Prevalência de obesidade e
sedentarismo em portadores de Predominio de obesidad y sedentarismo en portadores de hipertensión arterial residentes en Patrocinio, Minas Gerais, Brasil |
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*Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) **Fisioterapeuta. Mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Uberlândia. Docente do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) (Brasil) |
Ademar Gonçalves Caixeta Neto* Andréa Caixeta Gonçalves* Geraldo Magela Cardoso Filho** |
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Resumo A hipertensão arterial (HA) é uma síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas, hormonais e fenômenos tróficos. A obesidade e a inatividade física são alguns dos principais fatores de risco para hipertensão, representando um problema de saúde pública no Brasil e no Mundo. O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de obesidade e sedentarismo em pacientes hipertensos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de Patrocínio-MG. Foi realizado trabalho de delineamento transversal com 50 indivíduos portadores de HA (35 mulheres e 15 homens), com idade entre 24 e 86 anos, residentes em Patrocínio-MG. O nível de atividade física, dados sócio-demográficos e clínicos foram obtidos através de questionários, aferição da pressão arterial, peso e altura. A hipertensão foi diagnosticada com pressão arterial ≥ 140/90 mmHg ou uso de medicação anti-hipertensiva. A amostra foi constituída predominantemente por indivíduos do sexo feminino (70%), brancos (76%) e com idade igual ou superior a 40 anos (96%). Foram encontradas altas taxas de obesidade (36%) e sedentarismo (80%). Unitermos: Hipertensão. Obesidade. Sedentarismo.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A hipertensão arterial (HA) é uma entidade multifatorial, conceituada pelas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2010), como uma síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados associados a alterações metabólicas, hormonais e fenômenos tróficos, considerada como um dos principais fatores de risco para morbidade e mortalidade cardiovasculares.
O aumento da pressão arterial (PA) é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (CHOBANIAN et al., 2003), sendo a hipertensão responsável por 25% das mortes por acidente vascular encefálico e 40% das mortes ocorridas por doença arterial coronariana (SBH, 2006).
Sua prevalência varia geograficamente, podendo ser encontradas taxas de 21% nos Estados Unidos e Canadá (JOFFRES et al., 2001), 33.5% a 39.7% na Europa (KEARNEY et al., 2005) e 40% na América Latina (ORDÚÑEZ et al., 2001). No Brasil, a prevalência estimada para a população acima de 20 anos é de 25% (Passos et al., 2006).
O controle da PA depende da adesão do cliente ao tratamento, o qual se baseia em recursos farmacológicos e não-farmacológicos (MARANHÃO, RAMIRES, 1988; VENTURA, 1986).
O tratamento não-farmacológico consiste no controle dos fatores de risco, como o excesso de peso e a inatividade física (SBH, 2010), os quais estão relacionados não apenas com a hipertensão, mas também com outras doenças cardiovasculares como diabetes mellitus e dislipidemias (BRASIL, 2006).
O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de obesidade e sedentarismo em pacientes hipertensos atendidos em uma Unidade Básica de Saúde de Patrocínio-MG.
Metodologia
Estudo de delineamento transversal realizado em julho de 2010, com 50 indivíduos hipertensos (15 homens e 35 mulheres) selecionados de forma aleatória, com idades entre 24 e 86 anos, residentes no município de Patrocínio-MG.
Foram classificados como hipertensos, segundo os critérios preconizados pelo V Joint National Comittee on Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (1993), os indivíduos com pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg ou, ainda, os indivíduos que estivessem fazendo uso de medicamentos anti-hipertensivos. A pressão arterial foi aferida em triplicata, utilizando-se estetoscópio e esfigmomanômetro mecânico aneróide, com intervalo de 5 minutos entre as aferições, sendo classificada a partir da média aritmética destas.
Os dados sócio-demográficos e clínicos foram obtidos por meio de questionário semi-estruturado, o qual foi elaborado e aplicado pelos autores entre o período de triagem realizado pela enfermeira responsável e o atendimento médico na Unidade Básica de Saúde do Bairro Santa Terezinha (área 003), mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido. Após a entrevista, que foi realizada de forma individual, foram analisados os prontuários médicos, para conferência das informações.
O peso e altura foram aferidos, respectivamente, por meio de balança eletrônica portátil e de fita métrica inextensível afixada na parede. As medidas de peso e estatura foram utilizadas para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), a partir do qual foi realizada a classificação do estado nutricional. De acordo com a World Health Organization (1998), os seguintes pontos de corte foram adotados para adultos: baixo peso (IMC < 18,5 kg/m2), eutrofia (IMC >18,5 e < 25 kg/m2), sobrepeso (IMC > 25 kg/m²), obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²). Para idosos utilizaram-se os pontos de corte descritos por Lipschitz (1994): baixo peso (IMC < 22 kg/m2), eutrofia (IMC ≥ 22 e ≤ 27 kg/m2), sobrepeso (IMC > 27 kg/m²).
