Desempenho físico de atletas
femininas de basquetebol Rendimiento físico de jugadoras de baloncesto con historia de anemia y malaria y jugadoras sanas |
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*Doutorando em Biologia Experimental Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia Coordenador do Centro de Estudo de Esporte e Lazer (CEELA) Integrante do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal **Doutorado em bioquímica. Orientador da pesquisa “Avaliação do desempenho físico de atletas com historia de anemia e infecção por malária” no programa de doutorado Biologia Experimental Professor do Departamento de Medicina da Universidade Federal de Rondônia Diretor da Fundação Oswaldo Cruz - Unidade de Rondônia ***Doutora em Sociologia e professora de Educação Física Professora do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Rondônia Diretora do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia Líder do Grupo de Estudos do Desenvolvimento e da Cultura Corporal ****Professor do Departamento Ciência da computação UNIR Professor do Programa de Doutorado
Biologia Experimental UNIR sucesso |
Prof. Ms. Ramón Núñez Cárdenas* Prof. Dr. Rodrigo Stabeli** Profª. Drª. Ivete de Aquino Freire*** Prof. Dr. Gilson Medeiros Silva**** (Brasil) |
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Resumo O sucesso esportivo é determinado pela capacidade do atleta maximizar o seu potencial genético com um treino físico e mental apropriado que prepara o corpo e a mente para a competição. Em níveis elevados de competição, os atletas geralmente recebem programadas orientações para melhorar a suas capacidades físicas, psicológicas e maximizar as funções fisiológicas essenciais ao desempenho ideal. Independente do gênero, os humanos possuem sete capacidades físicas. Tais capacidades estão diretamente relacionadas ao desempenho físico. Devido a determinadas especificidades de gênero, o desempenho físico das mulheres será sempre inferior ao dos homens. Por esse motivo é fundamental a ordenação dos dados levantados serem analisados separadamente. O presente trabalho analisa, numa perspectiva comparativa, o desempenho físico de mulheres atletas de basquetebol com história de anemia e infecção por malária e atletas sadias. Para a análise das variâncias das duas amostras utilizou-se o teste-f e para as análises das médias de ambas as amostras foi utilizado o teste-t. Considerou-se o nível de significância de 5% (p<0,05). Participaram do estudo 24 mulheres atletas de basquetebol de dois clubes da cidade de Porto Velho; sendo 12 atletas com história de anemia e malária e 12 atletas sadias. Os resultados do estudo apontam para diferenças significativas no desempenho físico das atletas, observando-se melhores resultados nas atletas sadias. A escassez de estudos dificulta a comparação dos resultados com outras realidades. Daí a necessidade de expandir estudos voltados à temática de saúde da mulher atleta, ampliando a amostra e vinculando outras variáveis. Tais ações acompanham as políticas propaladas pelo governo brasileiro no sentido de investir na formação de uma nação considerada potência esportiva mundial. Unitermos: Desempenho físico. Anemia. Malaria.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
Apesar dos escassos estudos que se dedicam ao desempenho físico de mulheres atletas, destacando-se as especificidades do gênero, pesquisas apontam que os aspectos hormonais que culminam com a menstruação são fatos fundamentais no desempenho destas (Mckenzie DC, Prior JC, Taunton JE, 1995).
O êxito esportivo é determinado pela capacidade da atleta maximizar o seu potencial genético com um treino físico e mental apropriado cuja finalidade é preparar o corpo e a mente para a competição. O desempenho físico atlético se desenvolve dentro de uma relativa continuidade na qual as exigências são adequadas necessariamente a capacidade individual da esportista.
No processo de treinamento, é necessário aplicar diversos meios para o aumento do desempenho físico da atleta, entre eles encontram-se os exercícios físicos. Nos últimos anos tem se intensificado a capacidade de atuar sobre o desempenho físico através de meios ideomotores, autógeno e psicógenos. Considerando-se a variável saúde, os exercícios físicos constituem-se o meio mais importante para obter um aumento no desempenho físico esportivo. Deverão responder aos objetivos e tarefas do processo de treinamento.
O resultado no desempenho atlético depende de inúmeros aspectos entre os quais se destacam a cultura e a genética do atleta; a alimentação, o tipo de treinamento entre outros. Por sua vez, a maioria destas variáveis depende de aspectos macro na qual as Políticas Públicas ao Esporte têm predominantemente maior influência.
