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Nível de atividade física de escolares de um
colégio público do município de Maringá, PR

Nivel de actividad física de escolares de un colegio público del municipio de Maringá, PR

 

*Licenciado em Educação Física pela Faculdade Ingá, Maringá, PR

**Mestre em Ciências do Movimento Humano e Docente do Curso

de Graduação em Educação Física da Faculdade Ingá. Maringá, PR

(Brasil)

Nilson Aparecido Franchin*

Fernanda Piasecki Fazolli**

ferpiasecki@bol.com.br

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo verificar o nível de atividade física de escolares de 5ª a 8ª séries de um colégio público do município de Maringá, estado do Paraná. A amostra constitui-se de 79 escolares do sexo masculino que responderam ao questionário proposto por Hallal e colaboradores (2006). Os resultados foram analisados mediante estatística descritiva. Foram analisados a forma com que os escolares se deslocam para a escola e os esportes e atividades praticadas pelos mesmos. Observou-se que 35,40% dos escolares são considerados ativos e 64,60% são considerados sedentários. Os resultados encontrados mostram que a grande maioria das crianças e adolescentes está levando uma vida sedentária, o que preocupa, no sentido de que se não mudarem de atitude possivelmente aumentarão os riscos cardiovasculares futuros. Por isso é necessário um maior envolvimento dos pais, das escolas, dos professores e da sociedade em geral na vida destas crianças e adolescentes, participando, acompanhado e incentivando-os a terem um estilo de vida mais ativo e conseqüentemente mais saudável. Seria de grande importância que estas crianças e adolescentes começassem a praticar atividade física, pois poderiam melhorar a saúde e prevenir doenças relacionadas a hábitos inadequados de vida.

          Unitermos: Escolares. Atividade física. Ativos. Sedentários.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O sedentarismo é um dos principais fatores de risco a saúde, causando um grande impacto na saúde pública. O mais preocupante é que esse problema está afetando em grande proporção a faixa etária jovem, em especial os adolescentes (MENDES, 2006).

    Tal problema de saúde pública possivelmente tem início na educação dos filhos que ainda imaturos não se preocupam em praticar atividade física, ficando horas em frente ao computador, a televisão; tendo uma alimentação muitas vezes inadequada. A responsabilidade dos pais em prevenir futuros adultos obesos, hipertensos e com outras doenças é muito séria, e sua participação diária na vida de seus filhos é fundamental, orientando e educando para uma vida saudável, com práticas de atividade física e alimentação saudável (MORAES, 2009).

    A qualidade de vida depende de uma alimentação saudável, da prática de atividade física tendo como resultado a prevenção de possíveis doenças futuras. Sabe-se também o sedentarismo faz com que as crianças e os adolescentes, cada vez mais cedo, apresentam problemas de obesidade, hipertensão, depressão, e outros (NAHAS, 2003).

    Entre crianças e adolescentes o excesso de peso é muito preocupante, a cada ano que passa detecta-se o aparecimento de doenças, problemas articulares, baixa de autoestima, entre outros. A mudança na condição social dos brasileiros tem influenciado muito no estilo de vida, antes somente a classe alta tinha acesso a fast food, lanchonetes, pizzarias e etc., hoje isto já esta ao alcance da grande maioria, o que contribui para que os mesmos se alimentem de forma inadequada (CHRISTOFARO, 2011).

    Vários estudos já se preocupam em avaliar o nível de atividade física em crianças e adolescentes (BRIGIDA, 2010; LEÃO et al., 2003) confirmando que realmente as crianças e os adolescentes estão inativos. Torna-se necessário mudar o comportamento destas crianças e adolescentes, como estilo de vida, alimentação, prática de atividade física. Isto pode trazer um beneficio muito importante na fase adulta prevenindo obesidade, doenças cardiovasculares e tendo uma vida saudável muito significativa.

    Diante do exposto o objetivo do trabalho foi verificar o nível habitual de prática de atividade física de escolares de um colégio estadual do município de Maringá – Pr.

Metodologia

    A amostra do presente estudo foi composta por 79 escolares do sexo masculino de 5ª a 8ª série do ensino fundamental de um colégio da rede estadual de ensino de Maringá Pr. Estes foram divididos da seguinte forma: 11 escolares da 5ª série, 28 escolares da sexta série, 28 escolares da 7ª série e 12 escolares da 8ª série.

    O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade Ingá (CAAE nº 00100.0.362.000-11). Primeiramente os escolares levaram para casa a autorização para seus pais ou responsáveis assinarem e terem conhecimento sobre a pesquisa. No dia da coleta de dados foi feita uma leitura e explicado para os escolares como o questionário deveria ser respondido. O questionário aplicado foi proposto por Hallal e colaborados (2006) tem como objetivo a avaliação do nível de atividades físicas em crianças e adolescentes e trata sobre a prática da atividade física na escola, em casa nos finais de semana.

