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Percepção da imagem corporal e medidas
antropométricas de escolares de 11 a 14 anos

La percepción de la imagen corporal y medidas antropométricas de escolares de 11 a 14 años

 

*Profissional de Educação Física

**Escola de Saúde Pública de Mato Grosso do Sul, ESP/MS

Instituto de Ensino Superior da Funlec, IESF

Faculdade Unigran Capital

Alessandra Laura de Matos Souza*

Joel Saraiva Ferreira**

falecomjoel@hotmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este estudo teve como objetivo descrever a percepção da imagem corporal e as medidas antropométricas de escolares na faixa etária de 11 a 14 anos de um colégio da rede privada de ensino da cidade de Campo Grande-MS, Brasil. A população pesquisada constituiu-se de 44 alunos (24 do gênero feminino e 20 do gênero masculino). Foram analisados o Índice de Massa Corporal e a percepção da imagem corporal, para o qual utilizou-se um quadro de silhuetas, com escala crescente de 1 até 9, em que os alunos assinalaram as figuras que consideraram corresponder à própria imagem atual e a imagem considerada ideal. Os resultados apontaram que, para as mulheres a silhueta considerada ideal é a de número 3 e para os homens a de número 5, diferença bem significativa levando em consideração que o corpo idealizado pelas mulheres é o magro e pelos homens o musculoso. Os dados do estudo permitiram concluir que há uma insatisfação dos entrevistados, de ambos os gêneros, em relação à própria imagem corporal atual. Além disso, há vários alunos com excesso de peso corporal. Essa combinação de informações dá indicação de que o excesso de peso corporal tem provocado uma situação de insatisfação com a imagem corporal na população investigada.

          Unitermos: Imagem corporal. Escolares. Índice de massa corporal.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    As pessoas estão cada dia mais preocupadas com a aparência física, diariamente a mídia apresenta dietas e aparelhos para obter um corpo perfeito. As pessoas estão procurando médicos, nutricionistas e profissionais de Educação Física para manter o corpo com as medidas desejadas. Para o gênero feminino a busca pela magreza é infinita, já o gênero masculino prefere um corpo mais musculoso. Conforme GUEDES (1997) os padrões de beleza estão exigindo padrões antropométricos cada vez mais magros.

    Esta preocupação com a aparência corporal ideal imposta pela sociedade, está afetando também as crianças e adolescentes. O que antes era uma preocupação dos adultos, atualmente faz parte da realidade de muitos jovens.

    A imagem que o individuo tem de si, seja pela visão, tato, olfato e audição é a própria Imagem Corporal. Isso faz com o indivíduo se preocupa com sua imagem perante os demais, podendo até vivenciar alguns momentos que não o satisfaz e que o faça não se sentir bem.

    Os indivíduos que observam sua imagem corporal distante da desejada, podem desenvolver uma pobre auto-estima, tendo percepções erradas, conceitos falsos e negativos do próprio corpo. Alguns sintomas notáveis são: insatisfação quanto ao aspecto físico, preocupação excessiva com o próprio corpo, vergonha e evitável exposição do corpo.

    Para obter dados reais de medidas do corpo pode-se utilizar as medidas antropométricas, pois é a ciência que avalia o tamanho, o peso e as proporções do corpo humano (ROCHA, 2004). Estas medidas são fáceis e rápidas, não necessitam de equipamentos sofisticados e de alto custo financeiro.

    Segundo Rocha (2004), a antropometria é bem antiga, pois os egípcios deixaram trabalhos que mostravam a existência de proporção entre a parte e o todo do corpo. Teve também sua participação nas artes plásticas, utilizada por escultores e pintores como Michelângelo e Leonardo Da Vinci, em busca dos moldes clássicos da beleza humana, procuravam as proporções ideais entre as partes do corpo. Modernamente, se volta para a influência de determinados fatores na performance, tanto desportiva com ergonômica, procurando estabelecer tipos físicos eficientes para a “individualização do trabalho”, tanto laborativo como físico.

    As áreas que mais utilizam a antropometria são a Educação Física, Ciência dos Esportes e Medicina Esportiva. As medidas antropométricas devem ser aplicadas corretamente, seguindo a metodologia utilizada por outros autores, para que os resultados sejam claros e com bom entendimento por outros pesquisadores.

