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Aprender futsal ou aprender mais que futsal?

¿Aprender futsal o aprender más que futsal?

 

Especialista em futsal pela Universidade Norte do Paraná UNOPAR, PR
Bacharelado em Educação Física pela Universidade de Franca UNIFRAN, SP
Licenciado pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais CEUCLAR, SP

Gustavo Fernandes Barbosa

gustavoeduca@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          O estudo procurou demonstrar pontos significantes sobre o ensino do futsal e o componente lúdico, relacionados à esfera educacional. A análise aponta para princípios pedagógicos norteadores para a continuidade da prática esportiva, considerando a ludicidade como elemento de grande valia no processo de ensino-aprendizagem. Ressalta a importância das aulas aplicadas de maneira comprometida com a educação, assim como discorre sobre possíveis danos causados por métodos incompatíveis à formação do indivíduo em vários aspectos de sua vida. É possível adotar procedimentos para o ensino do futsal atrelado a esfera educacional, onde o sujeito se desenvolva satisfatoriamente e de modo integrado sem que haja perda motivacional.

          Unitermos: Futsal. Lúdico. Educação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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1.    Introdução

    Crianças e adolescentes, cada vez mais, estão se distanciando da ludicidade dos jogos e brincadeiras “da rua”. O desenvolvimento urbano, a insegurança diante de uma sociedade violenta, os computadores e brinquedos eletrônicos são alguns dos fatores que acarretam essa situação.

    Como demonstra Freire em seu livro Pedagogia do Futebol:

    Antigamente, havia espaço para jogar futebol nas cidades; jogava-se bola nas chamadas várzeas. Onde havia espaço livre, havia crianças brincando, havia futebol. Depois, as fábricas, os prédios, as casas foram tomando conta dos campos de várzea. Com o desaparecimento deles, foram desaparecendo os bobinhos, as peladas, as rebatidas, os controles. [...] .Nos poucos campos que sobravam, o futebol se tornava exclusividade dos que já sabiam jogar. Os que não sabiam, se moravam em apartamentos ou em favelas, partilhavam a falta de espaço e de jogo. Sem contar a estupidez adulta com suas proibições em nome da ordem, que poderiam ser resumidas em apenas uma: ‘É proibido ser criança’. (FREIRE, 2011, p. 2)

    Nos jogos e brincadeiras vivenciados na rua, a manifestação do lúdico é evidente. Pois na rua joga-se com liberdade, alegria, de forma gratuita e voluntária. Com a diminuição dos locais onde se praticavam jogos espontaneamente, foi se perdendo também uma gama de qualidades oferecidas aos jovens e às crianças. “A cultura de jogar na rua, a Escola da Bola natural, é hoje, lamentavelmente, coisa que não figura no dia-dia das nossas crianças. Ela tem desaparecido do cotidiano de nossos jovens.” (KRÖGER; ROTH, 2006, p.9).

    Nessas circunstâncias, as escolinhas de futsal e as instituições formais de ensino, passaram a ser o principal espaço para a prática dos jogos e brincadeiras que antes eram realizados na rua. No entanto, essa idéia de trazer a “pedagogia da rua” para outros locais de ensino não é tão simples. Isso requer um entendimento no processo de desenvolvimento do ser humano por parte de todos envolvidos: professores, alunos, instituições, pais, entre outros.

    Alguns pais matriculam os filhos nas escolinhas acreditando que ali se trata de um local mais seguro para sua prática, não se importando muito com o tipo de treino/aula que o técnico aplica. Já outros, inscrevem seus filhos na intenção de realizar o desejo da criança ou do próprio pai de ser jogador profissional. Para esse último, Santana adverte dizendo:

    “(...) que se você, pai, foi craque, o seu filho necessariamente não tem que sê-lo. Se você sempre quis ser jogador de futebol e não o foi, e por acaso carrega uma certa frustração, o problema é seu! Não queira realizar-se através da criança, porque ela não tem nada a ver com isso. (SANTANA, 1996, p.78)”

    Também nas instituições escolares, poucos são os pais que participam de reuniões e acompanham os filhos na aula de educação física. Estão mais preocupados com a nota final do boletim.