Tendo como ponto de partida a Conferência Nacional de Esportes e Lazer, que mobilizou todos os estados da federação e Distrito Federal (Ministério do Esporte, 2010), o Brasil, no ano de 2010 estabeleceu políticas no âmbito do esporte tendo como desafio projetar a nação como potência esportiva mundial. Os Jogos Olímpicos de 2016 a serem realizados no país, se apresentam como excelente oportunidade de apresentar alguns resultados de tais políticas. Um país populoso como o Brasil, que em julho de 2012, alcançou quase 194 milhões de pessoas (Globo, 2012) tem ampliado as possibilidades da existência de potenciais esportivos distribuídos em todo território nacional. O município de Porto Velho, capital do estado de Rondônia, onde foi realizado o estudo ora apresentado, se insere no contexto deste fenômeno; teve no Censo de 2010 alcançado o número de 1.562409 habitantes (IBGE, 2012). Em 2011 comentou-se que cerca de 50 mil pessoas migraram para Porto Velho aumentando a população em torno de 30% (Moraes, 2012).
Um estudo realizado com mulheres esportistas (NOOS, 2007) mostrou que as dificuldades financeiras constituem-se no principal impedimento para a continuidade destas na prática esportiva; em seguida têm-se os estereótipos de gênero, expressos sob várias formas: preconceito com a participação das mulheres em determinadas modalidades esportivas, acenando para a masculinização dos corpos femininos; e cobranças diferenciadas para a mulher no âmbito doméstico, gerando acúmulo de atividades. Tais dificuldades são reforçadas pela falta de políticas de apoio para o esporte no Brasil.
No município de Porto Velho, a prática esportiva se manifesta com ou sem incentivo dos governos federal, estaduais e locais. Porto Velho é marcado por grandes diferenças, quando comparado com diversos municípios do país; que exigem Políticas Públicas específicas, envolvendo os aspectos tanto do esporte como da saúde. Trata-se de uma localidade do Brasil que por sua condição de principal centro urbano do estado de Rondônia, tem sido pólo de atração demográfica nas últimas décadas. Em 2010, com a construção das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, UHEs, no estado de Rondônia vêm novamente à tona discussões sobre os impactos no ordenamento da região. A cidade que anteriormente já apresentava sérios problemas de infraestrutura de serviços públicos, vê agravada tais condições com o ingresso de cerca de 20 mil trabalhadores somente nos canteiros de obras das usinas. Estudos apontam que a construção de UHEs na região Amazônica favorece a ocorrência de macro epidemias (Tonyhiroshi Katsuragawa, Luizherman Soares Gil, Mauro Shugiro Tada e Luizhildebrando Pereira da Silva, 2012). O desenvolvimento não sustentável pode impactar a malária na região (Sena, 2010).
Ademais, a Cidade de Porto Velho está localizada em zona considerada de alto risco para a malária. Possui zonas permanentemente alagadas, favorecendo a ocorrência de numerosos criadouros de anofelinos durante todo o ano. Os maiores números de casos absolutos de malária estão concentrados nos Bairros periféricos da área urbana e rural (Camargo, L. M. A e colaboradores, 1996). No município de Porto Velho, em 2008 foi identificado 19.761 de ocorrências. Em 2009, o distrito urbano de Jaci-Paraná (do município de Porto Velho) apresentou possibilidade de surto da doença, com 971 de casos Katsuragawa e colaboradores, 2009).
A malária ou paludismo é uma doença infecciosa, aguda ou crônica causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito Anopheles. As manifestações iniciais desta doença são febre, sensação de mal estar, dor de cabeça, dor muscular, cansaço e calafrios. No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo de aproximadamente, entre 06 e 15 dias dependendo do tipo de Plasmodium; reproduzem-se assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem o mesmo fim, causando anemia no indivíduo (Organização Panamericana da Saúde, 1999).
Como regra geral, as espécies de plasmódios que afetam o homem não levam a complicações agudas graves em indivíduos previamente sadios, mas a infecção crônica por Plasmodium malariae tem sido descrita como uma causa importante de lesão glomerular por deposição de imunocomplexos, produzindo uma síndrome nefrótica. Do mesmo modo, é comum a presença de anemia, em especial a anemia produzida pela hemólise intravascular. As hemólises intravasculares são definidas como patologias nas quais ocorre destruição precoce das hemácias mediadas por auto-anticorpos fixados a antígenos da membrana eritrocitária. Essa fixação imune desencadeia uma série de reações em cascata que termina na hemólise dessas células (Loiola; Silva, Tauil, 2002).
