Prevalência de incontinência
urinária de esforço e principais Predominio de incontinencia urinaria de esfuerzo y principales situaciones de pérdida en el pre-parto en embarazadas residentes en Patrocinio, Minas Gerais, Brasil |
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*Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) **Fisioterapeuta. Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória e Terapia Intensiva pelo Centro Universitário do Triângulo (UNITRI) ***Fisioterapeuta. Especialista em Piscina Terapêutica pelo Centro Universitário Claretiano (CEUCLAR). Docente do Centro Universitário do Cerrado - Patrocínio (UNICERP) |
Ademar Gonçalves Caixeta Neto* Andréa Caixeta Gonçalves** Juliana Araújo Freitas Silva*** (Brasil) |
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Resumo A incontinência urinária (IU) pode ser definida de forma simples como o comprometimento nos mecanismos de armazenamento e de esvaziamento de urina. Segundo definição da International Continence Society é caracterizada por qualquer perda involuntária de urina (VIANA et al., 2001), sendo a incontinência urinária de esforço (IUE) definida pelo mesmo órgão como "queixa de perda involuntária no esforço ou exercício, espirro ou tosse" (ABRAMS et al., 2003). O objetivo do estudo foi verificar a prevalência de incontinência urinária de esforço em gestantes no último trimestre de gestação, assim como identificar as situações mais comuns para perda de urina. Foi realizado estudo de delineamento transversal com 40 gestantes, selecionadas aleatoriamente, com idades entre 16 e 38 anos, e residentes no município de Patrocínio-MG. Os dados sócio-demográficos, clínicos, obstétricos e ginecológicos foram através da aplicação de um questionário semi-estruturado traduzido e validado por Fonseca et al. (2005). A amostra foi constituída predominantemente por mulheres que se auto-declararam negras (52.5%), casadas ou em união estável (65%) e multíparas (57.5%). A prevalência de IUE foi de 42.5% e as situações em que ocorreu maior perda urinária foram espirros e ao tosse. Unitermos: Incontinência urinária de esforço. Prevalência. Gestantes.
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EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 175, Diciembre de 2012. http://www.efdeportes.com/ |
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Introdução
A incontinência urinária (IU) pode ser definida de forma simples como o comprometimento nos mecanismos de armazenamento e de esvaziamento de urina. Segundo definição da International Continence Society é caracterizada por qualquer perda involuntária de urina (VIANA et al., 2001), sendo a incontinência urinária de esforço (IUE) definida pelo mesmo órgão como "queixa de perda involuntária no esforço ou exercício, espirro ou tosse" (ABRAMS et al., 2003) e por Sir Eardley como “perda de urina através da uretra intacta, sob certas condições que causam aumento da pressão intra-abdominal” (FREITAS et al., 2006).
A IUE é uma situação bastante comum, entre mulheres, particularmente durante e após as gestações, podendo descrever tanto um sintoma quanto um diagnóstico. Como sintoma, se refere meramente à perda da urina associada a qualquer atividade que aumente a pressão intra-abdominal, tais como tosse, espirro ou realização de esforços (SILVEIRA & SILVEIRA, 2002).
Cerca de 45% da população feminina apresenta algum tipo de incontinência urinária (RAMOS, 2006). A incontinência urinária de esforço é a forma mais comum da queixa urinária entre as mulheres seguidas de urgência (GUARISI, 2001), as quais apresentam taxas de prevalência de 50% e 20%, respectivamente (RAMOS, 2006).
Fatores como gestação, parto, idade elevada e redução dos níveis de estrógeno pós-menopausa podem ser considerados como os mais importantes no que se refere à ocorrência de sintomas da IU, além da utilização de medicamentos e cirurgias que podem provocar a diminuição do tônus muscular pélvico e/ou gerar danos nervosos (BICALHO et al., 1999).
Devido às altas taxas de incontinência urinária de esforço observadas entre as mulheres e por esta condição constituir um problema de saúde pública, o objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de IUE entre gestantes atendidas na rede municipal de saúde de Patrocínio, Minas Gerais, Brasil, além de identificar as situações em que ocorre perde urinária de forma mais freqüente nesta população.
Materiais e métodos
O presente estudo de caráter epidemiológico e delineamento transversal foi realizado entre julho e setembro de 2008, em Unidades Básicas de Saúde e no Hospital e Maternidade Santa Casa de Misericórdia do município de Patrocínio-MG, com mulheres no 3º trimestre de gestação e idade entre 15 e 40 anos, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário do Cerrado - Patrocínio (UNICERP).
Foram selecionadas 40 mulheres, de forma aleatória, as quais manifestaram desejo em participar da pesquisa e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
Os dados sócio-demográficos, clínicos, obstétricos e ginecológicos foram coletados por uma equipe treinada de pesquisadores, no período de julho a setembro de 2008, através da aplicação de um questionário semi-estruturado traduzido e validado por Fonseca et al. (2005), o qual foi modificado neste estudo segundo as necessidades do mesmo no que se refere aos sintomas e queixas de IUE.