    “Os pais precisam adquirir hábitos dos pais brilhantes para revolucionar a educação. Os professores precisam incorporar hábitos dos educadores fascinantes para atuar com eficiência no pequeno e infinito mundo da personalidade dos seus alunos.” (CURY, 2003. p.16).

    A responsabilidade de desenvolver uma aula de acordo com o processo de ensino-aprendizagem exige um conhecimento específico da área, por isso a necessidade de um professor qualificado desde a iniciação esportiva.

    Mediante estes fatos que envolvem os princípios pedagógicos, serão elucidados pontos significativos sobre o ensino do futsal e o componente lúdico, relacionado à esfera educacional.

2.     Aulas enfadonhas e gestos estereotipados

    Ao falar de aulas enfadonhas e gestos estereotipados, pretende-se ressaltar a responsabilidade e o compromisso do profissional de educação física em contribuir para o desenvolvimento total do indivíduo. Hoje, nas escolas, especialmente as de ordem pública, é fácil observar o descaso de alguns “profissionais” com a aula aplicada a seus alunos. O comportamento de deixar a “bola rolar” fora dos contextos educacionais (princípios, métodos, objetivos...) acrescenta muito pouco ao sujeito. Uma aula deve seguir princípios e métodos, ser planejada e não aplicar procedimentos sem embasamento. “Em se tratando do ensino do esporte na infância, essa desorientação é muito grave, pois se os procedimentos metodológicos forem incompatíveis, inadequados, poderão deixar seqüelas.” (SANTANA, 2004. pp. 13-14).

    Não menos preocupante, em muitas escolas, escolinhas de futsal e clubes, tem-se o problema da especialização precoce. O que também pode ser entendido como o ‘furto da infância’ de um indivíduo.

    “Há indícios de que muitas são as crianças que iniciaram precocemente no futsal e, por uma lesão grave, estresse de competição, treinamento, desinteresse, saturação, o abandonaram também precocemente”. (SANTANA, 1996, pp.13-14)

    Para se ser coerente com a metodologia que será aplicada no jogo, deve-se antes ter a consciência de quem entrará nele. Será uma criança, um jovem ou um adulto? Levarem-se em conta suas particularidades, saber quais são os objetivos a serem alcançados. Enfim, qual é a intenção da aula e qual a melhor forma de desenvolvê-la?

    O método escolhido deverá facilitar o ensino-aprendizagem, bem como preparar o iniciante para o processo de treinamento, sem, contudo, tornar-se maçante ou desmotivá-lo. Deve ainda proporcionar situações-problemas ou oferecer tarefas a executar que estejam adequadas à capacidade do aluno, propiciando-lhe, assim, momentos de prazer e alegria. (GRECO, 1998, p.39)

    Ora, o que é mais atrativo? Uma aula monótona, opressiva, cansativa, baixo astral? Ou uma que entre outros, desperta a motivação, suscita clima de alegria, proporciona o prazer entre os envolvidos, apresenta em seu conteúdo atividades diversificadas, rica em idéias e valores? Parece-nos que é mais interessante a segunda opção.

    E que tal essa inserida num processo educacional? Sobre esta última questão se discutirá mais adiante. O primeiro tipo de aula mencionado é aquele centrado na técnica, onde há um “[...] modelo estereotipado de padronização, próprio dos sistemas mecânicos.” (SCAGLIA, 2011, p.127). Uma aula dedicada a gestos repetitivos (“robotização”) com sobrecargas físicas e emocionais.

    Para Bayer:

    Este método privilegia o jogador enquanto tal, em detrimento do coletivo, porquanto este deverá possuir uma bagagem mínima antes de jogar, jogo que muitas vezes surge como recompensa depois do bom trabalho individual. Têm mais tendência a cingir o jovem à aquisição de gestos técnicos, utilizados de maneira idêntica quaisquer que sejam as situações de jogo. (BAYER, 1994, pp. 56-57).

    Destarte, a aula centralizada nos gestos estereotipados não destaca a atitude de solidariedade, ‘espírito de grupo’, igualdade de direitos e cooperação. Nem mesmo proporciona um leque de possibilidades, frente às situações-problemas do jogo, deixando de estimular o pensamento e a ação do aluno de forma reflexiva.

