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A avaliação em Educação Física escolar

La evaluación en Educación Física escolar

 

*Licenciado em Educação Física, UNIFEV

**Aluno especial do programa de Mestrado, UNICAMP

***Mestra em Pedagogia do Movimento Humano, USP
(Brasil)

Rafael de Matos Bombonato*

Higor Thiago Feltrin Rozales Gomes**

Mizael Santana Malachias*

Denise Ferraz Lima Veronezi***

higor.thiago@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A avaliação em Educação Física escolar caracterizou-se ao longo dos anos, através de simples conceitos, demonstrados durante todo período escolar para o aluno, transformando a avaliação somente em nota, menção, provas teóricas, testes, exames, entre outras práticas avaliativas. Mas através deste trabalho buscamos mostrar como a avaliação deverá ser estruturada para que o aluno possa desenvolver ao longo de todo processo ensino-aprendizagem, sabendo por que, como e de que forma essa avaliação será constituída. Constatou-se que o professor ao avaliar pode fazer o uso dos três tipos de avaliações que são: Diagnóstica, Formativa e Classificatória ou Somativa; sendo que através delas é possível construir uma avaliação modificadora, que respeita as características dos alunos, permitindo um crescimento e desenvolvimento integral do ser humano. Podendo demonstrar também a variedades de instrumentos avaliativos as quais o professor poderá utilizar criando estratégias para uma avaliação efetiva e coerente.

          Unitermos: Avaliação. Educação Física. Ensino-aprendizagem. Professor.

 

Abstract

          Evaluation in Physical Education was characterized over the years, through simple concepts demonstrated throughout the school term for the student, making the evaluation focused only in a statement, mention, theoretical tests, quizzes, exams, among other evaluative practices. But through this work, we seek to show how the evaluation should be structured so that students can develop through the process of teaching and learning, knowing why and how this assessment will be made. It was found that the teacher, when evaluating, can use three types of assessment: diagnostic, formative, summative or qualifying, through them you can build a modifier assessment, respecting the characteristics of students, allowing growth and development of the human being. It can also demonstrate the variety of evaluative tools that teachers can use, strategies for creating a consistent and effective evaluation.

          Keywords: Evaluation. Physical Education. Teaching and learning. Teacher.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 176, Enero de 2013. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Segundo Hoffmann (2002), o fenômeno avaliação tem sido considerado indefinido ao longo da história, pois os professores e alunos não têm entendido o real significado, sendo que este termo obteve diferentes atribuições, como: prova, nota, conceito, boletim, recuperação, reprovação.

    A atual prática da avaliação escolar estipula que a função é avaliar classificando o indivíduo e não o diagnosticando, como deveria ser (LUCKESI, 2002).

    Constata-se que durante:

    Minhas investigações sobre avaliação sugerem fortemente que há contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores e, principalmente, ação classificatória e autoritária, exercida pela maioria, encontra explicações na concepção de avaliação do educador, reflexo de sua vida passada como aluno e professor. Nós viemos sofrendo a avaliação em nossa trajetória de alunos e professores (HOFFMANN, 2002, p. 12).

    Além disso, é possível esclarecer o papel da avaliação que por muito tempo ficou a mercê do tradicionalismo, que caracteriza uma falta de compreensão do significado do aprendizado, simplesmente buscando avaliar de forma padronizada e caracterizando a avaliação como instrumento negativo para menosprezar alunos perante a sua defasagem de conhecimento.

    Os sistemas de ensino aparentemente têm estado atentos aos resultados gerais dos alunos para classificá-los como aptos ou não aptos. Segundo Luckesi (2002, p.18), “Pais, sistema de ensino, profissionais da educação, professores e alunos, todos tem suas atenções centradas na promoção, ou não, do estudante de uma série de escolaridade para outra.”.

    Mas afinal dentro da perspectiva da escola, o que é avaliação? Como Avaliar? Para que Avaliar? O que o professor de Educação Física deve Avaliar? Qual é o valor da Avaliação no processo ensino-aprendizagem?