Para este estudo, a variável anemia é importante uma vez que freqüentemente, as doenças infecciosas (como é o caso da Malária) que persistem por mais de um ou dois meses, são acompanhadas por uma Anemia que varia de leve a moderada. Tal relação é explicada pela ruptura das hemácias bem como a dificuldade gerada na produção destas . No Brasil este tipo de Anemia é muito comum e sua incidência total é superada apenas pela anemia ferropriva (Eichner, 2001).
Segundo a OMS, a Anemia é definida como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, seja qual for à causa dessa deficiência. Qualquer condição passível de comprometer a produção ou de aumentar a taxa de destruição ou de perda dos glóbulos vermelhos pode resultar em anemia (Eichner, 2001).
Comparados a população em geral, os atletas, principalmente os que participam de provas de resistência, tendem a apresentar concentrações de hemoglobina levemente inferiores. Esta condição é conhecida como “falsa anemia” (Eichner, 2001). Esta alteração ocorre porque a prática de exercícios regulares, com características aeróbicas provoca um aumento no volume de plasma sanguíneo que dilui as hemácias e baixa a concentração de hemoglobina. Entretanto, estudos indicam que esta concentração mais baixa de hemoglobina por unidade de sangue não prejudica o desempenho físico máximo, uma vez que essa desvantagem potencial pode ser compensada pelo aumento do volume sistólico cardíaco causado pelo aumento do volume sanguíneo (Pancorvo, 2008).
Considerando o exposto, o presente estudo apresenta avaliação do desempenho físico de atletas mulheres com histórico de anemia e infecção por malária; compara o desempenho físico destas com aquelas consideradas sadias.
Metodologia
A pesquisa trata-se de um estudo descritivo-comparativo. Fizeram parte da pesquisa 20 atletas mulheres vinculadas a dois clubes esportivos da Cidade de Porto Velho; sendo 9 atletas com história de anemia e malária e 11 atletas sadias. Ambos os grupos foram submetidos à Avaliação Física.
Características da amostra
A Tabela 1 apresenta as características de faixa etária, gênero, tempo de prática no esporte e freqüência semanal de treinamento das atletas que apontaram histórico de anemia e infecção por malária. Já a Tabela 2 apresenta as características de faixa etária, gênero, tempo de prática no esporte e freqüência semanal de treinamento das atletas que não assinalaram histórico de anemia e infecção por malária. Neste caso, denominadas no estudo como atletas “sadias”.
Tabela 1. Característica da amostra do grupo de atletas que apontaram histórico de anemia e infecção por malária
Tabela 2. Característica da amostra do grupo de atletas que não apontaram histórico de anemia e infecção por malária
Materiais e métodos
a. Avaliação Física
Para a avaliação da capacidade aeróbica das atletas foi utilizado o protocolo de Cooper – Teste de 12min.
No levantamento dos dados antropométricos, foram utilizados protocolos específicos para identificação do peso e da estatura.
Avaliação dos Parâmetros Neuromusculares. Foram utilizados os seguintes parâmetros:
Força-Contração muscular: Para a avaliação da força isotônica concêntrica dos indivíduos esportistas foi utilizado o Protocolo de Robertson - Teste de flexão do tronco (Barrow e Mcgeeb, 2003).
Para avaliar a força isotônica repetitiva dos indivíduos esportistas foi utilizado o Protocolo de Welley & Sons - Teste de flexão de braço (Barrow e Mcgeeb, 2003).
Flexibilidade: Foi utilizado o Protocolo de Golding & Miers - Teste de flexão do tronco (Barrow e Mcgeeb, 2003).
Velocidade - Teste de velocidade de 50m proposta por Johnson e Nelson.
Análise estatística dos dados
Para a análise das variâncias das duas amostras utilizou-se o teste-f e para as análises das médias de ambas as amostras foi utilizado o teste-t. Considerou-se o nível de significância de 5% (p<0,05).
Resultados e discussões
Para avaliar o desempenho físico das atletas com história de anemia e malária e atletas sadias foram realizados diferentes testes físicos cujos resultados podem ser observados na tabela 3 e 4.
Tabela 3. Resultados da avaliação física dos atletas com história de anemia e malária de basquetebol (feminino)
Tabela 4. Resultados da avaliação física dos atletas sem história de anemia e malária de basquetebol (feminino)
Foi realizada a análise estatística das variâncias e média da idade e de cada uma das qualidades físicas que foram avaliadas em ambos os grupos estudados. Para tanto, utilizou-se o teste-f, aceitando-se a hipótese nula devido a que p(f<=f) > 0,05, ou seja, a variância das atletas com história de anemia e malária referente à idade não é diferente às de atletas sadias segundo Tabela 5.