    Se o Futsal realiza-se em um campo de imprevisibilidade, logo o método tecnicista aprisiona a criatividade do praticante.

    A esse respeito Santana contribui dizendo:

    Uma criança não poderá criar num clima onde só é permitido repetir, seguir um modelo. Não poderá criar se tiver que dotar ‘jogadinhas’. Não poderá criar se o ambiente não respeitar sua individualidade, não lhe der segurança e permitir o erro. Não poderá criar se suas ações estiverem sob julgamentos e críticas destrutivas. (SANTANA, 1996, p.131)

    A cobrança cria no aluno o medo de errar, gerando assim uma tensão desnecessária, onde o aluno bloqueia sua inteligência para a criatividade e diferentes tomadas de decisão. “Com toda certeza, nenhuma criança, por si só, optaria livremente em treinar o esporte de forma especializada, sistemática e intensa como normalmente é realizada, ou seja, com o objetivo de ‘arrancar’ resultados cada vez melhores em menos tempo [...]”. (KUNZ, 2009, p. 51) Muitos professores e técnicos adotam a especialização técnica precoce visando resultados em curto prazo. O que esses professores e técnicos buscam com isso? Status de vencedor (no placar)? Impressionar os pais da criança ou será que têm a ilusão de que vencer uma partida é sinônimo de dever cumprido? Ora, não se pode ter como primazia a busca por vitórias. Existem coisas mais importantes há aproveitar do jogo: como a satisfação em jogar, o respeito mútuo, a melhora na qualidade de vida, o saber conviver com a derrota, a participação e a cooperação entre outros.

    A competição exagerada deve deixar “[...] de ser fim para ser um meio de educação, de formação, uma disputa, que envolve relações, valores e idéias.” (SANTANA, 1996, p.50) A paranóia da vitória a qualquer custo cria uma competição predatória, fazendo com que os alunos se comprometam com algo que não é prioritário.

3.     futsal: dimensão lúdica e educação

    Para melhor se compreender a dimensão lúdica e educação no futsal, precisa-se antes interpretar o componente lúdico.

    O elemento lúdico pode aparecer em diversas situações: em uma brincadeira, nos jogos de azar, na ação de uma criança sobre algum brinquedo, na linguagem, num jogo desportivo, numa dança, em uma competição, na música entre outros.

    No jogo de futsal, a ludicidade pode estar presente quando o sujeito joga a “pelada”, o “bobinho”, a “rebatida”, o “driblinho”, o “gol a gol”, faz “embaixadinhas” e em outros vários tipos de jogos e brincadeiras, seja da rua ou do fundo do quintal veiculado para a quadra de futsal.

    Para elevar o “ganho” pedagógico, o lúdico pode e deve estar presente também nos jogos aplicados pelo professor como: jogos recreativos, jogos reduzidos, jogos adaptados, jogos pré-desportivos, no jogo propriamente dito e outros.

    Mas qual é a vantagem de se ensinar por meio de jogos com características lúdicas?

    Ora, quem não quer estar em um ambiente de liberdade? Neste caso, só se pode ser feliz se houver liberdade para pensar e agir conforme os próprios desejos e anseios.

    O ambiente lúdico beneficia os alunos na sua liberdade, autonomia, emancipação, desenvolvimento da identidade própria, respeito mútuo, atrai a vontade de jogar, enfim, numa efetiva educação que permite a aproximação do que na verdade lhes interessa.

    Nesse contexto, despertar a motivação intrínseca dos envolvidos torna-se fundamental na busca dos objetivos almejados. O professor deve encorajar seus alunos, estimulá-los através de atividades bem elaboradas, desafiadoras, atrativas, que despertem o interesse pelos praticantes.

    A capacidade de atração que o elemento lúdico causa no indivíduo ilustra claramente o poder motivacional que este comporta.