    De acordo com o questionário de (HALLAL et. al. 2006) os escolares que gastam mais de 300 minutos por semana praticando atividades físicas, incluindo o deslocamento para a escola ou fazendo alguma atividade física fora da escola são considerados ativos e os que têm o tempo inferior a 300 minutos por semana são considerados sedentários.

    A análise dos dados foi feita mediante estatística descritiva, utilizando-se de média, desvio padrão, freqüência simples e relativa.

Resultados

    São apresentados agora os resultados obtidos no estudo, iniciando pela tabela 1, na qual apresentam-se os valores de freqüência simples e relativa, referentes ao nível de atividade física dos avaliados.

    Na tabela 2 são mostrados os valores de valores de freqüência simples e relativa, referentes há diferentes tempos destinados à prática de atividade física na semana.

    A tabela 3 mostra os valores referentes à forma de locomoção dos escolares até a escola.

    Verificou-se que os meios de locomoção “a pé” e “bicicleta”, os escolares pouco usam. Seria interessante utilizar mais estes meios de locomoção para que assim possam já aumentar os níveis de atividade física.

Discussão

    O objetivo do presente trabalho foi verificar o nível habitual de prática de atividade física de escolares de um colégio estadual do município de Maringá – Pr. Diante dos resultados, percebe-se que os escolares estão com um alto nível de inatividade física, levando a crer que as crianças e os adolescentes precisam e devem mudar seus comportamentos.

    O sedentarismo favorece a obesidade infantil e isto serve de alerta para as crianças e adolescentes mudem o quanto antes seus hábitos alimentares o seu estilo de vida (CARVALHO, 1999; CATTAI et. al, 2010). Os benefícios da prática de atividade física regular são inúmeros. As crianças e adolescentes, de maneira geral, vão se sentir mais dispostos, tendo uma adolescência mais saudável (ROSSETI et. al. 2009).

    São inúmeros os programas que, durante a fase da infância e adolescência, objetivam a mudança do estilo de vida e o aumento do nível de prática de atividade física. Tem-se como exemplos, Projeto Segundo tempo no qual os escolares vão para a escola depois do período de aulas para participar de alguma atividade esportiva. Tem outros programas fora da escola, em parceria com a UNICEF (OLIVEIRA e PERIN, 2008) no qual os escolares podem participar de escolinhas de judô e futebol, sendo a única exigência que os escolares precisam tirar notas boas e estarem matriculados. Entretanto, não basta apenas a oferta de tais programas, é necessário que haja a procura por estes programas por parte das crianças e adolescentes (SIQUEIRA et. al, 2009).

    O presente estudo verificou que os escolares passam grande parte do tempo assistindo televisão, jogando vídeo-game ou na frente do computador (chamado de tempo de tela). Nota-se isso tanto em dias de semana quanto nos fins de semana, o que reflete no menor tempo destinado à prática de atividade física. Percebe-se que os escolares de 8ª série estão com a maior porcentagem de tempo gasto durante a semana nas atividades em frente à tela, inferindo que quanto maior a idade maior tempo eles ficam em frente à tela (OEHLSCHLAEGER, et. al. 2004). Percebe-se que nos fins de semana, a média de tempo de tela é também maior nos escolares de 8ª série. Os estudos falam de que as crianças e adolescentes estão muito tempo em frente à televisão e vídeo-game, considerando que a maioria dos pais destas crianças trabalham. Em função disto os pais preferem que elas fiquem assistindo televisão dentro de casa do que fiquem no meio da rua brincando, visto a questão da violência.

    Em relação à forma de deslocamento a pé para a escola, os escolares de 6ª série estão com o maior percentual. Quanto à forma de locomoção de bicicleta até a escola somente os escolares da 6ª série fazem este tipo de locomoção. Quanto à utilização de ônibus para chegar ou voltar da escola, observa-se que os escolares da 6ª série seguidos pelos escolares da 7ª série são os que mais utilizam este meio de locomoção. No que se refere aos outros meio de locomoção como carros e vans, os escolares que mais os utilizam são os da 7ª série. Observa-se que os meios de locomoção como a pé e bicicleta são pouco utilizados, quando comparados aos outros meios de locomoção, o que poderia contribuir para aumentar a prática de atividade física (FLORINDO et. al. 2006).

    A análise de Brigida (2010), que aplicou o mesmo questionário também em escolares do município de Maringá-Pr, também verificou grande percentual de escolares sedentários. Comparando ao presente estudo, nota-se que os escolares a cada ano que passa, aumentam mais o nível de sedentarismo, sendo isto muito preocupante.

    As crianças e adolescentes precisam e devem querer mudar este comportamento, praticando atividades físicas e mudando os hábitos alimentares, pois caso contrário, elas podem comprometer a vida adulta, sendo pessoas obesas e ficando mais suscetíveis a várias doenças (ARAUJO et. al, 2008).