    A partir desse contexto procurou-se com esta pesquisa discutir e refletir sobre o tema da Avaliação em Educação Física escolar, sendo que buscamos analisar a forma como ocorre a avaliação dentro da disciplina citada, o que está sendo avaliado, para que serve a avaliação e a importância da avaliação dentro do processo ensino-aprendizagem em Educação Física. E ainda poder contribuir no desenvolvimento cognitivo, físico/motor e afetivo/social dos alunos, sendo que possui diversos instrumentos avaliativos, os quais os professores poderão utilizar para obter resultados através

A avaliação dentro do contexto histórico da educação

    Acredita-se que a avaliação foi utilizada desde 2.205 a.C, na China, onde “Shun” o imperador daquela época, examinava seus oficiais a cada três anos, com o fim de promovê-los ou demití-los, pois havia um regime extremamente competitivo na China Antiga, com o propósito principal de prover o Estado com homens capacitados (DEPRESBITERIS, 1989).

    Mas ao longo do tempo foram surgindo algumas correntes. Nos séculos XVI e XVII refere-se ao exame através de duas pedagogias: primeiro a pedagogia jesuíta, que fora constituída por padres em suas missões, em que possuíam o ideário de aprendizagem sobre valores e moral cristã. Exigido pela igreja, em que o medo era instituído e a partir disso os exames escolares eram aplicados através da determinação de como e quando seria esta forma de avaliação. Já a pedagogia Comeniana, criada por John Amós Comenius, na qual a atenção desta pedagogia estava ligada ao poder e a manutenção da classe dominante, que possuía como ideal transformar as pessoas em uma sociedade disciplinadora, que também era influenciada pelo medo (LUCKESI, 2002).

    Segundo Perrenoud (1999, p. 9), “a avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória.”.

    Segundo Depresbiteris (1989, p.7), “durante as primeiras décadas do século XX, a maior parte da atividade que pode ser caracterizada como avaliação educacional formal estava associada à aplicação de testes, o que imprimia um caráter instrumental ao processo avaliativo.”.

    No século XIX, nos Estados Unidos, Horace Mann criou um sistema para fazer testagem, sendo o pioneiro, no qual visava à modificação de exames orais por escritos, utilizando poucas questões gerais para uma maior quantidade de questões específicas e finalmente buscar padrões mais objetivos do alcance escolar (DEPRESBITERIS, 1989).

    Segundo Depresbiteris (1989), surgiram grandes contribuições nesta perspectiva sobre o teste, mas o que obteve maior destaque foi Ralph Tyler, a partir de 1950, através dos seus escritos, que defendia uma inclusão de uma variedade de procedimentos avaliativos como: testes, questionários, fichas de registros, de comportamentos, inventários e escalas de atitudes. Muitas pessoas tinham o pensamento de que a avaliação com o sinônimo de aplicação de testes, mesmo achando isso importante era considerada a questão de determinar as habilidades para alguns assuntos, e ainda criar um ajustamento pessoal que significava o envolvimento entre os alunos e observado pelo avaliador.

    Tyler acreditava que avaliação tinha dois aspectos importantes. O primeiro, o julgamento do comportamento dos alunos, no qual pretendia a modificação dos comportamentos, já o segundo aspecto, era característico por não só envolver um único julgamento em uma única ocasião, mas em instantes subseqüentes, identificar mudanças que poderão ocorrer (DEPRESBITERIS, 1989).

    A avaliação escolar sempre esteve a serviço de uma pedagogia dominante, que servia a um modelo social dominante, e posteriormente, pode ser identificado como modelo social liberal conservador, nascido da estratificação dos empreendimentos transformadores que culminaram na Revolução Francesa (LUCKESI, 2002).

    Segundo Luckesi (2002), o modelo liberal conservador constituiu-se de três pedagogias, onde estas se interligavam. A pedagogia tradicional, que tinha como visão centrada no intelecto do indivíduo, na transmissão dos conteúdos e no professor; a pedagogia renovada ou escolanovista, que estava centralizada nos sentimentos dos alunos, na espontaneidade da produção do conhecimento e as diferenças de cada educando; a pedagogia tecnicista, que visualizava a exarcebação dos meios técnicos de transmissão e apreensão dos conteúdos e o princípio do rendimento.

