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Praças enquanto espaço de lazer: percepções sobre o centro e a periferia

Las plazas como espacio de recreación: miradas sobre el centro y la periferia

 

*EF/CEUCLAR

**EF/CEUCLAR – SEE/SP – PPGE/UFSCar – SPQMH

Fernando Donizete Costa*

fernandonizete@yahoo.com.br

Fábio Ricardo Mizuno Lemos**

fabiomizuno@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          O objetivo deste estudo foi o de analisar as condições de praças de lazer situadas no centro e na periferia. A coleta de dados ocorreu em quatro praças (duas centrais e duas periféricas) do município de São Sebastião do Paraíso, sudoeste de Minas Gerais, em agosto de 2011. Como resultados, foram observadas algumas diferenças e desigualdades entre as praças centrais e periféricas. Consideramos que a investigação comparativa desses espaços se apresenta como um importante instrumento para os estudos do lazer na escola, a partir de reflexões e ações sobre desigualdade socioeconômica e políticas públicas.

          Unitermos: Lazer. Praças. Estrutura. Desigualdade. Educação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    O aumento da população urbana, agravado pelo êxodo rural e pelas migrações das cidades menores para aquelas que se constituem em pólos de atração, não foi acompanhado no que se refere à habitação e serviços urbanos, gerando desníveis na ocupação do solo e diferenciando marcadamente, de um lado as áreas centrais concentradoras de benefícios, e de outro, a periferia, verdadeiro depósito de habitações (MARCELLINO, 2006, p. 66-67).

    Considerando-se as transformações relacionadas ao fenômeno de desenvolvimento urbano e crescimento populacional, o presente estudo, visa analisar em contrapartida as condições da oferta de lazer à população de dois bairros distintos dentro de um mesmo município: o centro e a periferia. A análise consiste no estudo dos espaços públicos destinados ao lazer, priorizando aqui, especificamente, as praças.

    Assim sendo, objetivo deste estudo foi o de analisar as condições apresentadas por praças de lazer situadas no centro e na periferia.

    O lazer, para muitos autores, é compreendido como qualquer atividade realizada sem obrigações, realizadas por vontade própria. Para Marcellino (1998) o lazer é definido como “[...] a cultura – compreendida no seu sentido mais amplo – vivenciada (praticada ou fruída) no tempo disponível” (p. 31).

    Sabe-se que o lazer, está entre os direitos sociais assegurados pela Constituição Brasileira. Segundo o Artigo 6º da Constituição Federal de 1988, que sofreu a Emenda Constitucional nº 64 de 2010, o lazer é qualificado como um dos direitos sociais: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 2010).

    A necessidade de espaços públicos destinados à vivência do lazer surgiu no passado, com a revolução industrial e crescimento das cidades europeias. Segundo Choay (1999) as praças e os passeios públicos são vistos como resistência ao crescimento descontrolado das cidades e também constitui um espaço dedicado ao reencontro entre as pessoas.

    Em 1987, no Paris Guide, George Sand fez elogio dos jardins e dos passeios públicos, onde as classes populares se iniciarão à beleza, e Alphonse Karr vê nas praças lugares de reencontros e de contato onde se reconstruirá a vida de bairro destruída pela nova urbanização (CHOAY, 1999, p.106).

    Nos dias atuais, tais espaços gratuitos para usufruir o lazer, se tornaram ainda mais necessários, já que nem todo cidadão possui condição para investir em momentos de lazer, sendo que grande parte dos espaços voltados ao lazer, são privados e para que se possa usufruir do mesmo, é cobrado um valor determinado.

    Mas num país periférico como o Brasil, a grande maioria da população não possui condições financeiras de desfrutar de espaços de lazer pagos. Dessa maneira, o poder público, através de políticas de lazer, deve criar novos equipamentos e espaços e revitalizar os antigos. Dessa forma, a população em geral poderá ter maior disponibilidade de acesso às atividades de lazer, tendo garantido assim, o seu direito constitucional (MARCELLINO, 2006, p. 78).

