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Avaliação da qualidade de vida de pastores Adventistas do
Sétimo Dia e sua relação com a filosofia adventista de saúde

Evaluación de la calidad de vida de pastores Adventistas del Séptimo Día y su relación con la filosofía adventista de la salud

 

*Especialista em Treinamento Esportivo pela Faculdade Adventista de Hortolândia

**Doutora pela Faculdade de Educação Física da Unicamp

Docente Titular na Faculdade Adventista de Hortolândia

(Brasil)

Olga Bouchard de Monteiro*

Helena Brandão Viana**

hbviana2@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Qualidade de vida é um alvo perseguido por todos. A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui um conjunto de princípios voltado ao bem estar físico, psicológico e espiritual dos seus membros, conhecida como Filosofia Adventista da Saúde. Esta filosofia faz parte da vida do membro desde seu batismo e inclui conselhos sobre exercícios físicos, alimentação, relações interpessoais e relacionamento com Deus. O objetivo deste trabalho foi avaliar a Qualidade de Vida de Pastores Adventistas do Sétimo Dia a relação desta com seus hábitos de atividades físicas. A pesquisa de campo, foi efetuada com os líderes da Igreja Adventista na Associação Paulista Central, com sede em Campinas e região administrativa incluindo as cidades de Hortolândia e Engenheiro Coelho, nas quais estão situadas dois dos três campi da Universidade Adventista de São Paulo, além de contar com um número grande pastores. Foram utilizados 2 questionários, aplicados a 33 pastores, um de avaliação de qualidade de vida (WHOQOL-bref), e outro para aferição de conhecimento de prática da Filosófica Adventista da Saúde (FAS) e foram feitas também medições antropométricas, como Índice de Massa Corporal (IMC) e Relação Cintura Quadril (RCQ).

          Unitermos: Qualidade de vida. Adventistas do Sétimo Dia. Pastores. Índice de massa corporal. Relação cintura quadril.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A busca de uma vida mais saudável e equilibrada é o ideal da grande maioria dos seres humanos. Por isto, o tema da Qualidade de Vida tem sido muito discutido na atualidade. Qualidade de Vida foi definida pela OMS como “[...] a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.” (OMS, 1994 apud VILARTA, 2007, p. 72). Esta definição é genérica o bastante para abarcar praticamente todos os aspectos da vida, mês precisa ser melhor definida quando relacionada à saúde. Neste sentido, Testa e Simonson (1996) propuseram uma nova categoria, por eles chamada de Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS), que é definida como “domínios físico, psicológico e social da saúde vistos como áreas distintas e influenciadas pela experiência pessoal, por crenças, expectativas e percepções” (TESTA e SIMONSON, 1996, p. 835).

    Um aspecto importante da definição de QVRS é a inclusão das crenças no espectro das variáveis influenciadoras e determinantes dos seus domínios componentes. Isto indicaria que QVRS pode ser majorada ou diminuída em decorrência de crenças e espiritualidade. De fato, a própria OMS tem trabalhado na definição de um instrumento que permita mensurar o impacto das crenças e espiritualidade na qualidade de vida geral do indivíduo.

    Tomando por certo que as crenças interferem de alguma forma na percepção da Qualidade de Vida dos indivíduos, o presente trabalho buscou avaliar em que medida isto acontece entre uma população específica de pastores da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

    Esta Igreja foi escolhida, em vista de sua ênfase em princípios de vida saudável, englobando exercícios, alimentação, oração, e bom relacionamento com Deus e com os semelhantes (NIEMAN, 1992, p. 41). Em outras palavras, dentre suas crenças estão algumas relacionadas especificamente com a Saúde. Além disto, a Igreja Adventista do Sétimo Dia foi objeto de vários estudos ao redor do mundo relacionados à Saúde de seus membros (NIEMAN, 1992).

    A Filosofia Adventista de Saúde surgiu nos primórdios da própria Igreja Adventista, quando se percebeu que o número de membros que padeciam de enfermidades e faleciam em tenra idade era grande. Segundo os livros oficiais da Igreja Adventista, esta filosofia não surge puramente pelo estudo de autores contemporâneos, mas como resultado direto de revelação divina no ano de 1847 a Ellen G. White, uma das fundadoras da Igreja. Sem discutir o mérito desta afirmativa, o fato é que os princípios da Filosofia Adventista de Saúde é parte da vida de cada membro desta Igreja, incluindo de forma especial seus pastores e líderes, dos quais se espera e mesmo se cobra uma maior aderência bem como conhecimento desta Filosofia.

    Escolhemos os pastores da Igreja ao invés de expandir para a membresia, porque os pastores são supostamente melhores conhecedores dos princípios da reforma de saúde de sua Igreja, além de serem, supostamente, praticantes da mesma. Esta relação teoria/prática nos permite dimensionar o impacto da Filosofia Adventista de Saúde, se algum, sobre a qualidade de vida relacionada à Saúde.

Método

    Essa pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Faculdade Adventista de Fisioterapia da Bahia. CAAE 0361.0.146.070-09, parecer de aprovacão 0361/09.

    Foram escolhidos aleatoriamente 33 pastores, representando 39% dos pastores da Associação Paulista Central da Igreja Adventista e 1,7% do total de pastores ordenados no ano de 2007 no Brasil (YEARBOOK, 2009).