    Posteriormente, as pedagogias do modelo social dominante, surgem as que acreditavam que deveria haver a necessidade dentro do contexto, a igualdade entre os seres humanos, cujo modelo era a prática social liberal conservadora. Assim surge a pedagogia libertadora que possuía como características a igualdade entre os seres humanos, onde eles tinham como objetivo a transformação que viria pela emancipação das camadas populares, que se definiria o processo de conscientização cultural e política através dos muros escolares; por isso era destinada aos adultos. Já a pedagogia Libertária representada pelos anti-autoritários e autogestionários, sendo o ideal caracterizado por utilização do instrumento de conscientização e organização política dos educandos dentro da escola. E ainda existe a pedagogia sociocultural que enfatizava a igualdade de oportunidades para todos dentro do processo de educação e compreensão da prática educacional (LUCKESI, 2002).

    Através da avaliação ao longo dos anos, as pedagogias realizaram modificações e transformações que buscavam a superação sobre o autoritarismo e uma nova perspectiva, que era baseada na autonomia do aluno, em que haveria uma participação social e democrática (LUCKESI, 2002).

    Segundo Libâneo (1994), a avaliação não deve significar simplesmente a realização de provas e atribuição de notas aos alunos. Ainda preconiza três funções da avaliação que são: pedagógico-didática, de diagnóstico e de controle que fazem parte da utilização de instrumentos avaliadores do rendimento escolar.

    A função pedagógico-didática tem o papel do cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação escolar. “A função diagnóstica permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e as atuação do professor [...]” que determina algumas modificações no processo de ensino desses alunos, cumprindo as principais exigências. “A função de controle se refere aos meios e a freqüência das verificações e de qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico das situações didáticas.” (LIBÂNEO, 1994, p.197).

    Para Dias (2004, p.7) “o ato de avaliar não significa uma nota ou conceito aos alunos, reprovar ou aprovar, classificar como apto ou não, mas antes de tudo implica um processo de acompanhamento durante todo o processo de aprendizagem.”.

    Segundo Hoffmann (2002, p.16) a avaliação para ser efetiva é necessária “a tomada de consciência e a reflexão a respeito desta compreensão equivocada de avaliação como julgamento de resultados, porque ela veio se transformando numa perigosa prática educativa.”.

    A avaliação ocorre “por confiar nas possibilidades próprias das crianças, negando a determinação “a priori” de comportamentos esperados, e por introduzir a perspectiva da avaliação como fundamento da ação educativa a partir da valorização das crianças em suas manifestações.” (HOFFMANN, 2002, p.80).

    Para Luckesi (2002, p.33), “a avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo.”.

    Segundo Hoffmann (2002, p.12), a forma de avaliação utilizada pelo professor é caracterizada através do reflexo dele como aluno, assim ela define que para a avaliação:

    É necessária a tomada de consciência dessas influências para que nossa prática avaliativa não reproduza, inconscientemente, a arbitrariedade e o autoritarismo que contestamos pelo discurso. Temos de desvelar contradições e equívocos teóricos dessa prática, construindo um “ressignificado” para a avaliação e desmitificando-a de fantasmas de um passado ainda muito em voga.

    Luckesi (2002) diz que, “a definição mais comum adequada, encontrada nos manuais, estipula que a avaliação é um julgamento de valor sobre as manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão.”.

    Para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira 9394/96 o artigo 24º, estabelece que no inciso:

    V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

    a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; (BRASIL, 1996).

    Dentro da avaliação é necessário considerar uma relação mútua entre os aspectos qualitativos e quantitativos, onde a escola tem como papel fundamental cumprir com a função social, introduzindo crianças e jovens no mundo da cultura e do trabalho, pelo motivo dos alunos criarem um desenvolvimento autônomo e independente.

Tipos de avaliação

    De acordo com Luckesi (2002) a avaliação é dividida em duas funções: classificatória, que é um instrumento estático e frenador do processo de crescimento durante a aprendizagem, e a função diagnóstica que cria um processo de desenvolvimento da ação durante a aprendizagem, da autonomia e da competência.