    É praticamente inviável para um cidadão assalariado, que paga aluguel, água, luz e demais despesas, direcionar parte de seu rendimento para o lazer. No entanto, ainda reforçando o direito assegurado na Constituição, e considerando o fato de que nem todos possuem condições financeiras para usufruir do lazer pago, Cruz (2001) diz que:

    [...] compreender o lazer como um direito social, que deve ser alvo de atendimento por parte do Estado com o intuito de garantir o bem-estar das populações, pois [...] “quem não pode pagar pelo estádio, pela piscina, pela montanha, e o ar puro, pela água, fica excluído do gozo desses bens que deveriam ser públicos porque essenciais” (p. 91-92).

    Marcellino (2006) ressalta que “democratizar o lazer implica democratizar o espaço”, assim além do tempo disponível para o lazer, é necessário um espaço para tal. A análise das praças de lazer apresentadas a seguir, é fruto dessa compreensão.

Trajetória metodológica

    Foram selecionadas quatro praças públicas situadas no município de São Sebastião do Paraíso, famoso pela diversidade de ipês, está localizado na região sudoeste do estado de Minas Gerais. O município possui uma área de 824,5 km2 e de acordo com dados do IBGE 2009 possui uma população de 64.800 habitantes (PREFEITURA, 2012a; PREFEITURA, 2012b). A economia da cidade apresenta crescimento no setor de serviços, comércio e indústrias. No entanto a principal característica da economia paraisense gira em torno da produção agropecuária, principalmente voltada ao cultivo de café, sendo 78% da produção cafeeira exportada para o Japão e China (PREFEITURA, 2012b).

    Inicialmente, foi feito um levantamento de algumas praças conhecidas, localizadas em alguns bairros estratégicos do município. Posteriormente, foram definidos os bairros e consequentemente as praças existentes em cada um. Dentre as várias praças de lazer da cidade em questão, foram definidas quatro praças para serem analisadas com o propósito de identificar se atendem satisfatoriamente a população que está localizada na região a qual cada uma está situada. Em acordo com os objetivos deste estudo, foram escolhidas duas praças localizadas na região central da cidade e duas praças localizadas em dois bairros mais afastados ou periféricos.

    A avaliação das praças tratadas neste estudo é feita, embasada em algumas definições, partindo da descrição de Saldanha (1993): “A praça é [...] Um espaço onde em geral se encontram árvores, bancos, eventualmente monumentos, em alguns casos pequenos lagos artificiais” (p.13).

    O presente estudo, também se apoia na definição de Lemos (2008) que aponta a seguinte compreensão:

    [...] consideramos como praças de lazer, toda área de propriedade e de uso público, destinada a atividades culturais, esportivas e/ou recreativas ao ar livre, que possua um mínimo de estrutura não só para atividades, mas também para a contemplação do espaço [...], tendo para isso, ao menos bancos e área verde (p. 111-112).

    A descrição de cada praça partiu da análise das condições encontradas em cada uma delas, a partir de visita realizada em agosto de 2011 e da vivência do autor deste estudo, no referido município. Foram realizadas, também, algumas imagens fotográficas com o intuito de retratar a realidade de cada espaço, e assim identificar as principais semelhanças ou diferenças existentes entre as praças.

    Sendo assim, o principal recurso utilizado neste estudo foi a fotografia. Segundo Kossoy (2003):

    Toda fotografia foi produzida com uma certa finalidade. Se um fotógrafo desejou ou foi incumbido de retratar determinado personagem, documentar o andamento das obras de implantação de uma estrada de ferro, ou os diferentes aspectos de uma cidade, ou qualquer um dos infinitos assuntos que por uma razão ou outra demandaram sua atuação, esses registros – que foram produzidos com uma finalidade documental – representarão sempre um meio de informação, um meio de conhecimento, e conterão sempre seu valor documental, iconográfico (p. 47-48).

    Portanto, as praças previamente selecionadas, posteriormente foram visitadas, e os resultados são apresentados através da descrição das mesmas.

