efdeportes.com

Nível de conhecimento dos pais, professores e alunos
sétima série do ensino fundamental da rede municipal de ensino
da prefeitura de Vitória-Espírito Santo sobre saúde-qualidade vida

Nivel de conocimiento de los padres, profesores y alumnos de séptimo grado de escuela primaria 

de la red municipal escolar de la prefectura de Vitoria-Espírito Santo sobre salud-calidad de vida

 

*Doutor em Educação, Mestre em Ciências do Movimento Humano – Aprendizagem Motora

Prof. Dr. do Instituto Federal do Espírito Santo, IFES

**Doutora em Educação, Profª Drª do Instituto Federal do Espírito Santo, IFES

***Mestre em Motricidade Humana, Especialista em Atletismo Paraolímpico

Prof. Ms. da Prefeitura Municipal de Vitória, ES

****Acadêmico de Educação Física, da Faculdade Estácio de Sá de Vitória, ES

(Brasil)

Luis Antonio da Silva*

lsilva1959@uol.com.br

Lívia Rohr Cardozo**

livia@ifes.edu.br

Luiz Cláudio Locatelli Ventura***

locatelliventura@gmail.com

Fábio Norte de Jesus****

bodyfabio.2010@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A proposta foi de analisar os pais, professores (as) e os alunos das sétimas séries do ensino fundamental, do ensino municipal, levando em consideração o nível de conhecimento sobre saúde-qualidade de vida. Metodologicamente a pesquisa foi de caráter qualitativo e quantitativo, com estudo descritivo e exploratório, além de utilizar como instrumento três questionários, contendo perguntas fechadas e abertas. A aplicação dos mesmos foi dividida em dois setores: escolas que a população possuía maior e menor renda per-capita. A amostra foi de 553 alunos; 161 pais de alunos e 68 professores. Para analisar os dados foi utilizada a análise descritiva, como também a análise comparativa. Observou-se quanto ao resultado que o grupo amostral apresentou conhecimento em alguns tópicos e desconhecimentos em outros. Considerando que ensinar saúde-qualidade de vida parece ser um recurso humanizador importante para o processo ensino-aprendizagem, deve-se desta forma aumentar as chances dessas concepções na escola.

          Unitermos: Saúde. Qualidade de vida. Educação.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    Atualmente no Brasil o tema saúde-qualidade de vida tem importância capital, pois tem sido discutido na escola, que representa a única instituição que consegue reunir sob sua guarda grande parte da população, visto que os alunos ingressam na educação infantil e vão até a educação superior.

    Na escola, cabe aos educadores esclarecer para os alunos a importância da saúde-qualidade de vida, pois este tema precisa ser focalizado em um contexto integrado e compreensível, que eventualmente ajude o educando a ver as implicações biológicas, culturais, sociais, políticas e econômicas de seus atos e a responsabilidade que lhe cabe.

    O conceito de saúde assumido pela Organização Mundial da Saúde – OMS, em 1948, “é definido como amplo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não apenas como ausência de doenças e fraquezas” (WEINECK, 2003, p. 20).

    Para Silva (2004, p. 261), “a saúde pode ser considerada em seis dimensões, entre os quais se destaca a física, emocional, social, profissional, intelectual, espiritual”. Entretanto, todas estas dimensões se interligam e influenciam-se reciprocamente, respondendo todas, em conjunto pela saúde, qualidade de vida e felicidade das pessoas.

    A saúde como um estado dinâmico, segundo Weineck (2003, p. 21), “não deve ser entendida unicamente como uma propriedade estável para toda vida, estando sujeita a mudanças rápidas, que são influenciadas pelas próprias ações do indivíduo, pelo ambiente onde reside e pelas atividades laborais”. Neste sentido, a saúde é o rendimento psicofísico individual de cada sujeito na vida.

    Para este estudo a saúde-qualidade de vida será compreendida como uma fonte de energia que se constitui a partir da interação do indivíduo consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente, procurando sempre a sua sobrevivência de forma sustentável na sociedade.