    A este grupo foi solicitado que respondesse dois questionários. Primeiro, o WHOQOL-Bref, versão abreviada do questionário padrão WHOQOL-100 para aferição da Qualidade de Vida. O WHOQOL-bref com 26 questões, dispostas numa escala Likert de 5 pontos, é bem conhecido na literatura e tem sido amplamente utilizado em pesquisas acadêmicas. O segundo questionário, especificamente elaborado para esta pesquisa, contém perguntas relacionadas à Filosofia Adventista de Saúde, da qual recebeu o nome FAS. As questões deste formulário buscavam identificar o grau de conhecimento, aceitação e prática dos princípios da Filosofia Adventista de Saúde, por parte dos pastores.

    O FAS possui dois domínios específicos: Conhecimento e Prática. O domínio do conhecimento buscou identificar o quanto cada sujeito avaliado estava familiarizado com os princípios da filosofia adventista de saúde. Uma questão específica buscou identificar como o sujeito da pesquisa aceitava a normatividade dos princípios de saúde.

    O domínio prático trata de aferir quanto dos princípios de saúde adventistas são realmente postos em prática por seus líderes denominacionais. Os princípios englobam itens como alimentação saudável (preferencialmente vegetariana), meditação e comunhão com Deus e prática regular de exercícios físicos.

    O grupo foi também submetido a uma do IMC (Índice de Massa Corporal), que foram analisados utilizando-se o Software Physical Test, versão 6.2 da Terra Azul. Embora haja restrições para indivíduos com alto nível de atividade física, que podem apresentar variações em decorrência de grande massa magra (FONTOURA, 2008), a OMS ainda recomenda o IMC como bom indicador de gordura corporal, uma vez que pode ser obtido facilmente.

    Por fim, todos os dados coletados foram normalizados e analisados estatisticamente através do Statistical Package for the Social Sciences for Windows, versão 13.0 e o Microsoft Excel versão 2007.

Resultados

    Os resultados apontaram que os pastores adventistas participantes desta pesquisa, em geral, possuem boa qualidade de vida, pontuando acima de 50% do valor total permitido pelo questionário. O escore médio geral do WHOQOL-Bref foi de 66,79±9,35, embora a análise específica por domínio é a mais adequada.

    O escore médio dos domínios foi também significativo, sendo que o domínio Físico obteve o escore mais alto.

    Não houve uma relação direta entre a idade e os escores total e de domínio dos sujeitos estudados. Os índices de IMC em geral também foram satisfatórios, com média de 25,42±3,75, sendo que a maioria dos pastores se encontra no grupo considerável normal, segundo a classificação da OMS (Figura 1).

Figura 1. Índice de Massa Corporal

    O escore médio do Questionário de Filosofia Adventista de Saúde – FAS, foi de 40,94±4,33, um número surpreendentemente baixo, visto que o esperado era um valor consistentemente mais alto, demonstrando maior assimilação, aceitação e prática dos princípios de Saúde da Igreja Adventista, por parte de seus líderes denominacionais. O gráfico seguinte apresenta os resultados (Figura 2).

Figura 2. Resultado obtido pelo FAS

    Em seguida efetuamos um cruzamento de três dos indicadores utilizados. Os resultados demonstraram que aqueles com maior escore no FAS e no WHOQOL-Bref, tinham menores Índices de Massa Corporal, calculados pelo Software Physical Test (Figura 3).

Figura 3. Resultados do WHOQOL-bref x IMC x FAS

    O gráfico seguinte mostra a relação entre as duas facetas do FAS e o respectivo IMC.

Figura 4. Resultados entre a Teoria e a Prática e o IMC

    Não se pode dizer que apenas uma das facetas seja preponderante na sua relação com o IMC. Indivíduos com valores altos na prática ou na teoria, igualmente podem se encontrar com o IMC elevado ou dentro do normal.

Discussão e conclusão

    O primeiro item importante a ser apontado é que a idade não desempenhou papel influente e modificador na qualidade de vida dos pastores adventistas, nem seu conhecimento ou prática da filosofia adventista de Saúde.

    Poucas relações diretas foram encontradas nos resultados dos testes. Entretanto, parece-nos que há razoável relação entre números altos no FAS e os respectivos números no WHOQOL-Bref e IMC.

    A falta de relação direta entre os índices, a nosso ver, pode ser explicada pelo marcado desequilíbrio entre as facetas prática e teoria no FAS. Percebe-se uma sobrevalorização da teoria, sem a contrapartida da prática, o que certamente influencia os índices de IMC, conforme o patente do gráfico abaixo. Não obstante, mesmo com valores médios abaixo do esperado, nota-se que de forma geral, aqueles que obtiveram valores mais altos no Questionário FAS também obtiveram índices acima dos demais no WHOQOL-Bref.

    Isto parece demonstrar de forma consistente que o fato de praticarem os princípios de vida saudável da filosofia adventista de saúde, influencia positivamente em seu estado geral de qualidade de vida, bem como em seu IMC.

    Um ponto a salientar, que pode explicar os baixos escores no FAS, é o fato de que todos os sujeitos da pesquisa reconheceram o desequilíbrio apontado acima. Eles sentem que ainda falta algo a acrescentar a seu aspecto prático. Explicam que o tempo que dedicam a outras atividades, automaticamente diminui seu tempo para a prática dos princípios.

    Há ainda muito a ser estudado no que diz respeito às relações entre a Filosofia Adventista da Saúde e a qualidade de vida de pastores e líderes denominacionais, bem como de seus membros.

Referências

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