    Ainda para facilitar o deslocamento às praças de lazer selecionadas para este estudo, foi utilizado um mapa oficial do município, que contribuiu também para a descrição e identificação das ruas que delimitam o espaço de cada praça.

Resultados

Praças Centrais

    Dentre as praças localizadas na parte central da cidade, a primeira visita foi à Praça Santa Paula Frassinetti, mais conhecida como Praça “Lagoinha”. Está localizada no bairro Lagoinha, entre a Avenida Dr. Placidino Brigagão e Avenida Pimenta de Pádua. Conforme a Figura 1, esta praça passou por reformas durante a administração municipal 1997/2000. Hoje é considerada um dos cartões postais da cidade, além de ter sido eleita no ano de 2007, uma das "Sete Maravilhas" da cidade.

Foto 1. Praça “Lagoinha” – Placa referente à reforma da praça (acervo do autor, ago. 2011)

    Considerando o referencial citado, através da visita realizada e registrada nas fotografias a seguir, é possível notar que esta praça oferece um espaço muito bem estruturado aos seus frequentadores. O espaço físico possui área para recreação de crianças (parquinho), oferece aparelhos para atividades físicas (academia ao ar livre), espaço para prática de atividades esportivas (quadra), e possui ainda vários bancos ao redor do lago onde é possível sentar e passar horas agradáveis contemplando a bela paisagem.

    No lago localizado na Praça “Lagoinha”, acontece anualmente o concurso de pesca esportiva, um evento que se tornou tradição e a cada ano, atrai um número maior de paraisenses que prestigiam este evento. Além de peixes, o lago também abriga alguns patos que tornam ainda mais atrativo o local, principalmente para as crianças, que gostam bastante de observá-los.

    Outro fator de fundamental importância para os frequentadores e que vale destacar, é que esta praça possui agentes da guarda municipal que estão presentes e inibem a ação de vândalos ou pessoas com intenções voltadas ao crime. O serviço da guarda acontece também durante o dia, mas é reforçado principalmente no período noturno, para garantir segurança e tranquilidade à população que costuma frequentar este espaço.

    Quanto às árvores e espaços com plantas e flores, ficou constatado que os mesmos são bastante atraentes e aparentam receber cuidados diários. Através da análise das imagens a seguir (fotos 2, 3 e 4), são apresentados alguns atrativos citados nas descrições apontadas acima, referentes à Praça da Lagoinha.

Foto 2. Praça “Lagoinha” – Banco, lago e espaço para contemplação (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 3. Praça “Lagoinha” – Quadra poliesportiva (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 4. Praça “Lagoinha” – Academia ao ar livre (acervo do autor, ago. 2011)

    Ainda na região central da cidade, a segunda visita aconteceu na Praça “da Fonte”. Esta foi fundada no ano de 1968, durante a administração do prefeito Alípio Mumic. Está localizada no centro da cidade, ladeada pelas ruas Geraldo Marcolini, Rua Dr. Salvador Grau, Rua Gedor Silveira e Fórum Amphilóquio Campos do Amaral, localizado na Rua Genaro Joele.

    Esta praça cujo nome oficial é Praça Comendador João Alves, é mais conhecida como Praça “da Fonte”, pois o principal atrativo consiste na fonte de água que está localizada no centro da praça e geralmente só é ligada aos domingos, exceto no mês de dezembro, ocasião que a mesma funciona diariamente. Neste período, a praça conta ainda com uma decoração especial para o natal e se torna um importante atrativo para aumentar o número de pessoas nas ruas e, consequentemente, ajudar a alavancar o comércio local.

    Assim como a Praça “Lagoinha”, esta também faz parte das 7 maravilhas do município de São Sebastião do Paraíso. Possui um grande espaço físico, com muitos bancos, um monumento em homenagem ao médico e ilustre homem público Dr. Placidino Brigagão, que também tem seu nome em uma das mais importantes avenidas da cidade. Ainda nesta praça também está a Árvore da Cultura que foi plantada em 1974 pelo centro cívico “Santos Dumont”.