    Segundo Barros Neto (2007, p. 2), contemporaneamente a OMS (Organização Mundial da Saúde) trabalha com o seguinte conceito de saúde: “como um bem-estar biopsicossocial e não simplesmente como a ausência de doença”.

    Segundo o mesmo autor essa postura mais abrangente da organização ensejou o melhoramento da legislação brasileira em relação, principalmente, à promoção da saúde. Com a Constituição Federal de 1988, a saúde passa a ser um direito de todos os cidadãos. Assim, a Lei 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica da Saúde, estabelece a abrangência do termo saúde para além do campo da medicina:

    A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a saúde, a educação, o transporte, o lazer, o acesso a bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país (BRASIL, 1990, p. 16).

    É importante lembrar que a saúde das pessoas repousa sobre duas colunas: a constituição genética e as condições ambientais. Entretanto, agora pode-se dedicar sobre as últimas, porque a consciência e a preocupação com as heranças genéticas não deve levar à posição de negligência do papel dos fatores ambientais. Dentre estes, que estimulam a saúde das pessoas, estão os exercícios físicos – atividades físicas, ao lado da boa alimentação, além da higiene, das imunizações, da vida em ambiente saudável, do sono e da recuperação adequada dos esforços físicos e mentais.

    Segundo Silva e Marchi (1997, p. 8),

    A boa saúde é altamente influenciada pelo estilo de vida, e esta afeta diretamente a qualidade de vida do indivíduo, sendo que hábitos saudáveis aumentam a capacidade de enfrentar pressões e dissabores para viver mais consciente e harmônico em relação ao meio ambiente, às pessoas e a si próprio.

    Neste sentido a pesquisa propôs identificar o nível de conhecimento dos alunos, dos pais dos alunos e dos professores dos alunos das sétimas séries do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Vitória – Espírito Santo – BRASIL sobre saúde-qualidade de vida, comparando o conhecimento e práticas pedagógicas ligadas à qualidade de vida com o nível socioeconômico dos dados coletados.

    O (a) professor (a) deve compreender e aceitar suas responsabilidades na conquista, manutenção, prevenção e promoção da saúde-qualidade de vida da criança e do jovem a quem ele ensina.

    Como tema transversal dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), saúde–qualidade de vida compreende a síntese de informações colhidas nas ciências físicas, biológicas, médicas, psicológicas, sociais e em outros campos afins. No professor está a esperança de se conseguir melhorar a saúde-qualidade de vida dos escolares através da aquisição ou mudança de conhecimentos, atitudes e práticas concernentes à saúde.

    O termo qualidade de vida requer que o ser humano esteja bem consigo, com o próximo, com as coisas e com ambiente que o cercam. Isso implica em adotar critérios de natureza biológica, psicológica e sociocultural. Assim, vários elementos podem ser determinantes ou indicadores de bem-estar.

    A qualidade de vida apresenta ligações importantes com a aptidão física e tais interações se manifestam mais claramente quando se considera os efeitos benéficos da atividade física sistemática para o bem-estar das pessoas (GONÇALVES; VILARTA, 2004).

    Para Neri (1993, p. 40), “o bem-estar – qualidade de vida está relacionada à longevidade; saúde biológica; saúde mental; satisfação; controle cognitivo; competência social; produtividade; atividade; eficácia cognitiva; status social; renda; [...]”.

    Já Gonçalves e Vilarta (2004, p. 186),

    Entendem que qualidade de vida é uma variável resultante do desenvolvimento pessoal e coletivo e dependente de vários fatores que determinam a capacidade de produzir resultados, ser feliz e saudável, que é necessário estar em harmonia como um todo (condições de vida, modo de vida, estilo de vida), estar bem economicamente e utilizar a tecnologia de forma satisfatória para o seu desenvolvimento pessoal e coletivo.

    Para Folador e Silva (2006), a atividade física e o exercício físico regular evitam o sedentarismo, juntamente com uma alimentação balanceada são fatores de suma importância para todos os indivíduos, conferindo ainda qualidade de vida.