Foram adotados como critérios de inclusão: gestantes no 3° trimestre, idade mínima de 15 anos e máxima de 40 anos.
Os dados obtidos através dos questionários foram tabulados em planilha do programa Excel (versão 2007), submetidos a análise estatística simples utilizando porcentagem, sendo os resultados descritos de forma dissertativa.
Resultados e discussão
Foram estudadas 40 mulheres, com idades entre 16 e 38 anos, das quais 52.5% se declaram negras. Em relação à situação conjugal 65% eram casadas ou viviam com um companheiro, se aproximando dos resultados encontrados por Scarpa et al. (2008) em que 79% das entrevistadas disseram viver em união consensual ou ser casadas.
As situações em que houve perda urinária em gestantes de forma mais comum foram: ao espirar (70.58%), ao tossir (58.82%), ao sorrir (17.64%), ao pegar peso (11.76%), aos esforços mínimos (11.76%) e ao andar (5.88%).
A prevalência de IUE entre as participantes do trabalho foi de 42.5%, corroborado por trabalho realizado Hunskaar et al. (2004) com mulheres de 4 países europeus, no qual observou-se taxas de 39%. Scarpa et al. encontraram prevalências de IUE de 50% durante o 3º trimestre de gestação e de 57.5% durante o período gestacional, nos anos de 2006 e 2008, respectivamente. Por outro lado, estudo realizado por Gomes (2010) no Centro-Oeste do Brasil encontrou valores bastante inferiores quando comparado aos demais (21,4%).
Quanto ao número de gestações 42.5% são primíparas e 57.5% são multíparas (destas 47.8% relaram 2 gestações, 26.1% relataram 3 gestações e 26.1% relataram 4 gestações ou mais). Estudo realizado por Dellú, Zácaro e Schmitt (2008) com funcionárias de uma Universidade Privada, mostrou que 30.7% tiveram apenas uma gestação, 32.3% apresentaram 2 gestações e 37% relaram 3 ou mais gestações. Em trabalho conduzido com praticantes de atividade física, no qual uma parcela significativa das praticantes apresenta IUE, 64% relataram gestações anteriores, sendo que: 20% das mulheres relatou 1 gestação; 26% relatou 2 gestações; 14% relatou 3 gestações e 4% relatou 4 gestações ou mais (ANTUNES, MANSO, ANDRADE, 2011).
Embora existam evidências na literatura de que modificações decorrentes da gestação e do parto são responsáveis pelas disfunções do assoalho pélvico, mesmo que de forma parcial (DIETZ, SCHIERLITZ, 2005), a gravidez por si só pode desencadear a IUE, como demonstram estudos nos quais foram observadas prevalências variando entre 33.6% e 45.5% em gestantes primigestas (SCARPA et al., 2006; LIANG et al., 2007).
Neste contexto, a adoção de medidas que eliminem ou minimizem os efeitos negativos da IUE sobre as mulheres é importante.
A fisioterapia é indicada como um tratamento de primeira escolha para a incontinência urinária desde 2005 pela Sociedade Internacional de Continência, por apresentar baixo custo e risco, e ter sua eficácia comprovada (ABRAMS et al., 2005; NEUMANN et al., 2005). Entretanto, ainda existem poucos serviços públicos que oferecem tratamento fisiotepêutico a mulheres incontinentes no Brasil (FIGUEIREDO et al., 2008).
Programas de exercícios direcionados à incontinência devem ser introduzidos e incorporados à vida diária das mulheres portadoras desta condição, independentemente do momento da vida em que elas se encontrem (RIOS & SILVA, 2010).
Alguns autores propõem alguns exercícios físicos que podem ser realizados objetivando a melhoria deste quadro, dentre os quais destacam-se os exercícios de Kegel, propriocepção, mobilização de tronco e aqueles específicos para a musculatura pélvica (CAETANO, TAVARES, LOPES, 2004).
Tais exercícios devem ser instituídos prioritariamente em nível primário, através de programas de educação básica em saúde. Desta forma, problemas maiores no futuro serão evitados ou ao menos minimizados (RIOS & SILVA, 2010).
Conclusão
Foram encontradas altas prevalências de incontinência urinária de esforço entre as gestantes participantes do estudo.
As situações nas quais houve perda urinária de forma mais comum na população estudada foram ao espirar, tossir e sorrir, respectivamente.
A incontinência urinária pode diminuir a qualidade de vida das mulheres, uma vez que a realização de atividades sociais, familiares, profissionais e sexuais usualmente ficam restritas em decorrência da mesma, gerando, portanto, situações de isolamento social e estresse emocional, associado ou não à sensação de inferioridade e depressão.
Mais estudos são necessários para conhecer o perfil e as condições associadas à incontinência urinária de esforço nesta e em outras populações. Ações que estimulem a promoção da saúde e melhoria na qualidade de vida destas mulheres devem ser prioritárias para o poder público.
Referências
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