    Dentre as várias formas de avaliação, há destaque para a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação somativa, pois são por meio delas que contribuímos para os diferentes tipos de decisões no processo de avaliação (SILVA; PERIC, 2009).

Avaliação Diagnóstica

    Segundo Sant’anna (1995, p. 33), a avaliação diagnóstica “visa determinar a presença ou ausência de conhecimentos e habilidades, inclusive buscando detectar pré-requisitos para novas experiências de aprendizagem. Permite averiguar as causas de repetidas dificuldades de aprendizagem.”.

    Segundo o referido autor, essa função avaliativa tem como principal foco a auto-avaliação, no qual a aprendizagem deve fazer com que o aluno seja capaz de parar, pensar, concluir e continuar a escalada do conhecimento, para que ele conscientize e progrida por si próprio.

    Além disso, o autor cita que o diagnóstico consiste por uma sondagem, projeção e retrospecção da situação desenvolvida pelo aluno, que possibilita verificar elementos que fora aprendido e como aprendeu. Assim, é possível verificar que a avaliação diagnóstica é um momento de análise que se faz do aluno ou turma em questão, para se obter informações que auxiliaram na forma de desenvolver o plano de ação.

Avaliação Formativa

    A avaliação formativa segundo Sant’anna (1995, p. 34), “é realizada com o propósito de informar o professor e o aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o desenvolvimento das atividades escolares.”.

    Além disso, deve identificar as deficiências de organização durante o processo ensino-aprendizagem, de uma forma que possibilite reformulações e assegurar o alcance dos objetivos. Sendo que o significado da formativa é caracterizado através do sentido que indica como os alunos vão se modificando em direção aos objetivos propostos pelo professor. (SANT’ANNA, 1995).

Avaliação Classificatória ou Somativa

    De acordo com Sant’anna (1995, p. 35), a avaliação classificatória ou somativa tem como função: “classificar os alunos ao final da unidade, semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento apresentados.”.

    A avaliação, nesta perspectiva, segue alguns parâmetros no qual o aluno deve obter um rendimento mínimo alcançável para ser classificado, considerando a classificação através de parâmetros individuais e grupais de uma determinada turma, e ainda identificar quando os alunos não corresponderam a um percentual dentro do aprendizado, cujas habilidades não foram aprendidas, e deve ocorrer uma retomada para se obter novos resultados, conseqüentemente uma melhora nesse referencial (SANT’ANNA, 1995).

    Luckesi (2002, p.37) apresenta como função classificatória ou somativa:

    A avaliação educacional escolar assumida como classificatória, torna-se, desse modo, um instrumento autoritário e frenador do desenvolvimento de todos os que passarem pelo ritual escolar, possibilitando a uns o acesso e aprofundamento no saber, a outros a estagnação ou a evasão dos meios de saber.

A avaliação em Educação Física

    No Brasil o histórico de avaliação surge com o militarismo no século XIX, onde os professores eram oriundos de centros militares, que deram origem e inspiração a uma teoria e prática escolar, onde cabia ao aluno ser patriota e estar a serviço do país. Dentro desta perspectiva a avaliação era realizada através da submissão dos alunos, o medo, o respeito aos superiores, o excesso de rigidez e a averiguação dos mais fortes e capazes de defender os objetivos (DIAS, 2004).

    Surge também, na mesma época, o período Higienista que seguia os mesmos objetivos e características do período militar, mas possui uma ênfase maior na preocupação biológica, pois caracterizava uma relação entre o exercício físico e o corpo humano, devido aos conhecimentos advindos da anatomia e fisiologia (FERNANDES; GREENVILE, 2007).

    Já no século XX, posteriores a estes períodos surgem o período dos esportes de auto-rendimento, que passar a ter uma maior importância dentro das práticas escolares, e a educação física torna-se a disciplina para o ensino destes conteúdos. Sendo que as aulas se tornaram treinamentos de equipes para a participação em competições. Portanto, os alunos que possuíam déficit na execução dos movimentos eram desprivilegiados de participarem das aulas (FERNANDES; GREENVILE, 2007).