    O século XXI aponta a importância da construção da qualidade de vida que certamente não virá de graça; decorrerá da capacidade de reconhecer a verdade sobre nós mesmos, compreender quem somos, como lidamos com os desafios da vida, como reagimos às perdas e frustrações e especialmente como lidamos com o sucesso (SUCESSO, 2006).

    Assim, qualidade de vida significa estar satisfeito com a vida atual e ter expectativa positivas em relação ao futuro, o que para (NERI, 1993), representa a adaptação emocional para envolver habilidades de autorregulação para lidar com condições; cognitiva, no sentido de permitir solucionar problemas; e comportamental, no sentido de implicar desempenhos afetivos e competência social.

    Outras considerações podem ser avaliadas para a qualidade de vida do indivíduo, onde se deve em primeiro lugar levar em conta o fato de viver as fases de seu desenvolvimento humano de forma satisfatória; ou seja, o indivíduo tem que começar a se cuidar desde cedo, alimentando-se bem, cuidando da saúde, fazendo exercícios físicos, não fumar, não abusar do consumo de álcool, tendo bom relacionamento social, evitando o estresse. Portanto, qualidade de vida significa fazer todas as atividades com entusiasmo, ocupar o tempo com algo agradável e útil, ficar bem consigo mesmo, valorizar a companhia dos outros, o convívio familiar e fazer consultas médicas periódicas, favorecendo a vida saudável.

    Qualidade de vida também deve levar em consideração as condições sociais do indivíduo, que por muitas vezes impedem de usufruir de uma vida satisfatória. Torna-se, portanto, um desafio político-econômico-social envolver toda a sociedade em busca de uma qualidade de vida que permita ao indivíduo o seu desenvolvimento pleno. Engajar-se em atividades de lazer é um dos fatores determinantes à manutenção da qualidade de vida, estimulando a autodeterminação, além de uma vida social ativa.

    Por último, qualidade de vida também pode ser compreendida como formas emergentes de adaptação às condições de vida culturalmente reconhecidas, que a sociedade oferece aos indivíduos em uma adaptação multidimensional, sendo a alimentação, exercício físico e o sono elementos essenciais para o bem-estar físico, mental e espiritual, podendo desenvolver um estado de prevenção e promoção à saúde.

    Há tempos que a ciência indica o equilíbrio como indicador de saúde, bem estar e desenvolvimento. Dissertando sobre o interesse da ciência pelas proporções humanas, Rosa e Rodriguez-Añez (2002) explicam a questão do homem vitruviano, que de acordo com os estudos de Vitruvio teria proporções equilibradas em relação aos membros, considerando sua disposição geométrica no espaço.

    O Renascimento estimulou o interesse pelo protótipo de beleza. Desta maneira, o estudo das proporções foi um campo ao qual recorreram artistas como Leonardo Da Vinci (1452-1519), que baseado no desenho do arquiteto romano Marco Vitruvio (15 a.C.), desenhou as proporções da figura humana, onde o umbigo era o centro do corpo. A idéia era então traçar um círculo com o eixo no umbigo, em torno de um homem em decúbito supino com os braços e pernas estendidas, o homem vitruviano.

    Na Figura 1 é possível notar que a idéia de equilíbrio acompanhou a concepção de saúde até os tempos atuais. Hoje em dia, alimentação, sono e exercício físico, quando executados em harmonia tendo o homem como centro, produzem resultados positivos.

Figura 01. Tríade da Qualidade de Vida

Fonte: Rosa e Rodriguez-Añez (2002, p. 54)

Metodologia

Características

Quanto à natureza

    A pesquisa valeu-se tanto da abordagem quantitativa quanto qualitativa, pois procura qualificar os fenômenos e lida com números usando modelos estatísticos para explicar dados.

    Enfoques quantitativos e qualitativos são mais que apenas diferenças entre estratégias de pesquisa e procedimentos de coleta de dados. Esses enfoques representam, fundamentalmente, diferentes referências epistemológicas para teorizar a natureza do conhecimento, a realidade social e os procedimentos para compreender esses fenômenos (FILSTEAD, 1979 apud BAUER; GASKELL, 2004, p. 21).