Tabela 5. Análise de duas amostras para variâncias nas idades através do teste f
Tabela 6. Analise das medias de ambas as amostras presumindo variâncias equivalentes através do teste t
Quando analisada a variância para ambas as amostras na idade utilizaram-se o teste-t para duas amostras presumindo variâncias equivalentes. Obteve-se como resultado, que ambas as médias são iguais, ou seja, a média da idade das atletas com história de anemia e malária não é diferente as de atletas sadias tabela 6.
Uma vez analisada as variâncias e média das qualidades físicas que foram avaliadas em ambos os grupos estudados através do teste f, rejeita-se a hipótese nula (p(f<=f) < 0,05), ou seja, a variância das atletas com história de anemia e malária é diferente às de atletas sadias. Estes resultados são referente á qualidade física de Resistência tabela 7.
Tabela 7. Analise de duas amostras para variâncias na avaliação físicas de Resistência através do teste f (Feminino)
Após analisada a variância para ambas as amostras na avaliação física (resistência) foi utilizado o teste-t para duas amostras presumindo variâncias diferentes. Obteve-se como resultado, diferença significativa para ambas as médias, com maior desempenho físico da resistência para as atletas sem história de anemia e malária (Tabela 8) (Figura 1).
Tabela 8. Análise das medias de ambas as amostras presumindo variâncias diferentes através do teste t (Feminino)
Figura 1. Representação gráfica da análise comparativa do desempenho físico das atletas com história de anemia e malária e atletas sadias na avaliação física de resistência
Nas avaliações físicas de força abdominal, força de braço, flexibilidade e velocidade aprecia-se um resultado diferente em relação à análise de variância de ambas as amostras uma vez aplicadas o teste-f. Isto porque, como (p(f<=f) > 0,05) se aceita a hipóteses nula, ou seja, a variância das atletas com história de anemia e malária não é diferente das atletas sadias tabela 9 e 10.
Tabela 9. Análise de duas amostras para variâncias nas avaliações físicas de força abdominal e Força de braço através do teste f
Tabela 10. Análise de duas amostras para variâncias nas avaliações físicas de flexibilidade e velocidade através do teste f
Quando analisada a variância para ambas as amostras nas avaliações físicas (força abdominal, força de braço, flexibilidade e velocidade) utilizou-se o teste-t para duas amostras presumindo variâncias equivalentes. Teve-se como resultado, diferença significativa para ambas as médias, com melhor desempenho físico para as atletas sem história de anemia e malária (Tabela 11 e 12) (Figura 2).
Tabela 11. Análise das médias de ambas as amostras presumindo variâncias equivalentes através do teste t
Tabela 12. Análise das médias de ambas as amostras presumindo variâncias equivalentes através do teste t
Figura 2. Representação gráfica da análise comparativa do desempenho físico das atletas com história de anemia
e malária e atletas sadias nas avaliações físicas de força abdominal, força de braço, flexibilidade e velocidade
Os resultados apresentados mostram que as atletas com histórico de anemia e malária tendem a apresentar maiores dificuldades no desempenho físico que as atletas sadias. Entretanto, ambos os grupos têm dificuldades expressivas na qualidade física “resistência”, considerada básica para o desempenho da prática esportiva. Para o ótimo desempenho da qualidade física resistência segundo Cooper (1968) as mulheres atletas profissionais deverão recorrer uma distância de 3000 metros em 12 minutos. Entretanto, as atletas com história de anemia e malária atingiram uma distância média de 1.368 metros, o que equivale a 45,6% do total da distância a ser percorrida segundo a literatura considerada. As atletas sadias recorreram uma distância média de 1.550 metros, equivalente a 51,6% do que orienta Cooper. Lembra-se que uma partida de basquetebol tem uma durabilidade de 40 minutos, tempo que a capacidade física resistência é de vital importância na eficiência dos diferentes fundamentos técnicos e táticos. Tais aspectos são essenciais na obtenção de bons resultados neste esporte.