    A avaliação deve ser assumida como elemento constitutivo do projeto pedagógico escolar, que cabe ao professor analisar todos os fatores envolvidos no processo de aprendizagem, ou seja, comparado ao conhecimento anterior do aluno, eficiência do processo de ensino, concepção de educação e o aluno e conteúdo do professor (MATTOS; NEIRA, 2000).

    Segundo Mattos e Neira (2000) a avaliação dentro da Educação Física poderá ocorrer através da participação dos professores e alunos, para a construção dos critérios avaliativos que serão adotados.

    Para Mattos e Neira (2000, p. 24) “o professor deve atentar para o desenvolvimento do pensamento, a aquisição e aplicação dos conceitos adquiridos durante as aulas para solução de problemas apresentados pelo cotidiano e a autonomia.”.

    Segundo os autores citados acima, a avaliação também deverá incidir na aquisição de conhecimentos os quais podem ser de ordem teórica, que necessariamente possa ser provas contendo questões que verifiquem a memorização de conceitos, mas problemas que possam ser solucionados através das vivências deles durante as aulas. Assim: “o processo de avaliação em Educação Física é algo complexo e fundamental para a eficiência do ensino. O professor deve encarar os momentos avaliativos como aquisição de dados para a modificação e melhoria do trabalho pedagógico.” (2000, p. 24).

    É durante o processo “[...] da avaliação dos alunos que o docente confere os resultados da sua atuação e as mudanças que o seu trabalho trouxe ao educando.” (MATTOS; NEIRA, 2000, p. 24).

    É importante a utilização da auto-avaliação segundo Darido e Rangel (2005), pois o aluno poderá avaliar-se no início e término sobre o conhecimento adquirido e através disto ele poderá fazer uma análise de si mesmo.

    Para Darido e Sousa Júnior (2007, p. 23) “o problema não reside no modo de coletar as informações e sim no sentido da avaliação, que deve ser exercida como um contínuo diagnóstico das situações de ensino e aprendizagem, útil para todos os envolvidos no processo pedagógico.”.

    Segundo Darido e Rangel (2005), é necessário que aconselhe aos alunos, para que façam parte do processo de definição dos critérios e os rumos da avaliação, que implicam numa ação em conjunto, fazendo com ambos assumam uma responsabilidade no processo.

    Cabe aos professores informar as principais dificuldades enfrentadas, “[...] bem como os critérios qualitativos do desempenho de cada um e seu nível de aprendizagem, as necessidades de mudanças de rumo no ensino e os resultados que já foram alcançados.” (DARIDO; RANGEL, 2005, p. 127).

    Dentro do processo de avaliação existe a necessidade da utilização de instrumentos, mas deve possuir uma concepção em relação a sua utilização, pois simplesmente não basta conhecer e não aplicá-los durante o processo. Dentro dos métodos de avaliação “pode-se utilizar de provas teóricas, trabalhos, seminários, gravação em videoteipe para avaliar habilidades e atitudes, observações sistemáticas, fichas e, inclusive, testes de capacidades físicas.” (DARIDO; SOUZA JÚNIOR 2007, p. 23).

    Segundo Darido e Souza Júnior (2007, p.23) a “avaliação em educação física deve considerar a observação, análise e a conceituação de elementos que compõem a totalidade da conduta humana, [...], a avaliação deve estar voltada para a aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e a atitudes dos alunos.”. Segundo os autores citados acima a avaliação para o aluno é um instrumento de tomada de consciência de suas conquistas, dificuldades e possibilidades. Verifica-se que:

    A avaliação deve abranger as dimensões cognitiva (competências e conhecimentos), motora (habilidades motoras e capacidades físicas) e atitudinal (valores), verificando a capacidade de o aluno expressar sua sistematização dos conhecimentos relativos à cultura corporal em diferentes linguagens – corporal, escrita e falada. Embora essas três dimensões apareçam integradas no processo de aprendizagem, nos momentos de formalização a avaliação pode enfatizar uma ou outra delas (DARIDO; RANGEL, 2005, p. 128).