    Segundo Bauer e Gaskell (2004, p. 22), a pesquisa quantitativa lida com números, usando modelos estatísticos com intuito de explicar os dados, assim, pode ser considerada como centrada ao redor do levantamento dos mesmos e de questionários, apoiada pelo software SPSS (Statical Package for Social Sciences).

    O estudo também tem uma natureza qualitativa, pois envolve um registro preciso e detalhado do que acontece em determinado ambiente, ocorrendo ainda à interpretação e análise de dados através de suas descrições, narrativas, citações e elaboração de gráficos e/ou e tabelas (THOMAS; NELSON, 2002).

Quanto aos objetivos

    O presente estudo se caracterizou como uma pesquisa descritiva e exploratória, pois analisaram os alunos das sétimas séries do ensino fundamental, os pais e os educadores dessas crianças, levando em consideração o nível de conhecimento sobre saúde.

    Para Gil (1994, p. 44), pesquisa exploratória, apresenta a “principal finalidade o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de conceitos e idéias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

    A pesquisa exploratória consiste em fornecer referências que facilitam o processo de dedução de questões pertinentes na investigação de um fenômeno, preliminarmente de contagem para obter dados que poderão fundamentar estudos posteriores mais profundos.

    A finalidade, pois, foi de se obter informações preliminares das condições de conhecimento sobre saúde dos alunos da sétima série do ensino fundamental lotados na Secretaria Municipal de Educação, da Prefeitura Municipal de Vitória – Espírito Santo – Brasil.

    Já a pesquisa descritiva, como o próprio nome sugere, vem a ser a descrição das características de uma determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis, (GIL, 1994). No caso desta pesquisa, descrever o nível de conhecimento dos alunos da sétima série do ensino fundamental.

Quanto aos procedimentos técnicos

    Foi realizado o procedimento da técnica de survey, que é utilizada na educação, psicologia, sociologia e atividade física.

    Segundo Thomas e Nelson (2002, p. 280), survey é uma "técnica de pesquisa descritiva que procura determinar práticas presentes ou opiniões de uma população especificada; pode tomar a forma de questionário, entrevista, ou survey normativo".

Local da pesquisa

    Foram os Bairros da Região da Grande São Pedro, Bairro Jardim Camburi e o Bairro Jardim da Penha, do município de Vitória - ES.

População e amostra da pesquisa

    A população da pesquisa foi de 729 alunos da sétima série do ensino fundamental, das escolas que possuem maior e menor renda per-capita, sendo que a amostra foi de 76% - 553 alunos da sétima série do ensino fundamental; 161 pais de alunos e 68 professores, totalizando 782 pesquisados.

    Sendo constituído de alunos das quatro unidades de ensino dos Bairros da Região da Grande São Pedro, duas do Bairro Jardim Camburi, e duas do Bairro Jardim da Penha.

Seleção dos instrumentos

    Utilizou-se de questionário com perguntas fechadas e abertas, que tiveram sua validação através de doutores da área da educação, da nutrição, da saúde pública, da educação física. Logo após foi aplicado teste piloto, para verificar o nível de entendimento por parte dos participantes da pesquisa, e eventuais problemas na construção do instrumento.

    Em relação à utilização de questionários, Gil (1994, p. 124), afirma que “esse instrumento constitui hoje uma das mais importantes técnicas disponíveis para obtenção de dados nas pesquisas sociais”. Reforçando o uso desta técnica, Thomas e Nelson (2002, p. 34), explicam que “a justificativa principal para se utilizar um questionário é a necessidade de se obter respostas de pessoas de uma vasta área geográfica”.

Procedimentos para coleta dos dados

    O questionário de pesquisa foi aplicado com a permissão das instituições alvo, a partir da autorização da Secretária Municipal de Educação, da Prefeitura Municipal de Vitória - ES, após o acolhimento do ofício de solicitação para realização da pesquisa junto aos estabelecimentos de ensino.