    Alguns princípios básicos de medidas antropométricas, como Índice de Massa Corporal (IMC), circunferências e diâmetros ósseos, são utilizados para estimar a composição corporal.

    Autores como Marins e Giannichi (2003) e Fernandes Filho (2003), concordam que a antropometria representa um importante recurso de assessoramento para uma análise completa de um indivíduo, pois apresenta informações ideais para a predição e estimação dos vários componentes corporais tanto de atletas como sedentários, pois oferece informações ligadas ao crescimento, desenvolvimento e envelhecimento, sendo por isso crucial na avaliação do estado físico.

    Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas, em proporções de diversos segmentos corporais. Os homens ultrapassam as mulheres em quase todas as variáveis antropométricas, principalmente na composição corporal. A percentagem de gordura para o homem é de 13,5% e para a mulher é de 24,2%. Nas mulheres a gordura é acumulada no peito, coxas, quadril e antebraços e a gordura abdominal é acumulada abaixo do umbigo nas mulheres e acima do mesmo nos homens. (SANTOS, 2003).

    Algumas medidas antropométricas podem se relacionar umas com as outras, mediante a determinação de índices corporais ou pelo uso de técnicas de regressão estatística. Os índices corporais mais comumente envolvidos no estudo do crescimento somático são os que procuram relacionar o peso corporal com a estatura. Em razão das facilidades em seus cálculos, o índice de massa corporal (IMC) vem sendo o recurso mais utilizado na determinação da relação peso/estatura em estudos que procuram analisar o crescimento somático de crianças e adolescentes. (GUEDES, 1997).

    O IMC é a proporção do peso do corpo para altura ao quadrado. Para calcular o IMC, o peso do corpo deve ser medido em quilogramas e a altura em centímetros para metros. (HEYWARD et al, 1996). Esse índice, também chamado de Índice de Quelet, representa um procedimento extremamente prático para avaliar a questão do sobrepeso de sujeitos não atletas, pois basta obter o registro do peso corporal e da estatura que já é possível desenvolver algumas conclusões gerais sobre a questão da obesidade.

    O Índice de Massa Corporal é considerado o mais popular índice de estatura e peso, sendo utilizado por diversas pessoas com respeito a sua aptidão física e seu grau de obesidade (FERNANDES FILHO, 2003).

    O uso do IMC parte do princípio de que o melhor índice seria aquele que tivesse menor correlação com a estatura, porque removeria a dependência do peso sobre a estatura, e ao mesmo tempo, tivesse a maior correlação positiva com a gordura subcutânea. A relação peso/estatura² é, portanto, o índice que apresenta a menor correlação com a estatura e maior correlação com excesso de gordura, sendo, recomendado pelos autores para uso geral. (PITANGA, 2004).

    O índice de Massa Corporal (IMC) também é considerado como a medida de escolha na padronização do diagnóstico da obesidade nas diferentes regiões do planeta. É fácil e adequado, principalmente porque hoje existem tabelas comparativas para crianças a partir de 2 anos de vida. (BARBOSA, 2004).

    É sempre importante destacar que o uso do IMC deverá ser aplicado para adoção de conceitos gerais (MARINS e GIANNICHI, 2003), pois esse índice é apenas um indicador e não determina de forma inequívoca se uma pessoa está acima do peso ou obesa. (RAMOS, 1999).

    Outra medida antropométrica que merece destaque é a medida do percentual de gordura corporal. Para avaliá-la com exatidão, é preciso separar a gordura dos outros componentes do peso corporal total de um indivíduo. (GALLAHUE, 2005). Essa medida, de avaliação da composição corporal, é um importante fator em qualquer programa de emagrecimento ou manutenção do peso. (BARBOSA, 2004)

    O estudo da composição corporal em crianças e adolescentes reside no interesse em se obter informações quanto ao fracionamento do peso corporal em seus diferentes componentes. (GUEDES, 1997)

    Parece claro que os programas de exercícios físicos podem provocar importantes modificações com relação aos parâmetros de composição corporal, gordura e massa magra, tornando-se, portanto, em um importante fator na regulação e na manutenção do peso corporal. (GUEDES, 1997)

    O acompanhamento da composição corporal representa um meio importante no controle de um treinamento tanto para atletas quanto para não atletas. O cálculo da composição corporal permite que diversos profissionais da saúde interpretem de forma diferente, segundo seus objetivos. Atualmente existem dezenas protocolos para cálculo da composição corporal devidamente validados cientificamente. (MARINS e GIANNICHI, 2003)