    Uma das características do ser humano é, com efeito, a sua capacidade para o brincar, ou o que poderíamos chamar o “impulso lúdico”. Este não se restringe às crianças, embora saibamos que ele predomina nesse período. Tal característica é uma das mais fundamentais, a ponto de Huizinga definir o homem enquanto homo ludens, embasando a própria origem da humanidade no exercício dessa tendência ao lúdico. O impulso lúdico que está intrínseco no brincar garante que a capacidade de brincar se manifeste em toda vida do ser humano. (VENÂNCIO; COSTA, 2005, p.28)

    Portanto, o elemento lúdico, que também emerge no jogo de futsal, não pode ser enxergado de maneira monopolizada a uma faixa etária. Não é só na infância que o lúdico deve ser proposto. Os jogos com características lúdicas podem abranger qualquer fase da vida, independente da idade que o ser humano se encontra.

    Alguns pais e professores têm uma concepção errada sobre o jogo lúdico, associando-o à falta de seriedade. Huizinga aponta que: “Caso pretendamos passar de “o jogo é a não-seriedade” para “o jogo não é sério”, imediatamente o contraste tornar-se-á impossível, pois certas formas de jogo podem ser extraordinariamente sérias.” (2007, p. 8)

    As exigências de um jogo/brincadeira podem acontecer em um altíssimo nível de inteligência, e a melhor diferença é que isso se realiza em um clima de liberdade e felicidade.

    Em nossa cultura antilúdica, inúmeras vezes nos disseram:- Deixe de brincadeiras!- Pare de ser criança!- Brincadeira tem hora!- Você está brincando comigo! - Você não está mais na idade de brincar!”Assim, não é por acaso que, para muitos de nós, brincar está associado ao que não é sério, a mero passatempo ou ao que não tem utilidade, ao infantil, ao que não deve ser levado em conta. (EMERIQUE, 2004, p. 3)

    Associar o jogo lúdico à futilidade e ao simplismo é um grande equívoco. A aula de futsal com características lúdicas e educativas tem muito a acrescentar para o aluno. Estes fatores devem estar interligados entre si como demonstra a figura abaixo:

Quadro 1. Associação dos fatores

    A diversão na aula de futsal avança no sentido do bem-estar, da motivação, da empolgação, de algo prazeroso, nada tem a ver com o ócio, frivolidade, com a desatenção etc. Em uma aula de características lúdicas, os alunos não estão ali para passar o tempo, e não estão porque não querem, pelo contrário, eles querem conhecer algo novo, realizar atividades diferentes, participar de coisas desafiadoras. Ao pensar em educar através do jogo, no caso o futsal, fica evidente que essa educação será melhor absorvida pelo aluno se este estiver gostando do conteúdo.

    Freire (2008, pp.47-48) afirma que: “A vantagem do trabalho lúdico é que o prazer conferido pela atividade é muito motivante e estimula a criança a superar dificuldades que normalmente não superaria em outras circunstâncias”. O mesmo autor ainda complementa: “O que se aprende com prazer fica melhor aprendido”. (2008, p. 171)

    Logo, a ludicidade que atende ao desejo do aluno, torna-se o combustível para que ele sempre goste do que está fazendo. Assim poderá aprender de forma vantajosa e agradável.

    Alguns acham que em um ambiente lúdico não é possível ensinar bem Futsal. Em interessante e original abordagem, observa Santana que:

    Não é porque o jogo tem um caráter imprevisível que não ensina a chutar, a passar, a driblar. Entretanto não se trata de lançar a bola e deixar rolar. Em se tratando de pedagogia do esporte, a função do professor é planejar diferentes tipos de jogos. A ação de jogar, que é o que levará a criança a aprender, já lhe pertence, mas foi o professor que a planejou. Cabe a este planejar a ação e àquela agir. Planejar a ação da criança que joga perpassa a proposição de jogos com demandas defensivas e ofensivas, de jogos adaptados ao seu nível de desenvolvimento, de jogos com inferioridade, superioridade e igualdade numérica, de jogos possíveis de se jogar, de jogos em espaços reduzidos, de jogos que possibilitem, em alguns casos, a construção de regras, de jogos que desenvolvam mais pontualmente uma ou outra habilidade. (SANTANA, 2004, pp. 48-49)

    O que alguns precisam entender é que, nesse ambiente tanto é permitido o aluno “rir” como também ao professor orientá-lo, no sentido de ajudá-lo, de fornecer pistas, tudo no momento certo e da maneira correta.