    Para coleta de dados que envolveram os alunos, foi adotado o seguinte procedimento: data agendada com antecedência com a direção da escola; alunos receberam os questionários em sala de aula, que logo em seguida liam, tirava dúvidas e preenchiam, com a presença do professor/pesquisador durante todo o período, sendo percorridas todas as turmas envolvidas na pesquisa de cada escola. Para realização dos questionários cada aluno gastava em média quinze minutos para respondê-lo.

    Os pesquisados receberam em anexo ao questionário um termo de consentimento, de acordo com o preconizado na Resolução 196/96 do conselho Nacional de Saúde, onde consta o sigilo total com relação às informações fornecidas pelos mesmos, que foi assinado por eles, para que possa ser utilizadas nos futuros trabalhos científicos e acadêmicos. Para coleta dos dados utilizou um período de aproximadamente 120 dias.

Tratamento estatístico

    Foi realizada análise descritiva dos dados, através das figuras com freqüência e teste “t” Student para análise comparativa, utilizando-se o pacote estatístico SPSS 15 – Social Package Statistical Science.

Resultado e discussão dos dados

Gráfico 01. Percepção sobre saúde: “Discute o tema Saúde – Qualidade de Vida com seus alunos ou familiares”

    No gráfico 01 a troca de informações entre os sujeitos da pesquisa demonstra que há nível de significância, pois a maioria dos alunos recebe informações dos professores (75,5%), a maioria dos pais conversa com os seus filhos sobre o tema (54,7%). Porém, em relação aos professores, a maioria deles não conversa em casa sobre o tema em questão (58,8%). Uma justificativa para esse fato seria a falta de tempo, considerando as declarações de que a maioria dos professores trabalha em mais de uma escola. Contudo, ao negligenciar esse tipo de discussão em casa, os professores enfraquecem a eficácia dos programas e campanhas de Saúde – Qualidade de Vida, não os difundindo como deveria.

Gráfico 02. Dados sobre alimentação: “Refeições que realiza durante o dia”

    Já no gráfico 02 o foco dessa análise deve versar sobre as refeições intermediárias que devem ocorrer entre as convencionais. Considera-se convencional: café da manhã, almoço e jantar. A prática das refeições intermediárias é mínima entre os grupos de sujeitos da pesquisa, sendo inclusive o lanche da manhã a de menor expressão, com 19,3% para os alunos, 13% para os pais e 35,3% para os professores, fato que evidencia em princípio a falta de informação em relação à importância de uma alimentação saudável. Com relação a estes fatos demonstra que há nível de significância nos horários das refeições, exceto no lanche da tarde, sendo os valores para alunos de 63,5%, para pais de 66,5% e para professores de 63,2%. Contudo existe um fator de grande influência nesse aspecto, que é a questão econômica, assunto que foi abordado quando da análise comparativa dos grupos de sujeitos segundo as regiões. De qualquer modo, as informações sobre alimentação fornecidas pela escola e pesquisadas nos alunos da sétima série do ensino fundamental da Rede Municipal de Ensino da Prefeitura Municipal de Vitória – Espírito Santo teriam que dar conta de explicar essa situação e reduzi-la pelo menos junto a alunos e professores. Estudos recentes mostram que a alimentação distribuída e equilibrada proporciona uma melhor qualidade de vida para o ser humano.

Gráfico 03. Dados sobre: “Conhece a pirâmide de alimentos”

    O gráfico 03 mostra que essa etapa da pesquisa destaca o grupo de professores em relação a conhecer ou não a pirâmide alimentar. Desconsiderando o fato de a maioria dos professores conhecerem a pirâmide alimentar (66,2%), contra 51,7% dos alunos e 63,4% dos pais de alunos, em sua maioria não conhece. Isto demonstra que há nível de significância entre os sujeitos da pesquisa. O desconhecimento da pirâmide alimentar é falta essencial para os princípios da boa alimentação e da saúde, algo que deveria ser mais bem trabalhado pela campanha de saúde na Rede Municipal de Ensino da Prefeitura Municipal de Vitória – Espírito Santo, uma vez que deve ser trabalho no sistema educacional em virtude do PCN (1998).