Para avaliação do nível de atividade física foi utilizado o International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), sendo o indivíduo categorizado em: ativo (150 ou mais minutos de atividade física por semana); insuficientemente ativo (de 11 a 149 minutos de atividade física por semana); e inativo (menos 10 minutos contínuos durante a semana) segundo os pontos de corte descritos pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2000).
Foram adotados como critérios de inclusão indivíduos com pressão arterial sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥ 90 mmHg e/ou que estivessem utilizando medicamentos anti-hipertensivos, tendo como idade mínima 24 anos e máxima 86 anos. Indivíduos com idade inferior a 20 anos, além daqueles que não apresentaram pressão arterial elevada e/ou não utilizavam medicamentos anti-hipertensivos foram excluídos do estudo.
Em relação à estatística, a base de dados foi construída em planilha de Excel e os resultados foram expressos em média, desvio-padrão e/ou porcentagem, descritos de forma dissertativa.
Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) e pela Secretaria Municipal de Saúde de Patrocínio, tendo acompanhado as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.
Resultados e discussão
A amostra foi composta predominantemente por indivíduos do sexo feminino (70%), brancos (76%), não-tabagistas (78%) e com idade superior a 40 anos (96%), sendo a idade média igual 58.8 ± 13.3 anos (56.8 ± 8.3 anos para as mulheres e 63.3 ± 14,7 anos para homens).
Em relação ao Índice de Massa Corporal (IMC), apenas 2 indivíduos (4%) estavam abaixo do peso, 11 apresentaram eutrofia (22%), 19 apresentaram sobrepeso (38%) e 18 (36%) apresentaram obesidade. Esse fato parece sugerir associação positiva entre IMC e hipertensão arterial, concordante com estudo realizado Sarno e Monteiro (2007) com 1.584 funcionários de um hospital privado, dos quais 18.9% eram hipertensos (26.9% homens e 12.5% mulheres), sendo que aproximadamente metade dos homens e um terço das mulheres apresentaram IMC igual ou superior a 25 kg/m2, havendo índice de hipertensão atribuível a sobrepeso e obesidade em 56% do total de casos. Outro trabalho realizado na cidade de São Paulo por Carneiro et al. (2003) com 499 pacientes portadores de sobrepeso e obesidade, observou aumento significante na prevalência de hipertensão arterial com o aumento do IMC, havendo correlação positiva em 23% dos indivíduos com sobrepeso e valores de 32.7%, 55%, 67.1% em indivíduos com obesidade grau 1, grau 2 e grau 3, respectivamente. Em estudo analítico transversal, realizado na cidade de Campo Grande por Souza et al. (2006), notou-se maior prevalência de pressão elevada nos indivíduos com sobrepeso (45.6%) e obesidade (58.6%) em relação a aqueles com IMC normal (27.9%).
Quanto à realização de atividade física, 40 pacientes (80%) foram considerados sedentários e 10 pacientes (20%) não sedentários. Já na década de 90 foram observadas altas taxas de sedentarismo (55,8%) em trabalho realizado no Sul do Brasil, sendo a prevalência de hipertensão neste grupo de aproximadamente 24% (PICCINI & VICTORA, 1994). Estudo recente, também realizado no Sul, verificou sedentarismo de 71.9% entre indivíduos hipertensos (HELENA, NEMES, ELUF-NETO, 2010).
Dados anteriores do Centers for Disease Control and Prevention de Atlanta (CDC, 2000) apontaram milhões de mortes por ano poderiam ser atribuídas à inatividade física, devido à sua repercussão no incremento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT), as quais corresponderam em 1998 a aproximadamente 60% das mortes (71,7 milhões) no mundo, índice que pode alcançar 73% em 2020 mantidas tais tendências. A realização de treinamento físico leve por curtos períodos de tempo entre hipertensos nos estágios I e II está relacionada à redução significativa da pressão arterial em todos eles (ISHIKAWA et al.,1999). A Sociedade Brasileira de Hipertensão (2002) recomenda que os indivíduos hipertensos iniciem programas de exercício físico regular, com intensidade moderada, de 3 a 6 vezes por semana, com duração de 30 a 60 minutos, valores referenciados anteriormente com discretas modificações (CLÉREUX, FELDMAN, PETRELLA, 1999).
Conclusão
Foram encontradas altas prevalências de obesidade e sedentarismo nesta população, os quais estão relacionados com elevadas taxas de morbi-mortalidade e representam um problema de saúde pública no Brasil e no Mundo.
A prática de atividade física regular apresenta uma relação inversa com risco de hipertensão, obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, tendo efeito positivo na qualidade de vida.
Embora a relação da obesidade e do sedentarismo com a hipertensão arterial seja bastante descrita na literatura, outros estudos em diferentes grupos e faixas etárias são necessários para a identificação e redução destes fatores de risco, através de políticas públicas de prevenção e promoção da saúde.
Referências
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