    Conforme Brotto (2003, p. 87), “Promovendo pequenas, mas fundamentais mudanças na estrutura do jogo, podemos criar um tipo de desafio que motive cada pessoa e o grupo para realizar um objetivo comum”.

    Sendo assim, faz-se necessário reconhecer o lúdico como fator essencial para a aprendizagem continuada do ser humano.

    “Essa liberdade de expressão, caracterizada pelo lúdico e proporcionada pelo jogo gera autonomia. Possibilita que o sujeito do jogo interaja de forma a expressar o seu entendimento particular [...]”. (SCAGLIA, 2011, pp.119-120).

    Em contra partida, meios autoritários e repressivos utilizados por alguns professores, as posturas rígidas, sujeito a ordens, subordinações e castigos colocam o aluno em um plano de inferioridade, desencadeando fatores como a omissão, a vergonha, o nervosismo, a raiva, a submissão etc.

    Segundo Cury (2006, p. 26), “As salas de aula tornaram-se um canteiro de tédio e estresse em que os alunos não se concentram e têm pouco interesse em aprender.”

    Tamanha é a pressão exercida sobre eles que não está sobrando tempo para as crianças e jovens participarem de jogos e brincadeiras. A aula de educação física deve valorizar o lúdico, a brincadeira, não deixando, no entanto de educar.

    Acredita-se que tanto é possível ensinar bem o jogo de futsal, como, além disso, tomar medidas proativas para o processo educacional, relevando a liberdade com responsabilidade, contribuindo para a construção de um indivíduo crítico e reflexivo. A esse respeito Santana (2004, p.12) colabora descrevendo: “Quando se fala em ensinar futsal e praticar educação, alguns defendem a idéia equivocada de que quem pensa nisso não ensina futsal. Bobagem! Quem se preocupa com essa aliança quer ir além, quer ensinar mais que futsal.”

    Nessa direção, o professor através do jogo, deve-se comprometer também em educar para a vida. Voser e Giusti acrescentam que também se deve:

    [...] “também deve-se oportunizar às crianças espaços para interagirem com o jogo por meio de suas vivências pessoais, trocando experiências, aprendendo e ensinando com o grupo por meio de jogos, principalmente os lúdicos, de regras improvisadas e coerentes com seus objetivos. Um exemplo é o futsal, no qual acontecem os pequenos jogos: “vaza-entra”, “gol a gol”, “3x1” e “bichinho”. Todos esses jogos trazem, em sua essência, os princípios do futsal, e por meio do incentivo desses e muitos outros que a imaginação da criança alcançar, o professor estará desenvolvendo o esporte de forma prazerosa, lúdica, pedagógica e comprometida”. (VOSER; GIUSTI, 2002, p. 95)

    Portanto, é preciso mudar essa mentalidade de que o jogo de futsal, com características lúdicas, opõe-se a utilidade.

    “Não é por ser alegre que a atividade perde o seu objetivo. Não é por ser prazeroso que se perde a validade. Ludicidade não é sinônimo de algazarra e sim de alegria.” (SANTANA, 1996, p.135)

    Pode-se dizer que o jogo de futsal se caracteriza como lúdico no momento que não ocorre a busca obsessiva pela vitória, garantindo a todos que o praticam o bem-estar e um ótimo estado emocional: alegria, prazer, satisfação, podendo ocorrer em um ambiente de aspecto educativo e ao mesmo tempo divertido.

4.     Considerações finais

    Através desta pesquisa, compreende-se a importância dos aspectos pedagógicos e metodológicos a serem aplicados no treinamento de futsal. Ressalta-se a responsabilidade dos profissionais envolvidos em não deixar a aula correr sem propósitos.

    A aliança futsal-lúdico mostra-se valiosa na esfera da Educação, podendo contribuir significantemente para o processo de ensino-aprendizagem nas suas diretrizes.

    O elemento lúdico no futsal torna-se um facilitador pedagógico, indo de encontro ao desejo do indivíduo envolvido. É notável a satisfação no jogar, quando esse jogar se realiza num ambiente de caráter lúdico.

    Além disso, a ludicidade no jogo de futsal não exclui o aprendizado técnico-tático da modalidade. Ela desperta no sujeito o interesse e garante a motivação, atraindo assim os praticantes e evitando que os alunos abandonem o esporte.

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