    Em crianças e jovens, o estudo da composição corporal é necessário para auxiliar na estimativa de forma mais acurada dos componentes corporais para a performance física e saúde, tendo em vista a estreita relação existente entre a quantidade da distribuição da gordura corporal e alguns indicadores de saúde, estudar alguns fatores genéticos, nutricionais e a influência da atividade física sobre os músculos, ossos e gordura. (PIOVESAN e YONAMINE, 2002)

    Durante os períodos pre-púbere e púbere as adaptações a um programa de exercícios físicos mais intensos podem levar a uma formação limitada de gordura corporal simultaneamente a um maior desenvolvimento de massa magra entre moças e rapazes, fazendo com que o surgimento das diferenças sexuais quanto à composição corporal sejam adiadas por alguns anos. (GUEDES, 1997).

    Na fase da puberdade, as bruscas alterações físicas de indivíduos entre 11 e 14 anos, como o despertar da sexualidade, perda de feições infantis, aumento de proporções físicas (crescimento anual de até 10 cm com ganho de peso de 9,5 kg por ano), comportamento crítico e questionamento das autoridades, desejo de autonomia e conflito com o mundo adulto são características marcantes. (BARBOZA, 2004).

    Se aos 13-14 anos o aumento anual de altura e peso ainda é de até 10 cm e de 9,5 kg respectivamente, após esse período, não chega a mais de 1-2 cm e de 5 kg, respectivamente. O rápido crescimento da altura é substituído por um maior crescimento em largura. (WEINECK, 2000)

    O crescimento é condicionado pela herança genética (transmitida pelos pais, não pelo grupo étnico), mas que é fortemente influenciado pelo ambiente, visto aqui, não apenas fisicamente (clima, altitude), mas também socialmente. (ZEFERINO et al, 2003)

    O inicio da puberdade trata-se do período mais inicial da adolescência, cerca de dois anos antes da maturidade sexual. Para adolescentes do sexo masculino, o surto de crescimento é precedido pelo crescimento dos testículos, coincidindo com o aumento do pênis. Para o sexo feminino há o desenvolvimento dos seios e isso coincide com o inicio da formação dos pêlos pubianos. (GALLAHUE, 2005).

    O aparecimento da adolescência é marcado por um período de aumentos acelerados tanto no peso como na estatura, devido à base genética que varia consideravelmente de indivíduo para indivíduo. O genótipo de um indivíduo controla o aparecimento, a duração e a intensidade do surto de crescimento, enquanto o fenótipo influencia o potencial de crescimento. (GALLAHUE, 2005)

    As crianças e os adolescentes passam por uma série de estágios, o que implica um grau crescente de maturação, caracterizando o processo evolutivo da espécie humana. A maturação deve ser entendida como o processo de amadurecimento mediante o qual se atinge o estado maduro. (GUEDES, 1997).

    O crescimento do corpo é semelhante ao que ocorre com o aumento do peso, ou do desenvolvimento de cada sistema orgânico. Um problema especial é apresentado pela velocidade de crescimento temporária da época da puberdade. (WEINECK, 2000).

    No período da puberdade o interesse pela prática de atividade física, entendida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética e que resulte em consumo de energia, pode mudar (MATTOS, 2000; PITANGA, 2004). A atividade física pode desempenhar importante papel na prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional, e por conseguinte associada à ocorrência de uma série de distúrbios orgânicos, o que comumente têm-se denominado doenças hipocinéticas. (GUEDES, 1997)

    A atividade física, como parte da amplitude total de comportamentos de um adolescente, fornece um importante meio pelo qual o auto-conceito pode ser reforçado. (GALLAHUE, 2005).

    Em se tratando de crianças e adolescentes, um fator adicional que não pode deixar de ser considerado é a interferência do próprio processo de maturação biológica que ainda não atingiu seu estágio adulto, nesse período. Assim, pode ser que, em alguns programas de exercícios físicos, se observem modificações efetivas na composição corporal, enquanto em outros os efeitos provocados pela maior demanda energética possam ser mascarados ou neutralizados pelas mudanças relacionadas ao processo de maturação, assim como pelas possíveis alterações nos hábitos alimentares, fazendo com que os resultados encontrados não sejam consistentes em todos os estudos. (GUEDES, 1997).