    Para Darido e Souza Júnior (2007), os critérios de avaliação devem ser apresentados no inicio do ano letivo, onde precisam ser informados por que, como, quando e de que modo estão sendo avaliados os alunos, sendo que podem apresentar sugestões.

    Segundo Darido e Rangel (2005, p. 126) “a avaliação deve mostrar-se útil para as partes envolvidas – professores, alunos e escola –, contribuindo para o autoconhecimento e para a análise das etapas já vencidas, no sentido de alcançar objetivos previamente traçados.”.

    Sendo que a avaliação constitui-se em um processo contínuo de diagnóstico da situação, que conta com a participação de toda a estrutura escolar pedagógica (DARIDO; RANGEL, 2005).

    Ainda de acordo com as autoras citadas acima, os alunos deverão ser avaliados através de duas formas. A primeira forma é a sistemática, que se caracteriza da utilização de observações das situações vivenciadas em aulas, de perguntas e respostas formuladas dentro das aulas. Já a segunda forma é a específica, que se caracteriza através de provas, pesquisas, relatórios, apresentações, etc.

    Segundo Rangel (2010), a avaliação hoje deve ser algo mais integral, que avalie o ensino, a aprendizagem e até mesmo o professor. Ela se caracteriza pela utilização de alguns instrumentos como: pequenos trabalhos em grupos, apresentações, redações sobre os temas trabalhados em aula, avaliar jogos e brincadeiras observando regras, estratégias e habilidades ensinadas e sua utilização, respostas às perguntas do professor, a participação cooperativa durante as atividades e a resolução de conflitos.

    Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96, no artigo 31 estabelece que “na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.” (BRASIL, 1996).

    Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (RCNEI):

    A avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática as necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e redirecionar esse processo como um todo (BRASIL, 1998a, pg. 59).

    De acordo com RCNEI, no que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas conquistas, suas dificuldades e suas possibilidades durante o processo de aprendizagem, cabendo ao professor compartilhar as observações feitas para sinalizar os avanços nas possibilidades e superação das dificuldades (BRASIL, 1998a).

    A avaliação para o RCNEI é um importante instrumento, para o professor coletar dados e informações sobre o processo contínuo de aprendizagem de cada criança, sendo que cabe também ao docente reorientar sua prática e elaborar o seu planejamento, propondo novos avanços na aprendizagem. Podendo assim analisar a avaliação de forma sistemática e contínua durante o processo, lembrando que através de atividades contextualizadas durante o programa, é possível obter uma evolução gradativa das crianças (BRASIL, 1998c).

    Para a Diretriz citada acima, “a avaliação não se dá somente no momento final. É tarefa permanente do professor, instrumento indispensável à constituição de uma prática pedagógica e educacional verdadeiramente comprometida com o desenvolvimento das crianças.” (BRASIL, 1998c, p. 203) .

    Os Parâmetros Curriculares Nacionais possuem critérios de avaliação na Educação Física no 1º e 2º ciclos do ensino fundamental, cujos aspectos são: avaliar a demonstração de segurança para experimentar as situações propostas, a participação das atividades respeitando as regras e a organização, reconhecimento e respeito das diferenças individuais e auxílio aos colegas, interação em relação à aceitação dessa ajuda, reconhecimento dos benefícios à saúde através das atividades físicas, respeito às possibilidades de desempenho e a interação com os outros, valorização das manifestações culturais do movimento que compreende diversas aprendizagens de diferentes tipos de movimentos e expressões (BRASIL, 1997).

    Os PCNs possuem também critérios de avaliação na Educação Física no 3º e 4º ciclos do ensino fundamental, sendo que se deve valorizar a cultura corporal do movimento, realizar às praticas da cultura corporal do movimento e relacionar os elementos da cultura corporal com a saúde e a qualidade de vida (BRASIL, 1998).

    De acordo com os PCNs, é necessária a utilização da avaliação tanto para o aluno quanto para o professor, sendo que possam dimensionar os avanços e as dificuldades encontradas durante o processo de ensino e aprendizagem, tornando-o cada vez mais produtivo (BRASIL, 1998).