Os resultados obtidos na “força de braço” em ambos os grupos não é favorável do ponto de vista do condicionamento físico, embora se aprecie melhor resultado no grupo de indivíduos sadios (Tabelas 3 e 4). Segundo Welley & Sons (1978) as atletas com idade de 20-29 anos para serem consideradas com excelente preparação desta qualidade física, deverão atingir mais de 49 repetições na flexão e extensão de braço até interromper livremente o exercício. As atletas com história de anemia e malária atingiram como média 18 repetições (Tabela 3), correspondendo a 36,7% do recomendado pela literatura. Já as atletas sadias executaram 25 repetições (Tabela 4), o que corresponde a 51% do total orientado pelos autores mencionados anteriormente. A deficiência no desempenho desta qualidade física pode afetar a eficiência dos fundamentos técnicos ofensivos como: passe, quique de bola e arremessos de curta, média e longa distância. Se tratam de fundamentos básicos na finalização exitosa das diferentes ações táticas ofensivas.
Para Robertson (1993), a avaliação ótima de atletas mulheres na variável força abdominal é de 98-115 repetições. As atletas com história de anemia e malária tiveram como média 40 repetições (tabela 3), correspondendo a 34,7% do recomendado como ideal (98-115); já as atletas sadias apresentaram 56 repetições; equivalente a 48,6% (tabela 4) do total recomendado na avaliação do teste. A deficiência no desenvolvimento da força abdominal pode afetar a postura corporal durante a execução dos diferentes fundamentos técnicos e táticos que são realizados neste esporte, provocando deste modo a fatiga precoce e o risco de lesões esportivas.
Quanto a flexibilidade, segundo Golding & Miers (1989), as atletas do sexo feminino com idade de 18-25 e 26-35 anos para obter uma avaliação excelente nesta qualidade física deverão atingir uma amplitude articular de 25 centímetros (18-25 anos) e 24 centímetros (26-35 anos). As atletas com história de anemia e malária tiveram como média 29 centímetros; enquanto as atletas sadias atingiram 39 centímetros. Estes resultados mostram a eficiência atingida pelas atletas estudadas na referida qualidade física (tabela 3 e 4), sendo inclusive, ultrapassado o número apontado como ideal. Entretanto, esta qualidade física depende da amplitude articular do atleta. Inclusive, o excesso do desenvolvimento desta qualidade física pode acarretar a realização de movimentos exagerados que dificultam a execução técnica dos fundamentos de alguns esportes, propiciando gasto energético não necessário; antecipando o surgimento de esgotamento físico durante a prática esportiva.
A velocidade é uma qualidade física fundamental no basquetebol uma vez que as diferentes ações técnico-táticas que são realizadas no jogo demandam intensidades variadas. No teste utilizado de 50m (Johnson e Nelson, 1979) para avaliar a velocidade nos atletas estudados, pode-se apreciar os seguintes resultados:
As atletas com história de anemia e malária registraram média de 9 segundos e 45 centésimo (9,45);
As chamadas atletas sadias atingiram média de 9 segundos (9,0).
Segundo Johnson e Nelson (1979), as atletas na avaliação para esta qualidade física (velocidade) deverão atingir um tempo menor a 5 segundos e 8 centésimo (5,8). Comparando a literatura com os resultados encontrados, verifica-se deficiência notável no desempenho da qualidade física em ambos os grupos de atletas.
Considerações finais
Os achados do estudo apontam para diferenças significativas entre o desempenho físico do grupo de atletas com histórico de anemia e infecção por malária e atletas sadias. Os melhores resultados foram observados nas atletas sem história de anemia e infecção por malária.
Levando-se em consideração os resultados obtidos sugere-se a continuidade deste estudo incorporando-se outras variáveis a serem consideradas. Uma variável importante a ser investigada diz respeito a possíveis alterações hormonais, principalmente aquelas relativas aos períodos pré e pós-menstrual. Também é importante considerar os resultados de exames laboratoriais, os esquemas de treinamento e aspectos nutricionais.
As atletas que fizeram parte do estudo residem em uma região endêmica, e são escassas as pesquisas que reúnem as variáveis gênero, esporte, malária e anemia. A escassez aumenta quando o foco considerado são os estados que se inserem na Amazônia brasileira. Daí a necessidade de expandir estudos voltados à temática de saúde da mulher atleta, ampliando a amostra e vinculando outras variáveis. Tais ações acompanham as políticas propaladas pelo governo brasileiro no sentido de investir na formação de uma nação considerada potência esportiva mundial. Para tanto, há um longo caminho a ser percorrido; há muito que se investir no esporte brasileiro em seus diversos âmbitos e níveis. Há que superar as dificuldades encontradas pelas atletas para ingressar e permanecer no esporte de forma exitosa no qual a variável saúde é fundamental.
Referências
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