Materiais e métodos

    Estudo do tipo quantitativo de campo, no qual foram investigados 44 alunos de ambos os sexos, na faixa etária de 11 a 14 anos, de um colégio da rede privada de ensino, na cidade de Campo Grande – MS, Brasil.

    Para analisar a percepção da imagem corporal dos alunos, utilizou-se o quadro de silhuetas proposto por Stunkard et al. conforme citado por Damasceno (2005). De posse desse quadro, cada aluno assinalou duas figuras, sendo uma delas que representasse a imagem atual e outra que representasse a imagem considerada ideal. Em seguida, cada aluno foi avaliado nas variáveis peso corporal e estatura, sendo que estes dados foram utilizados para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC).

Apresentação e discussão dos resultados

    Os dados obtidos neste estudo são apresentados a seguir, sendo que na Tabela 1 estão expressos os valores descritivos da população investigada, no que se refere às características antropométricas. Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os valores relacionados à percepção da imagem corporal dos avaliados.

Tabela 1. Valores descritivos de variáveis antropométricas de escolares de ambos os sexos, na faixa etária de 11 a 14 anos (n = 44)

    Os dados apresentados na Tabela 1 demonstram que a média das variáveis antropométricas das duas faixas etárias estão diferentes, devido aos alunos estarem em estágios de desenvolvimento corporal diferente.

    Verifica-se também o resultado de IMC muito elevado para a faixa etária pesquisada. Conforme Silva et al. (2008), nas três últimas décadas a prevalência de excesso de peso corporal entre os jovens cresceu significativamente em diversos países, inclusive no Brasil.

Figura 1. Descrição da silhueta atual e da silhueta ideal, entre escolares do sexo feminino na faixa etária de 11 a 14 anos (n = 24)

    Verifica-se na Figura 1 que os escolares de 11 a 14 anos do sexo feminino, têm como referencial de imagem corporal ideal a silhueta número 3, seguida da número 4, sendo que a atual varia entre as silhuetas de número 1 e 8, sendo mais freqüentes as de número 6, 5, 4 e 2.

    Com base no que diz Pinho et al. (1999), a adolescência representa um período importante no controle e na prevenção ao acúmulo excessivo de gordura corporal. No grupo feminino deste estudo identifica-se que a frequência de pessoas que se consideram obesas (silhuetas 7, 8 e 9) é proporcionalmente pequena, mas nenhuma delas está satisfeita com seu corpo atual, pois no teste nenhuma menina marcou na figura o mesmo número para atual e ideal. É possível também levar em consideração quase um consenso entre elas, pois a percepção da silhueta ideal foi maioria na de número 3.

Figura 2. Descrição da silhueta atual e da silhueta ideal, entre escolares do sexo masculino na faixa etária de 11 a 14 anos (n = 20)

    Visualizando a Figura 2, identifica-se que os alunos do gênero masculino de 11 a 14 anos, têm a percepção de silhueta ideal a de número 5, seguida da número 4, diferente do gênero feminino. E consideram como atual, principalmente, a de número 6, mas variando de 4 até 9.

    Pires (2002) descreve que a evolução tecnológica, com a informatização e automação, vem reduzindo a atividade física, o que pode ocasionar situações de excesso de peso em populações mais jovens, refletindo em insatisfação com a própria imagem corporal. Com os dados da Figura 2 e o comentário do autor mencionado, verifica-se que os meninos também não estão satisfeitos com sua imagem atual. Notou-se também neste estudo que, assim como as meninas, nenhum deles considera que a silhueta atual é a ideal.

    O fato dos meninos terem escolhido a silhueta ideal superior a que as meninas assinalaram pode estar relacionado à imagem corporal apresentada pela sociedade, a qual enaltece o homem forte, com peitoral e costas largas, enquanto que a mulher deve ser magra e esbelta.

Conclusão

    Ao término deste estudo, observa-se que a imagem corporal ideal já está imposta pela sociedade desde antes da puberdade, pois os indivíduos desta fase de desenvolvimento maturacional já têm uma imagem ideal pré-moldada, sendo para o gênero feminino a mulher magra e para o gênero masculino o homem forte.

Referências

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EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires, Diciembre de 2012
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