    O estudo de Oliveira e colaboradores (2008) indicam alguns fatores que influenciam o comportamento dos adolescentes, sendo que a grande maioria é influenciada pelos comportamentos culturais. Assim, dedicam boa parte do tempo em frente à televisão. Várias tentativas têm sido feitas para melhorar os hábitos dos adolescentes, mas talvez pelo fato da interferência da mídia, estes não aderem a prática de atividade física.

    De maneira geral, percebeu-se que a maioria dos escolares é sedentária, ou seja, não praticam atividade física suficiente. Ainda, o meio de locomoção para a escola geralmente é carro ou outro meio de transporte automotivo, não indo a pé nem tampouco de bicicleta. Além disso, o tempo destinado a jogos de videogame, computador e televisão pareceu muito elevado.

Considerações finais

    O objetivo do presente trabalho foi verificar o nível de atividade física de escolares do ensino fundamental, séries finais, de um colégio estadual do município de Maringá-Pr. Assim, verificou-se que os escolares do ensino fundamental pertencentes à amostra do estudo, na sua grande maioria, são sedentários.

    As crianças e adolescentes precisam dar uma resposta urgente e sair do sedentarismo, aderindo à prática de atividade física para que com isso diminuam o risco de problemas de saúde decorrente deste fator de risco.

    Para isso, existem vários programas de incentivo a prática de atividade física sem custo algum. Seria interessante que as crianças e adolescentes aderissem a algum destes programas, pois assim teriam possibilidade de mudar o estilo de vida, o que pode favorecer a melhor qualidade de vida.

    Desta forma, cabe aos pais se preocuparem mais e dedicarem um pouco mais do seu tempo com seus filhos, orientando, educando e incentivando para que eles tenham uma mudança comportamental. Além disso, o professor de educação física tem um papel fundamental, incentivando esta prática e possibilitando oportunidades para isso. No entanto, não só depende de pais e professores, depende principalmente da vontade própria do aluno, deixando de ser sedentário e começando a ter uma vida mais ativa e com saúde. São de grande importância mais estudos que forneçam dados que completem os apresentados neste estudo. Além disso, são necessários também maiores iniciativas para aumentar o nível de prática habitual de atividade de crianças e adolescentes.

Referências bibliográficas

  • ARAUJO, T. L. et. al. Análise de indicadores de risco para hipertensão arterial em crianças e adolescentes. Revista escola Enfermagem, v.42, n.1, p. 1 - 8, 2008.

  • BRIGIDA, A. S. Nível de atividade física de escolares de um colégio público do município de Maringá, Pr. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de graduação em educação Física Licenciatura da Faculdade Ingá. 2010.

  • CARVALHO, T., Sedentarismo, o inimigo público número um. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.5, n. 3, p. 1-4 1999.

  • CATTAI, G.B. et. al. Validação interna do questionário de estagio de prontidão para mudança do comportamento alimentar e de atividade física. Revista Paulista de Pediatria, v. 28, n. 2, p. 194-199, 2010.

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  • HALLAL, P. C. et. al. Prevalência de sedentarismo e fatores associados em adolescentes 10-12 anos de idade, cadernos de saúde pública, Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública, v. 22, n. 6, p. 1277-1287, 2006.

  • LEÃO L. S. et. al. Prevalência de obesidade de Salvador, Bahia. Revista Brasileira Endocrinologia e Metabolismo, v. 47, p. 151-157, 2003.

  • MENDES, J. F. et al. Associação de fatores de risco para doenças cardiovasculares em adolescentes e seus pais. Revista Brasileira Saúde Maternidade Infantil, v. 6, n. 1, p. 1-8, 2006.

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  • NAHAS, Markus V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. 3ª ed. Revis. e Atual. Londrina: Midiograf 2003.

  • OLIVEIRA, T.C et al. Atividade física e sedentarismo em escolares da rede pública e privada de ensino em São Luis. Revista Saúde Pública, v. 44, n. 6, p. 1-10, 2010.

  • OEHLSCHLAEGER, M. H. K. et. al. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo em adolescentes de área urbana. Revista Saúde Pública, v. 38, n. 2, p. 1-8, 2004.

  • OLIVEIRA, A. A. B; PERIN G. L. Fundamentos pedagógicos para o programa segundo tempo. 2ª edição. Eduem - Universidade Estadual de Maringá – PR, 2008.

  • ROSSETTI, M. B. et al. Prevenção primária de doenças cardiovasculares na obesidade infanto-juvenil: efeito antiinflamatório do exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.15, n. 6, p. 1-9, 2009.

  • SIQUEIRA, P. P. et. al. Fatores associados ao excesso de peso em crianças de uma favela do nordeste brasileiro. Revista Paulista de Pediatria, v. 27, n. 3, p. 1-8, 2009.

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