    Segundo os PCNs, é importante durante o processo avaliativo a utilização de instrumentos que estejam ligados aos aspectos de conteúdos, os quais estão em conjunto de acordo com as três dimensões de conteúdos: dimensão conceitual, dimensão procedimental e dimensão atitudinal. Sendo que a dimensão conceitual refere-se a fatos, conceitos e princípios, a dimensão procedimental ligado ao fazer e a dimensão atitudinal refere-se a valores, normas e atitudes (BRASIL, 1998).

    Os PCNs caracterizam a avaliação como contínua, por compreender “as fases que se convencionou denominar diagnóstica ou inicial, formativa ou concomitante e somativa ou final” (BRASIL, 1998, p. 58).

    Ainda de acordo com os PCNs a avaliação diagnóstica ou inicial é aquela que fornece os dados e informações para elaboração e construção dos conteúdos, já a avaliação formativa ou concomitante é aquela que ocorre dentro do processo de ensino e aprendizagem, e a avaliação somativa ou final tem como função a utilização de instrumentos os quais se pretende avaliar o final do processo de aquisição do conteúdo (BRASIL, 1998).

    Para Betti e Zuliani (2002), refletem que uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito de cultura corporal de movimento melhora a qualidade dos procedimentos de avaliação. Isso inclui ainda que a avaliação da dimensão cognitiva, pouco considerada até aqui pela Educação Física, sendo uma explicitação e diferenciação dos aspectos a serem considerados para a atribuição de conceitos aos alunos, e dos que serão úteis para a autoavaliação do professor e do próprio ensino.

    Segundo os autores citados acima, a avaliação deve seguir alguns critérios, os quais são: avaliação contínua, sendo que ela compreende as fases, diagnóstica ou inicial, formativa e somativa; refere-se às habilidades básicas relacionadas aos jogos, a ginástica, aos esportes, etc.; devem levar em consideração sempre os objetivos específicos relacionados à avaliação; avaliar os alunos segundo as suas formas de expressar, através da cultura corporal do movimento e as capacidades de movimentar-se. Verificou-se que:

    Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados em observação sistemático-assistemática e anotações sobre o interesse, participação e capacidade de cooperação do aluno, autoavaliação, trabalhos e provas escritas, testes para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e capacidades físicas, resolução de situações problemáticas propostas pelo professor, elaboração e apresentação de coreografias de dança, exercícios ginásticas ou táticas de esportes coletivos, etc.(BETTI; ZULIANI, 2002, p. 79)

    A Educação Física enquanto componente curricular da Educação básica deve assumir então outra tarefa: introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade da vida (BETTI; ZULIANI, 2002)

    Segundo Paula (2009) pode-se concluir que a avaliação na Educação Física Escolar está em processo de mudança de paradigma, e que tem ocorrido pelo fato, que só é possível em função de alguns atores (professores, alunos, autores de obras críticas) que buscam constantemente discutir seu papel.

Considerações finais

    Para Dias (2004), a avaliação em Educação Física escolar, esteve centrada na aptidão física e técnica por muito tempo, mas estes não são os objetivos da educação física escolar, cabendo ao professor avaliar os aspectos cognitivos, físico motor e afetivo social, de forma processual, interativa e qualitativa.

    A avaliação dentro da escola deve ser considerada como componente do projeto pedagógico, na qual os professores devem estruturar os objetivos, relacionando-os as características dos alunos, para poder fazer uma avaliação que contribua com o processo ensino-aprendizagem.

    Durante a avaliação o professor deve utilizar-se dos vários instrumentos avaliativos, que são importantes para a construção dos conhecimentos, habilidades, competências e as atitudes, por serem essenciais ao desenvolvimento integral do ser humano. Segundo Silva e Peric (2009), a avaliação é um dos mais importantes instrumentos pedagógicos que está ao alcance dos objetivos amplos e imediatos, gerais e específicos da educação física.

    A avaliação em Educação Física escolar, dentro do processo ensino-aprendizagem, fornece informações que podem auxiliar tanto o professor quanto os alunos no sentido, respectivamente de obter os resultados do seu trabalho e verificar o seu desempenho.

Referências

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