    Outro espaço muito utilizado é o palco para apresentações ao ar livre, que é bastante usado em eventos públicos e apresentações artísticas e culturais. Geralmente em datas comemorativas como 7 de setembro, 15 de novembro, dentre outras, acontecem desfiles cívicos na Rua Gedor Silveira e as arquibancadas são montadas nesta praça para receber a população que comparece para assistir as apresentações.

    Aqui também é notável o cuidado com as árvores, plantas e flores que estão espalhadas pela praça. Os jardins são bem cuidados, o que torna a praça ainda mais bela. Além da beleza, outro atrativo é a segurança, já que agentes da guarda municipal, também estão sempre presentes, principalmente à noite, garantindo assim que os paraisenses possam usufruir de todo o espaço que esta praça oferece.

Foto 5. Praça “da Fonte” – No centro da praça está localizada uma fonte de água (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 6. Praça “da Fonte” – Ao centro, alguns bancos e ao redor árvores e jardins (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 7. Praça “da Fonte” – Monumento em homenagem ao médico Dr. Placidino Brigagão (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 8. Praça “da Fonte” – Monumento referente à Árvore da Cultura (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 9. Praça “da Fonte” – Espaço para apresentações culturais e artísticas (acervo do autor, ago. 2011)

Praças Periféricas

    Dando sequência, após as visitas às praças centrais, o próximo passo do estudo foi realizar as visitas às praças periféricas. A primeira parada aconteceu no bairro Vila Formosa, onde está localizada a Praça Bireno Marcolini. Situada ao lado da Escola Estadual Comendadora Ana Cândida de Figueiredo, é ladeada pela Rua Maria Abadia Amaral Malaguti, Rua Pedro Montaldi e Avenida Manoel de Oliveira Mafra.

    É comum que os jardins das praças, se tornem o atrativo que se destaca inicialmente. No entanto, logo de início é notável a diferença entre o jardim desta praça em relação às praças centrais, já que as plantas e o gramado do jardim parecem necessitar de melhores cuidados, o que leva a crer que não possui jardineiro exclusivo. Boa parte do solo, onde deveria existir gramado, está quase totalmente descoberto.

    Ao contrário das anteriores, esta não possui monumentos ou variedade de espaços. Aqui os frequentadores não encontram muita diversidade ou opções de espaços para usufruir em seus momentos de lazer. Apenas encontram alguns bancos para sentarem e aproveitar seus momentos sob a sombra agradável das grandes árvores que ali existem.

    Aos domingos, parte da praça, localizada na Rua Maria Abadia Amaral Malaguti, abriga uma grande feira conhecida pelos paraisenses como a feira da Vila Formosa, onde pequenos empreendedores da cidade recebem licença da prefeitura e comercializam seus produtos ou serviços. É possível encontrar uma enorme diversidade de produtos nas barracas destes comerciantes (brinquedos, roupas, acessórios femininos, cds, dvds, etc.) e também uma grande variedade de frutas, hortaliças, peixes frescos, garapa e artesanatos.

Foto 10. Praça Bireno Marcolini – É possível notar a falta de grama em parte do jardim (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 11. Praça Bireno Marcolini – A grama apresenta aspecto seco e algumas falhas (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 12. Praça Bireno Marcolini – Vista frontal da praça onde é possível notar a ausência de monumento (acervo do autor, ago. 2011)

    Para completar a lista das quatro praças escolhidas, a última visita aconteceu na Praça Cristo Rei, que foi construída em 1984, durante a administração do prefeito Luiz Ferreira Calafiori. Fica localizada no bairro Cristo Rei, entre a Rua José Alves de Figueiredo Filho, Rua Dorotéia Rosa de Figueiredo e Avenida Zezé Amaral.

    Assim como na Praça Bireno Marcolini, nesta também é visível a falta de cuidado com as plantas, árvores e flores dos jardins. Outro fator que evidencia a falta de cuidado e manutenção deste espaço público destinado ao lazer, pode ser compreendido, analisando a parte pavimentada, que apresenta rachaduras ou está danificada.

