “o aluno tem o primeiro contato com o esporte através do professor de educação física, pois é ele que geralmente descobre o potencial do aluno para uma modalidade especifica5.

    Sendo assim, de primordial importância tanto para o desenvolvimento do esporte no nosso país quanto para o desenvolvimento integral do aluno.

Considerações finais

    Este trabalho teve como objetivo levantar subsídios que respondam se a diferença racial realmente influência no rendimento do atleta, e quais os fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico.

    Devido à amplitude de riquezas que o atletismo possui por ser um esporte que serve de base para qualquer outra modalidade e por ter pouco material cientifico nesse assunto a premissa se tornou necessária para responder as inquietações pessoais adquiridas na vida de atleta e educadora.

    O atletismo é um dos esportes mais antigos do mundo, seu surgimento vem desde a pré-história até os dias atuais, mas sua forma competitiva surgiu na Grécia nos jogos olímpicos.

    Fatores como genética, talento e treinamento foram primordiais para entendermos melhor o desenvolvimento de alto rendimento.

    Dessa maneira, sua pratica deve acontecer desde a escola para o desenvolvimento integral do aluno, a iniciação ao esporte a fim de descobrir futuros talentos até o treinamento de atletas de alto rendimento para revelar atletas olímpicos.

    Durante todo estudo pode se observar fatores primordiais para o desenvolvimento do atleta.

    O que ficou evidenciado é que no atletismo para se ter resultados expressivos são necessários árduos treinamentos, muita dedicação e força de vontade, além de um técnico competente que saiba lidar com toda a metodologia de treinamento.

    Os resultados demonstraram que a diferença racial beneficia o desenvolvimento atlético, mas não é fator primordial. Já a genética, o talento e a dedicação, persistência e o treinamento tem que estar em total sintonia, ou seja, eles são fatores relevantes para tornar-se um atleta olímpico, junto com uma estrutura física ampla contendo profissionais de ponta.

    Diante dos resultados obtidos, espero que esta pesquisa possa ser uma contribuição, ainda que modesta, na busca de novos caminhos para se trabalhar com o atletismo em alto rendimento, se tornando um importante instrumento cientifico no que diz respeito ao atletismo.

    Que as próximas pesquisas realizadas nessa área possam responder por que o atletismo ainda é pouco praticado?

    Espero ainda que esta pesquisa torne-se um incentivo para educadores da área de educação física, para os técnicos de atletismo podendo assim buscar novas possibilidades em atender cada vez mais seus alunos e atletas e ainda, poderemos encurtar os caminhos e mecanismos que auxiliem técnicos e atletas num treinamento mais eficaz que beneficie a revelar futuros atletas olímpicos e quem sabe assim, o Brasil possa tornarem-se umas das potencias mundiais do atletismo.

    Enfim, genética, talento, dedicação, persistência e o treinamento tem que estar em total sintonia, pois eles são fatores relevantes para tornar-se um atleta de alto rendimento ou atleta olímpico.

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  12. NUNES, G. A. Tipos de Proteínas. 2012.

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 176 | Buenos Aires, Enero de 2013
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