Considerações finais

    Após a realização da pesquisa foi possível concluir, através de observação nas escolas objeto de pesquisa, que os temas Saúde e Qualidade de Vida, Alimentação e Atividade Física passaram a ser comentados com mais freqüência. Tanto o corpo docente quanto o discente manifestaram curiosidade em relação aos temas, informando inclusive que de sua parte procurariam melhor sua postura em relação a alguns itens da pesquisa, tais como a participação em campanhas de saúde, conversas com a família e regulação dos hábitos alimentares.

    A lógica da exclusão se enraizou nas instituições do mundo de hoje. E quando se repudia qualquer recaída em ilusões estatizantes ou adesão a vanguardas iluminadas, sobra o árduo desafio de criar instâncias públicas que amparem e incentivem conversões individuais e consensos solidários, ou seja, uma educação para a solidariedade persistente para a mais avançada tarefa social emancipatória sobre educação para saúde-qualidade de vida.

    Portanto, a visualização que se apresenta nesse artigo nada tem de proposta fechada, porque se trata principalmente de sensibilizar nosso imaginário epistemológico para determinadas inter-relações conceituais possivelmente para a reflexão pedagógica.

    Ensinar saúde-qualidade de vida na escola parece ser um recurso humanizador importante para o processo ensino-aprendizagem. Resgatar as palavras de suas prisões e devolvê-las ao livre jogo inventivo da arte de conversar e pensar sobre educação para saúde–qualidade de vida no cotidiano da escola e da comunidade do educando (a).

    A criação de cultura também é uma forma importante de abordagem do problema. A partir do momento em que se enxergue a escola como um núcleo possível de desenvolver e multiplicar a cultura de saúde-qualidade de vida, não apenas com objetivos pedagógicos, mas utilizando a educação para a realização de um trabalho social de saúde pública, no qual é possível evitar a doença e promover a saúde.

    A alimentação adequada e a prática de exercícios físicos são componentes desse processo de conscientização a ser desenvolvido na escola. Quanto mais essas atividades forem conhecidas pelos alunos, pais e professores, maiores serão as chances dessas concepções se tornarem movimentos organizados em torno da educação e da promoção de saúde-qualidade de vida.

    Ficou evidente, neste estudo, que se devem distinguir os vários sentidos dados ao fenômeno transdisciplinaridade e à interdisciplinaridade na educação. Um deles tem a ver com a forma de perceber o mundo, pois se transforma o mundo, ao mesmo tempo em que ele transforma o indivíduo e apresenta-se evidente nas tarefas cotidianas e nas atividades profissionais.

    Outro sentido está relacionado ao campo da ciência, que tem demonstrado que a fragmentação do conhecimento em grandes áreas, herança da modernidade, trouxe um desequilíbrio no mundo com prejuízos em setores que afetaram profundamente as relações políticas, sociais e econômicas entre os povos, com conseqüências quase irreversíveis para o equilíbrio do planeta.

    Um terceiro sentido está relacionado à forma de aquisição e produção do conhecimento em instituições de ensino, que têm como objetivos resgatar e reconstruir o conhecimento acumulado pela humanidade, e com bases sólidas, formar o profissional e o cidadão competente, crítico e criativo, compromissado com o bem estar do homem e do planeta.

    Esse estudo realizou a comparação entre os dois universos considerados, o de baixo poder socioeconômico e o de alto poder socioeconômico, que aparentemente deveriam estar estritamente próximos, porém, apresentou dados paradoxais para a amostra considerada. O discurso dos professores, alunos e comunidade mostrou-se exigente quanto à necessidade de mudança em direção a uma prática pedagógica que aborde a interdisciplinaridade, mas desalentador quanto à possibilidade de desenvolvimento desta prática.

Referências

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 17 · N° 175 | Buenos Aires, Diciembre de 2012
© 1997-2012 Derechos reservados