    Ao centro há um monumento com uma imagem religiosa referente a Jesus, sob o título de Cristo Rei. A imagem tem aproximadamente 2 metros de altura, e segundo a placa afixada na imagem, ela foi restaurada pelo artista plástico Cubano.

Foto 13. Praça Cristo Rei – O banco não possui encosto e a parte do 

pavimento que delimita o jardim está incompleta (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 14. Praça Cristo Rei – Dentre as diferentes espécies de árvores, o destaque para

 o Ipê Amarelo que é considerado um símbolo da cidade (acervo do autor, ago. 2011)

 

Foto 15. Praça Cristo Rei – Monumento com a 

imagem de Cristo Rei (acervo do autor, ago. 2011)

    A realidade destas duas últimas praças visitadas é bem diferente das duas anteriores, considerando a diversidade de espaços e também a segurança, já que as duas últimas não possui agente da guarda municipal.

Considerações

    Apesar de estar resguardado na Constituição Brasileira de 1988, o direito ao lazer, nem sempre é ofertado a todos. Um fator relevante e que pode justificar a carência de espaços públicos de lazer em determinados locais está diretamente relacionado com a hierarquia das necessidades e prioridades econômicas e sociais.

    É importante considerar e relevar que a falta de planejamento do desenvolvimento e crescimento das cidades, é um fator que merece atenção, pois teve e tem grande impacto na organização e ocupação do solo urbano.

    No entanto, é necessário que haja esforços e ações concretas para que o lazer seja de fato garantido a todos e com as mesmas condições, visto que em alguns casos este acaba sendo esquecido, ou ficando em segundo plano.

    Analisando as percepções obtidas nas praças de lazer que foram objeto da pesquisa, ficaram visíveis e inquestionáveis as diferenças existentes entre as praças públicas de lazer do município de São Sebastião do Paraíso. Os espaços encontrados nas praças centrais são diversificados, bem cuidados e “seguros”, ou seja, apresentam maior qualidade. Já as praças periféricas, possuem os espaços sem variação de atrativos, os jardins e gramados em sua maioria estão mal cuidados e não possuem agentes de segurança no local.

    Sendo assim, reconhecendo a situação existente e considerando o princípio da isonomia, todos os cidadãos, independente da região que residem, seja ela central ou periférica, teriam o mesmo direito de usufruírem de espaços públicos com a mesma qualidade.

    Diante da constatação de ambas as realidades das praças, é essencial não apenas a busca por justificativas, mas também de atitudes concretas, pois todo cidadão necessita saber que o direito ao lazer pode e deve ser reconhecido e cumprido, e quando isto não acontecer, ou seja, se o seu direito não está sendo de fato cumprido, este deve se mobilizar junto às autoridades competentes para que as mesmas realizem as políticas públicas voltadas ao lazer.

    Nesse sentido, associando o presente estudo ao campo de atuação profissional do autor, ou seja, à Educação Física Escolar, é importante que o tema lazer seja abordado, também, através da conscientização dos discentes a respeito desta realidade de desigualdade de condições estruturais em espaços diferentes da cidade e reflitam sobre o direito de se manifestarem contrariamente a uma política pública de lazer desigual.

    Esta abordagem permite, inclusive, que sejam superados alguns conceitos e barreiras, como as ideias de que o lazer só pode ser desenvolvido nas aulas de Educação Física através de vivências práticas.

    Como afirmam Lemos, Souza e Lemos (2008), a Educação Física não pode se restringir à educação dos “movimentos físicos”:

    A compreensão do ser humano não pode mais ser aquela do físico e/ou mental, mas sim, da unidade. Desta maneira, não é oportuno se objetivar somente um de seus aspectos. Antes da especificidade da disciplina EF, os profissionais ministrantes da mesma são educadores (e não somente do físico) – o que não se pode esquecer. E o educador deve comprometer-se com a formação total/global dos discentes. Como pode se ater, o educador, como querem alguns desavisados, aos movimentos físicos? Mesmo estes são intencionais, não estão desconexos da unidade – Ser Humano. Nosso corpo é físico, mental, social, histórico, político etc. (p. 1).

Referências

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